Superando escrita por Arline


Capítulo 7
Capítulo 7 - (CAINDO NA REAL) - VISITA...


Notas iniciais do capítulo

Oooooi pessoas! Como estão? Espero que bem.
Mais um capítulo pra vocês! E quase que não posto hoje! Quem lê O Peso sabe que tenho problema de coluna e ela meio que está gritando comigo, implorando por remédio.
Pois bem, cá está. Espero que gostem e comentem!
Bjks e até semana que vem!



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(CAINDO NA REAL) - VISITA, DESCULPAS E JANTAR


As coisas ainda estavam bem estranhas entre mim e Bree. Eu me recusava a puxar assunto e ela era orgulhosa demais pra tomar a iniciativa de falar. Minha mãe em momento algum recriminou minha atitude, já meu pai, queria que eu conversasse com ela; disse que éramos irmãs e que aquilo não poderia acontecer.


Na escola, me afastei um pouco dos meus amigos; eles eram amigos de Bree antes de serem meus e eu não queria fazer com que eles ficassem desconfortáveis com aquela situação. Foi bom. Pude pensar; colocar os pensamentos em ordem. Também deixei um pouco de lado a destruição do carro de Jacob; eu queria mesmo que ele pensasse que eu tinha ficado com medo de sua “ameaça".


Por outro lado, me aproximei mais de Rosalie. Ela ainda escutava calada aos desaforos de Tanya e ainda chorava escondida. Eu discuti com Jane e Rosalie quase entrou em desespero com isso; ela não imaginava que duas mulheres poderiam se engalfinhar daquela forma... Bem, eu estava quieta no meu canto, a loira aguada que quis tirar satisfações do tapa que Tanya levou.


O único contato que eu tinha com Edward era através de Rosalie também; ela levava e trazia nossos trabalhos e anotações. Por vezes eu senti que ela queria perguntar alguma coisa; queria saber o que o irmão me havia feito, mas ela simplesmente se calava. Assim como eu. Como eu poderia dizer que ele simplesmente não havia feito nada? Que minha atitude se originou após um pesadelo?


Edward não tentou falar comigo, não tentou saber o que estava acontecendo, não tentou se aproximar. Eu mal o olhava e arrumei um novo lugar pra sentar, no fundo da sala. Eu não saberia dizer se aquilo era bom ou ruim. Não saberia dizer se fiquei aliviada ou frustrada. Não saberia dizer o que se passava pela minha cabeça. Por outro lado, Jacob não tirava os olhos de mim; estava sempre me observando, tentando falar comigo ao fim das aulas. Emmett sempre estava por perto, como se dissesse que a qualquer movimento em falso que Jacob desse, ele estava ali pra me ajudar.


A semana passou rápido demais e eu fiquei na casa dos meus pais. Conversar com a minha mãe era mesmo muito bom; ela sempre tinha a palavra certa. Não aquela que a gente quer ouvir, mas a que precisava ser dita. E eu ficava muito tempo pensando nelas.


“Mais uma tarde que eu chegava da escola bufando de raiva. Realmente eu já estava perdendo a paciência com Jacob e seus olhares nada ameaçadores... Já não aguentava mais ver Bree me olhando como se todas as desgraças do mundo fossem minha culpa. Eu estava mesmo com raiva! Sem contar que antes de sair, ainda tive um pequeno contratempo... Meu carro ficou preso entre a van do Tyler e o volvo do Edward. Eu não precisava de mais nada...

Minha mãe nem se preocupou quando a porta do quarto bateu com força desnecessária. Estava sendo assim todos os dias. Mas ela subiu, como vinha fazendo. Antes de ela perguntar qualquer coisa, fui para o banheiro. Talvez um banho ajudasse a me acalmar. Não ajudou, mas pelo menos eu fiquei limpa...

— Quer conversar? — perguntou minha mãe, assim que me viu.

— São só coisas da escola. — respondi, me jogando sobre a cama.

— Mas você quer falar sobre isso?

Fiz que não com a cabeça e minha mãe se encaminhou para a porta.

— Mãe... — chamei e ela se virou — Será que eu estou agindo errado com Edward?

Novamente ela veio pra perto de mim e se sentou na cama, me puxando pra ela. Deixei que minha cabeça repousasse em sua perna, enquanto sua mão acariciava meus cabelos.

— Sinceramente? Não acho que está agindo errado, creio que seu instinto de proteção anda aguçado demais. Isso é excesso de autoproteção, meu bem.

— Em outras palavras, a senhora está querendo dizer que eu estou realmente agindo errado com Edward.

Ela riu audivelmente e eu sorri. Minha mãe...

— Por mais que eu pense isso, não posso lhe pedir pra falar com ele; pois se algum dia ele fizer algo que a magoe, eu jamais vou poder me perdoar.

— A senhora acha que... Ele poderia me magoar algum dia?

— Não de forma consciente, meu amor. Mas você sabe que somos humanos e que, na vontade de fazermos sempre o que achamos certo e o que pensamos ser o melhor, podemos acabar magoando alguém, independente de quem seja.

Fiquei calada alguns minutos, pensando sobre o que eu tinha acabado de ouvir. Ela estava certa. Ninguém está livre de magoar ou de ser magoado...

— Vou te contar um segredo. — disse ela e eu fiquei curiosa — Você pode não ter percebido ainda, mas você gosta do Edward. E quando eu digo que gosta... É algo maior do que gostar de um colega.”


Depois de repassar as palavras da minha mãe incontáveis vezes, eu ainda tinha muitas dúvidas... Eu... Eu sentia falta de estar perto dele, de saber que caso eu tropeçasse na aula de Educação Física, ele estaria ali pra me ajudar... Eu sentia falta do seu sorriso! E só o tinha visto poucas vezes... Mas não poderia dizer que gostava dele da mesma forma que minha mãe sugeriu.


Então eu pensei em como me senti quando pensei que ele e Bree estivessem juntos. Eu quis mentir pra mim mesma, mas aquela dor... Aquilo era ciúme. Quando fiquei sabendo que ele esteve na casa de Emily... A dor veio outra vez. Mas ao descobrir que eles eram primos, um peso enorme parecia ter saído dos meus ombros. Ver qualquer menina se aproximando dele... Doía. Agora eu entendia aquele formigamento em minhas mãos sempre que Lauren se aproximava... Era vontade de arrastá-la pelos cabelos e deixá-la bem longe dele.


Oh, merda! Eu gostava do Edward! E eu gritei bem alto, até que minha mãe apareceu na porta do quarto, completamente sem fôlego.


— Pelo amor de Deus, criatura! O que houve? Se for um rato, eu estou saindo agora! — disse ela, já se afastando da porta.

— Mãe... Eu... Eu acho que... Eu...

— Ah, porra! Desde quando você é gaga, menina? Vou te dar umas palmadas nas costas pra ver se desengasga.

— Você estava certa, mãe... Eu gosto do Edward.


E ela veio correndo e se jogou sobre mim, me beijando e dizendo que estava muito feliz.


— Vai contar pra ele? Vocês vão namorar? Quero um pedido formal de namoro, ok?

— Para! Eu não vou contar nada disso pra ele, ok? Nem pensar! Já está de bom tamanho que eu seja humana o suficiente pra gostar de alguém.


Ela não pareceu ter gostado muito, mas era o máximo que eu conseguiria. Admitir pra mim mesma já foi um passo muito, muito grande.


— Eu acho que vou pedir desculpas a ele...

— Isso! Aproveite que ainda é bem cedo e pense em algo.


Eu apenas concordei e fiquei ali, pensando no que eu faria pra pedir desculpas. Pensando em como faria pra sair sem que meu pai me enchesse de perguntas. Minha mãe andando atrás de mim, tentando saber se eu já tinha alguma ideia do que dizer a Edward. E não, eu tinha nenhuma ideia; só sabia que ele merecia um pedido de desculpas. Sem contar que eu nem sabia se ele estava ou não em casa... Ele poderia estar na casa de Emily, poderia ter saído com os pais, poderia estar andando por Forks...


Merda! É nisso que dá fazer as coisas erradas!


Eu estava na cozinha com minha mãe, ajudando-a a arrumar a louça do café quando meu celular tocou. Os olhos dela brilharam, como se aquele toque fosse salvar a minha vida! E talvez até fosse... Era Rosalie. Atendi meio sem saber o que falar e respirei aliviada quando ela conduziu a conversa, querendo saber onde se poderia ter uma agradável tarde de sábado com o namorado. Não que eu conhecesse esses locais, mas fiz meu melhor; informei a ela dos lugares — quase inexistentes em Forks — que eu gostava de ir. E fiquei mais aliviada ainda quando ela disse que aquela era pra ser uma tarde em família, mas Edward estava resfriado... Bem, não era isso que eu esperava; mas a doença me daria a certeza que ele ficaria em casa.


Muitas ideias me passavam pela cabeça, mas nenhuma delas me parecia boa o bastante. Como você vai à casa de uma pessoa que você mesma afastou? Como você chega com a maior cara de pau e diz qualquer coisa?


— Com a mesma cara de pau com a qual você vem destruindo o carro de Jacob. — minha mãe falou e eu notei que tinha pensado alto demais.


Olhei pra ela meio sem entender. Eu não havia falado nada a respeito de Jacob... Quando o entendimento veio, eu bufei e minha vontade era tirar satisfações com Bree.


— Nem pense em fazer alguma coisa! Chega de briga entre as duas. — minha mãe disse — Eu não ia falar nada, mas como você não me contava, resolvi falar de uma vez.


Respirei fundo e contei logo tudo, até sobre as brigas com aquelas filhas da mãe. Não houve criticas, conselhos, nem nada do tipo, ela apenas me ouviu. Mas ao final de tudo...


— Ok. Só espero mesmo que seu pai não seja obrigado a estar num tribunal por sua causa, fora isso, tudo bem.

— Mãe!


Fui deixada sozinha e segui para meu quarto, assim que me joguei na cama, uma ideia me ocorreu e eu desci as escadas correndo outra vez. Na sala, todos me olharam espantados, talvez pelo susto que levaram quando passei direto para a cozinha.


Minha mãe logo se juntou a mim e começou a me ajudar, com um enorme sorriso no rosto. Ela não era normal.


— Tem certeza? — ela questionou e apenas afirmei com a cabeça — Ok! Mãos à obra!


E, como sempre, foi divertido cozinhar com minha mãe, sem contar que era algo que eu amava fazer. Mas nem tudo foi sorriso. Bree entrou na cozinha e o clima ficou meio tenso, era como se pudéssemos nos ferir a qualquer momento e eu realmente não queria isso. Minha mãe, tentando deixar suas panelas inteiras, se posicionou de uma forma que não deixaria que Bree se aproximasse e eu não teria pra onde ir; fiquei presa contra o armário.


— Não precisam me olhar dessa forma; só vim beber água. Bem, se eu ainda puder fazer isso, claro.


O tom cínico de Bree não me atingiu da forma como ela gostaria, mas eu não ficaria calada. Muitas coisas que me aconteceram eu suportei sem falar nada, apenas ouvi tudo que me quiseram dizer. Mas agora não.


— Você pode fazer o que bem entender Bree! Pode até mesmo achar que está certa por me tratar como vem tratando, mas escute uma coisa: eu mudei sim, mas nunca, nunca magoei ninguém com minha mudança. Só não posso dizer o mesmo de você! Me desculpe se não sou mais aquela garotinha que se escondia na casa da árvore e chorava por tudo. Me desculpe se aprendi a me defender. Me desculpe se o fato de não correr pra você a cada segundo a deixa com tanta raiva! Entenda que eu não vou mais ficar quieta, que não vou mais aguentar calada, que não vou ser humilhada.

— Ora! Se você acha que fazer o que vem fazendo é o certo, quem sou eu pra dizer o contrário? — seu tom ainda era cínico. Eu não conhecia esse lado da minha irmã.

— Exato! Nem você e nem ninguém pode me julgar. Você não passou por nada do que eu passei; você nunca foi humilhada, nunca chorou por se sentir inferior a qualquer um. Você nunca precisou se olhar no espelho diversas vezes e falar pra si mesma que seu peso não mudava quem você era. Mas eu tive que fazer isso, Bree. Desde que passei a entender o que acontecia, eu tinha que dizer a mim mesma quem eu era. Um dia, e eu espero que ele nunca chegue pra você, quando alguém te humilhar, te fizer se sentir a pior pessoa do mundo, você vai entender.


Meu pai chamou por Bree e só então notei que ele escutara tudo. Meu coração batia acelerado e eu não queria mesmo acreditar que minha irmã estava agindo daquela forma. Logo ela, que sempre esteve ao meu lado, que sempre viu e ouviu a maioria das coisas que me fizeram... E ela ma havia apoiado tanto quando Jacob fez o que fez! Eu simplesmente não conseguia entender o que estava acontecendo a ela. Eu queria até desistir de ir até a casa de Edward, mas minha mãe não deixou.


Quando finalmente terminei de fazer tudo o que eu queria, pedi que minha mãe arrumasse as coisas em uma cesta de piquenique e tomei um banho. Confesso que eu estava bastante nervosa, afinal, eu não sabia qual seria a reação de Edward nem nada do tipo. Pensei em ligar e avisar que eu estava a caminho, mas achei que seria melhor aparecer de surpresa; assim ele não poderia inventar nenhuma desculpa pra não me receber.


Antes de sair, minha mãe me desejou sorte e lá estava eu, parada em frente à porta da casa dele, com uma cesta na mão e morrendo de vergonha. Ultimamente eu não estava sendo muito racional e estava fazendo coisas estúpidas. Respirei fundo e toquei a campainha, cogitando a possibilidade de deixar tudo no chão e correr de volta ao meu carro.


Uma mulher magra, com olhos azuis, cabelos ruivos e pele clara abriu a porta. Seu sorriso era acolhedor.


— Err... Boa tarde, apesar da cesta, não sou a Chapeuzinho Vermelho... — falei nervosamente e ela riu — Vim visitar o Edward, ele pode receber visitas? — mordi o lábio e esperei sua resposta.

— Claro! Entre. Sou Esme, mãe dele.


Mãe? Ela estava mais pra irmã... Era uma mulher jovem e bela, mas tinha um jeitinho de mãe mesmo.


— Desculpe aparecer assim, sem avisar... Sou Isabella Swan e estudo com ele.


Ela me guiava por sua casa e confesso que não me prendi a detalhes, o nervosismo não permitia esse tipo de futilidade.


— Ah, sim! Já me falaram de você. Obrigada por ter ajudado Rosalie, minha filha é muito sentimental e não sabe se defender... Acaba chorando por tudo.

— Não foi nada. Gostei muito de sua filha e acho que estamos nos dando bem.

— Isso é bom. — ela disse e sorriu — Vamos lá, vou acompanhá-la até o quarto de nosso doente manhoso.


Subíamos sem pressa e mantive minha cabeça abaixada, contando os degraus. Aquilo estava tão estranho pra mim... Ao fim de tudo, foram cinquenta degraus e duas portas. Ok, o terceiro andar era quase todo dele.


Esme bateu na porta antes de abri-la e eu queria correr dali.


— Filho, tem visita pra você.

— Pra mim? Só espero que não seja Emily e sua gripe. — ouvi sua voz meio fanha e ri. Ele estava meio irritado.


Ela me deu passagem e o olhar dele assim que me viu foi de surpresa. Pensei rapidamente em algo pra dizer e quebrar aquele contato visual.


— Ora, mas você está ótimo! Pensei que chegaria aqui e encontraria o padre te dando a extrema unção!


Surtiu o efeito esperado, eles riram e nossos olhos se desconectaram.


— Eu disse que ele era manhoso... Vou deixá-los sozinhos. — ela disse e saiu. Droga, agora era só eu e ele...


Ele fez um sinal pra que eu entrasse e voltou a sentar em sua cama. Deixei a cesta no chão e sentei-me em seu sofá de couro negro. Aquilo era confortável, muito macio. O quê dizer agora? Algo do tipo: Olá, sou louca mesmo e trouxe algumas guloseimas pra ver se você me perdoa... Não, isso era patético.


— Bom — comecei e ele me fitou —, acho que não tenho sido uma pessoa muito fácil de lidar... Desculpe pelas coisas que tenho feito e dito. Não posso prometer que não irá mais acontecer, mas gostaria muito que me compreendesse.

— Quem sabe se você me explicasse algumas coisas eu poderia tentar te compreender?

— É justo. Mas... Será que poderíamos comer enquanto eu falo?


Ele então voltou sua atenção para a cesta e levantou, seguindo até uma porta de vidro e a abrindo. Havia uma mesa também de vidro e cadeiras, além das árvores que ficavam na parte de trás da casa. Não estava frio; apenas uma brisa suave. Arrumamos as coisas sobre a mesa e vi seu olhar divertido, ele curtia uma piadinha particular e achei melhor ficar bem calada... Vai que era algo que eu não gostaria de ouvir?


— Hum, pode me pedir desculpas sempre que quiser... Se toda vez tiver um lanche assim, pode me bater, me xingar e depois vir aqui e dizer que está arrependida.


Nós rimos e começamos a comer. Na verdade, eu queria adiar o momento de contar a ele sobre o sonho. Respirei fundo, contei até três e comecei a falar. Não havia pra onde correr.


— Rosalie já te contou minha história, então não preciso repeti-la. Pois bem. Desde quando Jacob fez o que fez eu não tenho tanto contato assim com outros rapazes, exceto Quil e Ben. Creio que ter um mínimo de contato com você tenha desencadeado alguma coisa em meu cérebro. Mas eu nunca fui muito normal mesmo, então, nunca teremos certeza disso. — ele riu e o acompanhei — No mesmo dia em que briguei com minha irmã, tive um pesadelo e nele, você e Jacob estavam juntos, rindo de mim e dizendo coisas que me magoavam muito.


Edward parou de mastigar e me olhou de uma forma assustadora, como se o que eu tinha dito fosse a maior blasfêmia da face da Terra.


— Bella, eu acho que o pouco tempo que passamos perto um do outro foi suficiente pra que você soubesse que eu jamais faria algo assim com qualquer pessoa. — ele falou num fôlego só e eu tinha que concordar — Vejo as coisas pelas quais Rosalie passa e sei como é complicado.

— Acho que fiquei confusa, insegura e temendo passar por tudo aquilo novamente. Quando pensei que tudo ficaria bem, que poderíamos ser amigos; tive aquele pesadelo e pensei em diversas formas de me manter segura, entende? Eu só não queria ter que passar por nada daquilo, queria evitar que aquele pesadelo se tornasse real.

— Creio que estou entendendo. — disse ele.

— Quando eu estava discutindo com Jacob, minha raiva era grande demais... E você apareceu... Em minha cabeça, te vi ao lado dele, se juntando a ele pra me ofender, pra rir de mim. Por isso agi daquela forma e me envergonho muito.


Mais uma vez, ele voltou sua atenção exclusivamente a mim e senti minhas bochechas esquentarem.


— Não sinta vergonha por querer se proteger. Agora entendo o que te levou a agir daquela forma e não há nada pra desculpar.


Suas palavras eram sinceras, dava pra sentir isso e acabei sorrindo.


Passamos um bom tempo conversando. Conheci mais dele, falei mais sobre mim... Contar não foi tão ruim como pensei que seria; sentia-me aliviada. E extremamente envergonhada, claro. Ele me olhava de um jeito... Minhas bochechas sempre ficavam quentes demais e isso fazia com que ele risse. E eu ficava igual a uma idiota, apenas observando seu sorriso.


Já estava anoitecendo e só então me dei conta do tempo que passamos ali. Passei a arrumar as coisas de volta na cesta e me despedi de Edward, mas eu não sairia dali tão cedo assim...


— É... Você não gostaria de ficar e jantar conosco?


A cara que ele fez deu até pena, embora eu soubesse que seu intuito era esse mesmo. Acabei aceitando — e nem foi preciso muito esforço...


Esme cozinhava e, mesmo sob protestos, me pus a ajudá-la. Às vezes eu notava um olhar dela para o filho, mas poderia não ser nada e preferi não pensar a respeito. Senti-me bem estando ali e esqueci-me dos problemas, da raiva que parecia me dominar a maior parte do tempo, mas ainda não era a hora de parar e eu sabia disso, de alguma forma.


O clima era agradável, aquela atmosfera familiar. Eu gostava disso na minha casa, com meus pais e estava sentindo a mesma satisfação que eu sentia quando ajudava minha mãe. Esme era simpática, amorosa e o carinho que emanava dela era quase palpável. Conversamos muito e vi Edward ficar vermelho ao ouvir sua mãe confidenciar suas peripécias de criança.


Em algum momento o celular de Edward tocou e ele disse que era Rosalie, avisando que já estava voltando e perguntando se queria algo da rua. Me surpreendi enquanto conversava com Edward e ele disse que nem queria imaginar o que sua irmãzinha andava fazendo pelos cantos de Forks com Emmett. Eu jamais chegaria a tanta intimidade com um homem.


— Não preciso de nada, só que todos estejam aqui na hora e isso inclui dona Rosalie Elizabeth e o senhor Emmett. — respondeu ela e Edward riu e voltou a falar ao celular, desligando logo em seguida.

— Bella — disse e ele e foi interrompido por um espirro. Eu ri — Desculpe. Bella... — outro espirro.

— Ih, parece que tem alergia a mim. — falei e Esme gargalhou.

— Você é tão engraçada! Sabia que depois fiquei rindo sozinha, lembrando de quando chegou com a cesta e disse que não era a Chapeuzinho Vermelho?


Legal... Eu nem precisava passar mais vergonha...


— A Bella é super engraçada... — disse Edward e virou-se pra mim — Bom, não tenho alergia a você e eu queria te pedir uma coisa.


Fiquei curiosa, mas depois que ele disse o que era... Ele queria que eu fizesse “meu bolo de chocolate”. E eu só o fazia pra alguém que eu gostasse muito... Por isso tinha um na casa de Emily, quando ele foi visitá-la... Até pensei em inventar alguma coisa e fugir daquilo, mas acabei cedendo. Esme deixou os ingredientes do bolo sobre a bancada e sentou-se ao lado do filho, que pousou a cabeça em seu ombro, me olhando. Fiquei com uma vergonha por ser observada daquela forma...


Aprontei a massa e Esme pôs no forno. Edward não me deixou lavar a louça e se lambuzou com a massa que ficou na bacia da batedeira. Esme ria e eu só acompanhava; a vergonha me corroendo. Fui fazer a cobertura e os olhos de Edward brilharam, ele perguntando a cada dois minutos se faltava muito pra tudo ficar pronto.


Não muito tempo depois, nós ainda conversávamos e eu recheava o bolo quando ouvimos barulhos vindos de fora da casa. Esme disse que era Alice, a outra irmã de Edward. Em instantes a casa se encheu com a risada de uma criança e só poderia se Vittorio. Oh Deus, e eu teria que lidar com uma criança... Vamos lá, Bella, você consegue! Ele não pareceu ser um monstrinho como aqueles que você conheceu um dia... Falei comigo mesma. Terminei o bolo e pus na frente de Edward, que só não o atacou porque sua mãe bateu em sua mão e o tirou de perto. Eu ri.


O som de saltos contra o assoalho foi tornando-se mais próximo e fiquei tensa. Vai que Alice tinha algo contra pessoas gordas?


— Oi família, oi Bella. — disse ela e me espantei. Como ela me conhecia?


Ela era baixinha, mais parecia uma fada, olhos verdes e cabelos pretos e curtos, com pontas espetadas pra todos os lados. A observei enquanto ela ia até o irmão e lhe dava um beijo na bochecha, fez o mesmo com a mãe e veio pra perto de mim, me estendendo a mão. Edward me olhou e apertei a mão que me foi estendida.


— Bom, se não fui corrigida é porque acertei. A descreveram muito bem, seria impossível errar, de qualquer forma. — disse ela, fitando o irmão e dando uma risadinha.

— Você deve ser Alice, mãe de Vittorio. — falei; minhas bochechas vermelhas, com certeza.

— A própria! Oh Deus, vou me acabar nesse bolo! — e vi Edward fechando a cara.

— Não seja louca de chegar perto! Esse bolo é meu! — disse ele e ela riu.

— É o quê? Tem seu nome nele? Não estou vendo nada...


Vittorio entrou na cozinha feito um furacão e se agarrou em minhas pernas. Ok, era só uma bela criança... O peguei no colo e ele riu, entranhando os dedinhos por meus cabelos e enrolando-os entre eles. Ganhei um beijo estalado na bochecha e ri de seu entusiasmo.


— Oooooi tia Isabella! — disse ele, ainda rindo.

— Oooooi Vittorio. — respondi da mesma forma e ele riu mais.

— Mmmmm, bolo! Eu quero! — gritou o pequeno, batendo palmas.


Todos rimos e ouvimos vozes vindas da sala. Ao que parecia, a família estava chegando e eu ficando cada vez mais tensa... Vittorio estava todo alvoroçado e queria por que queria que o tio o pegasse no colo e este se recusava, só pra implicar com o menino.


— Fala meu povo! — disse Emmett, de mãos dadas com Rosalie.

— Bella! Que bom que está aqui! — disse ela, enquanto me abraçava.

— Vim visitar seu irmão. — minhas bochechas ficaram quentes.


Após os cumprimentos, eles se retiraram pra lavar as mãos, assim como Esme mandou e nesse meio tempo, mais dois membros da família chegaram; Carlisle, pai de Edward e Jasper, o loiro que eu havia visto na escola e marido de Alice.


Una bella ragazza. — disse Carlisle.

Grazie. — respondi, totalmente sem graça.

— Ah, mas ela fala italiano! — disse ele, dando um sorriso quase tão torto quanto o do filho.

— Muito pouco, faz tempo que não falo e acho que estou esquecendo.

— Isso não será um problema... Edward é um ótimo professor e adora a língua materna... — disse Jasper num tom de voz divertido e eu não entendia nada... Quer dizer, só que eles eram italianos, fora isso...


O jantar transcorreu de forma calma e acho que havia uma disputa pra ver quem conseguia me deixar com mais vergonha. Nunca ouvi tantos elogios dirigidos a mim e o pior é que eu acreditei em todos eles. Foi estranho ver o modo como Vittorio me dava atenção e parecia gostar de mim; passei muito tempo conversando com ele e rindo de suas gracinhas de criança. Ele parecia ser diferente, assim como o restante da família. Eles viam a Isabella pessoa e não a gorda, como eu era mais notada.


Carlisle era... Incrível. A beleza de Edward era uma boa herança... Carlisle era dono de cabelos loiros e incríveis e expressivos olhos verdes e brilhantes. Tão alto quanto o filho, tão bonito quanto também...


Durante a conversa, fiquei sabendo que apenas Edward, Rosalie e Vittorio nasceram na Itália. Carlisle havia se mudado com a esposa, ele fora fazer uma especialização e ficou mais tempo do que o previsto, morando lá por um bom tempo e retornando aos EUA há apenas dois anos.


Fiquei interessada nas histórias de Carlisle e a inclinação que eu tinha pela medicina estava se tornando quase um tombo. Ele era cirurgião vascular e disse que se caso eu quisesse saber mais sobre sua área de atuação, poderia ir até o hospital onde ele trabalhava e assistir a uma de suas palestras. Aquilo me animou muito. A medicina era realmente um rumo que eu queria tomar.


Jasper cursava advocacia e Alice moda, ela já tinha até uma loja em Port Angeles e planos de lançar sua própria grife. E saber que Edward e Rosalie eram gêmeos foi a maior surpresa da noite... Por que ele não me contava tudo de uma vez? Custava alguma coisa?


Passei bons momentos ali, até mesmo quando Vittorio insistiu pra que eu lhe desse banho e o colocasse pra dormir. Todos me olhavam de um jeito meio bobo, mais até do que Edward. A sensação de bem estar era algo bem agradável.


Despedi-me de todos e Edward me acompanhou até meu carro, me deixando sem graça com aquilo. Eu sentia que todos estavam nos observando por detrás da cortina.


— Bem, obrigada pelo dia de hoje. Foi realmente incrível conhecer ao restante da sua família.

— Não por isso. Eles também estão encantados com você. E Vittorio... Esse moleque não vai valer um centavo se continuar passando tanto tempo perto de Emmett.

— Ele é só uma criança. Ainda. — nós rimos — Bem... Até segunda.

— Até.


Virei pra entrar no carro, mas senti que estava faltando alguma coisa. Virei-me novamente e Edward ainda estava ali, parado no mesmo lugar. Meu Deus, que eu não faça nada idiota, que eu não faça nada idiota... Mas eu fiz. Dei um passo em sua direção e fiquei na ponta dos pés, pra conseguir alcançar sua bochecha, onde depositei um beijo.


— Boa noite. — falei, sem conseguir encará-lo.

— Com certeza eu terei e boa noite pra você também.


Bem, eu esperava mesmo que minha noite continuasse boa...


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Notas finais do capítulo

Então! Por hoje é só!
Fui!