Superando escrita por Arline


Capítulo 26
Capítulo 26 - O MEU MUNDO FICARIA COMPLETO


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltei!
Bem, a fic vai se estender até o capítulo trinta. Eu sei que vocês já estão de saco cheio de mim e tudo mais... Mas eu não consegui dizer adeus. E isso soou como a música (velha) do Leandro e Leonardo...
Eliana, como eu não te dei presente, considere o capítulo como um presente atrasado de níver. E porque eu sei que 'cê gosta de ver seu nome aqui na caixinha. rsrsrs Não está lá muito bom, mas juro que fiz o melhor que pude.
Tem lemon no próximo! u-u
bj bj e fui!



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O MEU MUNDO FICARIA COMPLETO

POV EDWARD

4 anos depois...

Fechei meus olhos o mais apertado que pude, ignorando os barulhos que Bella fazia ao andar de um lado pra outro no quarto. O dia estava quase amanhecendo e não havíamos pregado os olhos por mais de uma hora durante todo aquele tempo; comemorar quatro anos de casamento não estava sendo ruim, mas ela não poderia esquecer que teríamos que ir pra faculdade ainda, e um pouco de descanso não mataria ninguém.

Bella estava muito contente com sua escolha acadêmica enquanto eu não poderia dizer o mesmo; ingressei no curso de administração apenas pra ter o que fazer, mas não era algo que me agradasse verdadeiramente. De todas as escolhas, aquela me pareceu a mais próxima de qualquer coisa que me poderia ser útil. Ah! Eu acabei fazendo alguns cursos extras só pra passar mais tempo por perto, observando todos aqueles adolescentes dando em cima da minha mulher de forma bem descarada. A aliança que ela nunca tirava do dedo não tinha a mínima importância pra eles... Minha cara feia também não.

Minha vida estava seguindo muito bem, eu não tinha do que reclamar. Como Emmett se formou muito antes de mim, por ter entrado na faculdade logo depois de terminarmos o ensino médio, ele estava mais focado em arrumar um trabalho e foi aí que me juntei a ele. Disponibilizei o dinheiro e algumas horas do meu dia e abrimos uma academia e uma loja de produtos esportivos. Por mais que eu resolvesse tudo direto do conforto da minha casa, Charlie não poderia dizer que eu não trabalhava; estávamos indo bem com aquela empreitada que tinha tudo pra dar errado. Sim, tinha! Emmett não era bom com contas e se dependesse exclusivamente dele, teríamos falido um mês depois de termos começado.

— Edward... Você está dormindo ou está fingindo?

A voz de Bella estava perto outra vez, e eu apertei mais meus olhos, fingindo mesmo. Pelo amor de Deus, eu precisava de descanso! Meu corpo estava moído, minhas costas estavam mais arranhadas do que sofá destruído por gatos... Eu precisava dormir!

— Que ótimo! Maravilha! Agora eu tenho um marido que me nega sexo!

Ignorei os resmungos, eu não entraria naquela... Negar sexo! Ela não teve quase uma noite inteira? Não era suficiente?

Sem resposta, Bella se jogou ao meu lado dizendo que eu estava ficando mole. Ah, mole era uma coisa que eu não estava ficando. Definitivamente!

Em pouco tempo ela já estava dormindo pesado e eu até toquei suas costas pra sentir se ela estava respirando. Mulher estranha... Mas disso eu já sabia há tempos! Finalmente eu poderia ter algumas horas de sono!

Descansar um pouco foi mesmo bom pra mim, mas acordar com Bella me lambendo no pescoço já estava me dando vontade de dormir outra vez. Não! Eu não estava cansado de minha esposa e muito menos de fazer amor com ela, mas meu companheiro precisava de um tempo pra se recuperar! Bella não estava entendendo que homens precisam de um tempinho entre uma sessão e outra de sexo.

— Credo, Edward! Pensei que você não fosse acordar nunca!

Oh, ela estava irritadinha porque eu dormi pouco mais de duas horas! E por culpa dela!

— Foi bom ter conseguido dormir, Bella... Acordar é quase milagre, acredite.

Bufando, ela se jogou ao meu lado, como se eu a tivesse magoado ou algo assim. Aprendi que questionar quando ela estava daquele jeito não nos levaria a lugar algum. Assim, dei um beijo em sua bochecha e me levantei, seguindo para o banheiro. O primeiro jato de água em minhas costas fez um uivo baixo me escapar e quando caiu a espuma do xampu, eu quis me matar mesmo. Mas que porra ela tinha feito ali, pelo amor de Deus?

O vidro escuro do box impediu que eu visse Bella se aproximar, por isso levei um susto quando a encontrei encostada contra a bancada da pia, me olhando com um sorriso que era no mínimo, assustador.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? Minhas mãos estão desocupadas, sabe?

— Você poderia usá-las pra fazer o café da manhã. O que acha disso?

Juro por Deus que eu não estava sendo machista ao dizer aquilo, claro que Bella não servia pra cuidar das atividades domésticas, mas quanto mais ocupada ela estivesse, mais tempo eu teria pra me refazer.

— Eu acho que você está é arrumando um jeito de eu começar a sorrir para meus colegas da faculdade e aceitar alguns convites...

Aquilo me deixou puto e magoado. De verdade. Eu não era um vibrador que precisava só trocar a pilha e começava a funcionar outra vez! E ainda não faltava um tempo pra que a crise aparecesse? Ninguém me avisou que poderia acontecer antes dos cinco anos!

O silêncio era a melhor opção naquele momento; palavras com certeza não seriam bem interpretadas e algo mais sério estava completamente fora dos meus planos. Passei por Bella sem nada dizer e evitando olhar em seu rosto; a expressão um tanto cínica estava me incomodado bastante e aquela não era minha esposa.

Me arrumei rapidamente, peguei minha mochila e conferi se meu celular estava carregado, tudo isso sob o olhar atento de Bella, que também começou a achar que ficar quieta seria uma boa coisa naquela manhã que deveria ser diferente. No exato instante em que coloquei um pé no corredor, o celular começou a tocar e vendo o nome, fiquei logo preocupado. Com certeza que havia esquecido alguma coisa.

— Lucy! O que eu me esqueci dessa vez? — as regras de etiqueta não eram necessárias quando se tratava dela. Sério.

— Filho da puta! É isso que você é, Edward! Você só se esqueceu de devolver as anotações que fiz... E sabe de uma coisa legal? A prova é hoje, seu retardado!

Merda! Poderia piorar?

— Você pode chegar mais cedo? Vou sair de casa agora e é certo que ainda dá tempo de estudar alguma coisa. Me desculpe.

— Tudo bem, Edward... E feliz aniversário de casamento! Dê um beijo em Bella por mim, ok?

— Claro. Pode deixar.

Antes que ela pudesse começar a perguntar e falar infinitamente, desliguei o telefone e só então me dei conta que eu ainda estava parado na porta, tendo os olhos de Bella em mim. Não dei importância.

Lucy era uma boa amiga. Nos conhecemos no primeiro ano da faculdade e logo encontramos muitas afinidades, inclusive nosso gosto por mulheres. Um número muito reduzido de pessoas sabia de sua orientação sexual, e uma delas era Bella, que quase matou a menina fulminada com apenas um olhar. Não querendo me arrumar problemas, Lucy acabou contando e as duas até viraram amigas.

— Não vai tomar café? Sua aula só vai começar às dez. — Bella decidiu se pronunciar, mas era só por curiosidade mesmo.

— Eu como no caminho. Ah! E não precisa se preocupar... Ao contrário de você, eu não preciso procurar outra pessoa pela rua e muito menos sorrir para minhas colegas. Me desculpe se não sou mais tão bom marido. Bom dia e feliz aniversário de casamento.

Desci as escadas o mais rápido que pude e peguei as chaves do carro, saindo sem me importar com o barulho de algo quebrando. Eu é que devia estar quebrando coisas por aí! Depois de ouvir minha mulher dizer que havia a possibilidade de me trair, eu queria mais era quebrar o quarto inteiro.

O caminho que seria feito em quarenta minutos durou meia hora; nunca cheguei tão rápido à Port Angeles como naquele dia. Encontrei Lucy em um canto afastado no campus, cheia de papéis e comida espalhada pela mesa. Seu sorriso era acolhedor e eu até teria retribuído se não estivesse tão puto.

— Coma. — ela me empurrou um copo grande de café e um punhado de waflles com calda de caramelo que estavam em um saquinho sem nome — Bella pediu que eu comprasse isso pra você.

— Hum. — resmunguei e comecei a comer, dividindo minha atenção com as folhas sobre a mesa — Você não disse que suas anotações estavam comigo? Como as vejo bem na minha frente?

Lucy sorriu meio sem graça e culpada, e eu logo soube que ela só queria companhia pra estudar. Doida. Só isso.

— Não fiz por mal, ok? Você sabe que eu acabo dormindo enquanto estudo... Eu acabaria por me ferrar.

— Tudo bem. Foi bom ter vindo mais cedo.

Durante duas horas nós apenas repassamos a matéria, tiramos nossas dúvidas, criamos outras mais... Partilhávamos do mesmo problema; Administração não era um gosto, era só pra ter o que estudar. No caso dela, os pais não aceitaram muito bem sua orientação e a colocaram pra fora de casa, aquele curso era o único que ela conseguia pagar juntando suas economias e as de sua namorada.

Quando o relógio apitou nove horas, decidimos parar e conversar sobre qualquer coisa apenas pra distrair a cabeça. Bella passou por nós e cumprimentou Lucy de longe, sem ao menos lhe dar um sorriso. Foi o suficiente pra que eu recebesse um olhar questionador.

— Não me olhe desse jeito! Eu não fiz nada!

— E o pior é que eu acredito! Quer conversar sobre isso?

— Está tudo estranho... Não sei o que deu em Bella!

E então eu contei tudo o que acontecera desde a noite anterior, não me importando se minha vida sexual estava sendo ou não exposta ali. Lucy era, sem sobre de dúvidas, a pessoa mais indicada pra conversar sobre aquele assunto; ela não fazia piadas, não perguntava além do que alguém queria contar e por vezes até fingia que não escutava alguma coisa. Ao final, eu não me senti mais leve, mas pelo menos partilhei meus problemas com alguém que tentaria entender e me ajudar.

— Eu acho que você não deve levar a sério essa história de traição, Edward. Bella não cogitaria tal possibilidade nem de longe! Você estava nervoso e pode até ter entendido errado as palavras dela.

— Não entendi errado. Na verdade, não estou entendendo nada no dia de hoje.

— Se acalme! É melhor que vocês conversem e esclareçam tudo, mas com calma, ok?

— Estou calmo, Lucy. Só não entendo o que está acontecendo.

E assim foi meu dia, cheio de perguntas sem respostas, me sentindo magoado e sem a mínima vontade de voltar àquele tópico. Conversar era mesmo a melhor solução, mas como se faz isso quando se está sem vontade alguma?

Como eu cheguei muito mais cedo que Bella, deixei comida pronta, fiz um lanche rápido e me tranquei no quarto, rodeado de livros e anotações que não estavam fazendo sentido algum pra mim. Era um fato: eu detestava Administração.

Bella chegou por volta das seis e sua expressão era cansada. Não demoraria muito e ela teria algum problema de saúde; seu ritmo era meio doido, sem tempo certo pra nada, sem horário pra se alimentar ou dormir. Por vezes suas noites de sono eram deixadas de lado por conta de alguma prova importante ou por algum relatório, trabalho ou o que quer que fossem aquelas porcarias que nos davam pra fazer.

Eu não poderia negar que me sentia orgulhoso de sua dedicação e empenho por aquilo que gostava. Todos nós sentíamos muito orgulho, pra dizer a verdade. Meus pais ficavam cada dia mais encantados por ela, Charlie e Renée não escondiam o quanto estavam felizes e nossos amigos, por mais que estivessem longe, não deixavam de ligar e ficar felizes com alguma novidade. Ao longo do dia eles até mandaram mensagens de felicidades.

Bella pouco falou; apenas o suficiente pra dizer que meus pais haviam ligado e nos convidado pra um almoço no fim de semana. Aquilo foi tudo até chegar a hora de dormirmos novamente.

Tanto dormi que perdi a hora de sair, passava das onze da manhã quando acordei e obviamente não havia sinais de Bella pela casa. Nem mesmo o sono foi suficiente pra aliviar o peso que eu estava sentindo. Claro que pequenas brigas aconteceram, mas nunca passamos uma noite tão longe um do outro quanto na noite passada.

Aproveitei aquele tempo sozinho pra pensar um pouco; quando Bella chegasse, nós conversaríamos. Aquela situação não poderia se estender por muito tempo mais. Procurar meus pais estava fora de cogitação; não corríamos pra nossos pais quando tínhamos qualquer problema e não seria justamente naquele dia que eu o faria.

Por volta do meio dia ouvi a picape de Bella sendo estacionada e não me preocupei num primeiro momento, mas quando Kevin me gritou, logo notei que algo estava muito errado por ali. O encontrei com a cabeça pra dentro da cozinha e o corpo pra fora, como se estivesse se escondendo de alguma coisa.

— Me ajude aqui, sim? Bella não estava se sentindo muito bem e eu a trouxe, mas ela não quer sair do carro por nada no mundo.

E quando dizem que dá pra piorar, é completamente verdade...

Segui com ele até o carro e notei o quão branca Bella estava, como se seu sangue tivesse sumido por completo do corpo. Era notável que seu probleminha com a pressão vinha piorando nos últimos tempos, mas meu pai disse que não poderia impor qualquer tipo de tratamento, uma vez que Bella era maior de idade e responsável por sua saúde.

— Ela chegou a desmaiar? — perguntei, pensando se a levava ou não ao hospital. Mais uma briga não seria nada boa pra nós.

— Não, não. Ela só está meio aérea, parece que está com um sono infinito e já aviso que dispensou atendimento médico.

Aquilo não era mesmo novidade... Não foi preciso persuadi-la a sair do carro; Bella estava letárgica, como se tivesse tomado uma grande quantidade de calmantes. Seu peso não era incômodo; antes também não era, mas agora, nos últimos dois anos, ela pesava muito menos. Ouvi alguns protestos em forma de resmungo e não dei muita atenção; ela não parecia nem pensar direito, quanto mais formular uma frase inteira.

Mal a coloquei na cama e ela logo abraçou um travesseiro, respirando fundo e caindo no sono quase instantaneamente. Retirei seus sapatos e troquei sua roupa; a calça jeans parecia apertada demais, chegando a deixar as marcas dos botões em sua barriga.

Ainda na cozinha, Kevin aparentava ansiedade e após aceitar um copo de água disse que precisava falar comigo. Eu não me espantaria caso Bella tivesse lhe contado alguma coisa, eles eram muito amigos e decerto ele queria interceder pela amiga.

— Não brigue com Bella por eu tê-la trazido, ok? Eu só estava por perto quando ela disse que estava sentindo-se mal.

— E eu não teria mesmo motivos pra brigar, Kevin. Vocês são amigos e já perdi as contas de quantas vezes tomei um susto ao acordar pela manhã e dar de cara com você dormindo no meu sofá.

Admito que no começo era bem incômodo, mas acabei me acostumando àquilo. Morando em Port Angeles e tendo que estudar até a madrugada, o mais sensato era ficar por ali mesmo. Agora ele era quase parte dos móveis.

— Hum, por falar nisso, seria bom trocá-lo... Minhas costas doeram da última vez. — o olhei meio torto, mas sabia que ele estava brincando — Ok, não precisa me fuzilar. Mas é sério, Edward... Bella não estava muito legal hoje, meio triste e calada. Só o que consegui arrancar dela foi quando se segurar em pé estava mesmo muito complicado... Ela disse que não seria boa ideia se eu a trouxesse, que você acabaria por quebrar minha cara ou a dela. Isso me deixou verdadeiramente preocupado.

— Como?!Nós nunca nem levantamos a voz um pro outro, quanto mais bater! Bella está ficando doida?

Kevin me olhou como se eu estivesse falando grego, sem entender nada. Eu também estava da mesma forma, sem conseguir entender como chegamos até aquele ponto.

— Realmente não vou me meter, mas creio que algo que tenha acontecido entre vocês a deixou assim, quase apavorada. Bella está estranha demais, Edward...

Sim, ela realmente estava, mas só me restava esperar que ela estivesse bem pra que pudéssemos conversar. Kevin foi embora meia hora depois, me deixando com a sensação de que eu estava sendo julgado sem nem saber a causa. O que Bella tinha na cabeça ao dizer que eu poderia lhe bater? Que eu poderia agredir Kevin? Comecei a pensar se ela não estava mesmo enlouquecendo.

Passei as horas seguintes sentado no chão do quarto, rodeado de livros e tentando entender o que estava escrito ali, as letras dançavam de um ladro pra outro, me deixando com sono e irritado. Lembrei-me das palavras de meu pai, quando ele disse que eu acabaria por me arrepender futuramente por não ter esperado até encontrar algo que me agradasse verdadeiramente.

Talvez ele estivesse certo.

Bella começou a se mexer e resmungar, mas ainda não queria abrir os olhos. Parei o que estava fazendo e acompanhei seus movimentos, esperando o que viria a seguir e refletindo sobre o que falar. Meio atordoada ainda por conta do sono, seu equilíbrio não era um dos melhores e seu corpo tombou na cama nas duas vezes que ela tentou se levantar.

— Merda de tontura! Mas que porra!

Ok, não era culpa do sono. Me levantei rapidamente e a ajudei a se sentar, arrumando os travesseiros em suas costas e recebendo um olhar meio assustado. Me afastar não era uma opção, então, sentei-me na borda da cama e esperei até que ela quisesse falar.

— Por quanto tempo eu dormi? — sua voz era baixa, como se falar demandasse muita energia.

— Quatro horas e um pouquinho. — respondi também baixo, querendo que ela entendesse que eu não era uma ameaça, que não lhe faria mal algum — Quer comer alguma coisa? Está sentindo algo?

Recebi apenas um aceno de cabeça negando minhas perguntas, ou uma delas. Talvez ela quisesse um pouco de espaço e me levantei, pegando minhas coisas do chão e guardando na mochila de qualquer jeito. Sem querer deixá-la sozinha, parei em frente à janela, observando a casa da árvore. Agora ela estava um pouco diferente, pintada de branco e cheia de florezinhas coladas do lado de fora. Bella me deu um susto desgraçado quando se pendurou pra fora da janela só pra colar aquelas coisinhas. Poderiam dizer que era infantil, mas aquele era o cantinho dela, o lugar que ela usava pra ficar sozinha, pra pensar. Lucy chegou a perguntar se não alugaríamos pra ela, pois sairia muito mais barato que seu apartamento.

O choro baixo chamou minha atenção e vi que Bella havia se afundado outra vez nos travesseiros, escondendo o rosto com as mãos. Merda! Alguma coisa muito séria estava acontecendo!

— Bella... Me fale o que está acontecendo, o que você está sentido... — sentei-me ao seu lado novamente, tirando suas mãos de seu rosto.

— Só está doendo, Edward... Muito.

— Onde, amor? O que está doendo?

Em resposta, mais choro e Bella apertando minha mão. Não adiantou pedir que ela se acalmasse ou oferecer água, ela só queria chorar; pediu apenas isso: que eu a deixasse chorar. Era angustiante vê-la daquela forma, tão frágil e com os olhos tão tristes. Os minutos se arrastavam enquanto eu não podia fazer nada pra ajudá-la. Quando o sono a venceu novamente, fechei as janelas e cortinas e saí do quarto, rezando pra que ao acordar, ela estivesse bem pra falar.

Liguei para meu pai e contei o que havia acontecido, não falei sobre o dia anterior, apenas de como Bella estava naquele momento, e fiquei apreensivo quando meu pai disse que aquilo era angústia, que Bella estava sofrendo. Pedir que ele não comentasse nada nem era preciso e prometi que ligaria caso as coisas piorassem.

Antes de voltar ao quarto, preparei um sanduíche e vitamina de morango; com certeza ela não demoraria a acordar e decerto estaria com fome. Eu tinha quase certeza que ela não havia comido nada o dia inteiro.

De fato eu não estava errado, não muito tempo depois de estar no quarto Bella acordou e pediu por comida. Fiquei mais tranquilo quando a claridade me revelou um rosto mais corado. Permaneci ao seu lado, compartilhando de seu silêncio.

Tão rápido quanto um piscar de olhos, seus braços me apertaram, me deixando meio confuso por um segundo. Ela não chorava; apenas me abraçava o mais forte que conseguiria.

— Fique calma, sim? Depois você me fala o que está acontecendo, o porquê de estar assim. — meus dedos passavam entre seus cabelos, desfazendo os pequenos nós.

— Eu estou tão triste, Edward... Com raiva de mim mesma. Eu te magoei por uma coisa idiota e isso está me matando agora.

Suspirei, me afastando minimamente e enfim fitando os olhos tristes de Bella. Aquela situação estava realmente lhe fazendo mal.

— Ficar assim não vai mudar nada, Bella. Falar comigo não seria mais fácil?

— Eu estava com vergonha do que fiz. Ainda estou. Não sei o que me deu... Tenho andando com muita vontade ultimamente, parece que nunca é o bastante e acho que me senti, naquele momento, sendo rejeitada. — uma lágrima gorda caiu por sua bochecha, mostrando o quanto estava sendo difícil pra Bella, falar sobre aquilo — Minha cabeça parece que vai explodir com tanta coisa dentro dela, a faculdade está me matando, meus hormônios estão doidos e meu corpo não está dando conta de tudo, Edward...

— Bella — a interrompi —, eu não sou mulher, não sei como seus hormônios te deixam, mas acho que não seria uma coisa tão doida a ponto de fazer com que você me falasse o que falou. Me magoou saber que mesmo sendo um momento ruim pra você, a ideia de me trair passou por sua cabeça. Eu não pensei nisso quando passei mais de duas horas te esperando em um restaurante, querendo simplesmente estar ao seu lado em uma noite qualquer, sem motivo especial. Eu não pensei em convidar uma amiga pra comemorar meu aniversário quando você o esqueceu. Está doendo em você, eu sei que está, mas em mim dói muito mais.

Não era minha intenção fazê-la chorar mais, mas eu simplesmente tinha que falar e colocar pra fora o que estava me incomodando. Ao final de tudo aquilo, eu só esperava que pudéssemos pelo menos estar mais próximos um do outro.

— Kevin deve estar em casa agora, esperando por uma ligação e um pedido de socorro. Bella, eu ainda não entendo como você chegou a pensar que eu poderia te bater...

— Eu também não entendo, Edward... Tudo está tudo tão confuso! Me sinto tão cansada! Eu não devia ter falado o que falei, mas não pra não te magoar, e sim porque não é verdade. Trair a você seria o mesmo que trair a mim mesma.

Seu choro sofrido estava me afetando mais do julguei ser possível; ouvir seus soluços e ver como ela se esforçava pra manter a respiração ritmada fez com que eu me sentisse um miserável insensível. A distância de alguns centímetros se tornou enorme pra mim e acabei por encurtá-la quando puxei Bella e a abracei o mais apertado que pude. Só o que pude dizer é que tudo ficaria bem.

POV BELLA

Tudo em mim era o retrato do caos. Depois que consegui pedir perdão a Edward pelo que fiz, pensei que tudo se ajeitaria e eu ficaria bem, mas só estava piorando. Meu humor não era um dos melhores e eu estava sempre respirando fundo e pensando três, quatro vezes antes de falar qualquer coisa. Minha aparência era péssima, meu espelho estava me enganando constantemente e isso me deixava irritada; as roupas não cabiam, mas eu não estava tão gorda quanto antes.

Outra coisa que estava me deixando bem desanimada era a proximidade do fim de semana. Eu não queria sair e enfrentar uma tarde inteira na casa de Esme; minha casa e minha cama eram tudo que eu mais queria da vida. Dormir! Simplesmente dormir e esquecer a vida do lado de fora.

Cogitei procurar um psicólogo, talvez um Valium me acalmasse um pouco...  E pensar que minha vontade de sexo era quase nula três dias depois do meu surto, me deu certeza de que eu não estava mesmo bem. Meu casamento quase vai pra casa do cacete por conta de sexo e dois dias depois eu mal queria que Edward encostasse a mão em mim. Era de enlouquecer qualquer um, não era?

Também me irritei com a faculdade. Larguei um dia de aulas pra lá e decidi que eu merecia dormir algumas horas a mais. Ninguém morreria por isso e Edward até me apoiou. Se bem que eu comecei a achar que ele estava concordado com tudo apenas por medo que eu surtasse outra vez. Pensar nisso me deixava triste, saber que me magoei Edward não me fazia bem. Realmente inverti algumas prioridades e acabei por deixá-lo um pouco de lado, mas é claro que me doeria caso ele tivesse me dito a mesma coisa que lhe falei.

Eu não saberia dizer se Edward me havia perdoado ou se ele apenas deixou de lado, pois não tocávamos no assunto e qualquer menção que eu ousasse fazer era rapidamente rebatida. Edward simplesmente não queria voltar àquilo. E entendi que ele não me tratou diferente naquele dia e nem no outro; eu o afastei com meu silêncio.

Ele também resolveu faltar um dia e estava dormindo, jogado no chão da sala e mal se importando em se mexer. O subir e abaixar de seu peito denunciava que ele estava vivo e eu ri quando ele fez uma careta por eu ter mexido em seus cabelos. Seria difícil distinguir um bebê de Edward... Nunca vi homem tão manhoso quanto ele! Meus dedos se perdiam entre os cabelos bagunçados e macios, não havia vontade de levantar, de voltar pra vida real. Ficar daquele jeito, tão perto de Edward quanto dava, estava perfeito pra mim.

Vittorio fazia falta numa hora como aquela; sempre que dava a gente pegava o pequeno em um final de semana e fazíamos apenas coisas de criança. Péssima ideia que Alice teve de se mudar novamente pra Itália... Edward tentou persuadir a irmã, convencê-la de que por aqui ela teria bons contatos, mas nada conseguiu segurar aquela coisa agitada. E ela estava realmente bem, as lojas estavam melhores do que nunca e sua ideia de moda plus size poderia não ser algo novo, mas que ela deu um novo gás, ah, isso era um fato! Rosalie estava adorando as roupas e lingeries que ganhava e meu marido então... Toda semana ele me perguntava se a irmã não havia mandado nada indecente e ele nem fazia questão de esconder o enorme sorriso quando via alguma caixa sobre a cama.

Nossas vidas estavam tão loucas que a ideia de um filho foi ficando cada vez mais distante, e agora eu achava quase impossível que eu conseguisse engravidar antes dos trinta. Seria muita sorte e um grande milagre! Meu pai vivia pegando no pé de Edward, dizendo que ele era mole e por isso eu ainda não havia lhe dado um neto. As implicâncias jamais acabariam.

Meu estômago trouxe meus pensamentos de volta à realidade e eu ri com aquilo. Ultimamente minha fome era algo assustador, mas completamente aceitável, uma vez que eu mal tinha tempo de me alimentar direito. Meu emprego futuro teria que me dar muito dinheiro pra compensar tudo aquilo. Carlisle dizia que eu só estava me iludindo e que o maior lucro de um médico era poder ver seus pacientes curados.

O braço de Edward impediu que eu me levantasse, seus dedos traçavam padrões aleatórios em minha — pasmem — cintura. Sim, eu tinha cintura agora! E aquilo era bom pra cacete. Não o fato de meus seios aparecerem mais que minha barriga e sim o toque de Edward.

— Estou com fome.

A fome que ele sentia não era bem de comida não... Com certeza Edward não se deitou ali com o controle remoto dentro das calças.

— Deixe de ser pervertido, Edward! Você está querendo é se aproveitar de mim.

— Um pouco, eu acho. — eu ri de sua voz abafada — Talvez muito.

Ah, com certeza ele queria muito! Sua mão era muito habilidosa e logo foi parar em meu sutiã, o fecho não foi páreo para seus dedos bem treinados. Puta merda! Eu nunca consegui tirar o sutiã sem me enrolar e Edward fazia aquilo com apenas uma das mãos.

— E você não vai nem abrir os olhos?

Em resposta, ele abriu apenas um, me olhando meio desconfiado. Ok, ele estava mesmo com medo de mim.

— Você vai me mandar parar e dizer que quer dormir?

Oh, não... Agora eu queria! A comparação poderia ser ridícula, mas Edward me pareceu um apetitoso prato de brigadeiro.

Sem querer ser delicada, o empurrei pelo ombro, me colocando rapidamente sobre ele, ignorando o olhar de surpresa.

— Essa coisa de fome é contagiosa, não?

— Com certeza, querido... Com certeza!

Edward puxou minha blusa pra fora do meu corpo e eu tirei o sutiã de uma vez, jogando pra qualquer lado. Nossas roupas não demoraram muito a sumir por completo e eu não estava interessada em brincar, mas Edward parecia estar gostando muito de apertar e chupar meus seios.

Aproveitando de sua distração, ergui um pouco meus quadris e gemi alto ao senti-lo por completo dentro de mim, o ar escapou totalmente e respirar chegou a doer. Um minuto. Eu só precisava de um minuto.

Assim que meus pulmões voltaram a funcionar, passei a me mover sobre Edward, apoiando minhas mãos em seu peito e ignorando o atrito de meus joelhos com aquela porra daquele tapete. Os dedos de Edward ficariam marcados em minha pele, tamanha força que ele empregava ao me apertar.

Não havia um padrão ali, eu só sentia meu corpo estremecer cada vez mais, os gemidos se tornaram intensos e amoleci por completo, praticamente desabando sobre um corpo quase suado.

Meus cabelos foram afastados do meu rosto e olhei pra Edward, não entendendo aquele olhar meio perdido. Nós não brigaríamos outra vez, brigaríamos?

— Isso foi meio rápido, não acha? — eu ri de seu tom frustrado. Edward não era muito fã de rapidinhas. Se bem que foi mais rápido e estranho do que deveria ser.

— Amor, eu só queria que fosse bom. E foi. Não reclame!

— Quem disse que estou reclamado, Bella? Eu só quero deixar claro que depois eu terei tudo a que tenho direito! Tome logo um remédio pra dor de cabeça, durma, descanse...

— Ok! Já entendi! Ei! Você está se animando outra vez?

Edward riu alto e impulsionou seu corpo, me forçando a acompanhá-lo.

— Sua mente pervertida é que está animada, Bella. Eu só quero um banho e depois, comer!

— E não foi isso que você acabou de fazer?

Recebi um olhar puramente assustado e suprimi a vontade de rir.

— Bella, eu ainda me surpreendo com as coisas que você fala... Você não era assim, amor...

— É verdade... Eu não era uma mulher completamente feliz, que tem um marido incrível e que descobriu como sexo é bom. E nem tente soar inocente; você bem que gosta de falar e ouvir coisas sujas.

Sem argumentos, Edward só me beijou e acabamos ficando pelo tapete mesmo.

...

Os dias passaram voando e o fim de semana se apresentou da melhor forma que poderia; sol e uma temperatura agradabilíssima. Ficar em casa não seria mesmo legal. Apressei Edward pra que pudéssemos sair logo, eu queria andar um pouco por Forks antes de ir pra casa de Esme, onde meus pais também estariam.

As reuniões na casa de Esme eram agradáveis, mas jamais foram as mesmas depois que a faculdade bateu em nossas portas. Bree havia se mudado com Quil para o Alaska e não era sempre que dava pra nos visitar. Eles poderiam ter decidido por Port Angeles, mas aquela foi a forma que eles encontraram de dizer que queriam dividir o mesmo teto, as responsabilidades... Estavam bem, embora meu pai tenha tentado fazer chantagem emocional. Fingir desmaio foi um pouco forte demais...

Angela, Ben e Emily foram pra mais longe ainda, Califórnia. Um pouco de sol não mataria e eu sabia que logo eles estariam de volta, eles queriam só trabalhar um pouquinho mais e ter um pouco de diversão de verdade. Emily estava se divertindo muito... As fotos que Angie nos mandou jamais seriam apagadas; Emily simplesmente tomou um porre e subiu em uma mesa de um bar qualquer, levantou a blusa e saiu mostrando os seios pra quem quisesse ver. Arrumou trezentos dólares com isso.

Quatro anos! Quatro anos havia se passado desde que conheci Edward, desde que deixei pra trás aquela Bella idiota e boba. Há quatro anos eu era feliz como jamais pensei que poderia ser.

E estávamos de volta ao lugar onde nos beijamos pela primeira vez. Era engraçado o fato de termos demorado quatro anos pra voltar até ali... Meia hora separava nossa casa da praia, mas tudo era tão corrido...

— Faz tempo desde a última vez. — Edward comentou, como se lesse meus pensamentos.

— Eu estava pensando nisso. Dá pra acreditar? Às vezes parece que foi ontem que tudo aconteceu.

— E foi exatamente aqui que nos beijamos pela primeira vez, lembra?

Acenei afirmativamente, sorrindo com a lembrança.

— Minha vida mudou completamente depois daquele dia. — Edward sorriu, me abraçando e beijando meus cabelos.

— Nossas vidas mudaram desde o primeiro momento em que nos vimos. Embora você ainda diga que não, eu sei que você se apaixonou por mim desde a primeira vez que me viu.

— Idiota! Você adora ouvir isso, não é?

— Claro! E você também me chamou de idiota depois que saímos daqui e fomos parar naquela praça.

— Edward, cale a boca e me beije, sim?

Não precisei pedir duas vezes, logo eu estava sendo beijada como há quatro anos. Edward realmente se lembrava de tudo.

Chegamos à casa de Esme um pouco atrasados e obviamente não escapamos das piadinhas de Emmett; ele insistia em me deixar com as bochechas vermelhas e sempre conseguia. Meus pais me abraçaram e beijaram como se não me vissem há anos, mas fazia poucas semanas desde a última vez. Edward também foi amassado pelos pais, porém, assim como eu, ele também não se importou. Mesmo morando perto, ficávamos muito longe de nossas famílias.

Em meio a toda aquela agitação, me senti um pouco tonta e preferi não falar nada, estragar o dia com preocupações bobas estava completamente fora de meus planos. Pena que meu corpo não entendeu isso... Antes que eu conseguisse chegar ao sofá, tudo girou ao meu redor e não vi mais nada.

Meus olhos só se abriram algum tempo depois e não precisei de um minuto pra saber que eu estava em um hospital. O incômodo em minha mão indicava a presença de uma agulha e eu só gemi; frustrada por ter acabado mesmo com nosso fim de semana.

— Ei... Está com dor?

Virei o rosto e encontrei Edward do outro lado do quarto, vindo em minha direção. Sua expressão não era tão preocupada quanto eu pensei que estaria; ele exibia até um sorriso bobo...

— Estou bem... O que houve?

— Você desmaiou. — ele me respondeu o óbvio — Tem certeza que está bem? Nós temos que conversar.

— Estou bem. Só me ajude aqui, quero me sentar.

Com todo o cuidado que poderia possuir, Edward me ajudou e sentou-se ao meu lado, pegando minha mão livre. Seu sorriso aumentou, assim como minha curiosidade.

— Eu falei pra você se alimentar melhor, não foi? Agora você está com uma anemia, mas não precisa se preocupar, ok? Você será tratada e ficará bem.

— E você está feliz por ter razão, é isso?

— Não, amor... Eu estou feliz porque aqui — ele colocou a mão sobre minha barriga — tem um bebezinho nosso. E eu acho que ele se cansou de tentar chamar sua atenção por três meses...

Emudeci. Grávida? Tinha um bebê dentro de mim há três meses e eu nem me dei conta disso? Também não me dei conta que minhas pílulas estavam esquecidas há tempos... Não me dei conta que minhas roupas estavam apertadas nos quadris e nos seios. Não me dei conta do meu humor dos infernos, do sono excessivo, da fome... Tinha um bebê dentro de mim!

— Você não... Não o quer? — o aperto em minha mão intensificou e pisquei, registrando as palavras de Edward.

— É claro que quero! De onde você tirou isso?

— Do seu choro e da sua falta de palavras, talvez?

— Eu estou é feliz pra cacete! Um bebezinho! Nosso bebê. — Edward sorriu mais quando coloquei minha mão sobre a dele, dando as boas vindas àquele serzinho — Oi amorzinho! Você não precisava ter deixado a mamãe tão doida como deixou... Eu briguei com seu papai, sabia?

— Bella, não brigue com ele! Te deixar doida foi a forma que ele encontrou de dizer que queria atenção e amor. Veja como ele foi bonzinho; você não teve enjoos.

Meu bebê continuaria sendo bonzinho comigo, não seria? Ou só porque descobrimos que ele estava ali, todos os sintomas ficariam piores? Eu já o amava, não precisava chamar mais minha atenção, não é? Porque se piorasse, Edward acabaria por me internar.

Ali, vendo o olhar que Edward me dava, eu soube que realmente minha idiotice fora perdoada e esquecida. O sorriso bobo e a carícia suave por minha barriga fizeram meu coração aquecer. Edward seria um bom pai, com certeza.

— Está tudo bem com ele? — perguntei, achando engraçado estarmos nos referindo ao nosso bebê como “ele”. Era como se já soubéssemos que seria um menininho.

— Está e não está, Bella... O médico achou melhor te dar um sedativo leve enquanto fazia alguns exames, você acordou um tanto agitada no caminho pra cá. Ele só me disse mesmo que você está grávida e que sua anemia pode prejudicar o bebê, causar um aborto. Segundo ele, a anemia é comum a partir do quinto mês, o que o levou a acreditar que você já estava anêmica antes mesmo de engravidar. E ele fez um ultrassom só pra constatar se está correndo tudo direitinho e está. Por enquanto.

— Como por enquanto? — me agitei e acabei mexendo a mão com a agulha, sentindo uma pontada chata...

— Pra que tudo corra bem até o final da gravidez, você terá que se cuidar, amor... Tomar as vitaminas, se alimentar e dormir bem, se exercitar... Fazendo tudo direitinho, nosso bebê nascerá forte e saudável.

— É claro que ele nascerá bem. E deu pra ver se é menino ou menina? Todo mundo já sabe?

Edward riu, se divertindo com minha ansiedade. Eu estava começando a achar que fui a última a recebe a notícia.

— Calma, mamãe! Ele não viu se era menino ou menina, só checou se estava tudo bem, ok? E não, ninguém sabe do nosso bebê. Seria bom esperar um pouquinho pra contar, não? Tudo bem que você estragou a surpresa, mas acho que Alice aguenta um dia ou dois pra te abraçar e te encher de roupas indecentes.

— Oh! Alice está aqui! E você sabia! Parece que sou mesmo a última a saber de tudo! — olhei pra minha barriga como se estivesse vendo meu bebê e sorri. Aquela era a melhor surpresa que eu poderia querer — Está vendo, bebê? Seu papai gosta de me esconder as coisas!

Nossa conversa foi interrompida com a entrada de meus pais. Edward rapidamente separou nossas mãos, não querendo que eles notassem nada, e realmente conseguiu isso; minha mãe estava mais preocupada em saber se eu não havia batido a cabeça, se eu estava com dor... Meu pai beijou cada cantinho do meu rosto e fez inúmeras perguntas. Foi difícil acalmá-los.

A última visita da noite foi de Rosalie e eu juro que vi nos olhos de Edward a vontade de compartilhar aquilo com a irmã. Eu também queria que ela soubesse, seria a madrinha perfeita para meu pequeno presente. Um sorriso foi o suficiente pra que ele soubesse que poderia falar e foi engraçado ver a cara de Rose quando Edward pediu que ela arrastasse sua cadeira e sentasse ao seu lado.

— Gente, vocês estão me escondendo alguma coisa, não estão? É coisa séria? Bella...

— Calma, maninha! Eu sei que estou correndo um grande risco aqui, mas confio em você, ok? — Rose assentiu, olhando meio desconfiada para o irmão — Você vai ser dinda. Tem um bebê bem aqui. — ele colocou a mão em minha barriga, me fazendo gargalhar. Onde mais estaria um bebê?

— Oh, meu Deus! Um bebezinho! E eu vou ser a dinda dele!

— E eu nem preciso dizer que é pra você manter sua boca fechada, não é?

Ok, meu tom saiu ameaçador, mas era pra ser engraçado.

— Irmão, ela já está doida igual a Alice?

— Pior, Rose... Pior!

— Ah! Mas eu estou tão feliz por vocês! Meu irmãozinho virando papai!

Rose estava eufórica, beijando e apertando as bochechas de Edward, me fazendo rir. Ele estava tão lindo com aquela carinha envergonhada!

— Nós também estamos muito felizes, Rose. Muito mesmo. — chamei a atenção pra mim e tentei fazer com que Rose deixasse o irmão respirar um pouco — Mas, por favor, guarde isso com você, sim? Nós só te contamos porque você é a dinda, é um cargo importante.

— Tudo bem! Prometo que não contarei nada. E agora eu vou embora, vocês precisam descansar.

Sua saída não foi calma... Ela me abraçou umas quatro vezes antes de conseguir se aquietar e ainda apertou o irmão até deixá-lo sem ar. Ela estava mesmo feliz!

Bem, eu não poderia negar que também estava feliz. Um filho só deixaria tudo melhor, só aumentaria meu amor e me deixaria mais apaixonada. Quanto a Edward... Perguntar nem seria preciso. Seu cansaço era nítido, mas ele não aparentava querer dormir, passar a mão em minha barriga parecia muito mais interessante que uma noite de sono.

Estávamos completos. Só nós dois era bom, mas com um filho seria melhor ainda.

Acabando com nosso clima bonitinho, uma enfermeira peituda demais entrou no quarto e trocou meu soro, além de ter dito que meu marido poderia sair um pouco, esticar as pernas... E ela nem iria atrás dele depois... Vadia! Ela não estava vendo que eu era uma mulher grávida? Ela não estava vendo a aliança no dedo dele?

Quando ela saiu, meu bico não poderia ser maior. E Edward ainda ria!

— Bebê, sua mamãe está morrendo de ciúmes! — a voz suave me fez rir, mas não falei nada, apenas estiquei a mão e pedi que ele deitasse ao meu lado — Fala pra ela que não precisa... Fala que o papai é completamente louco por vocês.

— Nós também somos. Mas fala para o papai, bebê, que é muito bom manter as loiras peitudas bem longe.

— Amor, não precisa se preocupar, sim? A única mulher que me interessa tem os cabelos castanhos e está esperando um filho meu.

Bem, eu não esperava ouvir aquilo, mas me fez tão bem...

— Amo você.

E o meu mundo estava completo. O nosso mundo estava completo.


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