Superando escrita por Arline


Capítulo 17
Capítulo 17-NÃO MEXA COM O QUE É MEU! (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Hey! Missão dada é missão cumprida! Cá estou eu com mais um capítulo! Bem, ele ficou enorme e tive que dividi-lo em dois. Mas olha que legal... Muito reviews e eu posto o segundo amanhã.
Leitoras novas, sejam bem vindas! Fiquei imensamente feliz com os cometários.
Obrigada Ana_Raposo pela recomendação! Amei!
Espero que gostem e lembrem-se: teremos a segunda parte, então, se esse lhes parecer nada com nada é porque as explicações estão no segundo.
Pra quem lê Pequena Travessa, os capítulos serão postados aos domingos.
Notas finais!



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NÃO MEXA COM O QUE É MEU!

Rose me olhava quase suplicante, assim como Bree. Eu já havia dito que nada acontecera, mas elas não acreditavam... Há três dias, desde a tarde após o aniversário de Edward, elas insistiam que meus olhos não estariam tão brilhantes se nada tivesse acontecido. Não adiantava; eu não contaria. Tudo bem que meus braços possuíam algumas manchas arroxeadas, mas poderiam ter sido causadas por qualquer coisa. Não. Não poderiam. Só as mãos de Edward deixariam as marcas de seus dedos.

Alice sabia de quase tudo. Claro, depois de quase arrancar cada palavra do irmão, ela ficaria mesmo sabendo. Não que tivesse sido nossa culpa; quando todos chegaram de um longo passeio por Forks, estávamos na sala, assistindo a algum filme — realmente não me lembrava qual; os beijos de Edward me tiravam o raciocínio — e ela simplesmente o chamou e após quase meia hora, ouvimos os gritos vindos da parte de trás da casa. Eu fiquei com cara de paisagem, evitando encará-la. Alice era estranha demais... Só de olhar, ela já sabia que alguma coisa estava acontecendo... Estranha. Agradeci por ela não ter dito que queria conversar comigo e por Emmett não ter feito nenhum comentário acerca de minha pouca roupa naquela noite. Seria realmente constrangedor.

Outra coisa constrangedora foi a consulta que tive com uma ginecologista. Alice estava comigo e a mulher simplesmente pensou que ela era minha “companheira”. Mas isso foi culpa minha... As perguntas de praxe foram feitas e travei completamente; Alice foi quem disse que eu estava ali pra tirar algumas dúvidas, uma vez que eu estava pensando em “iniciar minha vida sexual”. A médica simplesmente perguntou: e será com a senhora? Foi o suficiente pra que eu corasse até a raiz do cabelo e tivesse uma crise de tosse. Meia hora depois, eu conseguia explicar tudo a ela.

Também tive minha consulta com Carlisle... Pelo menos agora eu não precisaria ficar verificando minha pressão várias vezes ao dia; minha hipotensão não me causava problemas, eu era assim. Pena que Carlisle só se convenceu disso depois de alguns muitos exames.

A única parte ruim era ter que voltar pra casa; à noite meus pais estariam chegando de viagem e meu pai teria um colapso caso sonhasse que eu fiquei todo aquele tempo na casa de Edward. Que dormi no quarto dele. Que fiz ciosas com ele. Sim, ele ia querer matar Edward.

— Bella, não seja má! Nos conte o que aconteceu... — Bree insistia e eu olhava o relógio, rezando pra que o intervalo acabasse — Você e Edward estão tão, mas tão cheio de “segredinhos”! E as indiretas? Já estou me corroendo de tanta curiosidade!

— Pois vai continuar! Não aconteceu nada, Bree! Que coisa!

Ela e Rose bufaram. Elas estavam piores do que Emily! E graças a Deus ela não havia “notado” nada e Angie era discreta demais pra fazer esse tipo de pergunta.

— Eu sou sua irmã, Bella... Sei muito bem quando algo está te acontecendo, mas não se preocupe, eu sei que foi algo muito, muito bom!

Oh, sim! Algo muito, muito bom mesmo. Tudo bem que não chegamos nem perto de fazer nada daquilo outra vez — eu havia prometido que não provocaria Edward; ele queria esperar por um momento especial e eu não tinha o direito de tirar isso dele —, mas só de saber que ele me desejava, já era mais do que suficiente.

Nem mesmo a volta de Tanya e Jessica — mais lindas do que nunca — conseguiu acabar com aquilo que eu sentia, com aquela confiança que estava bem forte em mim. Eu era gorda sim, e daí? Edward me amava, me desejava, me achava gostosa e isso poderia acontecer a qualquer outro, se eu quisesse. Mas eu queria ser assim apenas pra ele.

O sinal do intervalo tocou e agradeci, fazendo com que Rose sorrisse. Ela ainda tentaria algo, com certeza.

— Vai comigo buscar nossos pais? — perguntou Bree, com uma voz entediada.

— Não. Caso você não tenha prestado atenção ao email que mamãe mandou, ela disse que não sabiam a hora exata que chegariam, só que seria à noite.

— Oh! Ok. Bem, depois da aula eu vou ficar um pouco mais com Quil... Papai em casa... Nem sei quando poderei fugir...

Ela estava falando sério? Quil dormia em nossa casa quase todo dia, meu pai estando ou não na casa ao lado! Preferi não me estender naquele assunto e segui com Rose pelo refeitório, encontrando Edward e Emmett nos esperando. Agora era assim; ele e o cunhado andavam de conversinhas... Isso me preocupava. Muito. E me preocupou ainda mais quando Edward sussurrou um “a gente conversa depois”.

O que Emmett havia falado?

Passei toda a aula dividindo olhares entre Edward e Lauren. Aquilo já estava me irritando profundamente! Infeliz momento aquele, quando ela me ouviu conversando com meu namorado... Ele estava todo preocupado por conta das manchas em meu corpo e eu respondi um “não tem problema, eu gostei”. Pronto! Esse foi o estopim pra inúmeras fofocas... Edward já tinha me batido, meus pais já haviam me colocado pra fora de casa depois de descobrirem que eu estava grávida e, o que mais me irritava; Edward era muito, muito bom com “a pegada”. Parecia que todas passaram a olhar mais pra ele...

A aula de educação física também não foi lá muito boa... A dupla de Edward era uma das meninas da nossa sala, Louise. Só descobri o nome dela naquela hora, quando o treinador os chamou e formou a dupla e se ela fingisse mais uma vez que estava caindo apenas pra que ele a segurasse... Com certeza ela beijaria o chão e não desgrudaria nunca mais.

No vestiário, enquanto eu fingia não prestar atenção, as meninas fofocavam, dizendo que era um absurdo nunca terem notado o quão bonito, gostoso e bom de pegada Edward era. Vadias! Ele era cachorro pra ter pegada, por acaso? E um instinto assassino crescia lentamente em mim. Eu ia estapear alguém e não ia demorar.

Pensei que ao chegar ao estacionamento, Edward abrira um enorme sorriso, eu o beijaria, falaríamos com nossos amigos e iríamos pra casa. Ah, quem me dera! Lauren estava ali, falando, e Edward mantinha a cabeça apoiada na mão, encostado ao carro. E ela também estava apoiada ali, muito à vontade...

Fui ignorada por Lauren, que ainda matraqueava sem parar.

— Vamos? — me dirigi a Edward, que suspirou aliviado.

— Nós estamos conversando, não está vendo? — disse Lauren, impedindo que eu passasse.

Respirei fundo e Edward, notando que não sairia boa coisa dali, me abraçou pelos ombros, como se pedisse pelo amor de Deus que eu não fizesse nada.

— Você lê mentes, Lauren? — perguntei e ela revirou os olhos, bufando.

— É claro que não!

— Então, me explique uma coisa: como você estava conversando com Edward se ele nem abriu a boca?

Seu risinho cínico só serviu pra me deixar mais puta da vida. Eu ia virar a mão na cara dela...

— Ah! Com ciuminho, gordinha? Ou é medo do Edward descobrir que pode conseguir coisa melhor?

Eu tive que rir! Coisa melhor? Ela?

— Por favor, não me faça rir! Ciúmes? De você? Talvez, se tivesse algo em seu cérebro, eu até poderia pensar em sentir ciúmes, mas essa embalagem que você exibe... Não. Definitivamente, não sinto ciúmes.

A empurrei um pouco e passei, indo em direção à porta do carro, mas ela continuou ali, parada. Dei meia volta e parei atrás dela, segurando seus cabelos e chegando bem perto de seu ouvido.

— Se quiser continuar com seus lindos cabelos tingidos de loiro, não chegue perto de Edward outra vez.

Ela cambaleou quando a soltei e sorri, entrando no carro. Edward nada disse e seguimos nosso caminho em silêncio. Saber que meu tempo com ele seria mínimo não estava mesmo me fazendo bem... Era como se eu já tivesse me acostumado àquilo; como se dividir meus dias como ele fosse a coisa mais certa do mundo.

Esme nos recebeu alegremente, como todos os dias; e Rose chegou logo em seguida, com Emmett em seu encalço. Eles estavam animados com a proximidade das férias e com o fato de ficarem sozinhos por alguns dias. Eu, ao contrário, estava cada vez mais desanimada. Meu pai não fingiria que não estava vendo, como fazia com Bree. Ele sabia que minha irmã era meio louca, mas era forte; se algo lhe acontecesse, ela apenas levantaria a cabeça, colocaria um sorriso no rosto e seguiria em frente. Mas comigo... Ele tinha medo — mais do que eu, na verdade — de que eu voltasse a ser como era quando criança; tinha medo que os pesadelos voltassem, que a vontade de morrer voltasse. Ele tinha medo que se eu quebrasse daquela vez, não conseguisse mais colar os caquinhos.

Estando com Edward isso jamais aconteceria, eu sabia, mas meu pai nem sabia que eu estava oficialmente namorando! Seria um pouco difícil fazê-lo confiar em Edward, fazê-lo acreditar que eu estava mesmo feliz. Talvez minha mãe me ajudasse nessa.

— Querida, aconteceu alguma coisa? — inquiriu Esme e forcei um sorriso.

— Não, Esme. Acho que só estou com sono.

Ela sorriu levemente e disse que era pra eu subir um pouco e descansar. Assim o fiz, mas Rose veio atrás de mim. Quando chegamos ao quarto e comecei a arrumar minhas coisas, ela me puxou pela mão e me fez sentar-me ao seu lado, enquanto abraçava meus ombros.

— Está assim porque tem que voltar pra casa, não? — perguntou e bufei.

— É tão óbvio assim?

— Com certeza! — Rose sorriu — Não precisa ficar assim, ok? Vocês continuarão se vendo todos os dias, terão os finais de semana... As férias estão chegando, Bella! Vocês poderiam pensar em algo.

Ah! Como se fosse fácil assim! Meu pai surtaria caso eu pensasse em passar mais do que poucas horas ao lado de Edward!

— Rose... Você acha que estou meio que ficando doida? Eu sei que verei Edward todos os dias, mas não é a mesma coisa... Ah! Nem sei mais o que estou falando!

Ela riu mais alto e me joguei sobre a cama, saindo de seu abraço. Eu estava mesmo ficando doida... Aquilo não era bom...

— Não seja boba! Você só está irremediavelmente apaixonada pelo meu irmão e isso não é loucura. Ele te ama da mesma forma. Acredite.

— Eu sei... Mas é...

— É que ficar perto só por algumas horas não é mais suficiente — ela me interrompeu —, dormir e acordar sem que o outro não seja a primeira e a última pessoa que verão, não mais os agrada. Eu sei como é isso; passei pela mesma coisa com Emmett. Em um dia, ele era o cara ridículo que me chamou de pão de mel e no outro, eu não conseguia mais imaginar minha vida sem ele. — suspirei, eu não conseguia mesmo me imaginar sem Edward — Emmett é meio doido, você sabe... Quando papai disse que nos mudaríamos outra vez, ele ameaçou fugir de casa se seus pais não o deixassem vir conosco e estamos juntos desde então.

— Mas meu pai não será tão complacente assim. Ele sabe muito por alto sobre Edward e viajou um tanto preocupado com o que encontraria quando voltasse... Às vezes eu sinto um medo tão grande, sabe? Dói pensar que Edward pode não estar comigo amanhã... É bobo, eu sei, mas não dá pra controlar.

— É bobo mesmo! Edward não vai a lugar algum; nada e nem ninguém vai tirá-lo de você. Eu nunca vi meu irmão assim, tão feliz, e acredito plenamente quando ele diz que será pra sempre.

Pra sempre... Seria mesmo pra sempre? Ficaríamos juntos por tanto tempo assim? O pra sempre, sempre acaba uma hora ou outra... Justamente agora, quando eu me sentia a mais segura das mulheres, aquelas cachorras da escola resolveram notar que meu namorado existia... Não era fácil ver os olhares, ouvir as conversas e notar o olhar de Edward dizendo que eu seria idiota se ligasse pra qualquer coisa que estivesse sendo dita. Eu estava tentando não ligar e nem comentei nada, porque sabia que teríamos uma daquelas longas conversas, onde ele acharia que tinha a obrigação de dizer a cada meio segundo que me amava e que eu não tinha com o que me preocupar.

Mas eu tinha. Eu nunca havia namorado ninguém, nunca havia amado de verdade e só agora eu notava o quanto eu era grudenta e terrivelmente chata. Minha mãe tinha razão quando disse que eu não poderia viver apenas “Edward”.

— Bem, você não está mesmo prestando atenção ao que estou falando...  — disse Rose, me tirando dos pensamentos confusos — Vou deixá-la sozinha pra que arrume suas coisas, ok? E não fique pensando besteiras!

Apenas assenti e ela saiu, me deixando com aqueles pensamentos desconexos. Após a última roupa ser guardada, joguei-me sobre a cama e abracei o travesseiro, me sentindo extremamente ridícula. E desde quando eu era tão sentimental assim? O melhor seria dormir um pouco e depois... Ir pra casa e esperar por meus pais.

Fiquei algum tempo sozinha, até que Edward entrou no quarto e suspirei ao sentir seu cheiro. Eu não me lembrava de tê-lo visto usando perfume ou algo assim, então, era só o cheiro dele mesmo. Seu braço me prendeu firmemente contra seu peito e seu rosto afundou em meu pescoço, fazendo com que arrepios me subissem pela espinha. Péssima hora pra me animar... E ele não fazia aquilo com o intuito de provocar nem nada assim; só acontecia. E era inevitável. Coloquei minha mão por cima da dele e a apertei, entrelaçando nossos dedos.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? — perguntou e resmunguei qualquer coisa, assentindo — E sabe, também, que ir embora não mudará nada entre nós. — ele meio que afirmou.

Me virei, ficando de frente pra ele e deixando que aqueles olhos brilhantes me acalmassem. Nossos sentimentos não mudariam, é verdade, mas não seria a mesma coisa na hora de dormir ou ao acordar. Sem ter muito que falar, apenas o abracei.

Permanecemos daquele jeito por muito tempo e eu não queria que as horas passassem; que eu tivesse que voltar. Se por um momento eu soubesse que seria tão ruim ir embora, eu não teria ficado na casa de Esme por tanto tempo.

— Eu não me esqueci da nossa conversa. — ele quebrou o silêncio e eu ri. Mesmo notando seu tom divertido, eu sabia que havia algo o incomodando.

— Então fale.

Me afastei um pouco, fitando-o.

— Não tem sido muito fácil na escola por esses dias... — franzi o cenho — Mike e Tyler estão competindo pra ver quem consegue me tirar do sério primeiro...

Aquele era um daqueles momentos onde eu pediria que ele focasse no que dizia e parasse de viajar, mas eu não o faria. Se ele falasse por horas e não chegasse a lugar algum, estava bom, porque eu estava ali, com ele.

— Depois que viram o estado deplorável em que você deixou minhas costas, tenho escutado coisas que... Bem, Emmett teve que me tirar do vestiário à força.

Ele respirou fundo e eu continuava sem entender nada.

—Você não tem notado a forma como alguns caras têm te olhado? Já está bastante irritante, pra ser sincero.

Meu cérebro não aguentaria tantas voltas como aquelas; Edward precisava de uma linha de raciocínio e eu precisava entender o que ele dizia. Assim, o interrompi e pedi que ele fosse direto ao assunto.

— Eles estão dizendo que você é quente, gostosa pra cacete e que deve adorar sexo selvagem. Juro por Deus que se eles falarem algo assim outra vez, teremos uma grande briga naquela escola... Só eu posso te chamar de gostosa, só eu posso te olhar como eles estão olhando! E você não é uma vadia pra que eles falem assim! Isso é... Isso... Argh!

Seu rosto afundou no travesseiro, enquanto ele xingava todos os palavrões que jamais pensei que ele conhecesse. E então, como a luz milagrosa que surge no fim do túnel, a compreensão se abateu sobre mim. Sentei-me, ainda atordoada e não acreditando naquilo. Como Edward era absurdo!

— Amor, pelo amor de Deus! Depois de tudo... Depois de... Ah, Edward! Ciúmes? Você sabe que eu te amo; que nunca haverá outro! Eles podem falar o que quiserem, podem olhar o quanto quiserem, mas será só isso; é com você que eu estou e pretendo continuar... Se você não tiver um ataque e morrer.

Tudo bem que eu também estava me roendo de ciúmes, mas eu tinha motivos! Edward era lindo em todos os aspectos e até que demorou muito pra que alguma daquelas vadias se atirasse pra cima dele...

Bufando, Edward se virou na cama e sentou-se, cruzando os braços. Ele estava puto.

— Nós vamos nos casar.

— Sim, eu sei. — falei e ele revirou os olhos — Pensaremos nisso com calma; temos muito tempo pela frente.

— Não temos não. Eu não quero nem saber se seu pai vai querer me matar, mas nós vamos nos casar o quanto antes; de preferência, dentro de quinze dias.

Eu fiquei o encarando de boca aberta, realmente não acreditando naquele surto.

— Você me entendeu, Bella? Você vai casar comigo nem que eu tenha que te amarrar e obrigar a ir até o cartório.

— Edward... Respire, ok? Você não precisa me amarrar; eu vou me casar com você, mas não assim, por causa do seu surto.

— Surto? Eu ainda não estou surtando, Bella... Você é minha, só minha! Eles não têm o direito de sequer pensar em você!

Ah, porra! Eu tentando não atacá-lo e ele provocando... Edward não tinha noção de como estava gostoso falando daquele jeito... Era demais pra minha pouca sanidade... E eu o ataquei mesmo; o puxei em minha direção e o beijei até ser necessário nos afastarmos. Não, não foi pela falta de oxigênio, foi pra manter minha promessa de não passar de beijos. E como era difícil!

— Eu sou sua, Edward. Não precisamos provar isso aos outros. Sabemos que nos amamos, sabemos com quem queremos estar.

— Sei disso... Mas até o Emmett, Bella? Ele tem me infernizado esses dias, querendo que eu lhe contasse os detalhes sórdidos daquela tarde... Eu disse que não havia nada a ser dito, mas obviamente, ele não acreditou. Não depois de ter dito que te viu subindo, que viu aquilo que você vestia.

— Ops...

— Ops? É isso que você diz? Ainda bem que Dimitri nem olha pra sua cara, porque senão, seria bem pior!

Isso era realmente bom. Dimitri meio que ficou com medo de mim no dia da festa e só falava o que era extremamente essencial; não passávamos dos cumprimentos formais.

Ainda permaneci um bom tempo tentando demover Edward da ideia do casamento repentino, mas não obtive muito êxito; ele iria até minha casa e esperaria por meus pais. Ele pediria minha mão em casamento ao temível Charlie Swan. Falei que seria melhor deixar pra outro dia, que eu faria algo em casa e apresentaria a todos formalmente e contaríamos sobre o namoro, mas Edward estava mesmo irredutível. “Não”. Era só isso que ele dizia. Então, só me restava rezar e pedir a Deus que meu namorado ficasse vivo tempo suficiente pra que eu pudesse ser sua noiva.

Os minutos corriam e ficamos apenas abraçados e dividindo um silêncio confortável. Eu não queria continuar com aquele assunto, não me agradava. Me fazia lembrar que Edward passara a ser o centro das atenções.

À noite, enquanto eu me despedia de todos, Esme me disse um “até amanhã” e sorri fracamente, assentindo. Enquanto eu segurava o choro, os outros sorriam; inclusive Jasper, o que me assustou bastante. Seus sorrisos eram raros e só se via um quando Alice ou Vittorio estivessem por perto. Edward só sabia dizer que eu estava complicando tudo, mas que ele ia descomplicar em pouco tempo. Quando meus pais chegassem. Ele não ia mesmo desistir...

Edward abriu a porta e minha respiração ficou em suspenso, minha mão foi firmemente apertada, como uma forma de me pedir calma. Não. Eu não teria calma! Heidi exibia um enorme sorriso e a mulher ao seu lado nos lançou um olhar de desprezo. Aquilo não ia dar certo...

Ignorando minha presença por completo e meus dedos ainda entrelaçados aos de Edward, Heidi pulou sobre ele, o abraçando.

— Oi amor! Eu disse que ia voltar, não disse? E parecia até que você estava me esperando...

Ela sorria enquanto falava, mas a mulher olhou de mim pra Edward com o cenho franzido, exprimindo sua confusão.

— Eu não trouxe nosso filho porque temos muitas coisas a conversar e pode ser cansativo pra ele... Mas se você quiser, eu posso buscá-lo...

— Chega! — Alice gritou, se aproximando de nós — Você pensa que engana a quem? Ninguém aqui acredita no seu teatrinho, vagabunda.

Olhei pra trás, tentando encontrar Dimitri por ali. Nada. Bela hora pra sumir!

— Não fale assim da minha filha, Alice. Sabemos que você nunca gostou dela, mas isso não é motivo para ofendê-la.

Que maravilha! A mãe também estava ali... Bem, ela ia ver a filha apanhar! Porque minhas mãos já estavam formigando!

— Eu sou a vagabunda aqui, Alice? Sou eu quem está afastando Edward do filho dele? Vagabunda é essa gorda ridícula que acha que vai ficar por muito tempo mais com o meu Edward!

Ah, o sangue ferveu! Soltei minha mão e puxei a Heidiranha*, desferindo uma bofetada em seu rosto. Antes que ela pudesse revidar, eu já a havia segurado pelos cabelos, fazendo com que ela gemesse de dor.

— A única vagabunda ridícula que vejo aqui, é você! Edward nunca foi seu e nem em seus sonhos, ele um dia será.

Os gritos dos outros pedindo que aquilo parasse não me afetava. Eu só via aquela vagabunda na minha frente e, aproveitando um momento de distração, ela se lançou sobre mim, nos levando ao chão. Ah, mas eu era boa demais naquilo! Aprendi com Edward como me virar e “desvirar” com muita facilidade...

Prendi seus braços com minhas pernas e a segurei pelos cabelos, fazendo com que me olhasse.

— Eu estou sem a mínima paciência... Então, preste atenção porque só vou falar uma vez: Fique longe do Edward; ele não é seu, nunca foi e nunca será. Você sabe que ele não é o pai do seu filho e eu juro por Deus que a vontade de te matar está grande demais pra que eu possa suportar por muito tempo. — parei e respirei fundo — Assim sendo, sugiro que você suma daqui enquanto suas pernas ainda funcionam.

Ela ia responder alguma coisa e eu até queria ouvir, mas várias mãos me seguraram e me levaram pra longe da Heidiranha. Jasper me olhava espantado e bufei, fazendo com que ele se afastasse.

A mãe da vagabunda estava horrorizada, perguntando se Edward não faria nada e vi pelo conto dos olhos quando ele sorriu minimamente. Aquilo ia ficar muito, muito interessante...

POV EDWARD

Eu já não estava muito bem por conta da ida de Bella e ainda me aparecem Heidi e Sophia pra atormentarem mais ainda meu juízo... Ao que parecia, a mãe não sabia das loucuras da filha e aquilo seria um pouco chato, mas eu teria que provar que não era o pai daquela criança.

— Isso é um absurdo! Como você deixa que essa menina ataque a mãe do seu filho? Você continua sendo o mesmo moleque de sempre! Me enganei ao pensar que o melhor seria deixar alguns anos passarem antes de procurá-lo... Não amadureceu nada!

Meus pais e Alice abriram a boca, mas olhei pra eles, pedindo que não dissessem nada; aquela história seria resolvida por mim. E depois eu me acertaria com Bella... Por acaso ela tinha virado um moleque?

— Sophia, eu até as convidaria a entrar, sentar e tomar um café, mas olhar pra cara da sua filha está mesmo me irritando muito. — falei e ouvi um burburinho atrás de mim. Eu jamais havia falado assim com alguém antes — Você pode me chamar do que quiser; está no direito de defender sua filha, acho que eu faria o mesmo por um filho meu.

— Amor, perdoe a minha mãe... Ela está nervosa.

— Heidi, cale a boca, por favor! Já estou quase pedindo que a Bella te estapeie outra vez!

— Nem precisa pedir!

Olhei pra Bella e pedi que ela ficasse quieta. Aquilo já estava me irritando mais do que deveria e eu estava mais puto do que pensei que ficaria. Heidi tinha que aparecer e estragar meu dia!

— Eu não sou o pai do seu neto, Sophia. Eu nunca dormi com a sua filha e, mesmo se tivesse dormido... Eu não posso ter filhos!

Quase gritei a última parte e vi quando minha mãe desabou sobre o sofá, me olhando penalizada. Na verdade, Alice e Bella eram as únicas que encaravam apenas Heidi e não se abalaram com o que falei. E a correria começou... Abana a Esme, dê água pra Esme, não desmaie! Juro que se eu pudesse, pegaria Heidi pelos cabelos e a colocaria na rua. Como eu estava com ódio!

Sophia me olhou meio de lado e depois, olhou pra filha, que estava com os olhos arregalados. Isso me fez ter certeza de que ela estava manipulando a mãe por todo aquele tempo, fazendo-a crer que eu era mesmo um moleque irresponsável. Pensei que uma das duas falaria algo, mas um estranho e pesado silêncio se instalou ali.

— Que história é essa, Edward? — Jasper se pronunciou, mas vi que não estava duvidando do que falei.

Olhei em volta antes de responder. Rose e Emmett estavam abraçados, Alice acudia nossa mãe, meu pai e Jasper ainda seguravam Bella pelos braços e, quase escondido na cozinha, estava Vittorio. Estavam todos ali.

— É isso mesmo. Eu não posso ter filhos. Descobri quando eu tinha quinze anos e, antes que digam que só estou querendo fugir de minhas responsabilidades, tenho um exame que comprova o que falei. Porém, se ainda não for o suficiente, me disponho a fazer qualquer exame e em qualquer clínica que queiram. — apontei Heidi e Sophia com a mão.

Sophia passou a mão pela testa, respirando fundo e eu fui até minha mãe e apertei suas mãos geladas. Ela não estava decepcionada, eu sabia disso, mas eu tinha que ter contado antes, com calma.

— Edward... Eu posso falar com você em particular?

Assenti para Sophia e pedi que me acompanhasse até a biblioteca. Eu não queria nem imaginar o que aconteceria naquela sala... Bella já estava mais do que irritada e Heidi ainda provocava... Que Deus nos ajudasse!

Preferi ficar de pé, apoiado contra a mesa, enquanto eu era minuciosamente analisado. Ainda ia demorar muito?

— Eu não sei o que falar... Estou com tanta vergonha! — ela começou e arqueei a sobrancelha, desacreditando daquela atitude — Entenda, é minha filha e eu tinha que, no mínimo, apoiá-la. Acreditei quando ela disse que você terminou tudo, acreditei quando ela disse que você a usou e a abandonou.

— Eu já falei que te entendo, Sophia. Ao contrário do que você disse, eu não sou nenhum moleque, meu pai não me criou assim... — eu já estava cansado de tudo aquilo — Se quiser, eu pego o exame pra você ver, te dou o nome do médico...

— Não, Edward. Realmente não é necessário.

Ok. Acabou? Eu poderia levar Bella pra casa e enfrentar o pai dela? Porque eu estava ficando bom nessa coisa de briga! Se ele dissesse que eu não me casaria com sua filha, ela seria sequestrada. Isso era um fato.

— Peço desculpas por tudo o que Heidi fez, pelas coisas que falou... Peço desculpas por ter pensado mal de você durante esses anos e se minha filha causou algum problema entre você e sua namorada.

— Não se preocupe com isso; Bella confia em mim, não lhe escondi nada. Sei que posso magoá-la com o que vou dizer, mas a única coisa que quero de verdade é não ver sua filha nunca mais.

— Eu entendo. Passou da hora daquela menina crescer... E a culpa é minha, que a mimei demais e acabei dando a entender que ela sempre poderia ter o que quisesse, na hora que quisesse.

Bem, eu não era ninguém pra julgar a educação — ou a falta dela — que Sophia havida dado à filha e, sem ter o que falar, dei o assunto por encerrado.

Pensei que ao retornar à sala, encontraria pessoas civilizadas. Engano! Lá estava Bella agarrada aos cabelos de Heidi, que tentava se defender de todas as formas. Jasper fingia apartar a briga, mas deixava os braços de Bella bem soltos... Eu não merecia mais aquilo...

— Parem! Mas que coisa! Isso aqui virou ringue de luta livre por acaso? — gritei, mas nem assim elas pararam — Isabella Marie Swan!

Agora sim! A chave de tudo está em chamar o nome todo...

— Oi amor! Algum problema? — como era cínica! Ela ainda segurava os cabelos de Heidi.

— Chega, ok? Sophia, por favor, tire sua filha daqui e tente descobrir quem é o pai do seu neto. E você, Heidi, se aparecer por aqui outra vez, juro que deixo a Bella fazer picadinho de você! Agora, some da minha frente!

Foi complicado fazer com que Bella a soltasse, mas tão logo conseguimos, Sophia saiu puxando a filha, que jurava que voltaria algum dia. Alice e Bella a estavam chamando de Heidiranha. Que porra era aquela?

— Amor, eu só me defendi, ok? Ela me xingou primeiro...

— Essa não cola, Isabella! Agora eu namoro um lutador de UFC? Ficou doida, porra?

Ok, eu estava nervoso. Muito nervoso. Mas quem disse que Bella se abalou? Ela ria debochadamente da minha cara, sendo acompanhada por Alice e Rose.

— Eu não fiquei doida! Só mostrei pra ela que ninguém mexe com o que é meu!

— Ok! E pra isso, você tinha que quase arrancar os cabelos dela fio a fio? E não tinha ninguém disposto a parar com tudo isso, não é mesmo? Sério, vocês são todos loucos! Loucos!

Todos começaram a gargalhar, inclusive eu. Vittorio veio correndo e pulou no colo de Bella, dizendo que ela havia “mandado bem pra caramba”. Devo admitir que eu jamais entraria em uma briga com Bella... Era capaz de ela chutar minha bunda sem um pingo de dó!

Cheguei a respirar aliviado quando meus pais disseram que nossa conversa ficaria pra depois. Pra muito depois. Minha atenção se voltou pra Isabella, que estava com os cabelos mais revoltos do que quando acordava. E nem me atrevi a comentar sobre isso...

Depois de arrumada, tivemos mais uma sessão de despedidas e então, seguimos para o carro. Ela não estava satisfeita, eu não estava satisfeito... Mas só havia uma coisa que eu poderia fazer pra amenizar um pouco aquela situação: fazer como o Quil; entrar na casa dela no meio da noite!

— Qual foi a causa da segunda briga? — perguntei e Bella sorriu.

— Nada demais! Ela só disse que ia te tirar de mim... Eu meio que voei no pescoço dela.

— E toda aquela coisa sobre eu não poder sentir ciúmes? Isso serve pra você também.

— Ah, sim, eu sei. Mas eu queria mesmo dar na cara daquela vadia. Só aproveitei a situação.

— E o que quer dizer Heidiranha?

Bella gargalhou e fiquei com medo... Não era aquela gargalhada gostosa que eu amava ouvir...

— É a junção de Heidi mais a palavra piranha. É a cara dela! E esteja ciente de que se ela voltar a aparecer, eu vou matá-la lenta e dolorosamente.

Eu não duvidava disso. Bella era mesmo capaz de fazer isso e ainda dizer que foi “sem querer”. Preferi não comentar sobre isso...

Ao chegarmos à casa de seus pais, vimos o carro de Bree parado ali e as luzes acesas. Bella ficou parada em frente ao meu carro e a abracei, pedindo que não ficasse daquela forma. Nem eu estava suportando a ideia de ficar tanto tempo longe dela; de não poder abraçá-la enquanto dormia, de não poder estar perto dela todos os minutos do dia... Se tudo desse certo e seu pai não me matasse, nós nos casaríamos em breve.

— Vamos entrar; estou muito animado! — falei e Bella riu.

— Animado pra ser ameaçado? Meu pai vai querer te matar!

— Eu sei. Mas pra ficar com você, eu faço qualquer coisa. Acho que sou até capaz de dizer que torço pro mesmo time que ele...

Assim, seguimos nosso caminho. Confesso que eu tremia mais do que vara verde, mas não tinha pra onde correr... E quando a porta foi aberta e vi aquele homem parado, nos olhando — quase me fuzilando com os olhos, pra dizer a verdade —, eu tive a certeza de que nada seria fácil...

— Então? Quem é o candidato a defunto?

Esse foi o cumprimento que recebi... Nada de “entre e sente-se”, nada de “vamos conversar”. Não... As coisas ali eram na base da ameaça... Eu não consegui abrir a boca. Bella apertou mais minha mão. Bree nos olhava com o cenho franzido e uma expressão preocupada. E Renée... Não estava na sala. Maravilha! Eu contra aquele homem de bigode assustador!

Mas era por Bella. Qualquer coisa valeria à pena.

Continua...


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Notas finais do capítulo

*Heidiranha foi um apelido carinhoso que a linda da Bee deu à personagem. Tomei emprestado com a devida autorização da mesma.
Mais uma vez eu pergunto: Alguém aí sabe mexer com blog ou site ou essas coisas que estão me deixando doida? Se alguém souber e quiser se dispor a me ajudar, agradeço imensamente.
É isso! Espero que gostem comentem e recomendem. E se eu esqueci de algo, falo depois.
bjus!