Dama Negra escrita por Laryssa Costa


Capítulo 2
Capitulo 2 – Começo de um pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ;D



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Não posso dizer que o caminho foi agradável. Claro que não, longe de eu ser agradável. Assim que cheguei na porta da igreja, Edward já tinha entrado na carruagem e descobri que teria que ir sozinha com ele até o castelo. Minhas damas de companhia iriam sós em uma outra carruagem, Rei e a Rainha em outra e os outros nas demais.

Assim que entrei na carruagem com ajuda do cocheiro, fiquei em duvida se tirava ou não meu véu. Em hora alguma ele tirou-o, mas eu começava a ficar inquieta e agoniada com aquilo em meu rosto. Como eu iria tira-lo alguma hora, decidi antecipar. Edward me olhou de canto enquanto eu o colocava em meu colo, apenas esperando chegar ao meu maldito novo lar.

Nunca me senti tão incomodada com silencio como agora. O clima estava tenso e pesado, cada um de nós olhávamos para janela tentando passar o tempo, a cidade era linda claro, nunca poderia negar, mas não sei se conseguiria sair para respirar um pouco o ar daqui que parecia ser muito bom.

- Chegamos Senhora Cullen. – Estremeci ao ouvir meu novo sobrenome. Dei um sorriso fraco e estendi a mão para conseguir um apoio para descer da carruagem, já que meu digníssimo noivo apenas abriu a porta e saio andando apressado para dentro do castelo. Castelo lindo, aliás.

- Isabella. – Ouvi uma voz estranha me chamando e virei-me para a mulher. Era Esme, a Rainha.

Assim que a vi se aproximando fiz uma reverencia formal e dei-lhe um sorriso tímido forçado.

- Rainha Esme.

- Querida Isabella, não tivemos muito tempo para conversar. Desculpe-me por isso. – Esme era uma mulher belíssima, não podia negar. Suas feições eram agradáveis e simpáticas. – Porque não sobe para trocar a roupa e depois desce para conversarmos?

- Mas, rainha Esme, desculpe-me a pergunta mas, não deveríamos ter uma festa neste momento? – Falei realmente envergonhada com minha burrice.

Todos os casamentos que participei havia grandes festas e dançar por todos os lados, mas agora o que vejo apenas era criados em uma fila para me receberem, umas sete moças vestidas de dama de companhia, as carruagens e alguns outros. Nada de convidados ou pessoas tocando e dançando felizes.

- Bom, meu filho Edward não gosta muito de comemorações. Ele... exigiu que não fizéssemos nenhuma festa para vocês. – ela olhou para os lados como se escondesse alguma coisa. – Mas não se preocupe, estarei aqui para conversar sempre quando quiser, e alias, aquelas alí – apontou para as moças – são suas novas damas de companhia.

- Terei que abandonar as minhas? – Falei assustada, olhando de relance para elas que admiravam o novo lar.

- Claro que não. Mas é que aqui em nosso país, a princesa precisa de muito mais do que apenas sete damas. Quatorze ainda é pouco, mas colocamos assim para lhe acostumar.

- EDWARD! – Ouvimos a voz raivosa de Carlisle, e viramos assustadas querendo saber o que ocorria. Edward estava montado em um cavalo negro e cavalgava a toda velocidade ignorando totalmente o chamado de seu pai e indo ao rumo do centro da cidade.

Esme fechou os olhos com força a minha frente e respirou fundo, os criados apenas fizeram uma careta assim como minhas novas damas.

- Bom, acho que deverei me trocar. – Falei baixo e esperei ela responder.

- Se quiser descansar também será entendida. Deve está cansada e precisando de um bom sono, eres uma moça muito bela para poder ficar desgastando-se com sono. – ela chamou uma criada com as mãos que veio prontamente ao nosso encontro. – Leve-a para seu aposento, ajude-a a tomar um banho bem quente. – voltou seu olhar para mim – Assim que estiver bem descansada vamos a cidade pegar suas roupas que eu encomendei a um mês. São várias, belas. Irá gostar.

- Venha Senhora. – pediu baixo a criada que agora pegava uma pequena mala que eu tinha trazido de meu país, apenas lembranças e joias que minha mãe me dera.

Talvez ate seria melhor assim, Edward me ignorando completamente. Poderia ser invisível e ninguém importar-se comigo. Não iriam criticar-me pelas roupas, pelos modos, ou por ter vindo de um lugar que não era exatamente bem conhecido. Mas eu realmente duvidava que os plebeus deixariam isso escapar, os jornais assim que me vissem colocariam noticias ao meu respeito.

- Aqui é o aposento da senhora e do Príncipe. – Ela abriu a porta e tentei decorar mentalmente todos os espaços do quarto. Ela me deu passagem para passar e eu entrei cautelosa. Eu dormiria aqui com ele? E quando ele chegasse, será que tentaria conseguir seus direitos de marido? – Irei preparar seu banho senhora.

Acenei fracamente e ela saiu porta a fora me deixando sozinha.

***

Desci pela escada bem mais confortável do que quando subi. Meu espartilho não estava mais tão apertado assim e conseguia respirar um pouco mais, meu vestido azul bem claro, fazia até que um belo contraste com a minha pele porcelana. Meus cabelos castanhos estavam soltos, eles iam ate a minha cintura, onde lá faziam pequenos cachinhos delicados. Com meu chapéu em mãos, juntamente com minhas luvas de renda branca eu ia em direção à sala onde poderia encontrar a Rainha Esme.

Tínhamos combinado de ir á cidade pegar alguns vestidos que me foram encomendados antes deu me casar com Príncipe Edward. Descansei um pouco, mas fiquei satisfeita depois de um banho relaxante. Edward ainda não tinha chegado, e eu estava gostando muito disso.

- Isabella. – Esme falou sorrindo quando me encontrou no fim das escadas – Como estás linda querida! Está mais descansada?

- Sim Rainha Esme, muito descansada. Pensei que, como ainda não anoiteceu poderíamos ir a cidade, já que não tivemos tempo juntas. Se você não estiver ocupada claro.

- Claro que não! Estava apenas lhe esperando.

Andamos para fora do castelo e duas carruagens já nos esperavam. O cocheiro abriu a porta para mim e Esme e entramos caladas, apenas esperando as carruagens andarem. Na outra, minhas damas de companhia nos acompanhavam.

No meio do caminho, encontramos Edward voltando cavalgando para o castelo, Esme o olhou com reprovação, e assim que nossos olhos se encontraram cada um virou o rosto para o lado oposto. Esme me olhou tristemente, mas não disse nenhuma palavra.

Edward narrando;

Cheguei a casa pronto para ouvir os sermões de meu pai. Todos nessa Europa sabem a minha fama, pouco me importa do que pensam ou deixam de pensar, afinal de contas, eu sou apenas o príncipe não o Rei.

Parei com o cavalo nos portões do castelo e um criado veio pegar ele enquanto eu entrava despreocupadamente dentro de casa, já que a minha agora esposa, saio com minha mãe para cidade. Nunca quis me casar com princesas delicadas e fúteis, não é colocando aquele peso dentro do castelo e da minha vida que o meu jeito de ver as coisas irá mudar.  Além de ter o rosto bem bonito, é muito inexperiente e não tem como saber minhas preferencias.

Tânia Denali, claro era um tipo de mulher com quem eu queria me casar. Mesmo não sendo de família nobre era mil vezes mais bela do que qualquer mulher presente neste reino. Eu não era homem de uma só, e olhem que ela nunca reclamou de eu me deitar com outras mulheres e vir aos seus braços. Estava pronta sempre para mim, nunca me negou uma noite de descanso. Não era fútil, mimada e era minha.

- Edward Antony Masen Cullen, estava com aquela cortesã novamente não estava? – meu pai falou entredentes, ele estava sentado no sofá apenas me esperando chegar em casa. – Sabes tão bem quanto eu que eu posso deserdar você a hora que eu quiser.

- Meu pai, - falei tranquilamente – não podes me deserdar pois sou o seu único filho. E homem. Não tenho filhos, e então tecnicamente terá que me aguentar por muito tempo. E sim, estava com ela.

Ele se levantou com uma raiva evidente em seus olhos e colocou a taça de vinho que estava em sua mão em uma das mesas perto. Chegou bem perto de mim.

- Edward, Isabella é agora sua mulher. Existe traição, claro que existe! Agora... pelo menos seja discreto e tente pelo menos passar seu PRIMEIRO DIA de casados junto com ela.

- Pai, estou pouco me importando se é o primeiro ou o décimo dia de casados. Não quero ficar na presença daquela virgem imatura, o senhor sabe muito bem que ela não faz meu tipo. Tenho ódio dela por causa que se não fosse por essa mulherzinha hipócrita eu poderia andar calmamente com Tânia por aí sem ser alvo de fofocas que irão se espalhar pela Europa inteira. “ Príncipe Edward visto com a cortesã Tânia Denali enquanto sua digníssima mulher Isabel fica em casa bordando” – fiz ironia.

- É Isabella, Edward.

- Para mim tanto faz. Você não deixou casar-me com Tânia, pois colocarei toda minha amargura e decepção em “Isabella”.

- Esme disse que ela é uma mulher adorável Edward, a pobre moça não merece isso.

- Lembre-se pai, quem fez isso foi você. Não eu.

- Tânia Denali é uma cortesã Edward, nunca será de um homem só. Nunca olhará para ela e dirá: Ela é minha. Poderá ate ser na hora, mas depois ela será de outro e mais outro... o que interessa é dinheiro, nada mais. Ela tinha tudo para ser uma pessoa nobre mas olha o que aconteceu, ela escolheu essa vida.

- Não fale mais nada! – Virei minhas costas para ele e subi as escadas praticamente correndo, tudo que ele falara era mentira. MENTIRA! Ele queria fazer-me ser gentil e dócil com Isabella. Não estava pouco me importando com os sentimentos desta criatura desprezível, pouco me importava o que ela pensava, deixava de pensar ou sentia. E meu sentimentos, alguém leva em conta?

Entrei em meu quarto e no mesmo instante percebi que ela esteve boa parte do tempo aqui, o cheiro dela estava impregnado em toda parte, principalmente na cama. Deve estar descansando, ou chorando não sei. É assim certo? Mulheres são obrigadas a se casar e quando casam ficam se lamentado da vida que poderia ter tido.

Sentei-me nela e coloquei as mãos na cabeça. Se ninguém liga pros meus sentimentos, porque iria me importar com os dos outros também?

Isabella narrando;

Olhei para as pessoas que nos olhavam admiradas enquanto passávamos com as carruagens pelas ruas da cidade, estávamos voltando para casa. Fui pegar meus vestidos e Rainha Esme ainda disse que gostaria de comprar mais algumas coisas para mim. Em todos os lugares que entramos todas as mulheres desejavam um ótimo e feliz casamento, eu apenas sorria e agradecia. Minhas bochechas estavam doloridas por tentar forçar minha visível felicidade, mas eu queria ver só quando entrasse dentro do castelo.

- Gostou do passeio? – Esme tirou-me dos pensamentos.

- Ah, claro que gostei rainha. A cidade é belíssima, e os plebeus bem acolhedores.

- Ansiosa para chegar em casa?

- Tomar um banho quente e descansar? Sempre. – sorriabertamente para ela e ela retribuiu. Mas eu sabia muito bem que ela se referia a encontrar seu filho, agora, meu marido.

Minha mãe sempre dissera que eu sempre fui a mais formosa filha que ela tivera, em todo nosso reino, eu sempre fui a mais bela. Minha mãe já recusou vários pedidos de casamentos enquanto eu era menor, pois dissera que tinha um futuro muito bom pra mim. Bom... ela devia ter especificado, certo? Bom para ela.

Mas agora e aqui, não sabia se eu acreditava nisto ou não. Estava com medo. Muito medo de Edward querer alguma coisa, pois com algumas amigas que eu tive enquanto morava em meu reino, alguns falaram que seus maridos eram repugnantes, indócil e violentos. Outras diziam que mesmo sendo as vezes carinhosos, traiam na cara de pau.

- Sabes Isabella, podes muito bem desfrutar de ser uma princesa neste país. Quando me tornei rainha percebi várias portas se abriram para mim. Descobri que posso ter quantos cavalos eu quiser puxando minha carruagem, quantos vestidos caros eu quiser, quanta influencia posso colocar em todos no meu reino... e na Europa.

Olhei-a de repente em duvida. O que ela queria falar com isso?

- Agora que você tem a mim, como uma mãe, terei a você como minha filha. Várias pessoas irão tentar lhe influenciar minha querida Isabella, várias pessoas fingirão ser suas amigas por se tornar mais conhecida agora. Boatos serão espalhados se você não controla-los. Várias pessoas tentarão lhe afetar com Edward. Por favor, entenda o lado dele... é um menino pouco compreendido e carente. Em todos esses anos, não teve votos de escolha em nada que fez. – Esme falava de seu filho com paixão, mas isso não me afetava.

- E a senhora acha que tive votos de escolha para alguma coisa Rainha? Não tive escolha de ser princesa, não tive escolha em todas as aulas que minha mae me colocou para ser a esposa perfeita, não tive escolha de ser a preferida do papai, não tive escolha nem em meu marido. As vezes queria ser uma simples camponesa, para casar-me por paixão, não por dinheiro.

Esme olhou-me tristemente e então olhou pras mãos. Ela não sabia o que falar, estava na cara.

- Só por favor não fique com mágoa, e caso venha a acontecer alguma coisa não diga nada a ele, venha até mim, sim?

- Claro rainha.

Nosso caminho foi um completo silencio. Por minha parte não tinha preocupação, não tinha nenhum tipo de clima tenso entre nós... pelo menos era o que eu achava. Assim que nossa carruagem parou enfrente ao castelo, desci indo diretamente para dentro, sorrindo para alguns criados que nos esperavam. Estava quase anoitecendo, estava muito frio e eu precisava me agasalhar melhor.

- Isabella. – falou o rei sorrindo para mim. – como foi o passeio minha querida?

- Muito agradável senhor. Fui muito bem recebida por várias pessoas. – Olhei para as escadas e lá encima estava parado escutando nossa conversa ao longe, Edward.

- Que bom, deve ter sido cansativa também. Está frio meu bem, vá se aquecer.

- Meu pensamento já seria esse majestade. – falei sorrindo.

- Por favor querida, entre nós nobres familiares pode me chamares do que quiseres. Não irei me opor.

Aceitei com a cabeça levemente e subi as escadas, percebendo que assim que eu comecei a subi-las, Edward foi em mesma direção a minha. Assim que entrei no quarto, ele estava sentado na cama olhando-me fixamente. Oh deus, seria agora?

- Princesa. – falou com tom rude e forçado.

- Príncipe Edward. – cumprimentei-o mais simpaticamente.

- Meu pai ordenou que eu á avisasse que amanha teremos um baile na casa de um Duque. Prepare-se, pois é lá que as noticias correm.

- Tudo bem príncipe.

- Só isso que tem a dizer? – Olhou-me com a sobrancelha arqueada.

- Teria mais alguma coisa a ser dita? – olhei-o confusa.

- Acho que não... bom, dormirei aqui no quarto ao lado. Amanha arrume um jeito de dormir em outro lugar e que minha mãe não descubra.

- Como assim... não posso dormir aqui?

- Claro que não. Desde pequeno eu durmo aqui, não é porque você chegou que eu irei trocar de quarto. E não, não irei dormir com você. Isso seria uma das piores coisas que eu poderia fazer em minha vida, você simplesmente não faz tipo de nenhum homem presente neste reino.

Olhei-o chocada. Se no meu primeiro dia as coisas já estavam deste jeito, imagina como seria depois? Bom... a melhor coisa que eu fazer é aceitar tudo calada. Como eu sempre fiz em toda minha vida.

- Certo príncipe Edward. – Falei simplesmente, virando-lhe as costas e indo em direção ao lavabo.

- Que sonça. – ouvi-o falar em voz baixa enquanto saia do quarto.


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