Superando escrita por Arline


Capítulo 29
Capítulo 29 - AMOR MEU GRANDE AMOR


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei, mas cheguei com mais um capítulo! Espero que gostem dele...

As músicas usadas são:
Espatódea - Nando Reis
As coisas tão mais lindas - Cássia Eller
Glory - Jay-z
Amor meu grande amor - Barão Vermelho


Leiam as notinhas finais, por favor?

Bjks



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POV EDWARD




Não sei se o mundo é bom
Mas ele está melhor
desde que você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?




Meu corpo lutava contra o sono, e minhas articulações reclamavam por causa da posição ruim, porém, mesmo que tudo em mim exigisse descanso, eu não cederia tão fácil. A visão mais linda do mundo estava ali, bem à minha frente. Lily.


Minha pequena havia chegado há três dias, em uma tarde muito ensolarada e incomum para os padrões de Forks, e era muito mais bonita e radiante do que o sol que brilhava naquele dia. Os cabelos eram escuros como os de Bella e os olhos ainda possuíam a mesma cor que os de muitos bebês, meio acinzentados, mas eu tinha certeza que seriam iguais aos meus. O nariz e os lábios eram do mesmo formato que os de Bella, mas juravam que ela era minha cara.


Lily era apenas tudo o que eu poderia querer do mundo, o melhor presente que a vida poderia me dar. E eu tinha muito a agradecer ao mundo e à vida, pois deles eu só recebi coisas boas; até mesmo Heidi e sua maluquice, os idiotas do ensino médio... Sem eles, eu jamais teria encontrado minha Bella e Lily simplesmente não existiria.


O bico se formou quando mexi em seus cabelos, sem medo de atrapalhar o sono gostoso, e eu sorri, sentindo meu coração acelerado no peito e meus olhos ardendo. Era muito comum, naqueles últimos dias, que eu chorasse enquanto estava com ela, e quem dizia que homem não chorava não poderia estar mais errado. O mundo inteiro me pareceu compreensível e aceitável da forma que era. Meus pais nunca me pareceram tão bons e certos. Tudo estava incrivelmente perfeito pra mim. Pra ela... Não, ainda faltava muito pra que tudo fosse perfeito pra ela.


Era um amor completamente diferente e intenso, uma vontade enorme de proteger e cuidar, impedir que qualquer coisa de ruim acontecesse. Havia em mim a necessidade de protegê-la do que estava do lado de fora das paredes de nossa casa, e se me fosse possível eu construiria um mundo novinho e inteiramente pra ela, pra que seus sonhos se realizassem sem problema algum, pra que ninguém nunca a magoasse e ela fosse sempre feliz.



Não sei se esse mundo é bom
Mas ele está melhor
Porque que você chegou
E explicou o mundo pra mim.



Sem mais conseguir me conter, acabei por pegá-la do berço e aninhei em meu peito, andando até a janela. Como sempre, a lua e as estrelas estavam encobertas por nuvens densas, porém, aquilo não mais me importava, o brilho de todas as constelações estava ali, resumido naquela criaturinha em meus braços. O medo de deixá-la cair era imenso e eu não conseguia, de forma alguma, usar apenas um braço para segurá-la, e então eu não conseguia realizar a mesma proeza que Bella realizava: segurar e acarinhar aquelas bochechas rechonchudas e rosadas. Ela realmente parecia um cupcake enorme e fofo.


O cheiro de bebê me dava certeza de que eu não estava sonhando, o leve piscar de olhos me fez sorrir ainda mais, igual a um bobo apaixonado mesmo. Edward se resumia a apenas isso: um cara totalmente apaixonado por aquela menininha incrivelmente linda e adorável. E o fato de eu estar me referindo a mim mesmo em terceira pessoa não importava, era até engraçado.


— Seu papai é um bobo, sabia? — falei baixinho, temendo assustá-la — Eu amo você, garotinha.
— Ela também te ama, garotinho bobo.


Bella estava parada a um passo de mim, perto da poltrona que usava pra amamentar Lily. Eu sorri, mesmo morrendo de vergonha.


— Edward, já está tarde, você tem que descansar. — ela sentou-se e desabotoou a alça da camisola e do sutiã, me pedindo Lily.
— Ela nem chorou, como você sabe que é hora de amamentar?


Obviamente Bella percebeu que eu estava fugindo de sua fala, mas nada disse. Eu estava cansado e sabia disso, mas dormir, naquele momento, era perda de tempo pra mim; passar horas e horas vendo Lily dormir era muito mais interessante. Sem contar que era Bella quem precisava descansar o máximo possível.


— Experimente ficar grávido, amor. — eu ri enquanto entregava minha pequena — Meus seios doem, incham e eu tive que trocar de roupa antes de vir pra cá; meus seios devem ser pequenos pra tanto leite, não é possível. E você poderia, por favor, trocar os lençóis? Não vai ser agradável o cheiro de leite depois que secar.


O leite... Bella andava um tanto irritada com aquilo. Susan a aconselhou a usar a bombinha e retirar o leite, mas foi completamente ignorada por minha esposa cabeça dura. Eu também havia dito que seria bom ajudar alguém. Já que a produção ali era bem abundante, ela poderia retirar e doar pra maternidade, muitos bebês precisavam. Todavia o assunto ficaria pra outra hora, talvez dali uma semana eu retomasse a conversa iniciada ainda na maternidade.


Por dez minutos eu fiquei ali, apenas observando a interação das duas. Eu não saberia dizer se Bella era muito mais mãe do que eu era pai, mas sem sombra de dúvidas a ligação que havia era algo realmente inquestionável. As duas entravam em um mundinho particular e inteiramente delas, onde nada mais importava.



Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi.



Deixei o quarto de Lily e segui para o meu, me recriminando mortalmente por não ter pensado antes na logística da coisa toda. O quarto dela tinha que ser o último do corredor, não o meu. Claro que eu poderia resolver aquele pequeno problema mandando colocar um portãozinho de aço no topo da escada, mas minha ideia mesmo era esperar que ela crescesse um pouco e assim, mudar os quartos. Bella reclamaria por um tempo, mas acabaria por ver que eu estava certo no fim das contas.


Troquei os lençóis rapidamente e pensei em voltar ao quarto, porém, achei por bem ficar ali mesmo. Minha mãe havia conversado comigo por umas boas e longas horas, tentando me dizer que Bella precisava de atenção, cuidado e espaço também. Eu teria que saber dosar a atenção dispensada à Lily, embora ela realmente precisasse disso, pois minha mãe me disse que muitas mulheres tendem a se sentirem rejeitadas por seus maridos depois da chegada de um bebê. Era nosso segundo dia em casa, sozinhos, sem enfermeiros e médicos para nos auxiliarem, e seguindo a orientação de Susan, Bella estava descansando bastante e não descia pra nada. Outra coisa que não pensei ao aceitar a reforma da casa: as escadas. Ainda demoraria algum tempo até que Bella pudesse subir e descer — com moderação, claro — e eu não saberia se ela aguentaria ficar tanto tempo no quarto.


Quase uma hora depois, Bella entrou com Lily nos braços, sorrindo e dizendo que a queria ali naquela noite. Por mim, ela dormiria conosco por muitos meses. Apenas fiquei observando a forma como Bella se saía bem em ser mãe, em como se dava bem com tudo aquilo; sentar, puxar a coberta e ter um bebê nos braços não é fácil! Não pra mim, pelo menos. E depois, ela ainda retirou de debaixo do corpinho de Lily, uma fraldinha, um pacotinho de lenços e uma pomada. Certo, como ela fazia aquilo?


— Coloque aí pra mim, por favor? — peguei as coisas que Bella me estendia e deixei na mesinha ao meu lado, ainda sem entender como ela havia carregado tudo aquilo — E pegue sua filha, sei que você mal se aguenta!


Não me fiz de desentendido e me estiquei todo, agradecendo por termos um colchão macio ali. Eu jamais perderia o medo de machucá-la ou deixá-la cair.


— Como você trouxe tudo isso? Eu juro que não consigo entender!
— É fácil. — ganhei um sorriso — Depois de trocá-la, arrumei uma coisa sobre a outra e peguei, já com Lily no colo.
— Não é fácil, Bella! Eu mal consigo ficar apenas com ela.


Bella se juntou mais a mim, descansando a cabeça em meu ombro e pegando a mãozinha de nossa filha. Lily mais parecia uma bolinha de tão gordinha que era.


— Seu papai é medroso, amorzinho! E ele não entende que agora eu sou uma mamãe com mil braços e com toda a força do mundo, que eu posso fazer tudo por você.
— E quem disse que eu duvido disso? Eu sei que você é incrível; nossa Lily não poderia ter escolhido uma mãe melhor.
— Você também é incrível, amor. Se perder o medo de tudo, poderá aproveitar muito mais de nossa pequena, nem parece que cuidou de Vittorio por tanto tempo. — eu ia responder, mas Bella nem me deu tempo de pensar — Amanhã eu só vou amamentá-la e mimar, mas você vai cuidar do banho, das fraldas e de todo o resto. Ouviu bem?
— Sim, senhora. E já está na hora de você dormir, passa das duas da manhã.


Sabendo que eu estava certo, Bella não retrucou ou fez cara feia. Eu também estava cansado, ainda mais depois de todos os nossos amigos terem resolvido aparecer ao mesmo tempo. Foi meio complicado fazê-los entender que muito barulho não seria bom nos primeiros dias; eu tive que expulsá-los, pra ser bem sincero. Eles não sabiam que Lily precisava de um tempo pra se adaptar ao mundo? Minha mãe, munida de seu alto conhecimento materno, assim como Renée, os colocaram pra correr também. Minha sogra era demais! Eu amava aquela mulher. De verdade. E adorei ver quando ela pegou Charlie pelas orelhas e o colocou do lado de fora. Eu não poderia culpá-los... Lily era perfeita demais e merecia ser apreciada.


— Edward, eu estou falando com você! — Bella chamou minha atenção e a olhei, um tanto confuso ainda — Coloque Lily na cama, pelo amor de Deus! Ela ainda não está na idade de fugir, não precisa grudar na menina vinte e quatro horas.
— Desculpe. — embora a voz de Bella não tivesse um toque de repreensão, achei que seria bom me desculpar por qualquer coisa.
— Não precisa se desculpar, eu não estou brigando. Mas você precisa descansar também; embora sejamos pais, ainda não somos super-heróis, amor. Estamos cansados, é tudo novo e muito interessante, eu sei disso, e sei o quanto Lily representa pra você, porém, se desdobrar ainda não é necessário. Ela está bem, ok?


Assenti e deixei Lily na cama, quase medindo milimetricamente se ela estava exatamente no meio de nós dois. Eu ia enlouquecer até que ela crescesse, era um fato. Eu tinha medo até de beijar a bochecha rosada, mas o olhar de Bella me incentivou e eu o fiz, vendo que realmente nada havia acontecido. Certo, eu não havia virado o Incrível Hulk. Levantei-me e coloquei meu travesseiro ao seu lado, mas Bella o pegou e o colocou no lugar, me olhando feio.


— Eu ainda estou acordada, merda. Não vou deixar sua filha cair.


Suspirando, andei até o outro lado e me sentei ao lado de Bella, não desviando meus olhos. Ela estava estranha... Pensei que eu levaria inúmeras broncas, mas tudo era dito com calma e em tom de piada.


— Claro que você não vai deixá-la cair... Eu te mato se isso acontecer. Você sabe, não sabe? — ela riu e eu a acompanhei. Era uma mentira tão deslavada que nem meu tom sério se fez valer.
— Estou morrendo de medo de você, Edward... O medo é tanto, que nem vou rir que é pra não acordar Lily.
— Eu te amo, sabia? Mesmo que eu não tenha um discurso bonito e longo onde ressalto suas qualidades de mãe e esposa, eu só posso dizer que te amo.


Quase sem que eu percebesse, minha mão foi até sua bochecha, acarinhando de leve. Aquilo era bom.


— Eu sou boa em oratória, não você. — sorri — Só diga que me ama e continue sendo o mesmo maluco de sempre; é o bastante pra mim.
— Será que bastará pra ela? — apontei Lily com a cabeça, o que fez Bella sorrir — Estou com um medo desgraçado de que...
— Nem termine! — fui interrompido quase bruscamente e retirei rápido minha mão da bochecha quente — Você é o pai dela, entendeu? Não há a mais remota possibilidade de que ela não te ame. E eu pedi pra você continuar sendo maluco, e não que se tornasse um idiota. Agora, vá deitar, por favor.


Sim, eu iria mesmo, mas antes, me abaixei um pouco e a beijei. Foi bom ver que não fui rejeitado porque nossa filha estava ali; Bella poderia mesmo dizer que aquilo era vergonhoso, por mais que tivesse falado alguns palavrões.


— Eu amo você, garotinho bobo.


Aceitei de bom grado o que me foi dito e não falei mais nada, pois senão, passaríamos a noite toda com declarações e eu precisava mesmo descansar. Embora Lily passasse mais de dezoito horas apenas dormindo, eu tinha outras obrigações também, como por exemplo, cuidar pra que Bella ficasse deitada. Minha mãe e Renée organizaram meio que um “comitê de ajuda aos papais da Lily” e decidiram que a cada dia uma delas apareceria pra nos ajudar, inclusive Alice e Rosalie. As outras mulheres foram prontamente descartadas, pois iriam fazer mais bagunça do que arrumar; fora que elas achavam que “ajudar” significava ficar com Lily apenas. Angie e Emily se prontificaram a babar “a bebê mais fofa do mundo” enquanto Bella dormia, e Bree nos disse que adoraria passar muito tempo com a sobrinha. Até mesmo Lucy eu dispensei; ela queria levar uns CDs de rock pra minha filha. Sério, aquilo não daria certo dali algum tempo... Eu já estava vendo a cena: Lily arrumando suas roupinhas em uma bolsinha e dizendo que ia “zoar por aí com a tia Lucy”. Era bom afastar enquanto tínhamos controle!


Os homens também não ficavam atrás quando o assunto era a mais nova e linda integrante da família... Charlie, por exemplo. Ele chorou muito mais do que eu, ele queria cuidar muito mais do que eu e dizia saber muito mais do que eu. Certo, ele realmente sabia, ele teve duas filhas, mas agora era minha vez de aprender, de surtar e querer chacoalhar um futuro pretendente. Meu pai estava nas nuvens e ligava sempre, mesmo que minha mãe lhe passasse informações diariamente. Vittorio estava encantado e dizia que ainda não tinha graça em brincar com a prima, mas que depois a ensinaria a jogar bola e vídeo game. Ok, eu teria um filha maluca que passaria a gostar de rock e pular no meio da sala, dizendo que estava jogando alguma coisa. Saudade do tempo em que o vídeo game era jogado com um controle... Essa coisa de usar o corpo não era mesmo comigo.


Jasper me ligava a cada hora, quase. Ele estava empolgado com a ideia de ser padrinho, e me perguntou, ainda na maternidade, quando seria o batizado. Depois de Bella ter dito qual seria o nome de nossa filha, pensei um pouco e tive medo que quando o ficha caísse, Jasper se sentisse mal pela irmã, contudo, eu não poderia estar mais enganado; ele estava mesmo feliz.



(...)



Eu não consegui fugir de Bella... Trocar fraldas não era um problema, mas o banho... Meu desespero foi tanto que coloquei a banheira em cima da cama, nem me importando se poderia molhar tudo. Se fosse pra cair, que caísse em algo macio. Não que o dano fosse menor, mas minha consciência entendia que daquela forma eu estava sendo mais cuidadoso. Fotos foram tiradas também; um registro nada engraçado de minhas caretas e pedidos pra que Bella me ajudasse ali. Lily era molinha demais, parecia que ia quebrar apenas com um sopro.


E eu não entendia, ainda, como Bella poderia passar tanto tempo longe de nossa pequena... Enquanto eu queria ficar grudado nela, Bella a deixava no berço, pegando apenas quando era pra trocar ou amamentar. Talvez Renée me ajudasse com aquilo quando chegasse.


Acabei aprendendo a cozinhar com o passar dos anos e com a insistência de Bella. Segundo ela, comer macarrão com queijo toda vez não era tão legal. Não tive nenhum tipo de reclamação naqueles dias, mas não era como se Bella adorasse o que eu fazia; era falta de opção mesmo. Ou comia, ou ficava com fome. E com a ajuda de Rosalie, que gostava mesmo de eletrônica e coisas “tipicamente masculinas”, montamos um grande aparato de comunicação; a babá eletrônica servia de walkie-talkie. Ela arrumou uma forma de interligar dois pares de babás eletrônicas e assim eu tinha como me comunicar com Bella quando não estivéssemos próximos.


Tomei café no quarto, recolhi toda a roupa pra lavar e ainda ouvi Bella reclamando que eu não precisava ficar esperando que ela acabasse de tomar banho, que era um tanto constrangedor e coisas afins, só que não lhe dei ouvidos. Eu tinha medo que ela pudesse sentir alguma tontura e cair sem conseguir pedir ajuda, ainda mais por ela estar usando uma cinta. Aquilo não era saudável. Mesmo eu dizendo que ela não precisava daquilo, ela me garantiu que sim, que ao usá-la seus órgãos pareciam estar no lugar, e que não estava apertada, era apenas pra que ela se sentisse um pouco melhor. Não adiantaria discutir.


A deixei sozinha quando Renée chegou. Assim como minha mãe, ela foi logo pegando as roupas e arrumando tudo pra começar a passar, e eu não gostava muito daquilo; elas não eram escravas.


— Bom dia, Renée. Tudo bem? Charlie está bem? Quer um café?


Ela riu meio sem jeito e seguiu pra cozinha, aceitando minha oferta.


— Me desculpe Edward... Só estou tentando não atrapalhar por aqui.
— Não atrapalha, acredite. Vá ver sua filha e neta, e só depois pense em fazer alguma coisa por aqui. Na verdade, acho que nem tem nada pra fazer; eu já varri e tirei o pó, coloquei meia dúzia de roupa pra lavar... Mas eu aceito se você quiser fazer o almoço.
— Meu marido é o máximo! — ouvimos a voz de Bella pela babá eletrônica e começamos a rir — E nem pense em olhar pra ele, mãe! Eu conheço seu marido, ok?


As duas passaram a conversar enquanto eu arrumava alguma coisa pela cozinha. Não havia mesmo nada a ser feito, mas eu já estava começando a pegar a mania de Bella de procurar por qualquer coisa; até os panos de prato eu dobrava e desdobrava só pra ter o que fazer.


Não muito tempo depois, quando Renée ia subir, eu a segui até a sala e pedi que ela esperasse. Ali, Bella não conseguiria ouvir nada do que fosse dito.


— Algum problema? — ela questionou realmente preocupada.
— Não. Eu acho.


Então eu contei sobre meus pensamentos, sobre eu achar que Bella, mesmo amando cada pedacinho de nossa filha, me parecia um tanto distante. Renée me olhava muito séria, escutava com atenção ao que eu contava e por fim, quando terminei, me sorriu e disse que não havia nada com o quê me preocupar.


— Querido, está tudo bem entre as duas. Bella apenas aproveita enquanto Lily está dormindo pra descansar um pouco mais. Acordar de três em três horas é muito mais cansativo do que passar a noite inteira acordada, sem contar que não se passaram muitos dias desde o parto; o corpo dela ainda está se adaptando a tudo isso. — assenti com um aceno — Mas, se você ainda estiver com alguma dúvida, converse com ela, ok? Não fique guardando e remoendo seus pensamentos.
— Pode deixar. Eu não duvido mesmo que Bella ame nossa pequena; só achei que ela ficaria pior do que eu.
— Não há a mínima possibilidade de existir alguém pior do que você no que diz respeito à Lily, Edward... Toda a idiotice do mundo está depositada em você, idiota babão.


Eu era mesmo um idiota babão, não tinha como não ser. Talvez acontecesse o inverso quando tivéssemos um menino; Bella poderia ficar pior do que eu. Não que eu fosse amá-lo menos, mas dizem que as mães morrem de ciúmes de meninos muito mais que de meninas... Era isso? Eu sentia ciúmes de Lily? Que coisa mais doida... Mas eu seguiria o conselho de Renée; se aqueles pensamentos continuassem a me atormentar, eu conversaria com Bella.


No fim das contas eu acabei fazendo o almoço, uma vez que minha sogra não desgrudou da neta por um segundo sequer. Não foi tão ruim, eu acho... Não quando se liga pra sua mãe e pergunta o que fazer e como fazer. Tudo bem que ela riu por uns bons minutos, mas eu não tinha mesmo ideia do que mais poderia ser feito, e ela ainda me prometeu que me daria um livro de receitas. Certo, só me faltava parir mesmo, aí Emmett teria mais motivos pra dizer que eu virei mulherzinha.


Por questão de privacidade, desliguei a babá eletrônica, o que foi mesmo bom, pois todos resolveram ligar ao mesmo tempo e meu celular quase entra em colapso, coitado... Não adiantou dizer a todos que só veriam Lily dali alguns dias, então, só me restava uma saída um tanto rude: eu não abriria a porta pra nenhum deles. Ponto. Minha garotinha ficaria agitada com aquele tanto de gente em um quarto e ao mesmo tempo.


Quando Renée desceu, nem lhe dei tempo de falar muita coisa; corri direto para o quarto de Lily, mas ela estava dormindo e eu não quis mesmo perturbar seu sono, apenas deixei a cortina aberta, pra que ela começasse a distinguir o dia da noite, mesmo que Forks não tivesse boas referências no quesito raios solares.


Em meu quarto, Bella olhava entediada pra televisão, sem realmente ver o que estava passando. Seus olhos estavam quase fechando mesmo, mas ela lutava contra o sono. Sentei-me ao seu lado e ganhei um longo e preguiçoso piscar de olhos, acompanhado de um sorriso igualmente preguiçoso.


— Dorme comigo? É só um pouquinho.


Quase não ouvi o que Bella falou, sua voz estava baixa demais e cheguei a pensar se ela não estava dormindo já.


— Eu sou um homem casado e pai de família, você acha que eu saio por aí aceitando convites desse tipo?
— Que bom que não. — Bella abriu mais os olhos e sorriu, mas ela não se aguentaria por muito tempo mais — Mas aceite o meu; sua mulher não vai se importar.
— Aguenta esperar mais cinco minutos? Eu estou com cheiro de comida e preciso mesmo de um banho.
— Cinco minutos.


Eu sabia que ela estaria dormindo quando eu voltasse, mas mesmo assim, não me demorei no banho. Eu também queria dormir e era mesmo bom que Renée estivesse por ali; ela escutaria qualquer choro e nos chamaria.


Bella estava mesmo dormindo quando retornei ao quarto, e tentei fazer o mínimo de barulho possível; desliguei a televisão e praguejei quando o controle resolveu conhecer o chão. Ainda era cedo pra que as coisas de casa fossem destruídas, e eu não precisava ajudar com aquilo. Assim que me deitei, Bella se virou para meu lado e me abraçou, me fazendo rir.


— Agora dá pra abraçar. — eu ri mais — Só não me aperte.
— Ok, nada de apertar. Pode beijar?
— Eu adoraria ficar nessa conversa sem pé nem cabeça, mas agora meus olhos querem descansar um pouquinho só. Um beijo e nada de me molestar enquanto durmo.
— Eu não faria isso, você sabe, mas um beijo está bom por enquanto.


Ela apenas concordou com a cabeça e já de olhos fechados. O bico me fez rir e ter uma clara ideia de como seria Lily fazendo manha, e não estava sendo legal pensar em minha filha enquanto beijava minha mulher; era estranho demais, pra dizer a verdade. Contudo, meus pensamentos não eram compartimentados; todos eles convergiam em Lily.




The most amazing feeling I feel

Words can't describe

What I'm feeling, for real

Baby, I'll paint the sky blue

My greatest creation was you.


(...)

POV BELLA


Eu não saberia dizer o quanto de amor um ser humano consegue carregar, mas o meu estava transbordando. Edward ainda detinha grande parte dele, mas Lily... Ela fez nascer mais amor, e tomava conta de todo ele, sem deixar pra mais ninguém. Era impossível não amar aquela garotinha que nos fazia sorrir apenas por observá-la, que nos dava ensaios de sorrisos e nos deixava completamente hipnotizados a cada vez que abria os olhos verdes preguiçosamente.


Obviamente Edward jamais ficaria sabendo de algo assim, mas eu era muito pior do que ele no que se referia a ela... Enquanto ele estava cuidando dos afazeres domésticos — e ele detestava quando eu falava assim —, eu fingia que deixava nossa filha no quartinho dela, mas sempre a pegava e deixava em nossa cama. Pra que ele não desconfiasse de nada, eu deixava a babá eletrônica bem perto da televisão, e assim ele pensava que estava em um volume alto. Não tinha como ficar muito tempo longe daquelas bochechas rechonchudas e rosadas.


Olhar pra Lily me dava sensação de dever cumprido, como se tudo o que me havia acontecido tivesse servido pra me levar até aquele ponto, me fazendo enxergar que crianças não são monstros, como um dia imaginei. Eram seres precisando de alguém que os guiasse, que lhes desse amor e ensinasse. E talvez aquela fosse minha missão: ensinar a uma nova vida. Ensiná-la a amar, a não crescer com preconceitos idiotas. Lily seria muito melhor do que eu, muito mais forte, fosse qual fosse sua forma física dali alguns anos. Assim como eu, algum dia ela encontraria um garoto meio bobo e idiota, e ele seria o amor de sua vida, a faria feliz.


As coisas que Edward fazia por mim sempre me deixavam com um sorriso idiota na cara, mas ver o que ele fazia por nossa pequena... Sem sombra de dúvidas ele amava ser pai, e Lily era a realização de seus sonhos adolescentes, era a prova de que ele era capaz. E aquilo me fez pensar em uma pessoa que há alguns anos, nos deu a notícia mais importante que poderíamos querer naquela época. Doutor Luke precisava saber que aquelas consultas e exames rendeu fruto.


Talvez fosse mesmo alguma coisa do destino, pois eu mantinha seu número comigo, mesmo que Edward nunca mais tenha voltado a vê-lo. Peguei meu celular e escrevi uma mensagem breve, explicando quem eu era e agradecendo por ele não nos ter expulsado de seu consultório, anexei uma foto de Lily com Edward e informei que a jovem mocinha estava completando um mês de vida. Só me restava esperar que o número ainda fosse mesmo do doutor Luke.


— Bella, desça um pouco e traga Lily. — a voz de Edward soou na babá eletrônica — Se ela estiver dormindo, a acorde e diga que eu mandei.


Tive que rir... Todo mundo sabia que ele jamais conseguiria dar uma ordem a ela... Lilian Swan Cullen mandaria no pai, e com toda a permissão dele.


— Tudo bem, eu já estou descendo. Ah! Não tente soar firme assim... Ela já sabe que o tem na palma das mãozinhas.


Sabendo que eu estava certa, ele nada disse, e eu peguei Lily da cama, seguindo para o andar de baixo. Mesmo sem saber o que esperar, eu sabia que tinha comida no meio, pois os barulhos que Edward fazia na cozinha soavam bem altos e chegavam nitidamente até mim. Por Deus... Eu nem sabia se ainda havia pratos naquela casa!


— Mas já? Você não acha que está andando rápido demais não?


E eu fui recebida assim. Ele ainda pensava que eu estava inválida.


— Que nada! Escorreguei pelo corrimão. Rapidinho.


Ok... Minha brincadeira não foi legal; Edward estava pálido.


— Respire!
— Não foi engraçado, Bella... Você quer me matar do coração, é isso!
— Sem drama! — puxei uma cadeira e me sentei, vendo que o sermão seria longo...


E realmente foi. O falatório durou aproximadamente dez minutos. Edward estava tão sensível ultimamente...


— Certo. Chega de falar! Eu não desci pra você brigar comigo.
— E eu não estou brigando. Apenas falei que você não pode mais me assustar e nem fazer nada imprudente.
— Tá bom, Edward... Eu já entendi que você é um homem muito, muito delicado agora que é pai. Mas, mudando de assunto, o que estou fazendo aqui?


Ele, então, pegou Lily e bateu seu nariz no dela, me fazendo rir.


— A mamãe não sabe de nada, amorzinho! Como ela é boba! Fala pra ela que teremos uma enorme festa aqui, pra comemorar seu primeiro mês!


Aquilo me preocupou... Festa? Eu não estava querendo festa... Dali alguns meses, tudo bem, mas não naquele momento.


— E agora o papai já sabe te segurar e fazer outra coisa ao mesmo tempo, não é?
— Olha... Se ela te respondesse, eu sairia correndo daqui.
— Não seja chata, Bella... Você está acabando com o clima da festa!


Fiquei calada, apenas observando enquanto ele andava de um lado pra outro e colocava coisas sobre a mesa. Um prato coberto me chamou a atenção, mas esperei até que Edward resolvesse falar o que realmente estava acontecendo.


— Pronta pra sua enorme festa, bebê? Vamos ver o que o papai fez? — ele descobriu o prato e uma porção de muffins se revelou; todos com uma velinha fincada no meio — Bolo! Festa sem bolo não tem graça, não é, bebê? Você vai gostar quando crescer.
— Edward, você está ridiculamente fofo. Nossa pequena vai amar saber dessas demonstrações de amor.
— Claro que vai. Ela já sabe que eu a amo.
— Nós também te amamos. Mas podemos comer? Eu estou mesmo com fome e esses muffins parecem tão fofinhos e gostosos!
— O parabéns! Onde já se viu uma festa sem parabéns?


E ele me fez cantar parabéns e acender uma das velas e apagar depois. Ah! E as fotos... Todas com “meu primeiro aniversário” na legenda.


— Você está feliz? — Edward me perguntou e eu estranhei. Não estava nítido ainda?
— Feliz e amando loucamente.
— Tanto assim?
— Mais, Edward... Mais do que “tanto assim”... Eu não saberia explicar, mas deve ser do mesmo jeito que você sente, só que com o toque de mãe. Então é muita coisa mesmo. — ele sorriu — Obrigada por ter me dado ela, por ser o pai dela, por tudo que tem feito durante esses anos, por me amar...
— Ei! Não me agradeça... Lily é nossa, eu não a fiz sozinho, e te amar não é uma obrigação. Nós nos amamos e nossa pequena é uma extensão desse amor.
— Ah, é? Então eu passaria a vida inteira parindo e ainda não seria suficiente pra mostrar o quanto eu te amo.
— Bem, fazer seria legal, sabe? Demonstração de amor... Ai, ai...
— Pervertido! Temos uma criança presente! Não escute seu pai, filha! Ele é um idiota.
— Um idiota que te ama.
— Eu também amo você, papai idiota.


E eu amava. Sem tamanho, sem medida, sem palavra que pudesse traduzir exatamente aquele sentimento. Eu apenas os amava.



Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira...

Enquanto me tiver
Que eu seja
O último e o primeiro
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Me reconheça...

Pois tudo que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo...


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui outra vez!

Primeiro, quero desejar um feliz dia das mães a vocês e suas mamães. Se alguém não mais a tiver fisicamente, faça uma prece e agradeça por tê-la tido pelo tempo que for.

Segundo: Tia Arline, a Bella é mãe... Por qual motivo o capítulo foi quase todo do Edward? Resposta: Bella já superou o que tinha que superar com relação à crianças quando conheceu Vittorio, mas Edward queria um filho, ele precisava disso.

Terceiro: Tem fic nova. Postarei a sinopse aqui e, se interessar, passem por lá e me digam o que acham também.


SINOPSE - A Outra Face


Tendo uma criação antiquada, Bella foi educada para ser a esposa perfeita, completamente submissa ao marido e entregue aos deveres do matrimônio. Por sorte, ela conhece Edward Cullen, um jovem bilionário que se afeiçoa a ela e que acaba se tornando um grande amigo.
Os dois casam-se por mera conveniência por parte de Bella, um acordo não informado a ele para que pudesse ser livre das exigências de sua mãe.
Mesmo que Edward se demonstre atencioso e amoroso, Bella não consegue entender seus sentimentos por seu melhor amigo e esposo. Ele se dispõe a apoiá-la em seus sonhos, deixando-a livre para fazer suas próprias escolhas, mas a convivência a faz questionar tudo o que sabe sobre Edward, a liberdade a faz repensar o que sabe sobre si mesma. Em meio aos segredos de Edward, ela descobre também outras Bellas, e percebe que até ela mesma pode ter várias faces.


Link: http://fanfiction.com.br/historia/361374/A_Outra_Face/


Bjs e fui!