Ours Secret escrita por Princess


Capítulo 9
Capítulo 9 - Você pode guardar um segredo?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Aproveitem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/217698/chapter/9

O sino no alto da porta tocou, indicando um novo cliente. A senhora atrás do balcão olhou por cima de seus óculos e sorriu.

– Bem vindo. - ela disse recebendo um aceno de cabeça de volta.

O rapaz loiro observou o lugar com atenção. Era uma decoração antiga, porém combinava com o ambiente e os frentadores - dois casais e um homem de meia-idade lendo um livro infantil para o filho.

Pensou que havia chegado muito cedo quando viu uma cabeleira preta sair de um dos corredores abarrotados de livro.

Selene sorriu e o chamou até lá. Era a seção de ficção científica. Aquela não era uma biblioteca comum, Max pensou olhando os livros atuais misturando-se com os clássicos. Selene estava no final do corredor, olhando para um quadro na parede.

– É uma reprodução do submarino de Vinte Léguas Submarinas. Acho Julio Verne um gênio. - disse com olhos sonhadores.

Max fez uma nota mental de procurar pelo autor depois.

– Eu não sou muito de ler, sou mais de pintar e desenhar.

– Acho que não importa a forma, desde que você tenha a arte em você. - Selene disse olhando para Max.

Eles ficaram se olhando por alguns segundos, até a garota se envergonhar e desviar o olhar, corada.

– Vim buscar um livro para meu pai. Minha irmã estava me atormentando, então ele deu um jeitinho de me tirar de lá. - confidenciou, fazendo o clima estranho ir embora tão rápido quanto surgiu.

– O que ela estava fazendo? - o garoto perguntou preocupado.

– Ah, o de sempre. - Selene disse dando de ombros. - Ela não aceita que eu seja feliz. Um sorriso meu transforma ela em uma fera. Layla não gosta de mim e como passei muito tempo longe, não sei lidar com ela.

– Não tenho irmãos e nada próximo disso, então não sei o que te dizer. Mas como vamos ser amigos, acho que sua irmã precisa de uns tapas.

Selene riu da ideia. Tanto do problema com sua irmã quanto da sugestão de uma amizade.

– Sabe aqueles filmes cheio de patricinhas que ficam dando ataques? Elas sempre melhoram depois de uns tapas.

A garota deixou Max falando e imaginando soluções para seu problema com a irmã. Ela ria sempre e dava alguns palpites. Quando percebeu, já haviam discutido vários assuntos, explorado todo o lugar e já estava na hora de ela voltar para casa.

– Alguém vem te buscar? - o loiro perguntou vendo que já estava escurecendo.

– Meu motorista particular já deve estar chegando.

– Uau, motorista particular? Acho que você está ganhando da Layla, ein?

A boca de Selene se abriu em um "o" e ela deu um leve tapa em Max.

– Não diga isso! Eu não sou uma bruxa.

– Ok, princesa. - ele disse arrancando outro sorriso dela.

Eles estavam se aproximando do caixa para retirar a encomenda do pai de Selene quando o garoto viu algo que chamou sua atenção.

Era um símbolo. Traços finos que formavam uma espécie de flor na base, mas que terminava como um coração. Em transe, Max foi até o entalhe na porta. Não podia acreditar no que via. Tirou da carteira o bilhete que havia encontrado em meio às coisas de sua mãe e tentou encaixá-lo no símbolo da porta. Sozinho, o pedaço de papel não fazia sentido; mas se colocado na base do símbolo, completavam-se. O coração do garoto estava batendo mais rápido. Aquele lugar era tão perto da casa de seus avós! Dez minutos caminhando, no máximo.

– Max, o que houve? - Selene perguntou preocupada.

O loiro não conseguia falar. Estava empolgado, nervoso e ansioso, muito ansioso. Foi até a senhora atrás do caixa e sorriu.

– Desculpe se isso pode parecer estranho, mas há uns 18 anos uma garota ruiva costumava frequentar esse lugar?

– Se refere à Rose Weasley? Sim, ela vinha aqui todos os dias pela tarde. Passava horas perdida entre as prateleiras. Os pais dela tiveram que fazer um acordo comigo, pois a pestinha vivia monopolizando os livros. - disse rindo.

– E ela já trouxe algum rapaz? - perguntou ansioso.

– Oh, seu pai? - a senhora disse.

Max olhou para Selene e então para a mulher.

– Meu pai? - o loiro disse com a voz falhando.

– Ah, vocês são idênticos! Soube assim que entrou. Ele vinha todas as tarde ver a garota Weasley. Ficava com ela até tarde e então a levava até a Mansão Weasley, que não fica muito longe daqui. Eram um casal tão bonito e cheio de vida. Uma pena que ela tenha se casado com aquele outro sujeito. Perdi uma de minhas melhores clientes!

A mulher continuou falando, porém ele já não ouvia. Sua mente processava a informação de que Thomas poderia realmente não ser seu pai.

– Você sabe porque eles terminaram? - ele perguntou interrompendo o discurso da mulher. - Sabe, por curiosidade.

– Desculpe, querido, mas eu realmente não sei.

Max olhou para a mulher e então para a Selene. Pegaram a encomenda de Éric e saíram de lá. Selene o olhava esperando respostas. Ela deve estar confusa, pensou o garoto loiro.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, um sedã preto estacionou e um homem vestindo uma roupa da mesma cor abriu a porta de trás.

– Minha carona. - a garota disse.

– Podemos nos encontrar amanhã? Prometo te explicar o que aconteceu hoje.

– Tudo bem, Max. - ela respondeu com um sorriso. - Até amanhã. - completou dando um beijo no rosto do garoto.

Max a observou entrar no carro e se afastar tão depressa quanto o trânsito permitia.

Não sabia se ficava confuso com o que a vendedora havia dito ou com a estranha sensação de desconforto ao ver Selene ir embora.

–--

5 meses atrás

Pela primeira vez, eles estavam brigando. Max nunca havia presenciado algo parecido entre seus pais até aquela noite. Sua mãe havia pedido para ele ficar no quarto, pois tinham um assunto importante para tratar no escritório. Como não era louco, não desobedeceu a mãe.

Estava ouvindo música, desenhando, passando o tempo, como sua mãe mandou, quando percebeu que os gritos haviam cessado. Curioso para saber se seus pais ainda estavam bem um com o outro (e vivos), Maximillian andou pé ante pé cuidadosamente sem fazer barulhos até o corredor aonde se encontra o escritório de seus pais.

Havia uma conversa baixa e abafada, Max não podia ouvir nada muito bem. Porém fragmentos eram captados e o garoto prestava toda atenção neles.

– ...eu não pude resistir e fiquei com ele. O que posso fazer? - Thomas disse exasperado.

– O problema não é esse. Nós tínhamos um acordo...

Os sons começaram a ficar mais abafados e baixos. Max foi seguindo o som pelo corredor até estar satisfeito.

– Você não pode mais esconder dele, da sua família ou o que for. Eu não posso me esconder.

– Eu sei, eu sei. Me sinto horrível por saber que te forcei a me trair. Você não precisava e nem devia. Tinhamos um acordo.

– Eu sei que tínhamos, mas... Eu não aguento mais! Fingir que somos casados, que temos uma família perfeita. Eu quero sair do armário, viajar pelo mundo, ficar com tantos caras quanto possível...

– Só quero sua felicidade, você sabe disso. Mas ficar com aquele homem em um evento público vai gerar especulação. Acho que devemos divulgar o divórcio. - Rose disse suspirando. - Chegou a hora de enfrentar as feras.

– Ah, Rose. Não quero que sofra. Você vai ver que se Max ficar perto de seu verdadeiro pai, vocês dois vão ficar mais felizes...

Verdadeiro pai? Max esbarrou em um quadro, fazendo barulho. Um segundo depois ele já estava correndo de volta para seu quarto.

O que eles estavam dizendo? Thomas era... Gay? E ele não era seu pai? Como isso poderia ser verdade? Cresceu ao lado daquele homem. Foi ele quem ensinou Max a ler, escrever, surfar; foi ele quem incentivou o garoto a transformar seus desenhos em algo mais sério. Ele levou o filho a aulas de desenho e pintura, a exposições de arte, a museus. Como ele não podia ser seu pai?

Naquela noite, pela primeira vez em anos, Max deixou algumas lágrimas escaparem de seus olhos. Sua vida fora uma grande mentira. Ele era uma grande mentira. E agora o que ele mais queria era descobrir os segredos que sua mãe escondeu tão bem.

–-

Rose, Hermione e Catherina olharam apavoras na direção da voz que as havia surpreendido.

O homem estava literalmente de boca aberta.

– O que? - ele disse.

– Hugo, por favor, nos deixe explicar. - Rose pediu ao irmão.

Ele assentiu e caminhou perplexo até a mesa a bancada aonde as mulheres estavam. Sua mãe e sua irmã escondiam da família um segredo muito cabeludo.

– Que merda é essa? - perguntou de boca aberta enquanto olhava para a irmã.

– Olha essa boca suja, menino! - sua mãe ralhou.

– Suja é essa conversa de vocês! Rose, que história é essa? Max não é filho do Tom? Você o traiu?

– Por Deus, Hugo, não! - a ruiva disse. - Sim, Max não é filho de Thomas, mas eu não o trai. Eu engravidei antes de conhecê-lo.

– Você engravidou de um cara qualquer? - Hugo perguntou mais perplexo do que antes.

– Jesus, Hugo! Fique quieto e ouça a história... - sua mãe falou batendo em seu ombro.

Rose tomou fôlego e contou que teve um namorado é que ele era o pai de seu filho, mas Ronald não o aprovaria e por isso se casou com Thomas, mesmo ele sendo gay.

– Ele é gay? - Hugo disse de boca aberta.

– Muito gay. - Catherine respondeu servindo-se de mais chá.

– Quem é o pai do Max? Porque papai não o aprovaria?

– Você tem que prometer não contar a ninguém, irmão. - Rose pediu. - Por favor.

– Quem é esse cara? - ele perguntou mais curioso do que receoso a respeito do segredo.

– Scorpius Malfoy.

– Puta merda, Rose! - Hugo disse se levantando.

Um Malfoy! Agora ele entendia o motivo do segredo. Se o pai soubesse, deserdaria Rose. Se ele soubesse antes de Max nascer poderia até... Deus, ele não queria pensar nisso!

– Isso é grave, muito grave.

– Eu sei, eu sei. - Rose disse chorosa. - Papai não olharia mais para mim. Estou com tanto medo por Max. Ele ama o avô, não aguentaria ouvir as barbaridades que o senhor Ronald provavelmente diria.

– Querida, a hora está chegando. Você precisa contar a verdade. - Hermione disse. - Deixe seu pai por último. Conte a Max primeiro.

– Não! - a ruiva exclamou. - Ainda não.

– Então conte ao pai dele. - Catherine disse. - Conte ao tal Scorpius. Vocês o fizeram juntos, podem contar a ele juntos.

Rose olhou para a mãe. Ela sabia que deveria fazer isso, contar a Scorpius primeiro, mas não tinha coragem.

– Ela tem razão, filha. Vocês podem encontrar uma solução juntos.

– Eu vou te ajudar no quer for preciso, Ruivinha. - Hugo disse abraçando a irmã.

– Obrigada, irmão. - ela respondeu abafando um riso no pescoço do mais novo.

– Que cena linda! - Ronald exclamou da porta.

– Caramba! Parem de me assustar, por favor! - Hugo exclamou se soltando da irmã.

– Olhe a boca, moleque! - o ruivo mais velho disse. - Eu ainda pago suas contas...

– Chegou a muito tempo, querido? - Hermione perguntou ao marido, entregando-lhe uma xícara de chá.

– Não. Mas cheguei a tempo de ver meus filhos juntos. Estava com saudades da minha Ruivinha! - Ronald disse abraçando a filha. - E onde está meu garotão? Trouxe um presente para ele.

– Max foi a livraria com uma amiga. - Catherine disse. - Ele me mandou uma mensagem avisando. Não queria incomodar nossa fofoca de mais cedo.

– Uma amiga? - os quatro Weasley perguntaram ao mesmo tempo.

– Foi o que ele disse. - a morena disse balançando os ombros.

– Alguém vai ter que me dar explicações. - Hugo disse com um sorriso sacana no rosto.

Rose revirou os olhos. Como poderia ser irmã de um mulherengo como Hugo?

– Bom, vou tomar um banho. - Rony disse. - Estava pensando em irmos jantar fora hoje. Para comemorar o retorno dos meus diamantes.

– Perfeito. - Hermione concordou dando um beijo no marido. - Vou ligar para Gina.

– É tão bom estar em casa! - a ruiva exclamou abraçando os pais.

–-

Quando Max chegou na casa dos avós, estavam todos reunidos na sala de visitas, rindo e tomando vinho.

– Nosso garanhão voltou! - Hugo disse com as bochechas vermelhas.

– Pega leve no vinho, coroa. - o loiro disse rindo.

– Meu garoto! - o avô de Max exclamou ao vê-lo.

Maximillian foi até ele e o abraçou. Um abraço carregado de emoção. O garoto amava seu avô mais que qualquer coisa! E estava sentindo muita saudade nos últimos meses.

– Como você está vovô? Forte como um trasgo? - Max brincou, usando como referência um personagem dos livros que seu avô costumava ler para ele quando pequeno.

– Forte como um trasgo, mas cheirando como um rei! - respondeu rindo.

– Vocês já beberam bastante, hein? - o loiro comentou vendo duas garrafas vazias na mesa.

– Nós ainda vamos beber mais, só estávamos esperando por você. - Hugo disse se levantando.

– Aonde vamos? - perguntou.

– Nos encontrar com tio Harry. Vamos jantar fora hoje, filho. - Rose respondeu. Ela parecia a mais sóbria do grupo.

– Não estou vestido para isso. - disse fazendo todos rirem.

Max não entendeu o motivo da graça e por um segundo, lembrou-se de Scorpius rindo quando disse a mesma coisa dias antes. Lembrar do loiro mais velho fez Max sentir-se triste. Não o via desde aquele dia e estava com saudade. Que coisa mais... Gay, o garoto pensou. Mas era isso, estava com saudade de Scorpius. Ele era um ótimo amigo.

O garoto estava aéreo quando entrou no carro do avô. Hugo iria dirigir, pois o estado de Ronald já não permitia.

– Então, Max, quem é essa sua 'amiga'? - seu tio perguntou enquanto saía da garagem.

– Você mal chegou e já tem uma namorada? Puxou a mim! - Ronald disse rindo.

– Ela é só minha amiga. Selene é delicada demais, fina demais para ter um namorado como eu. - Max disse e foi só ai que percebeu que isso o aborrecia.

– Você fala como eu quando eu era jovem. Sua avó era inteligente demais para um garoto lesado e burro como eu. - Ronald disse.

– Você não teve muito concorrência, então! - Hugo disse rindo.

– Concorrência? - Rony riu alto. - Não poderia contar no dedo quantos garotos morreriam pela Mione. Ela era... Ainda é, a mulher mais linda do mundo.

– Vejo que alguém está apaixonado... - o filho brincou com o pai.

– E você, tio? Tem alguém nesse coração? - Max perguntou.

– A verdade é que tem, mas não sou bom pra ela. - o ruivo disse parando em semáforo fechado. - Ela é um doce de pessoa, sem malícias, um anjo!

– Bem vindo ao clube. - Max disse dando um soco no ombro do tio.

– E quem é ela? - Ronald quis saber.

– O nome dela é Cassandra, Cassandra Knight. - Hugo respondeu.

Aquele nome não era estranho para Max, porém, ele não conseguia se lembrar de onde o conhecia.

– Ela não é aparentada com os Malfoy?

– Prima de Scorpius. - um estalo fez Max dizer em voz alta.

– Na mosca.

– Você sabe que não gosto dos Malfoy, sabe disso. - Ronald disse. - Porque vocês insistem em se misturaram com essa gente?

– Pai, ela não é o tio. - Hugo disse. - Você teve problemas com o Draco, não com o filho dele ou os sobrinhos. Deixe de ser um velho turrão!

– Velhas rixas não morrem! - o mais velho disse se mantendo em silêncio até chegarem ao restaurante.

Max sabia que seu avô tinha problemas com algumas pessoas que conheceu quando jovem, mas não sabia que Draco Malfoy estava incluso nessa lista. Tentou tirar isso da cabeça enquanto esperava sua mãe e as outras mulheres.

O restaurante era um lugar bem discreto, mas refinado. Havia uma grande parede de vidro e lustres antigos. Max não sabia como classificar o lugar, mas esperava que a comida fosse boa. Estava com fome.

Quando sua mãe chegou, entraram e foram levados a uma mesa mais afastadas, onde um casal esperava por eles.

Eram Harry Potter e sua esposa, Gina. Ronald abraçou a irmã e depois o melhor amigo. Não se viam a alguns dias. Depois que Harry fora eleito Primeiro-ministro, seu tempo era todo ocupado com trabalho e mais trabalho.

Max não os via desde... Bem, não se lembrava desde quando. Abraçou-os e ouviu tia Gina dizer como estava mudado e bonito. Agradeceu e perguntou se podia pedir.

– Morto de fome como o avô! - Gina disse fazendo todos rirem.

– As crianças disseram que viriam, mas sabe como eles são... - Harry disse tomando um pouco de água.

– Como Lily está? Não vejo ela tem tanto tempo! Estou com saudade. - Rose disse.

– Olhe ela ali. - Gina disse apontando a entrada do restaurante.

Uma mulher de vinte e poucos anos, ruiva de olhos claros caminhava na direção deles com um enorme sorriso no rosto. Ela parecia a pessoa mais feliz do mundo por ver sua família. Ao alcançá-los, abraçou Rose por um longo tempo, cumprimentando os outros menos calorosamente. Sentou-se ao lado dos pais e olhou para Max.

– Uau, como você cresceu! Meu Deus, como esta lindo! - Lilían disse sorrindo mais ainda.

– Obrigada. - Max respondeu encabulado.

Depois de algumas palavras, Max pediu o que mais pareceu comestível.

Uma conversa agradável se manteve nos próximos minutos, até Albus e James chegarem, ambos de cara fechada.

– Ele roubou minha vaga. - James disse, indignado.

– Não reclame como um menininho de três anos. - Albus disse.

Ambos abraçaram e disseram o quanto sentiram falta de Rose e Max.

A cena vista de fora era hilária. Uma grande família falando ligeiramente alto, brincando e rindo. Para Max, aquilo era o que ele sempre quis. Normalmente os jantares eram tão silenciosos e frios. Agora, não conseguia imaginar ficar longe daquilo, de uma família de verdade.

– Max tem uma namorada. - Hugo disse chamado a atenção do loiro.

– Não, não tenho. - ele disse tentando se defender.

– Ele a levou na livraria hoje. - Rose disse sorrindo.

– Mãe! - ele disse ficando vermelho. - Ela não é minha namorada, é só uma amiga.

– Essa desculpa é clássica. - James disse sorrindo de lado.

– Mas não é desculpa! - Max disse.

– Me lembro de James dizendo isso sobre Louise. - Lilían disse mexendo uma taça de vinho. - Eu gostava dela.

– Não fale como se ela estivesse morta. - Albus repreendeu a irmã.

– Eu a vi semana passada. - Max disse tomando um gole do refrigerante. - Alta, loira, magra e super fria. Parecia um cubo de gelo vestido de super modelo.

– Super modelo? - James disse levantando uma sobrancelha. - Não há vejo desde que foi para Nova Iorque.

– Era aquela sua amiga da faculdade? - Gina perguntou.

– Essa mesma. - respondeu James entre garfadas.

– Ela tinha uma irmã mais nova, não tinha? - Harry perguntou.

– Tem, a Cassie. - foi Hugo quem respondeu. - Meu novo amor platônico.

– Você nunca se cansa desses amores platônicos? - Rose perguntou rindo.

– O que seria da vida sem esses amores? - Catherine disse levantando um brinde.

Depois desse brinde, Harry e Gina fãs levantaram para ir embora. O primeiro-ministro tinha um agenda cheia no outro dia. Hermione e Rony aproveitaram a deixa para irem também.

Max se sentiu super incomodado com os remanescentes. Eles tinham seus próprios assuntos, não incluindo Max neles. Aproveitou para falar com Selene. Ela respondeu logo depois. Ficou tão compenetrado em sua conversa que não notou a conversa dos outros a mesa.

– Como anda Scorpius? - Lilían perguntou. - Ele ainda está na cidade, não é?

Rose ficou incomodada, mas apenas Catherine percebeu.

– E trabalha para mim. - James disse. - Bem, para a empresa e faz algumas assessorias ao senhor Harry. É um profissional muito competente.

– E gato! - Lily completou.

– Muito gato? - Catherine perguntou, interessada.

– Muito! Mas pergunte a Rose, ela o conheceu muito bem. - a ruiva mais nova disse piscando para a prima.

– Não diga essas coisas. - Rose sussurrou, olhando para o filho.

Ele ainda estava concentrado no celular.

– O que? Vai esconder dele também? - Lily disse confusa.

– Ele não vai contar ao tio Rony. - Albus falou. - Afinal, é passado.

– O que é passado? - Max perguntou voltando a prestar atenção na conversa.

– Nada, filho. É melhor irmos embora. - Rose disse se levantando. - Não me lembrava de como vocês eram chatos! - ela disse aos primos, mas sorriu. Amo vocês.

– Até mais. - Catherine disse piscinando.

– Hey, Max! - James chamou depois que Maximillian já havia levantado. - Pode parecer estranho, mas como Louise estava? Quando você a viu...

– Ela parecia muito irritada comigo, por algum motivo. - Max disse dando de ombros.

– Se você souber, por acaso, onde eu possa encontrar ela, você me avisa? - James pediu. - Não a vejo tem muito tempo.

– Claro, tio James. - o garoto disse sorrindo.

O moreno bagunçou o cabelo do loiro e voltou para junto dos irmãos. Max pensou que havia uma certa tristeza na voz primo de sua mãe.

Voltando pra casa, percebeu que sua mãe estava impaciente. Nem mesmo Catherine falava com ela.

– Mãe, você já viu uma escola para mim? - perguntou tentando quebrar o silêncio.

– Sua avó matriculou você onde eu e Hugo costumávamos estudar. Você vai gostar de lá, é um lugar mágico.

– Por falar em lugares que você costumava frequentar, hoje a dona da livraria disse que você ia lá com frequência.

– É, eu ia. - respondeu, seca.

– Ela falou sobre um namorado. E que você terminou com ele para se casar com Thomas. - Max disse, calmamente.

Rose freou bruscamente na garagem. Ela estava se controlando para não perder o controle. O dia estava sendo difícil o suficiente para terminar com perguntas de Max.

– Eu tive uma vida antes de me casar e ela não é da sua conta, Maximillian. Pare de ficar investigando meu passado, não há nada que lhe interesse nele! - Rose disse batendo no volante.

– Há sim, meu pai! Meu verdadeiro pai! - Max gritou, saindo do carro.

Ele marchou até o elevador, querendo subir sem a companhia da mãe na gaiola de ferro. Mas foi rápido o suficiente. Sua mãe o alcançou e pediu desculpa, mas Max não quis ouvi-la. Pela primeira vez, não quis perdoar a mãe por perder o controle. Ela estava sendo injusta escondendo dele informações tão preciosas. Não era só o passado dela, era o passado dele também.

–-

Scorpius estava tão cansado naquele dia que considerou a possibilidade de ir para a casa de seus pais. Mas lembrou que Emilly iria vê-lo e suspirou. Porque tinha concordado em namorar aquela mulher? Ele deveria estar bêbado quando a conheceu. Só assim para não perceber como ela era malígna.

A verdade é que ele não se importava. Ela se dedicava à Scorpius e tentava fazê-lo feliz, para ele aquilo era suficiente. Além, é claro, do sexo.

Pegou sua maleta e a pasta com os documentos que precisava analisar para, finalmente, finalizar o expediente. Já era tarde da noite, de qualquer forma. Todos os outros funcionários iam para conforto de suas casas cerca de três horas antes do homem. Não havia alguém para quem voltar. Seu apartamento vazio? Era apenas isso: um lugar vazio; uma extensão do escritório.

Seu maior sonho era entrar em casa sabendo que havia alguém a sua espera. Alguém para dividir as angústias do dia, para compartilhar as coisas boas, brincar, sorrir... Ser um pouco mais humano do que era agora. Scorpius se sentia um robô, agindo de forma automática para espantar a tristeza que sentia. Ele nunca teria uma família.

Bom, ele tinha Emilly. Porém, sua noiva não estava disposta a abandonar sua promissora carreira de modelo para preparar o jantar de seu futuro marido. Eles poderiam tentar construir uma vida juntos, mas o loiro sabia que não daria certo.

Novamente, ele se perguntou porque ainda estava com essa mulher. Ele sabia a resposta.

Tinha medo de acabar sozinho, sem seus pais, sem seus amigos, sem alguém para amar. Havia adquirido esse medo quando Rose o deixou tão de repente.

A ruiva de novo... Desde que Rose havia se mudado para a porta ao lado, ele se pegava pensando nela, sonhando com o tempo em que eram felizes. Queria que aquele tempo voltasse, que a história deles pudesse ter uma continuação. Ele sorriu ao lembrar que ela estava prestes a se divorciar. Seria ele quem provavelmente defenderia seus interesses, agora que estava próximo dos negócios da família Weasley. Como o mundo era um lugar pequeno! Mas não podia negar a felicidade que sentia em tirar a mulher que sempre amou daquele que a roubou dele.

Ele estava feliz quando abriu a porta de casa, sorrindo para si mesmo, mas quando percebeu que havia mais de uma pessoa ali dentro, seu sorriso sumiu.

Emilly estava no meio da sala, dançado com algumas mulheres que jugou serem suas amigas. Cerca de dez pessoas estavam espalhadas pelo cômodo, movendo-se ao som de uma batida de música eletrônica e bebendo drinks multicoloridos.

Suspirou pesadamente. Fechou a porta, afinal ninguém havia percebido que ele a tinha aberto. Afrouxou ainda mais a gravata e pediu o elevador. Iria direto para a cobertura, se refugiar no quarto.

A seta que indicava que o elevador estava subindo piscou algumas vezes até parar e a porta se abrir. Mas antes que pudesse entrar, Maximillian saiu muito apressado, esbarrando nele ao passar.

– Calma, garoto. - ele disse.

Mas Max não olhou em sua direção, entrando em casa e batendo a porta com força.

Scorpius olhou para Rose, seu olhar pouco amigável.

– O que você fez a ele? - perguntou, enfurecido.

Rose franziu a testa e o loiro sabia o que veria a seguir. Ele pode ver algumas lágrimas caindo antes que ele seguisse o exemplo do filho. Scorpius ficou perplexo com a atitude dos Evergrenn.

– Malditos Weasley's mal educados. - grunhiu antes de perceber que havia mais alguém no elevador.

Era uma mulher morena, de cabelos coloridos e olhos espantados. Ela saiu lentamente de dentro do elevador, olhando fixamente para ele.

– Aquela vadia sortuda! - exclamou. - Uau.

Sua expressão foi de irritado para transtornado. Quem era aquela mulher? E que modos mais estranhos! Ela ficou olhando-o até entrar no apartamento de Rose. Ele ficou com uma cara de "que merda é essa" e quase perdeu o elevador. Entrando dentro da caixa de metal, lembrou-se do porque os Weasley e os Malfoy não se misturavam.

– Gente esquisita. - murmurou quando as portas começaram a se fechar.

Quando as portas voltaram a se abrir, Scorpius estava em um hall totalmente silencioso. Graças a Rainha, suspirou. Abriu a porta e viu as milhares de malas de Emilly. Teriam uma conversa séria pela manhã. Pegou uma maçã na cozinha e foi para o quarto. Depois de um banho quente, mudou de roupa e se deitou.

Tinha tanto trabalho, tantas coisas em que pensar. Mas o que não o deixou dormir foi o encontro com Rose e seu filho. Max estava abalado, talvez até com raiva. E sua mãe parecia culpada pela tristeza do filho. Scorpius não sabia porque, mas aquilo o perturbava de uma forma anormal! Maximillian parecia um bom garoto. O loiro havia sido cativado pelo menino. Por alguma razão, Scorpius se importava com ele e isso o manteve acordado por horas. Estava jogando em seu smarthphone quando ouviu a campainha. Olhou no relógio e imaginou que fosse algum convidado atrasado de Emilly. A contra gosto, foi até a porta e mais uma vez foi surpreendido naquela noite.

– Precisamos conversar. - Rose disse.

Seus olhos estavam vermelhos, sua voz fraca e aquilo acabou com as defesas do loiro.

Ponderou por alguns segundos, mas deu espaço para a ruiva entrar e percebeu que as coisas de Emilly a intimidavam. Sugeriu que fossem para o escritório. Era um cômodo pequeno, mas a prova de sons que pudessem incomodá-los - principalmente pela festinha que sua noiva estava dando no andar de baixo. Havia um sofá e uma poltrona onde conversava mais informalmente com seus clientes e a mesa onde trabalhava. Abriu as cortinas da janela e ligou as lâmpadas dos abajures sobre a mesa.

Rose se acomodou no sofá, encolhendo-se como uma bola. Ela estava com um short de moletom e uma blusa sem mangas. Deve estar com frio, pensou o homem. Havia um pequeno armário com um travesseiro e um cobertor para as noites em que tinha muito trabalho. Entregou-os a mulher e podia jurar que os olhos dela brilharam de uma forma como costumavam brilhar a cerca de 18 anos atrás.

Ela se enrolou, suspirando, e agradeceu com um sorriso no rosto.

O coração de Scorpius estava batendo ligeiramente mais rápido. O que ela estava fazendo ali? Porque estava olhando para ele daquele jeito? O que essa mulher queria dele?

Scorpius se acomodou na poltrona, de frente para a mulher. Achou divertido que Rose ainda abraçasse travesseiros.

– Você precisa de alguma coisa? - ele perguntou depois de um longo silêncio.

– Preciso de ajuda. - ela disse suspirando.

– É sobre seu divórcio? Porque se for, essa não é a hora mais adequada. - disse ficando ligeiramente irritado. Esperava que ela estivesse ali por algum outro motivo; doce ilusão.

– É sobre Maximillian. - ela disse olhando para suas mãos. - É sobre... - ela fez uma pausa.

Parecia indecisa sobre o que estava prestes a dizer. Ela se levantou e se ajoelhou diante do homem, pegando-o de surpresa.

– Eu tenho um segredo para te contar. Mas você precisa me prometer que vai ser nosso segredo. Precisa me prometer que não vai dizer a ninguém. - ela suplicou.

– Tudo bem, eu prometo.

Ela suspirou mais um vez, olhando para os joelhos de Scorpius. Colocou um dedo o joelho esquerdo e começou a fazer círculos até que Scorpius pegou sua mão e disse:

– Você está me assustando, Rose. Que segredo é esse?

Ela olhou em seus olhos e algumas lágrimas saíram de lá.

– Ele é seu filho. Max é seu filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem os erros de português.
Espero que gostem e obrigada pelos comentários.
Beijos