Superando escrita por Arline


Capítulo 9
Capítulo 9 - ENFIM, AS PAZES?


Notas iniciais do capítulo

Então! Mais um capítulo.
Esse pode não ter grande importância pra vocês, mas tem pro andamento da fic e espero que gostem e comentem.
Alissa, você é uma fofa! Morde *nhac*
bjus e até o próximo!



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ENFIM, AS PAZES?

Os dias seguintes foram estranhos e calmos. Chegar à escola acompanhada por Edward causou um burburinho e mais comentários surgiram, mas realmente não me dei ao trabalho de me preocupar ou esquentar a cabeça; de nada ia adiantar ficar rebatendo ao que diziam e eu estava feliz demais pra querer acabar com aquilo.

No mesmo dia em que Edward estivera em minha casa, contei à minha mãe o que ele me havia dito e vi seus olhos brilharem e a ouvi dizer que já sabia que ele gostava de mim — e eu já estava bem acostumada a isso. Muito mal acostumada, pra dizer a verdade — e que estava feliz por eu finalmente querer me dar uma chance. Sim, eu merecia aquilo.

Jacob não voltou a me atormentar, até porque, ele estava em casa, se recuperando do estrago que Emmett havia feito em seu rosto ao lhe quebrar não dois, mas três dentes. Tanya, como a boa cadela que era; não largava o osso e sempre fazia questão de dizer que eu lhe pagaria por ter feito aquilo. Eu? Pagar? Não... Ela que me pagaria.

Porém, nem tudo correu tão bem pra mim... O pai de Jacob, Billy, fora até minha casa conversar com meus pais sobre o que havia acontecido ao seu filho, mas depois que lhe contei o que ele me fizera, Billy acabou por compreender um pouco da minha raiva. Meu pai teve uma conversa séria comigo; disse que entendia o que eu passei, mas que quebrar meio mundo não adiantaria e ainda me proibiu de quebrar mais alguma coisa do cachorro. E eu não faria mais isso... Com ele, eu já havia acabado... E bem, quebrar a cara de alguém não seria quebrar alguma coisa, não é?

Rosalie me surpreendeu quando, ao ser chamada de gorda idiota, se engalfinhou com Jane e lhe arrancou uns bons fios de cabelo. Aquela cena jamais sairia da minha cabeça... E Edward, mesmo assustado com a atitude da irmã, riu quando ela disse que enfim estava aprendendo a se defender. Que orgulho da “minha garota”! Não que eu quisesse que ela fizesse como eu e saísse distribuindo tapas pela escola, mas ela estava se dando conta que não poderia ser humilhada daquela forma e simplesmente se trancar no banheiro e chorar.

James, nosso querido professor, passou a quase me ignorar, o que era bem melhor do que fazer de mim, ponto de referência. E ele me testava, o desgraçado! As perguntas sempre eram direcionadas a mim e eu não hesitava ao responder, completamente segura de que estava dando a resposta correta. Era tão bom ver a cara descontente dele! Será que ele pensou que por eu ser gorda, meu cérebro não funcionava? Eu hein...

Das três vezes em que estive na oficina de Quil, ele quis saber mais sobre o que estava acontecendo, se eu tinha algo com Edward, mas me mantive firme e não falei nada, até porque, não havia nada a ser dito sobre isso. Eu queria guardar um pouquinho daquele sentimento pra mim. Queria guardar meus pensamentos e sonhos. Há tempos nada de bom me acontecia e eu poderia ser um pouco egoísta.

Eu e Edward estávamos um pouco mais próximos, conversávamos muito e ele, mesmo não querendo me pressionar, vinha pedindo que eu falasse com minha irmã. Não, eu não faria isso. Não havia motivos pra que eu abaixasse a cabeça e fosse atrás dela, não havia motivos pra que eu lhe pedisse desculpas. E toda aquela proximidade me deixava meio estranha quando chegava sexta-feira; eu sabia que passaria dois dias inteiros sem vê-lo, embora ele ligasse às vezes. Minha mãe ria da cara descontente que eu fazia e eu me limitava a ficar com raiva. Essa coisa de gostar de outra pessoa não era pra mim... Eu era ansiosa demais, porém, antes de fazer qualquer coisa, eu pensava muito. E acabava não fazendo nada!

— Isabella!

O grito de Edward me fez acordar e quem disse que eu gostava que gritassem comigo?

— Mas que porra! Eu não sou surda! Vai gritar com a sua mãe!

— Pois parecia que é! As aulas já acabaram faz tempo e eu estou aqui, te chamando pra ir embora e você me olhando como se não estivesse me vendo.

Mais uma pra sua coleção, Isabella!

— Ok. — guardei meu material e segui com Edward para o estacionamento. Ele me olhava de canto e eu fingia não ver.

— Nem precisa pedir desculpas...

— Eu não tinha mesmo essa intenção.

No carro, joguei minha mochila no banco de trás e coloquei os fones do meu Ipod no ouvido, fechando os olhos em seguida. Edward resmungou alguma coisa, mas não dei importância; ele vivia resmungando pelos cantos mesmo... Meu pé ia batendo no ritmo da música e com certeza eu estava cantando bem alto, me achando a própria Beyoncé. Edward já não ligava mais, só quando eu começava a dançar no banco é que ele me chamava.

Edward estacionou em minha casa — e agora ele nem tinha mais medo que meu pai quisesse matá-lo — e nem esperou que eu o convidasse a entrar. Ele andava tão abusado... Só anunciei que iria tomar banho e o vi se encaminhar para a parte de trás da casa. Provavelmente eu o encontraria dormindo no sofá; como da última vez.

Tomei banho correndo, não querendo perder muito do pouco tempo que eu tinha antes que ele fosse embora. Eu estava me tornando mais idiota do que o normal... E mesmo minha mãe tendo dito que o melhor a fazer era contar logo o que eu sentia, eu ainda preferia ficar quieta... Minha insegurança era algo natural e, quanto àquele assunto, só piorava... E não estava tão ruim daquele jeito...

Na cozinha, arrumei uma bandeja com biscoitinhos e chocolate quente e segui pra onde Edward estava; ele estava ficando muito mal acostumado... Ao me aproximar, notei que ele estava com os olhos fechados e todo largado, mas havia algo como preocupação em seu rosto. Durante a semana até insisti pra que me contasse o que estava acontecendo, mas como ele preferiu o silêncio, prometi que não mais perguntaria.

— Vai ficar me observando, Isabella? — ele perguntou subitamente, ainda de olhos fechados e me assustei.

— Droga! Você parece gostar de me assustar! — falei e ele riu.

Ainda bem que ele não estava me vendo... Com certeza minhas bochechas estavam vermelhas... Por fim, lanchamos sem maiores acontecimentos, mas tinha alguma coisa me incomodando. Edward estava mais calado que o normal; me olhava mais que o normal e eu tinha a nítida impressão de que ele queria me falar alguma coisa. Minha língua coçava, aflita pra perguntar... Mas eu havia prometido... Merda, merda, merda! Promessa cretina essa.

— Bella... Eu sei que você é estressada e irritada por natureza e já até me acostumei a isso, mas... Tenho notado que toda sexta-feira seu humor fica pior do que nos outros dias...

Uh... Pensa, pensa, pensa!

— Então, o que acontece as sextas pra que você fique assim?

— Bem, como não temos aulas aos sábados e domingos, fico triste por não ter ação na minha vida nesses dois dias.

Estava claro que ele não acreditou em uma só palavra do que eu disse, mas também não insistiu no assunto. Melhor assim. O peguei olhando seu celular e me dei conta que estava na hora dele ir embora. Seria muito ridículo se eu pedisse pelo amor de Deus que ele não fosse? CLARO QUE SERIA! DEIXE DE SER DÉBIL MENTAL! Nossa, meus pensamentos me odiavam...

— Tenho que ir. Daqui a pouco minha mãe me coloca pra fora de casa...

Eu te dou abrigo, bem! — Cala a boca, pensamento...

O acompanhei até seu carro e, enquanto ele foi para um lado, eu segui para o outro; preferi andar um pouco e quem sabe, correr. Fazia tempo que eu não corria! Aproveitei também, para colocar meus pensamentos em ordem; estava realmente insuportável aquela situação com Edward. Eu não havia dito que queria apenas me acostumar à ideia de ter alguém gostando de mim? Então, eu já estava bem acostumada. Mesmo. Mas... Como falar sobre isso com ele? Eu não poderia simplesmente dizer: Oi Edward! Sabia que eu me acostumei com a ideia que você gosta de mim? Ah! E só pra constar, eu gosto de você também! Não, eu não era assim. Nem tudo era complicado, mas em minha cabeça, as coisas se tornavam um cubo mágico sem solução. Porém, eu sabia que não demoraria muito até que eu contasse.

Não sei precisar o tempo que passei andando e o caminho já estava completamente escuro quando retornei pra casa, que estava na penumbra e silenciosa. Subi as escadas pensando em tomar um banho e comer alguma coisa antes de me jogar na cama e ficar enrolando até que estar cansada o suficiente pra dormir, mas assim que cheguei à porta do meu quarto, Bree praticamente pulou sobre mim, fazendo com que fôssemos parar do outro lado do corredor.

Eu não entendia nada do que ela falava e seu choro também atrapalhava bastante o entendimento de tudo. Primeiro: o que ela estava fazendo ali? E segundo: porque ela estava chorando?

— Bella! Oh, meu Deus! Você está bem? Fala pra mim que você está inteira, fala...

E não era pra eu estar? Eu queria muito perguntar o que estava acontecendo, mas ela não parava de falar, não parava de me imprensar contra a parede e muito menos de apertar minhas bochechas. Ela estava drogada?

— Para! Pelo amor de Deus, para! — gritei e ela me olhou assustada. Agora eu poderia falar — O que está acontecendo? Você estava no meu quarto e chorando por qual motivo?

— Eu... Passei na casa da mamãe antes de vir pra cá e você não estava lá, não estava aqui... — ela parou de falar e respirou fundo e eu continuava sem entender — Seu celular estava aqui, então eu liguei pro Edward e ele disse que já estava em casa há muito tempo e que tinha te deixado aqui... Já passa das oito e eu pensei que tinha acontecido alguma coisa... Você poderia ter sido atropelada, sequestrada... Algum animal... Oh, meu Deus!

Eu era problemática? Errado! Gente, como a pessoa monta uma história tão... Estranha assim?!

Bree era normal? Qualquer pessoa teria pensado que eu saí e esqueci o telefone, como realmente havia acontecido, mas ela não... Ela já tinha montado minha morte e os animais de Forks comendo minha carne. Pelo menos eles ficariam alimentados por um bom tempo...

Ficamos em silêncio por um tempo, ela ainda quase pendurada em mim e eu realmente querendo um banho. Eu estava — por incrível que possa parecer — suada.

— Eu... Quero muito mesmo conversar com você, mas na boa... Vai tomar um banho... Você está meio escorregadia.

Eu merecia algo assim? Eu merecia ouvir algo assim? Claro que eu merecia... Porque eu era Isabella Swan e merecia todos os karmas existentes... Me afastei, dizendo que ia tomar banho e ela ainda disse que era pra eu ligar pra Edward também. Claro, ela tinha mesmo que alertar até o FBI. Bree era assim.

Tomei um banho relaxante e primeiro, liguei pra minha mãe. Com certeza ela estaria surtando mais do que Edward... E eu ouvi, por quase vinte minutos, ela dizendo que não se fazia uma coisa daquelas, que eu tinha que parar com a mania de esquecer meu celular e que era pra eu ouvir tudo o que Bree tinha a me dizer. E depois... Respirei fundo e liguei para Edward, que atendeu ao primeiro toque.

— Meu... Bella? É você? Está tudo bem? Você está machucada, precisando de ajuda...? Te fizeram alguma coisa?

— Edward, se acalme. Eu estou bem, ok? Estou inteira. Só saí e esqueci o celular.

— Claro... Eu aqui, quase sendo amarrado pela minha mãe e você só... Esqueceu o celular!

Opa! Ele estava se alterando! E fiquei toda idiota por conta de sua preocupação. E curiosa... O que seria aquele “meu” que ele disse?

— Pode falar pro seu pai suspender o Diazepam, ok? Não é hoje que você vai surtar.

— Hoje, né? Porque um dia, isso ainda vai acontecer.

— Me desculpe. Eu não fiz por mal.

— Eu sei que não e nem precisa se desculpar; sua cabeça não funciona bem mesmo.

— Engraçadinho... Bem, tenho que desligar; Bree quer conversar comigo. Ainda tenho direito à carona? — ele riu e eu queria tanto estar perto dele, vendo aquele sorriso...

— Estarei aí bem cedo, como sempre. Se cuida e boa noite.

— Pode deixar, senhor! E boa noite pra você também.

Desliguei o telefone e fiquei olhando o aparelho, tentando encontrar alguma coisa que me fizesse ligar pra ele outra vez. E, quanto a me cuidar... Eu queria que alguém cuidasse de mim...

 Agora era a hora de ouvir o que minha irmã queria dizer e eu esperava mesmo que não fosse mais uma de suas teorias sobre minha personalidade. Ou a mudança dela... Segui até a sala e encontrei Bree jogada no sofá e assim que me viu, ela tratou de se ajeitar, assumindo uma expressão um tanto culpada.

— Eu acho que causei alvoroço ao anunciar que você havia desaparecido. — disse ela, tentando começar de uma forma mais branda — Mas não é sobre isso que eu quero falar.

— Estou ouvindo. — sentei-me no outro sofá, em frente a ela.

— Olha; eu sei que você está muito chateada comigo e tem todos os motivos pra isso... E sei também que desculpas, perdão ou qualquer coisa assim não vai mudar tudo o que falei.

Pelo menos disso ela tinha certeza... Nada mesmo faria com que as palavras tivessem deixado de ser ditas.

— Continuo não gostando e não concordando com as coisas que você tem feito, mas isso não me dá o direito de falar da forma como falei e peço que me desculpe por isso. Sei que seus motivos são muitos, mas não creio que ataques a carros e brigas possa mudar algo.

Estava bem claro que Bree não havia entendido nada... Ela achava mesmo que minhas atitudes se davam por eu querer mudar a forma como os outros me viam? Não! Eu poderia quebrar o mundo inteiro e continuaria gorda! Eu não queria mudar isso, mas sim, me sentir melhor. A raiva que eu sentia ainda era grande demais e eu não conhecia outra forma de amenizá-la. Por mais que eu e toda a liga das gordas unidas quebrássemos carros e arrancássemos alguns fios de cabelo, as pessoas continuariam preconceituosas.

— Bree, isso não é sobre eu te desculpar ou não. O fato é que você nunca vai entender e sempre vai me julgar. Não nego que suas palavras me magoaram muito; ouvir alguém te chamar de monstro é muito ruim, ainda mais quando esse alguém é sua irmã.

Ela abaixou a cabeça, mas eu tinha que continuar. Bree havia me magoado demais com tudo o que disse.

— Você nunca vai saber como me sinto, mas esteve lá quando tudo aconteceu; você viu. Em momento algum te ouvi dizer que aquilo era errado, que eles eram monstros, mas disse isso a mim.

— Mas... Bella, eu não quis defendê-los ou algo assim... Só me preocupei com você...

Por mais que ela repetisse aquilo por mil vezes, eu sabia que tinha mais coisa. Bree estava escondendo o verdadeiro motivo de sua “preocupação” e o porquê de ter me dito tudo aquilo. A oportunidade de contar estava ali e, se ela não queria aproveitar e contar logo tudo de uma vez, eu não ficaria adulando ninguém.

— Agradeço a preocupação e deixemos esse assunto de lado, ok? Eu não quero mesmo ficar voltando ao meso ponto pelo resto da vida.

— Ok. Me desculpe mesmo por tudo o que falei.

— Tudo bem, Bree. Vou me deitar, minha cabeça está doendo um pouco.

Ela apenas assentiu e segui para meu quarto. Não era mentira, eu estava mesmo com uma leve dor de cabeça e queria dormir o mais que pudesse; pra que a segunda chegasse logo.

POV BREE

Mas que merda! Eu não dava uma dentro mesmo! Ao invés de aproveitar aquele momento e contar os motivos que me levaram a tratá-la mal, eu menti. Bella não merecia nada do que falei e que acabou nos levando àquela situação...

Eu amava minha irmã e sabia de tudo o que passou. Ver como ela se tornou mais “mulher’ depois do que lhe fizeram me deu até orgulho. E fez com que eu me sentisse excluída. Mamãe estava certa em tudo que havia dito... Bella não precisava mais de mim pra consolá-la. Bella não precisava que eu a protegesse. Era egoísmo, mas eu sentia como se tivesse perdido uma parte da minha irmã. Pensei que falando tudo o que falei... Pensei que ela voltaria a ser aquela Bella de antes; aquela que precisaria de mim ainda por muito tempo.

Mesmo com seu jeito estourado, ela vivia sorrindo, atraindo a atenção de pessoas que antes a ignoravam; ela fez novas amizades, estava muito mais falante e independente. Há muito tempo eu não a via triste, não a ouvia chorar... Eu não tinha mais nada o que fazer pra ajudá-la, não tinha mais motivos pra cuidar dela e dizer que tudo ficaria bem.

Talvez ela nunca me perdoasse verdadeiramente e eu sabia que a culpa era minha. Nem sobre Edward ela comentou... Eu sabia que os dois estavam mais próximos e que talvez estivesse acontecendo algo. Se fosse antes da minha idiotice, Bella desceria as escadas correndo, se jogaria sobre o sofá e me diria que estava apaixonada, mas não sabia o que fazer.

Será que eu ainda teria tempo de ter minha irmã de volta? Ela ainda me perdoaria algum dia? Eu temia que não... Porque eu não me perdoava pelo que fiz, por tudo o que eu disse. Ouvir minha mãe também ajudou muito, mas a decisão de falar teria que ter partido de mim e não por ela ter dito que eu tinha que procurar por Bella e conversar com ela. Não seria fácil recuperar a confiança da minha irmã, mas eu poderia tentar...


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Notas finais do capítulo

Por hj é só! Espero mesmo que gostem.
Fui!