FELIZ ANIVERSÁRIO, EDWARD!

Ninguém estranhou quando cheguei com Edward à sua casa, muito pelo contrário; Esme até riu. O fato dele praticamente fugir pela madrugada já era normal e sua sorte era meu pai estar viajando... Eu não duvidava nada que ele quisesse lhe dar um chute no traseiro caso o pegasse entrando em minha casa.

Minha preocupação agora era conseguir manter as mãos de Edward longe da minha bolsa... Seu presente estava ali e mesmo em minha casa, enquanto eu arrumava minhas coisas, tive que pedir que ele saísse do quarto. Sua curiosidade dava medo... A maior parte do tempo eu fiquei com Esme, ajudando-a com o café e deixei pra Vittorio a função de vigiar o tio. Ele estava adorando aquilo... Até se fantasiou! Disse que era o vigiador de pessoas e só depois da explicação de Alice foi que entendi que ele queria dizer “detetive”.

Carlisle ainda estava preocupado com minha constante pressão baixa e todos os dias a verificava; seu olhar dizia que a hora era aquela... Segui com ele até a biblioteca e esperei até que ele terminasse. Cuidar das pessoas era de família...

— Hoje mesmo eu vou falar com sua irmã e pedir autorização pra alguns exames. Temos que saber as causas de sua hipotensão — fiz uma careta e ele riu — Não estou perguntando se você quer; você vai. Pode não ser nada, mas pode ter alguma coisa aí, Bella. É bom verificar.

— Mas eu não sinto nada! Nem tontura, nem náusea... Tenho mesmo que ir?

— Que bom que não sente, mas tem sim. Segunda feira, Bella! Você não vai escapar de umas agulhadas... Leve o Edward, deixo que ele aperte sua mão.

Ah, até ele ia ficar fazendo graça? Mas não, quem iria comigo seria Alice. Teríamos que ir à Port Angeles mesmo... E que Edward só ficasse sabendo de minha consulta com seu pai.

Quando cheguei à sala, recebi um olhar sugestivo de Alice e corri escada acima. Como Edward tinha coragem? E onde estava Vittorio? Eu ia despedir aquele menino! Cheguei à porta do quarto e nem pensei antes de abrir... Edward estava lá, com mão quase em minha bolsa. E Vittorio estava morrendo de felicidade com a quantidade de notas em sua mãozinha. Naquela situação, eu não saberia dizer qual dos dois era mais criança...

— Não acredito! — falei bem alto e ele se assustou, me olhando em seguida, com cara de cão carente — Poxa, Edward! Eu pedi que você não fizesse isso...

Eu estava chateada mesmo. Ele havia prometido que não tentaria saber o que era!

— Você tá ferrado, tio... A tia Bella vai te bater! Igual a tia Rose faz com o tio Emmett! — Vittorio ainda estava ali? E sim, Edward estava muito ferrado...

— Fique quieto, tampinha! A tia Bella não vai me bater.

— Mas você merece! O papai sempre diz que é feio mexer nas coisas dos outros.

Eu ia casar com Vittorio, isso sim...

— Está vendo, Edward? Até seu sobrinho de cinco anos sabe o que é certo e errado. Eu realmente acreditei que você não viria aqui...

— Amor... Não fique com raiva de mim, por favor... Me desculpe pela minha idiotice.

— Não estou com raiva, Edward. Só pedi que você esperasse; eu vou te dar o presente, não tinha motivos pra você fazer isso.

Antes que ele tentasse retrucar mais uma vez, peguei minha bolsa e segui pra sala. O melhor a fazer era ir pra casa e voltar só na hora da festa. Talvez eu tivesse falado um pouco alto demais, porque ninguém me impediu de sair e Emmett até me jogou a chave de seu carro. Desliguei o celular na primeira chamada de Edward. Eu estava começando a em irritar. Mesmo.

Ao me ouvir bater a porta com força quando cheguei em casa, Bree veio logo dizendo que Edward queria muito falar comigo e já foi pedindo que eu o perdoasse. Não havia o que perdoar, eu só queria ficar sozinha. Ele não havia confiado em mim. E não foi só por ter tentado ver o presente... Edward não me contara o que acontecia a ele. Era algo sério, eu sabia que era.

Mesmo em meu quarto, eu ouvia o telefone da sala tocando e isso aconteceu por umas dez vezes. Ainda bem que minha irmã não veio atrás de mim... Não daria certo.

POV EDWARD

Eu era um idiota. Um grande idiota! O que eu tinha na cabeça pra agir daquela forma? Bella detestava aquele tipo de coisa... Tentar fazer qualquer coisa pelas costas dela realmente não era uma coisa boa e agora demoraria algumas horas até que ela pudesse pensar em mim sem me xingar. Se bem que eu merecia mesmo... Nem minhas ligações ela atendeu...

Depois que Bella saiu, me joguei na cama daquele quarto mesmo e Vittorio deitou ao meu lado, pedindo desculpas por não ter visto que ela estava chegando. A culpa era minha... Ele era só uma criança que nem sabia ainda o quão idiotas as pessoas podem ser.

Não muito tempo depois que ele saiu, Alice chegou e ficou me encarando. Seu olhar dava mais medo do que o de Bella...

— Ainda me surpreendo com a sua capacidade de ser idiota! Pensei que meus conselhos serviriam de alguma coisa, mas me enganei.

— Já pedi desculpas. — falei e ela bufou.

— Desculpas, Edward? Desculpas? Isso resolve tudo? Bella simplesmente confia em você de olhos fechados e pra chegar até onde estão, foi muito difícil pra ela, você sabe como foi... Mexer nas coisas dela não foi só falta de educação, foi falta de confiança.

Não foi falta de confiança. Eu só tinha que ter controlado muito mais a minha curiosidade idiota.

— E pelo que eu saiba, ela só quer fazer uma surpresa, não está escondendo nada demais. À noite você saberá o que é; Bella não tem a mínima intenção de te enganar.

Imediatamente entendi o que ela queria dizer. Mas se tudo fosse fácil, eu já teria dito. Era complicado pra mim também.

— Não a estou enganando, Alice. Só não é a hora de contar.

— Não é a hora?! Como não, Edward? Você pediu que papai te desse o anel que era da vovó! Você sabe que Heidi vai aprontar... Quer mesmo que Bella pense que está sendo enganada? Quer mesmo acabar com tudo?

Droga! Como as coisas desandaram daquela forma? Mesmo sabendo que Heidi poderia aparecer, eu não estava me preocupando, Bella sabia que eu a amava e não acreditaria em nada do que Heidi dissesse. Bem, agora eu já havia dado razões pra ela duvidasse de mim... Apenas minha palavra não seria mais o suficiente; eu teria que provar... E com isso, eu não poderia mais adiar o momento de conversar com Bella.

— Agora não é só a sua vida, Edward. Se você quer mesmo pedir Bella em casamento da forma correta, tem que falar com ela.

Respirei fundo. Alice sabia como deixar uma pessoa pior do que ela já estava.

— Eu já a pedi em casamento. Obviamente não será nada para os próximos dois anos, eu acho, mas não sei como contar. Não é algo que me deixa feliz, você sabe. E eu nem sei o que ela quer...

— Esse é o ponto! É justo com ela? Você não sabe de todos os sonhos dela, não sabe o que ela pensa. Bella te ama, Edward... Não seja mais um idiota a magoá-la.

Apenas balancei a cabeça. Alice tinha razão. Eu não podia magoar Bella. Eu a amava demais pra fazer isso... Eu amava seus sorrisos, suas caras feias quando ouvia cochichos, seus palavrões... Eu amava até seu estresse.

Quando a vi pela primeira vez, me senti o ser mais bobo da face da Terra. Passar toda a aula apenas observando-a não foi trabalho algum, muito pelo contrário; eu ficaria assim por longos períodos de tempo. E Rosalie quase me expulsou de seu quarto de tanto que lhe pedi pra falar com sua mais nova amiga...

Todos perceberam que havia algo acontecendo comigo, mas meu pai foi o primeiro a me chamar pra conversar, quis saber quem foi a menina que me havia feito rever todos os filmes mais românticos que tínhamos em casa e a reler os livros de Nicholas Sparks. Quando eu disse que era Isabella Swan, a menina que ajudara Rose em seu primeiro dia de aula, meu pai bateu em meu ombro e disse: boa sorte, você está ferrado.

E por um tempo, eu quase desisti de Bella. Quase. Seu jeito arredio me desanimava por diversas vezes, mas eu parava e pensava que nada tinha sido fácil pra ela, que um dia ela fora magoada e confiar em qualquer um não aconteceria de uma hora pra outra. E cada dia, por mais complicado que fosse, eu tentava mais um pouco. Desde o primeiro dia eu sabia que ser só seu amigo não seria suficiente, mas se ela quisesse apenas isso, eu estaria ali. Se ela não quisesse nada, eu me afastaria.

E era realmente irritante estar no vestiário e ouvir os comentários acerca dela... Antes ninguém a notava; riam dela, mas depois, quando apareceu diferente... E eu nem tinha a mínima esperança nessa época! Depois que ficamos juntos se tornou muito pior... Quem aquele Newton pensava que era pra chamar a minha namorada de gostosa? E Tyler... Eu sabia que aquela indiferença tinha um motivo! Emmett sempre dizia pra eu não me importar, que Bella estava comigo. Sim, ela estava.

Justamente quando comecei a relembrar a noite passada, no sofá da casa de Bella, minha mãe entrou no quarto e agradeci imensamente por não me pegar em uma situação constrangedora.

— Ah, filho! Vai ficar com essa cara de enterro? É seu aniversário e você passou o dia todo aqui dentro...

— Só estava pensando... — ela sentou-se ao meu lado e se inclinou, beijando meu rosto — Parabéns pra senhora! Há dezoito anos nascia o filho mais lindo que a senhora poderia querer...

Minha mãe riu e bagunçou meus cabelos. Sua expressão, mesmo leve, tinha um tom de preocupação e só esperei que ela começasse a falar. Com certeza ela seria mais sutil do que Alice, mas no fim das contas, acabaria por dizer a mesma coisa...

— Trate de melhorar essa carinha desanimada, sim? Não quero seus amigos pensando que te maltratamos e deixamos sem comida durante o dia. E Bella não vai gostar de te encontrar assim.

— Será que ela ainda vem? Ela nem quer atender ao telefone!

— Meu amor, vocês ainda são muito jovens... Acha que o que aconteceu foi uma briga? Bella ficou chateada, mas não deixará de estar com você.

Suspirei. Talvez ela viesse, talvez não... Bella não tinha o gênio lá muito bom...

— A senhora também acha que eu já deveria ter contado, não acha?

— Acho. — ela suspirou e sua mão praticamente sumiu entre meus cabelos — Ao se começar qualquer coisa, devemos ser sinceros. Bella não deixará de te amar por isso e nem te amará menos. Assim que ela chegar, chame-a e conte; será muito melhor que ela saiba através de uma conversa entre vocês dois.

Sim, seria melhor mesmo. Eu só esperava que desse tempo...

POV BELLA

Bree andava de um lado pra outro, colocando e tirando vestidos e sempre me perguntando se estava bom. “Sim, está”, eu já havia repetido essa frase umas dez vezes. Eu ainda estava deitada, apenas observando sua movimentação em meu quarto. Ela também já havia perguntado inúmeras vezes se eu não me arrumaria, se eu iria com ela... Eu não estava com pressa.

Por fim, ela se decidiu por um vestido azul e colocou as sandálias. Finalmente!

— Não quer mesmo que eu te espere? — ela perguntou e revirei os olhos — Você vai mesmo, não vai?

Não respondi e apontei a porta do quarto, fazendo com que ela entendesse que era pra estar longe dali em dois minutos. É claro que eu iria; o fato de estar chateada não queria dizer que eu não o amava; que eu não queria estar com ele. Tomei banho e me arrumei calmamente, o vestido que Alice havia escolhido era mesmo lindo. Quando o vi pela primeira vez, pensei que a cor ficaria ridícula e me chamariam de uva gigante, mas ele realmente ficou perfeito. Coloquei meu celular e minha carteira em uma pequena bolsa, peguei os presentes e a chave do carro de Emmett e segui.

Eu estava com saudades de dirigir minha Chevy, de ouvir aquele motor meio barulhento... Ficaria pra próxima. Foi bom passar aquele tempo sozinha; se eu continuasse ouvindo Edward pedindo desculpas e dizendo que não fez por mal, acabaríamos por brigar mesmo e eu não queria aquilo. De forma alguma.

Ao chegar à casa de Esme, vi alguns carros parados e não os reconheci. Talvez fossem de conhecidos ou algum parente... Entrei pelo jardim dos fundos, onde ocorreria a comemoração, e a primeira pessoa que vi foi Rose. Ela estava absurdamente linda e eu quis me esconder sob a mesa. Algumas pessoas a estavam cercando e assim que me viu, ela pareceu respirar aliviada. Talvez não fossem tão agradáveis...

— Você está linda! — falamos juntas e rimos. A abracei com um braço apenas, equilibrando os presentes na outra mão — Parabéns! Aqui está meu presente. Espero que goste.

Esperei ansiosa que ela abrisse o envelope e ela gritou quando viu o que tinha dentro. Sem contar que quase caímos quando ela me abraçou muito animada.

— Cara, você é a melhor cunhada que eu poderia querer! Um show do Coldplay! E uma semana em um hotel! Ah, meu Deus! Eu amo Coldplay! O Emmett vai pirar! — ela não parava pra respirar? — Obrigada, obrigada, obrigada!

— Já entendi! Não precisa agradecer, apenas aproveite.

O olhar que ela lançou ao namorado não deixava dúvidas que ela aproveitaria... Muito.

Falei com meus amigos e dei pela falta de Emily. Me apontaram duas pessoas conversando em um cantinho bem escuro e distingui aquela figura magrela com um rapaz bem alto. Eles pareciam estar bem, bem íntimos... Emily não perdia tempo quando tinha uma oportunidade...

— Parece que alguém veio preparada pra uma big festa! Querendo deixar o Edward com ciúmes, Bella?

A voz de Angie era carregada de ironia e apenas levantei a sobrancelha, querendo dizer que o melhor era se calar.

Andei um pouco, recebendo alguns olhares curiosos e admirados. Os conhecidos de Edward eram estranhos demais... E só piorou quando um rapaz quase tão alto quanto Edward parou ao meu lado, abrindo um sorriso enorme. Ele fazia clareamento dental, com certeza.

— Você deve ser Bella. — disse ele e o olhei de lado — Meu primo sabe escolher suas namoradas... Cara de sorte.

— Hum. — resmunguei e ele abriu mais o sorriso.

— Não vai perguntar meu nome?

— Se me interessasse saber...

Ouvi uma gargalhada e olhei pra trás, me deparando com Alice. Ela parecia mesmo se divertir com aquilo.

— Dimitri, eu disse que a Bella é apaixonada pelo meu irmão e que você só conseguiria levar um fora. Dê graças a Deus por ela não ter lhe batido. — a baixinha me abraçou, ainda rindo — Não ligue pra ele, Bella. Dimitri estava apenas brincando; Edward falou maravilhas de você e o idiota aqui quis saber se seu estresse era verdadeiro.

Dizer que eu era estressada era contar maravilhas? E não fiquei nem um pouco sem graça com minha resposta; ele mereceu. Olhei em volta, procurando por Edward e não o encontrei em lugar algum. Alice, notando o que eu fazia, disse que havia visto o irmão entrar na biblioteca.

Chegar até ele parecia uma missão impossível; Esme me viu e me apresentou à sua irmã, logo depois, quando eu pensei que conseguiria, Carlisle me apresentou a dois amigos seus. Me demorei mais com eles... Eu nem havia entrado na faculdade e já estava em rodinhas de conversas com médicos...

Quando por fim cheguei ao meu destino, encontrei Edward sentado em um sofá, a cabeça jogada pra trás e um copo nas mãos. Ele estava bêbado? Eu nem sabia que ele bebia! O chamei baixinho e o vi abrir os olhos com certa dificuldade, tentando me focalizar.

— Algum problema por aqui? — perguntei sem me aproximar muito, deixando o presente sobre a mesa.

— Tem sim. Minha cabeça resolveu que hoje seria um bom dia pra explodir e que a melhor hora seria agora.

Só então notei uma cartela de remédios na mesinha onde ficava um abajur. Caminhei até ele e sentei-me ao seu lado, pegando o copo e puxando-o pra que apoiasse sua cabeça em meu ombro.

— Que bela forma de se comemorar um aniversário! — ironizei e ele riu levemente.

Passamos um bom tempo apenas calados; Edward acabou deitando a cabeça em minha perna e fiquei lhe fazendo cafuné. E eu sorria igual a uma idiota, simplesmente por estar ali, perto dele.

— Você está mais bonita do que eu pensei que ficaria... Ainda bem que Alice concordou comigo quanto ao vestido.

— Oh! Foi o senhor que escolheu? E Alice me fez acreditar que a ideia tinha sido dela...

Edward riu mais um pouco e até abriu os olhos, me fazendo desconfiar que houvesse algo por trás daquilo.

— Eu... Bem... Eu pedi que ela fizesse. Você não desconfiou de nada? Alice não te levou pra escolher o vestido...

Oh, meu Deus! Aquele vestido era único? Ninguém mais possuía igual?

— No início foi meio complicado; eu não entendo dessas coisas... Mas falei pra Alice como eu o imaginava e aí está; você está com o vestido.

— É lindo, obrigada.

Novamente ele fechou os olhos e então se levantou. Eu não estava gostando daquilo, Edward estava sério demais... E quando ele disse que queria conversar, fiquei mais tensa ainda.

— Não é melhor deixarmos pra depois? Sua cabeça...

— Talvez, se eu falar logo, isso passe.

Assenti e esperei. Era o que me restava fazer.

— Eu sei que já deveria ter dito antes, mas não pensei que pudesse ser tão importante... Não por agora, é claro. E não sei como começar e...

— Edward, foco, ok? Apenas fale o que tem pra falar.

Tive que interrompê-lo... Quando ele começava a dar voltas, eu já sabia que não gostaria do assunto...

— Quando eu era criança fiquei doente, e como meu pai estava em um congresso, minha mãe me levou a um hospital. Foi constatada uma infecção no... ãhn... Enfim. O médico disse que eu poderia ficar infértil. Acho que minha mãe nunca comentou com meu pai, porque ele nunca falou comigo sobre isso. Por curiosidade, aos quinze anos eu quis fazer um exame e o resultado foi mesmo o que o médico disse; eu não posso ajudar a fabricar um bebê. — ele sorriu tristemente e meu coração estava apertado com aquilo — Só Alice sabe e agora, você. Mas o caso é que quando Heidi apareceu por aqui, daquela vez que Alice bateu nela, ela disse que tivemos um filho.

Minha boca se abriu lentamente. Eu não estava gostando daquilo, eu não estava gostando nada, nada daquilo...

— Eu tentei, juro que tentei fazer com que ela entendesse que o filho não era meu, mas ela não quer aceitar. Além de não poder fazer um filho, eu nunca dormi com ela.

— Ok! Você conseguiu me confundir! Como ela diz que o filho é seu se vocês nunca fizeram coisas?

Um lado meu estava feliz por saber daquilo, mas... Bem, a história estava estranha.

— Fomos a uma festa de uma amiga e naquela época, éramos namorados. Uma semana antes, eu tinha recebido o resultado do exame e acho que fiquei meio pra baixo, não sei... Mas passei a aceitar todo tipo de bebida que me aparecia. Um amigo de Heidi nos ofereceu carona e confesso que nem sabia pra onde estava indo... No dia seguinte, acordei na casa dela, na cama dela. E não me lembrava de nada. — eu não estava gostando outra vez... — Por um tempo eu acreditei mesmo que tivesse acontecido alguma coisa, mas Dimitri foi quem me tirou todas as dúvidas...

Dimitri. O que aquele cara tinha a ver com isso, agora? Era melhor Edward ter ficado calado! Eu só estava mais confusa a cada minuto que passava.

— Dimitri era vizinho de Heidi em Seattle e nunca gostou dela, assim como Alice. Ele simplesmente fingiu interesse e como é mais velho do que eu, não foi difícil fazê-la se encantar... Ele se aproximou de Heidi e deu a entender que não gostava de mim. Ela, acreditando que possuía um aliado, acabou contando que foi tudo armação... O amigo dela não sabia de nada mesmo, apenas a ajudou a me colocar na cama e depois, ela tirou minhas roupas. A família dela não estava lá muito bem financeiramente e seus pais exigiriam que eu me casasse... Algo deve ter dado muito errado pra ela, porque acabei vindo pra Forks e ela tem um filho... Ou diz que tem. Eu não duvido de mais nada!

Ok. Respire. Você sabe que Edward não está mentindo. Você sabe que ele não faria isso, ainda mais com um assunto tão sério... Mas quando Heidi aparecesse na minha frente, eu ia matar aquela vagabunda. Ah, ia! Era sobre isso que Alice estava falando! Era isso que Edward me contaria na hora certa! E eu realmente fiquei triste; ele era louco pelo sobrinho... Claro que desejava ter filhos algum dia... E eu tinha que falar alguma coisa, mas o quê?

— Eu sei que fui um idiota mais cedo, mas peço que acredite em mim. Eu jamais...

— Eu sei. — o interrompi e me aproximei mais — Não precisa pedir, eu acredito em você. E não se preocupe com Heidi.

Preferi não me aprofundar mais naquele assunto. Talvez em outro dia. Beijar Edward era muito melhor do que ficar pensando em tudo aquilo... E como senti falta daquele idiota! Só não continuamos porque Alice nos interrompeu, dizendo que estava faltando um dos aniversariantes. Antes de sairmos, porém, eu chamei Edward.

— Hora do presente... Feliz aniversário. — estendi a caixa, que foi aberta avidamente.

— Ai, ai, ai... O que você está aprontando? — ele perguntou, ao ler Top Secret na capa do álbum.

— Eu? Não aprontei nada, amor... Bem, o presente é seu... Decida se verá agora ou quando estiver sozinho... Eu, particularmente, aconselho a segunda opção.

— Ok. Vou deixar em meu quarto. Eu vejo depois.

Ao nos juntarmos aos outros, ele parecia bem melhor. Talvez a dor de cabeça tivesse passado mesmo. Fui apresentada a todos de sua família e eles até que pareciam ter gostado de mim. Emmett conseguiu me pegar no colo e agradeceu pelo presente de Rosalie; ele estava mesmo animado com aquilo e só então me dei conta de uma coisa: onde estava minha bolsa? Eu tinha mesmo trancando o carro com tudo lá dentro? Sim, eu tinha feito isso... Emmett ia me matar!

Ficamos um pouco com nossos amigos, um pouco com os familiares dele... Carlisle queria que eu comesse mais... E Vittorio... Ele simplesmente tirou a festa pra perturbar o tio e dizia que ia me “catar” pra ele. Ficar com Emmett não fazia bem ao menino...

Embora o clima de festa imperasse; Edward não conseguia relaxar e volta e meia olhava para os lados, buscando a figura de Heidi. Talvez ela nem aparecesse e, caso ousasse, Dimitri estava ali e poderia confirmar tudo.

A hora do parabéns foi, sem dúvidas, o ponto alto da festa. Rose achou que o glacê ficaria melhor no irmão e sujou todo o rosto dele, nos arrancando risadas. E eu simplesmente me escondi atrás de Emmett quando Edward quis me beijar. Não, deu muito trabalho pra ficar apresentável e ele me sujar de glacê.

De todos os convidados, apenas Dimitri permaneceu ali após a festa. Ele ficaria alguns dias na casa dos Cullen. E eu, por mais que tivesse dito que voltaria pra casa, fui convencida por Edward a ficar. Bree foi até nossa casa e me trouxe roupas. É, eu ficaria mesmo por ali...

Ansioso por ver seu presente, Edward não quis esperar até que todos estivessem dormindo — eu acharia melhor que ele esperasse... — e correu até seu quarto, nos deixando na sala, conversando. Alice me olhou, dando um sorriso de canto e murmurou: ele vai pirar.

Contamos até dez e...

— Isabella!