Ours Secret escrita por Princess


Capítulo 4
Capítulo 4 - O sangue fala mais alto




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Scorpius...

Aquele nome não deixava os pensamentos de Rose enquanto ela chorava abraçada ao porta-retratos que guardou durante tantos e tantos anos.

Saber que Max agora estava com seu pai – seu pai de verdade – a deixava mais aliviada. Mas por outro lado, ter Scorpius tão perto de Maximillian a deixava extremamente preocupada. Ele não podia descobrir, não! Scorpius e Max ficariam furiosos com ela! Max já havia feito tantas perguntas... Queria conhece-lo. Só não sabia que estava dentro de sua casa nesse exato momento.

E Scorpius... Ele tomaria a guarda de Max, com certeza. Ele havia se tornado um grande advogado. Estava orgulhosa dele, mas não queria ficar sem seu filho. Sabia que era a errada da história, afinal foi ela quem escondeu o filho dele durante 18 anos. Chorou ainda mais ao imaginar como seria a vida dela e de Max ao lado de Scorpius e abraçou com força o porta-retratos com a foto que tiraram alguns dias antes de ela partir...

– Hey Rose, olhe! – Scorpius disse apontando uma estrela que aprecia se mover no céu – Faça um pedido...

– Porque eu faria um pedido a um meteorito? – a ruiva indagou.

– Não seja tão chata assim! Vamos... Faça um pedido. – Scorpius insistiu – Droga, já passou!

– Não preciso pedir nada, Scorp. Eu já tenho você. – Rose falou olhando para o rosto do garoto a quem seu coração pertencia.


–-

– A sua casa é incrível! – Max disse depois de examinar todos os cômodos do que Scorpius chamava de ‘humilde residência’.

– Espere só até ver a casa de praia que o Tio Caleb deixou para mim. – Scorp disse sorrindo – Quer tomar algo garoto? Agua, suco...

– Leite. – Luke disse baixinho.

– Cale a boca, seu idiota! – o loiro mais velho disse batendo uma garrafa na cabeça do mais novo.

– Vocês trabalham juntos? – Max perguntou ignorando Luke.

Ele parecia ser legal, não havia motivo para levar a sério...

– Também. – Luke disse soprando uma bolinha de papel em Scorpius. – Nós somos primos.

– É. Só que eu sou da parte bonita e inteligente da família. – o Malfoy disse retirando o pedaço de papel de seu cabelo.

– Hey, nós, Knight, somos tão inteligentes e bonitos quanto vocês, Malfoy. – Luke disse ficando sério de repente.

– Você tem razão... Mas é um insulto à Louise e Cassandra ter você como irmão. Imagine Max, ter um irmão feio como este! – Scorp falou enquanto entregava ao jovem Weasley um copo e uma caixa de suco.

– Só posso imaginar... Não tenho irmãos. – Max disse dando de ombros.

– Porque resolveram se mudar tão de repente? Não entendo... – Luke disse olhando para o garoto.

Maximillian pareceu ficar envergonhado, mas tomou folego e falou:

– Thomas traiu minha mãe.

Luke olhou para Scorpius. Ele sabia sobre o passado do primo e quem era a mãe daquele garoto. Preocupou-se, pois a expressão no rosto de Scorpius parecia a de um assassino prestes a descobrir sua próxima vitima.

– Isso... Não parece tão grave assim. – Luke disse tentando apaziguar as coisas.

– Não seria se ele fosse um homem de verdade. Thomas é... Gay. Ele quer assumir isso. Disse que cansou de ficar preso no ‘armário’. Queria a liberdade dele. O divórcio. Minha mãe concordou, pegou suas coisas e se mudou. Logo todos saberiam, ela queria estar perto de seu maior apoio quando a hora chegasse.

Max foi falando como se estivesse ao lado de pessoas que conheceu durante toda a sua vida. Era interessante para Scorpius perceber que aquele garoto carregava uma grande magoa de seu pai. Talvez ele não fosse o único a ver Thomas como um grande imbecil e babaca.

– Deve ser horrível saber que seu pai é... Gay. – Luke disse transtornado. Ele olhou para o mármore do balcão, estava envergonhado por ter brincado com Max minutos antes. Aquele garoto parecia muito mais maduro do que sua idade.

– Eu compreendo a decisão dele. Ele sempre foi cheio de frescuras. – Max fez uma careta ao dizer a palavra. – Só que ele não precisava ter feito isso. Não precisava trai-la. Minha mãe compreenderia o divórcio, a decisão que ele tomou, mas isso? Ele é um grande imbecil!

– Escute Max... – Scorpius disse assim que o garoto se calou – Nós, adultos, tomamos decisões difíceis o tempo todo. Alguns preferem as mais fáceis e fazem o seu pai fez... Elas magoam as outras pessoas. As decisões difíceis magoam a nós mesmos. Existem momentos em que precisamos ser egoístas e pensar em nossa felicidade, porque ninguém mais pensa nela. Se Thomas fez isso, é porque ele estava pensando em ser feliz. Assim como sua mãe ao casar com ele... – e me deixar, completou mentalmente.

– Não diga essas coisas, moleque. Apesar de tudo ele é seu pai. – Luke disse bebendo algo que estava ao seu lado no balcão.

– Ele não é meu pai. – Maximillian disse baixinho.

Aquilo surpreendeu a Luke e Scorpius. Como assim não era seu pai? Pensaram em perguntar qual o sentido daquilo, mas Max estava abatido e isso pioraria a situação. Calaram-se. Abafaram as perguntas que tanto os intrigavam e deixaram que Max se recuperasse. Mas era obvio que ele nunca se recuperaria. Teria sempre aquela marca. A marca da decepção.

– Preciso ir... Tenho que fazer algumas coisas para minha mãe. – Luke disse se levantando depois de alguns minutos de silêncio.

– Diga a Louise e Cassandra que as espero aqui na sexta. – Scorpius disse depois de limpar sua garganta.

– Claro. Você irá? Quero dizer, no sábado? – Luke perguntou.

– Não sei... Provavelmente. – respondeu.

Max olhou para os dois... Eram parecidos. A postura, o jeito e até um pouco na aparência. Poderiam ser irmãos... O garoto suspirou. Ele queria ter irmãos. Muitos! Ter alguém com quem conversar, brincar, brigar... Ter um amigo.

– Vá também garoto... Vai ser divertido. – Luke falou enquanto pegava suas coisas – Scorpius te levará, certo?

– Sim... – o homem respondeu apoiando as mãos no balcão – Falarei com Rose mais tarde.

– Tudo bem. – Max disse dando de ombros; não estava muito animado para nada.

Luke olhou para o primo por trás do garoto. Disse para Scorpius anima-lo, ou ele acabaria como... Bem, como ele mesmo esteve anos atrás. Totalmente deprimido. Scorpius rolou os olhos azuis. Ele sabia que devia fazer isso. Sentia em seus ossos que se não ajudasse esse garoto, acabaria se arrependendo. Por alguma razão desconhecida, Maximillian teria sempre um amigo em Scorpius.

Luke saiu logo depois, deixando o garoto na presença do homem mais velho. Scorpius via Max como uma pequena cópia sua. Com essa mesma idade – 16 anos, talvez – Scorpius também sofreu. Sofreu pela mãe dele. A mulher que partiu e esmigalhou seu coração, para depois voltar a aperta-lo com tanta força que a respiração lhe doía as costelas...

Sim. Rose Weasley sempre exerceria essas reações no Malfoy, pois ele sempre seria apaixonado por ela.

– Então... Você mora aqui sozinho? – o jovem Weasley perguntou, trazendo o loiro de volta.

– Mais ou menos... Minha noiva passa algum tempo aqui, mas isso é muito raro. Ela não gosta desse lugar. – Scorpius disse sorrindo ao olhar para as paredes.

– Por quê? Sua casa é incrível... – Max disse tentando achar a lógica de esse homem ser noivo de uma mulher tão chata.

– Eu sempre tive um sonho, Max... Eu fiz esse lugar para alguém e Emilly não gosta daqui por isso. Ela se sente traída.

– Você fez isso para uma namorada? – o garoto perguntou curioso e impressionado.

– Não. Para o meu filho... – Scorpius respondeu com amargura – Só que ele nunca irá conhecer este apartamento.

– Não entendo... Ele mora em outro país? – perguntou.

Max sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não soube o porquê daquilo, mas sentiu inveja desse garoto. Ele tinha um pai incrível... Mas não entendeu o motivo de Scorpius ter dito que seu filho nunca iria conhecer aquele lugar.

– Eu não posso ter filhos. Sofri um acidente quando era mais novo e agora sou estéril.

Max suspirou. “Então não poderia ser ele...” O garoto olhou para o homem a sua frente e o reavaliou. Scorpius era um homem de porte. Ao olha-lo pela primeira vez, ele parece arrogante e prepotente. Mas se você volta a olha-lo, percebe que há uma cicatriz bem no fundo de seus olhos. Max sabia que o mundo era cruel. E havia sido com aquele homem.

– Já pensou em adotar uma criança? – Max disse depois de pensar bastante.

– Não seria o mesmo... A alegria de um homem, Max, é segurar seu próprio filho nos braços. O sangue fala mais alto, entende? Existe aquela ligação entre pai e filho que é única!

Scorpius estava tão empolgado com seu discurso que não percebeu uma intrusa parada junto a porta. Rose escutou tudo em silêncio... Não tinha mais forças para entrar e chamar Max. Estava chocada por Scorpius estar se dando tão bem com seu filho. Ele tinha razão, o sangue fala mais alto.

– Eu gosto de você garoto. – Scorpius disse sorrindo.

– Você também é legal. – Max falou, abrindo um sorriso tão grande quanto o do Malfoy.

Rose não pode mais se conter e bateu na porta. Não deixaria que aquela conversa continuasse. Era torturante demais. Esperou alguns segundos até que a porta fosse aberta por Scorpius.

– Vim buscar Maximillian. – ela disse com a voz baixa.

– Max! Sua mãe está aqui... – o homem disse sem tirar os olhos da ruiva.

Alguns segundos e então o garoto estava saindo do apartamento. Se despediu de Scorpius e seguiu o caminho até seu apartamento sem se dar ao luxo de esperar a mãe. Sabia que Scorpius iria falar com ela e não queria atrapalha-los. Assim que Max estava longe o suficiente, o Malfoy perguntou:

– Porque estava chorando?

Aquilo surpreendeu Rose. Ele continuava conhecendo-a melhor do que ela mesma.

– Não é da sua conta. – respondeu, mas sua voz saiu fraca.

– Tudo bem. – loiro disse respirando fundo – Max pode sair comigo no fim de semana?

Rose sentiu o estomago contraindo-se. Ela – a pessoa que deu o que Scorpius mais queria – era a razão de sua tristeza. Não bastava tê-lo feito sofrer quando partiu, ela era culpada por esconder a coisa que ele mais queria. Sentiu-se péssima. Não podia negar aquele pedido ao homem que tanto amou um dia.

– Tudo bem, mas o quero em casa antes das onze da noite.

– Sim senhora. – Scorpius disse fazendo uma leve mesura na direção dela.

Ela suspirou e começou a se virar, mas foi impedida por uma mão grande que segurava seu pulso com delicadeza. Mesmo sem se virar, pode imaginar como estaria a expressão de Scorpius. Aqueles olhos azuis transbordariam os sentimentos que ambos compartilhavam no passado. E que Rose sentia arder naquele momento.

Um arrepio tomou conta de seu corpo assim que sentiu o homem perto de seu pescoço. A respiração dele era o som mais agradável que Rose havia escutado em toda sua vida.

– Senti sua falta Rose...

A pulsação da ruiva aumentou audivelmente. Ela era capaz de escutar as batidas rápidas e fortes de seu coração. Ele estava recuperando todas aquelas pequenas coisas que Rose havia tirado dele. E a pior dessas coisas era o amor que a Weasley lutou para enterrar e esquecer. Pensando nisso, Rose correu. Correu de seus sentimentos.



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