Superando escrita por Arline


Capítulo 20
Capítulo 20-NOIVADO, JASPER E... JASPER?


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais, é IMPORTANTE.
Leitoras novas, sejam bem vindas.



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NOIVADO, JASPER E... JASPER?

POV BELLA

Eu estava muito ansiosa. Muito. Faltava pouco mais de meia hora pra que Edward chegasse com sua família e eu não parava quieta, ficava andando de um lado pra outro, o que estava deixando meu pai irritado; ele chegou a me pegar pelos braços e me colocar no sofá, sob seu olhar torto. Claro que não fiquei cinco minutos sentada e logo corri pra cozinha; querendo verificar — pela quarta vez — se tudo estava certo por lá.

Minha mãe sorria e me pedia um pouco mais de calma, que tudo daria certo. E tinha como? Era meu noivado! Quando eu pensaria em algo assim? Segui outra vez até a sala de estar e verifiquei se tudo estava disposto corretamente. Não seria um jantar formal, com todos alinhados e sendo servidos. Não. Preferi fazer algo mais “descontraído”. Minha mãe disse que foi uma boa ideia, mas eu estava era morrendo de medo! Esme era tão... Esme! E se ela não gostasse da minha ideia dos aparadores? Se ela achasse que aquilo era ridículo?

— Ah, meu Deus! A Esme vai me odiar! Vai dizer que tudo está horrível e vai embora!

Eu comecei a chorar e bater minha cabeça contra a parede. Por que eu não contratei um serviço de bufê? Por que eu quis fazer tudo? Minha mãe não tinha que ter concordado com nada daquilo! Não tinha!

— Filha... Está tudo bem, ok? — meu pai me abraçou e me puxou dali — Não tem nada horrível aqui e eu me sentiria desconfortável se tivéssemos um monte de gente aqui em casa, andando pra lá e pra cá enquanto nos serviam. A família de Edward também vai gostar. Fique tranquila.

— Não dá! Droga! Eu estraguei tudo!

— Querida, você não estragou nada! Como poderia? Você cuidou de tudo, quis fazer tudo e se empenhou; tenho certeza que todos vão gostar muito.

Nem mesmo as palavras do meu pai foram suficientes pra me acalmar; eu estava com muito medo e nervosa.

— Vá lá pra cima, se acalme e volte mais linda do que já está. Eu acho que o Edwin não vai gostar de te ver assim.

Consegui rir um pouco, mas obedeci; eu não estava mesmo bem pra receber ninguém. Segui para o quarto de meus pais, onde minhas coisas estavam e encontrei Bree no corredor; ela pareceu assustada ao ver minha situação.

Foi ela quem me ajudou a me arrumar outra vez e quem me segurou, quando eu quis sair correndo e me trancar em meu antigo quarto. A campainha tocando era sinal de que todos haviam chegado e meu desespero só fez aumentar.

— Bella, se acalme! Você conhece todo mundo que está lá embaixo! É só o Edward e a família dele!

Esse era o ponto! Se fosse só Edward, tudo bem, ele diria que tudo estava ótimo, mesmo que a comida estivesse azeda, mas era Esme ali! Esme! Ela ia querer o melhor para seu filho, não?

— Arrume seu vestido e vamos.

Assenti. Arrumei o vestido, me olhei no espelho mais uma vez e peguei a mão que Bree me estendia. Seus pedidos pra que eu me acalmasse e parasse de tremer não estavam ajudando em nada!

Ao chegar à sala, todos estavam conversando animadamente, acomodados no sofá. Esme estava completamente virada em direção à minha mãe, que sorria e gesticulava bastante. Ela sabia que a gente falava com a boca, não sabia? Meus olhos buscaram por Edward, que abriu um enorme sorriso e se levantou; vindo em minha direção. Bree quase me empurrou pra que eu pudesse andar e ouvi algumas risadinhas.

— Você veio! — tentei soar engraçada, mas minha voz saiu completamente alterada.

— É claro que eu vim! Seu pai me mataria se eu não viesse... E tem a comida grátis também; isso é um ótimo incentivo.

— Não brinque... Eu estou morrendo de nervoso...

Eu estava mesmo... Mas Edward me beijando e dizendo que tudo estava ótimo, era um bom motivo pra que eu me acalmasse e acreditasse.

Cumprimentei a todos, fui abraçada, beijada e amassada por todos e chorei quando Vittorio me estendeu um pequeno buquê de flores. Os homens daquela família estavam levando o pobre menino pro caminho da sedução... Ia longe!

— Querida! Eu adorei essa ideia mais informal, sabia? Ainda bem que não tive que me vestir toda emperiquitada... — eu sorri e recebi um olhar do meu pai. Um olhar que dizia: eu avisei...

— Confesso que eu estava morrendo de medo de você achar tudo isso a coisa mais ridícula do mundo...

Ela riu com gosto e me puxou, me abraçando e beijando minha bochecha.

— Claro que não, Bella! Noivados formais e cheios de pompa são da minha época... Se vocês tivessem noção de como foi meu noivado, teriam pena de mim e de Carlisle.

Nós rimos e só então notei que Jasper estava muito à vontade ali; ria, conversava... Eu nunca tinha ouvido tanto sua voz quanto naqueles poucos minutos em que estávamos reunidos.

— Já estão pensando no casamento? — Alice perguntou e estremeci. Já?

— Pensando eu estou desde que vi a Bella pela primeira vez, mas não pra agora. — e eu tinha que retomar a respiração. Edward era tão... Edward! — Ainda temos que terminar o colégio, temos ainda a faculdade... Talvez, mais alguns anos. Mas eu não sei não...

Sorri e lhe apertei a mão. Cada vez mais aquela ideia de casamento se tornava atrativa e assustadora.

Eu, sem saber como conduzir a situação toda, deixei que minha mãe ditasse o ritmo de tudo e ela me sorriu, sabendo que eu estava verdadeiramente agradecida. Aquilo era muito complicado... Eu ficava tonta, dividindo a atenção entre os presentes. Rosalie e Alice eram as que mais falavam e já estavam com planos e mais planos para o casamento, com o estranho apoio e entusiasmo do meu pai.

Alguns aperitivos mais tarde — eu já estava bem relaxada, uma vez que sempre roubava um pouco da bebida de Alice —, minha mãe anunciou a hora do jantar. Eu, ainda sem conseguir me conter, fui verificar se a comida estava devidamente quente, por mais que estivessem em travessas específicas e ouvi algumas risadinhas.

Olhei pra baixo quando algo puxou meu vestido e sorri ao ver Vittorio, todo lindo em sua roupinha social.

— Oi... Aconteceu alguma coisa? — perguntei e ele negou com um aceno — Então, qual é o motivo dessa carinha triste?

— Hoje é dia de festinha, não é? — assenti — Eu vou ter que comer coisa verde e legumes hoje também?

Eu ri e me abaixei um pouco, ficando na altura de seus olhos.

— Hoje não precisa; a tia Bella fez uma comida bem gostosa, ok?

— Tá bom! — ele sorriu, mas ficou sério outra vez — Quando você casar com o papai Ed... Quando...

— Quando... — o incentivei e ele colocou as mãos atrás do corpo e se balançou pra frente e pra trás.

— Eu queria ter priminhos pra brincar, mas a tia Rose diz que é muito nova pra ter filhos e o papai Ed não pode... Eu nunca vou ter primos?

Meu peito apertou ao ouvir aquelas palavras tão preocupadas e tão infantis ao mesmo tempo. Seu pedido inocente não poderia ser atendido com tanta facilidade, infelizmente, e nem dependia de nossas vontades. Contudo, eu não seria cruel e dizer isso a ele.

— Como nunca vai ter primos? É claro que você terá primos lindos, iguais a você! A tia Rose é muito nova mesmo, então, teremos que esperar um pouco mais... E eu te prometo que o papai Ed vai te dar um monte de priminhos, ok?

— Jura? — assenti — Jura com o dedinho?

Sorri e entrelacei meu dedo mínimo ao dele, selando a promessa. Agora eu teria que dar um jeito de cumpri-la... Talvez a ideia da adoção não fosse tão ruim assim... Mas até lá, ainda teríamos muito, muito tempo pela frente...

Voltei minha atenção aos outros e Emmett, muito impaciente, perguntou se já poderíamos comer. No dia em que ele não estivesse faminto, eu mudaria meu nome... Claro que pensei em Vittorio... Havia uma mesinha e cadeirinha pra ele, que sorriu enormemente ao ver que não tinha verde e nem legumes em seu prato.

Todos pareciam estar gostando da comida e até respirei aliviada com isso. Eu ainda estava com medo de algo dar errado ali. Muito medo.

— Bella, eu acho que vou roubar você do Edward... Isso aqui está muito bom, cara. Muito bom mesmo. — disse Emmett e eu ri — Posso repetir?

Ele nem havia acabado! O olhei assustada, mas assenti; o que fez com que meu pai desse uma sonora gargalhada.

— Depois eu posso passar a receita pra Rose...

— Pra mim? Eu não sei cozinhar, Bella... Por que você acha que eu moro com meus pais? É irônico uma gorda não saber nada de nada na cozinha, eu sei disso, mas confesso: não sei nem ligar o fogão.

Nós rimos mais uma vez e Jasper, muito falante, disse que Edward e Carlisle foram os únicos da família que deram sorte com suas companheiras, uma vez que Alice não sabia nem fritar um ovo também.

— Vamos parar de falar, ok? A comida pode até estar boa, mas não é pra tanto. — falei e Esme revirou os olhos, dizendo que estava mesmo muito bom.

— Eu sei que nem acabei ainda, mas vou comer outra vez.

Dessa vez foi Carlisle quem me fez rir. Eles estavam famintos?

— Guardem espaço para o bolo! É muito ruim que vocês não vão comer o bolo que eu fiz!

Esme estava bem séria, mas acabamos rindo. E eu fiquei nervosa outra vez. O bolo! Quando chegasse a hora do bolo, significava que eu teria que colocar uma aliança no dedo de Edward. E ele, no meu. E meu pai queria que ele fizesse um discurso... Aquilo não ia dar certo... Claro que ele fez isso apenas de implicância, mas Edward falando... Pelo menos nós riríamos mais um pouco.

Depois de satisfeitos, meu pai recolheu os pratos e todo o resto com a ajuda de Carlisle. Sim, dele. Os dois viraram amigos de infância e não paravam de falar um só minuto. Minha mãe e Esme grudaram uma na outra e Alice falava alguma coisa com o irmão e com Bree; aquilo estava me deixando curiosa... Eles davam risinhos cúmplices, assim como Rose e Emmett. Era só o que me faltava! Um complô contra mim e em minha própria casa... Jasper deixou o filho brincando e se aproximou de mim, perguntando se poderíamos conversar. Estranhei aquilo, mas assenti e pedi que ele me acompanhasse até o lado de fora, onde poderíamos falar sem que nos ouvissem.

Sentamo-nos no sofá e ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas observando o céu. Mesmo curiosa, decidi esperar que Jasper começasse a falar. E ele não falou...

— Jasper... Se essa conversa for por telepatia, não vai dar certo... — falei e ele riu.

— Eu estou pensando. — eu ri — Bem, não é nada de mais mesmo... Eu só quero dizer que estou feliz por vocês. Estou mesmo. Sei que sou estranho, muito estranho, pra dizer a verdade, mas gosto muito do Edward; ele é o irmão que eu não tive... E quando descobri que ele andava suspirando pelos cantos, tive medo que acontecesse o mesmo que aconteceu quando ele estava com Heidi.

Aquela conversa era tão estranha... Talvez fosse uma daquelas conversas onde a pessoa fala, fala e não chega a lugar algum. Mas era Jasper ali; nada de anormal...

— Foi Rosalie quem me contou que você era a causadora dos suspiros e das noites insones e eu gostei de você, mesmo sem nunca tê-la visto. Claro que eu não podia confiar no julgamento de Edward; ele estava completamente apaixonado — e isso vem piorando, devo acrescentar —, mas decidi que deveria esperar um pouco mais e descobrir se ele não sofreria. Nunca me meti na vida de Edward, nunca emiti opinião sem que ele me pedisse, mas se eu notasse que isso não daria certo pra ele, seria a primeira vez que eu faria algo assim.

— Jasper... Eu não estou entendendo muito bem... Me desculpe.

Eu estava completamente sem graça por não entender o que ele queria dizer, porém, ele não pareceu importar-se com isso e até sorriu.

— Não há nada pra ser entendido mesmo, eu acho. Só quero que saiba que tenho por você o mesmo sentimento que tenho por Edward. Vocês fazem parte da minha família; a única que tenho, e desejo que sejam felizes, assim como eu sou com a minha baixinha.

— Obrigada, Jasper. — minha voz saiu meio tremida — Isso é importante pra mim. De verdade. E eu farei Edward feliz.

— Eu sei disso.

Nós sorrimos e ele me puxou meio de lado, envolveu seu braço em meus ombros e me beijou os cabelos. Aquela atitude me emocionou muito e não consegui não chorar. Jasper era muito reservado e quando eu estava na casa de Esme, conversávamos cordialmente e até ríamos às vezes, mas nada como aquilo. Eu sabia que ele não me aturava apenas, mas não pensei que gostasse de mim daquela forma.

— Muito bonito isso! — a voz de Edward nos tirou daquele momento e eu ri de seu tom falsamente bravo — Eu sabia que esse seu jeito de pamonha era uma estratégia pra me roubar a namorada...

— Cai fora, mané! A gatinha está comigo, não está vendo? — Jasper me puxou novamente e eu gargalhei

— Cai fora, cara! Eu estou com ele.

Edward sorriu torto e se aproximou mais, fechando as mãos em punhos.

— Está vendo isso? — ele mostrou as mãos para Jasper e os dedos estavam um pouco machucados — Eu quebrei a cara de um idiota que estava de gracinhas com a minha namorada. Você vai arriscar?

— Brigar pela gatinha? Só se for agora!

Jasper levantou e grudou em Edward, mas nem de longe aquilo era uma briga; estava mais pra um abraço estranho, porque um se embolou no outro e eu não sabia mais quem era quem. As risadas altas atraíram os outros, que ficaram parados na porta, observando, assim como eu, um momento que com certeza, era raro pra Jasper.

— Meninos! Não briguem por mim! — falei e eles se soltaram, me olhando estranho.

— Quem está brigando por você? Que garota mais convencida, Edward!

— Eu avisei Jasper... Ela é assim mesmo; acha que todos brigam por ela! Melhor você desistir...

Jasper levantou as mãos, mostrando as palmas em sinal de rendição e eu gargalhei muito alto. Edward revirou os olhos e empurrou o cunhado em direção à porta. Assim que todos entraram, ele sentou-se ao meu lado e me puxou, fazendo com que minha cabeça repousasse em seu peito. O silêncio foi bem vindo e bem aproveitado; as palavras eram realmente dispensáveis naquele momento e não precisávamos dizer que estávamos felizes.

Minha respiração se misturava a de Edward, que mantinha o rosto próximo ao meu. Aquilo era suficiente; estávamos juntos. Entrelacei meus dedos aos seus e sorri um pouco, imaginando como seria meu anel de noivado. O de Edward era simples, apenas um aro dourado com uma fina volta em prata. Alice queria fazer graça com o irmão e comprar um anel — pra ela na verdade — de pedrinhas... Edward ia pirar se soubesse daquilo...

— O que aconteceu antes de chegarmos? — questionou Edward e eu sabia que poderia ficar sem responder, mas preferi falar.

Contei a ele sobre meu surto e só o ouvi rir. Ele achava meu desespero algo engraçado? Mas nem tivemos tempo de continuar... Meu pai apareceu na porta e nos intimou a entrar; aquela era a hora...

POV EDWARD

Eu estava tentando raciocinar, pensar, mas a voz de Charlie não me deixava... Enquanto ele ia falando sobre o quanto estava feliz por Bella, eu tinha que saber como começar meu “discurso”. Aquilo era mesmo necessário? Eu não poderia simplesmente colocar o anel no dedo de Bella? Não... Não para o meu querido sogro... Ele queria que eu passasse vergonha na frente de todos e conseguiria.

Passei as mãos pelos cabelos mais uma vez, respirando fundo em seguida. Meu pai me olhava de forma divertida e Emmett estava claramente se segurando pra não gargalhar da minha cara. Eu merecia mesmo a família que eu tinha...

— Bem, eu já falei de mais, não é? Vamos deixar que o Edwin fale um pouco também. — disse Charlie, com um sorrisinho de canto.

Tomei uma grande quantidade de ar e aquilo chegou a doer e meu peito. Bella pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, apertando levemente.

— Eu... Então... Bem... — Bella apertou mais meus dedos e aquilo doeu — Hum... Todos sabem o porquê de estarmos aqui, não é mesmo? Bem, essa parte não importa... O que eu quero dizer é que eu vim aqui, quase fui assassinado, pedi a mão de Bella, daí eu...

— Foco, Edward! — um coro de vozes se fez ouvir e eu queria muito mesmo acabar com tudo aquilo... Era constrangedor demais...

Coloquei a outra mão em meu bolso e peguei a caixinha com o anel que seria de Bella. Melhor acabar logo com aquilo... Virei-me de frente pra ela e soltei sua mão, abrindo a pequena caixa. O anel oval e cheio de pedrinhas brilhou ao ser atingido pela luz e pensei se aquela expressão hipnótica que estava no rosto de Bella, esteve também no de minha avó e no de minha mãe.

— Esse anel foi de Elizabeth, minha avó. — comecei a falar e ouvi alguns suspiros — Ela o deu ao meu pai, quando ele conheceu minha mãe e eu pedi a ele, quando descobri que eu havia encontrado minha futura esposa. — dei uma piscadinha pra Bella, que me estendeu a língua — E agora, eu quero saber se você aceita usá-lo por um curto período de tempo?

Um sorriso completamente envergonhado surgiu no rosto de Bella e retirei o anel da caixinha, guardando-a em meu bolso.

— Eu aceito.

Confesso que respirei aliviado ao ouvir aquilo.

— Me perdoe por essa coisa toda atrapalhada, mas o que importa mesmo, é que eu te amo. — enquanto eu falava, ia deslizando o anel pelo dedo de Bella e coube perfeitamente. Realmente Bree teve uma boa ideia ao sugerir que eu pegasse um anel de Bella e levasse até a joalheria, pra que o anel de noivado ficasse do tamanho certo.

Bella mal esperou que o anel estivesse devidamente colocado e me puxou pela camisa, me beijando. Os outros fizeram barulho, bateram palmas, assoviaram... Nada com um bom espetáculo pra animar a noite...

Bree se colocou entre nós dois, nos empurrando de forma nada delicada e colocou uma caixinha nas mãos da irmã. Oh, ela ia mesmo fazer aquilo...

— E você, Edward, aceita usar essa aliança por um curto, muito curto período de tempo? — Bella perguntou, enquanto abria a caixinha e revelava minha aliança.

— Vamos logo, Bella! Coloque em meu dedo! — eu falei demasiadamente alto e todos começaram a rir.

Foi a minha vez de puxá-la pra um beijo e mais uma vez, ouvimos todo o barulho causado por nossas famílias. Depois das felicitações, ameaças, abraços e lágrimas, minhas mãe pôde finalmente nos fazer comer seu maravilhoso bolo. Charlie fingiu que não viu Isabella bebendo um pouquinho a mais e eu, infelizmente, não poderia ficar com ela quando a ressaca aparecesse; meus pais já me haviam avisado que logo após tudo aquilo, eu iria pra casa. Alegaram que Bella estaria cansada demais e conseguiram me convencer.

Praticamente sequestrei minha noiva e voltamos para o lado de fora, onde o frio nos recebeu de forma um tanto branda. Forks estava estranha... Ou eu me sentia mais aquecido do que as roupas poderiam aquecer. Antes que a porta se fechasse com um suave “click”, eu já estava beijando Isabella; o doce de seus lábios sendo tomado pelo salgado de suas lágrimas. E eu nem poderia rir e chamá-la de boba. Não quando eu estava da mesma forma.

Quando nos separamos, acariciei sua bochecha com meu polegar, tentando secar as lágrimas que fluíam mais timidamente.

— Obrigada por me amar. — disse ela, me abraçando o mais apertado que pôde.

— Obrigado por me permitir isso.

Ela levantou a cabeça e me olhou um tanto confusa. Beijei a ponta de seu nariz e sorri um pouco, vendo-a revirar os olhos.

— Você é durona quando quer. Muito durona... Quanto tempo levou pra aceitar que gostava um pouquinho de mim? E depois disso, quanto tempo mais levou até permitir que eu me aproximasse? — ela sorriu — Estamos aqui agora, noivos, mas você poderia nunca permitir que eu me aproximasse, por mais que gostasse de mim.

— Pensei ter sido tola por ter demorado tanto, mas agora eu vejo que tudo aconteceu como tinha que acontecer, no tempo certo. Eu ainda estava com a ideia de vingança muito arraigada em minha mente; tudo que eu pensava girava em torno disso e eu acabaria por destruir qualquer coisa que estivéssemos tentando naquela época.

— E eu esperaria por você o tempo que fosse preciso.

Sim, eu realmente esperaria. Mesmo sem ter procurado, Bella era tudo que eu sempre quis; tudo com o que sempre sonhei. E eu a amava. Depois que descobri aquilo, pude entender como meu pai se sentia com relação à minha mãe. Na verdade, sempre achei engraçada a forma como ele a olhava, como eram um com o outro; eram meus pais! Era estranho vê-los tão apaixonados, mesmo depois de tanto tempo juntos, depois de tantas coisas. Só quando descobri meus sentimentos por Bella, eu pude entendê-los, pude compreender. Eles se amavam, assim como eu a amava. E esperava continuar daquela forma por muitos, muito anos.

— Você é completamente louco, sabe disso, não sabe? — disse Bella e pisquei algumas vezes, tentando entender — Edward, nós vamos nos casar! Você vai mesmo me aturar a vida inteira? Aguentar meus surtos, meus choros idiotas, meus momentos assassinos de cada mês...

— E vou continuar te amando a cada um desses dias e não vou aturar nada; apenas estarei ao seu lado, compartilhando cada momento de sua vida. É só isso o que quero.

Bella suspirou alto e subiu sua mão por minhas costas, embrenhando seus dedos por meus cabelos. Antes que ela pudesse pensar, eu já a estava beijando, tentando demonstrar o quanto a amava. Mas é como dizem... Tudo o que é bom, dura pouco! Charlie apareceu e não foi nada delicado ao dizer que meus pais estavam apenas me esperando pra que pudéssemos ir embora. Ele queria mesmo me ver longe de Bella...

Todos tentavam se segurar, mas acabavam rindo a cada vez que eu me despedia e voltava pra dar mais um beijo em Bella. Jasper me segurou pelos cabelos e me jogou dentro do carro. Ele dizia que me amava como a um irmão, mas eu já duvidava... Claro que seu estado levemente alcoolizado estava favorecendo todo aquele desprendimento e depois eu poderia usar aquilo contra ele...

Quando chegamos em casa, meus pais logo foram subindo, dizendo que estavam velhos pra badalações, Alice levou um Vittorio totalmente adormecido para o quarto e Emmett e Rose foram dormir, uma vez que viajariam no dia seguinte — eles adiaram a viagem, pra dizer a verdade; sabiam que não sairiam cedo da casa de Bella. — Jasper se jogou no sofá e me chamou, dando batidinhas no assento ao seu lado. Minha vontade foi gargalhar, mas me contive. Quem dera eu tivesse uma câmera naquele momento...

— Bem, eu vou aproveitar que amanhã não me lembrarei de nada e direi tudo o que quero de uma vez. — Jasper desatou a falar e eu ainda tentava não rir — Eu sei que você ama Isabella e que ela te ama, mas somos humanos, certo? Às vezes, fazemos coisas que acabam por magoar as pessoas e nem nos damos conta disso.

Eu o olhei meio confuso. Ele estava bêbado, mas era eu quem estava com os pensamentos embaralhados.

— Se algum dia você magoar Isabella, eu vou atrás de você até o quinto dos infernos e arranco seu pinto fora.

Estremeci. Mas que mania de me ameaçar! E tinham que descontar justamente em um pobre coitado que nunca foi utilizado?

— Eu gosto dela, Edward. Vê-la faz com que eu me lembre de minha irmã e presenciar qualquer coisa ruim que lhe aconteça, será como se eu estivesse vendo o mesmo acontecer à Lily.

Respirei fundo. Jasper devia estar sentindo muito a falta da falecida irmã; se não tivesse morrido junto de seus pais em um acidente, ela teria a idade de Bella. Pelas fotos que ele nos mostrou, ela não era nada parecida, mas a personalidade... Por isso ele mantinha-se um pouco afastado quando Bella estava em casa e, se ele não havia contado nada, não seria eu a fazê-lo. Talvez ele lhe contasse algum dia, já que estavam mais próximos.

— Pode deixar, eu não vou magoá-la. E, por favor, deixe minhas partes inteiras, sim? Eu vou precisar dele algum dia.

Jasper riu de canto, aquele típico sorriso sacana de bêbados. Ele era o único que sabia que eu era puro. Os outros só sabiam que eu não tive nada com Heidi, mas imaginavam que já teria acontecido com outra ou até mesmo, com Bella.

— Então quer dizer que você continua tentando uma vaga de santo... Vai longe assim...

Eu consegui rir e Jasper gargalhou. Ele ia me sacanear... Mas, já que ele não se lembraria de nada, eu poderia fazer algumas perguntas...

— Estou longe de ser santo, acredite. E a cada dia que passa, fica mais complicado...

Jasper aprumou o corpo no sofá e sua expressão tornou-se séria. Mesmo assim, ainda era engraçado.

— Aconteça o que acontecer, lembre-se que é a Bella, a garota que você ama. Por mais que seus hormônios fiquem loucos, não tente criar situações; isso...

— Jasper! — o interrompi; realmente indignado com aquilo — Eu não forço nada, ok? Muito pelo contrário... Bella anda animadinha demais e eu sempre dou um jeito de pararmos. Não é assim que eu quero que aconteça.

Mais um sorriso cínico. Ele estava de sacanagem com a minha cara...

— Não espere um coro de anjos... É desesperador, vai por mim. Quando eu transei pela primeira vez, fiquei tão nervoso com tudo aquilo, e com o fato da menina também ser virgem, que até hoje não sei como deu certo...

Gemi completamente frustrado. Ele não estava me ajudando em nada!

— Os hormônios deixam as pessoas loucas, Edward... É realmente assustador... Em um momento tudo está bem; alguns beijos, a mão escorrega um pouco, aperta um pouquinho mais, o calor vai aumentando... E, de repente, tudo aquilo que está acumulado começa a querer explodir. Não tem essa de lugar especial, momento especial... Não! Quando você se dá conta, tudo está fora do controle e só o que se pensa é em colocar todos aqueles hormônios pra fora...

Seu tom de voz era quase sombrio e o olhei meio de lado. Minha ideia de algo bonito e romântico tinha acabado de ser destruída. Senti-me como Vittorio quando Emmett lhe contou que Papai Noel não existia. E então, uma gargalhada se fez ouvir, rompendo o silêncio momentâneo e desconfortável.

— É brincadeira! — disse Jasper, achando sua piada muito engraçada — Mas a parte dos hormônios deixarem as pessoas loucas é completamente verdadeira. — ele respirou fundo — Se vocês sentirem que é o momento certo, só se lembre de que ela é a mulher que você ama; aquela que estará ao seu lado pra sempre. Não há uma fórmula pra isso; vocês descobrirão juntos.

— Eu... Hum... Não sei muito bem o que fazer...

Relatei algumas coisas de forma superficial; ele realmente não precisava saber de tudo, e seu olhar era compreensivo, como o de um irmão mais velho. Por um tempo ele ficou calado; talvez estivesse pensando ou lutando contra o sono e o álcool. Sua voz era mais composta quando ele recomeçou a falar.

— A gente só descobre se perguntar, Edward. Quando estiver com Bella, não tenha vergonha de perguntar e de contar a ela o que te agrada. Se não conversarem, as coisas serão mais complicadas do que realmente são. Não há mistério, cara.

— Eu tenho medo de fazer alguma coisa errada, de machucá-la e acabar tornando tudo um tanto traumático.

— Machucar? Haverá sessão de espancamento? — eu ri um pouco, me lembrando de meus amigos na escola — Pelo amor de Deus, Edward! Não seja neurótico, sim? E pare de ficar tentando montar o cenário perfeito, o dia perfeito. As coisas acontecerão quando tiverem que acontecer e lembre-se que isso não é só sobre você.

Assenti. Realmente não era só sobre mim... Eu só tinha vergonha demais pra falar sobre aquilo com Bella, pra perguntar qualquer coisa. Quando tínhamos nossos momentos mais afoitos, o curso seguia por si só; não parávamos pra perguntar nada um ao outro, e eu sempre tinha em mente que não passaríamos daquilo. Contudo, Jasper tinha razão. Ele sempre tinha.

— E outra coisa... — me assustei ao ouvir meu cunhado; ele ficou tanto tempo calado, que pensei que tivesse dormido — Eu quero sobrinhos! Pode tratar de procurar um médico e descobrir se há solução pra sua infertilidade. Agora que você está prestes a deixar de ser um menino casto e Bella o tem na palma das mãos, pode tratar de colocar criança no mundo!

Bati em seu ombro, dizendo que ia pensar sobre aquilo. Jasper bocejou e o chamei pra subir, disse que o ajudaria, mas ele recusou; disse que o sofá era muito macio e que Alice não merecia um marido bêbado e fedorento ao seu lado. O tempo que levei pra ir até a lavanderia e pegar um lençol foi o suficiente pra que os roncos se fizessem presente. Retirei-lhe os sapatos e o acomodei melhor, cobrindo-o em seguida.

Tudo bem que não obtive muita ajuda, mas foi melhor do que nada... E era minha hora de dormir; eu estava mesmo cansado.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu sei que estou em falta com vocês e peço desculpas por isso. Algumas coisas aconteceram e me deixaram completamente pra baixo; sem a mínima vontade de continuar a escrever.
Senti-me ofendida com o que foi dito sobre minhas fics e sobre vocês, leitores. Por mais que eu ame escrever - e Superando, em especial -, tem uma hora que a gente não aguenta. Fiquei realmente mal com isso.
Estou postando hoje porque viajarei no fim de semana e amanhã já vai ser corrido. Teremos DC e talvez eu poste PT mais tarde.
Mais uma vez, desculpem-me.
Leitores que favoritam a fic: comentem! É muito, muito frustrante ver a foto de vocês e saber que não estão comentando.
Essa nota será colocada nas outras fics e quem leu, desconsidere.
Beijos e até o próximo!