Ours Secret escrita por Princess


Capítulo 16
Capítulo 16 - A primeira vitória




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Max acordou assustado com o estrondo de um raio. Essa era a segunda noite em que acordava por causa da chuva. Levantou-se preocupado, seu quarto parecia mais escuro que o normal. Teria a energia acabado no prédio? Pegou o celular e suspirou aliviado, ainda era madrugada. Do lado de fora de sua janela, o garoto mal podia enxergar tamanha era a força com que a agua caía. Ainda preguiçoso e mole, arrastou-se para fora do quarto a fim de verificar se a mãe estava bem. Surpreendeu-se quando a ouviu conversando com alguém; havia uma luz fraca vinda da sala.

Dois meses haviam se passado desde a morte de Thomas. Dois meses em que Max evita conversar mais do que o necessário com a mãe. Dois meses em que evita sequer olhar para o vizinho, Scorpius. Dois meses em que recusava-se a sair do quarto se não para receber Selene e Bronwen e voltar a se trancafiar. Dois meses em que lutava para ignorar as conversas baixas da mãe todas as noites com Malfoy.

Tudo o que ele mais queria era odiar os dois, queria mesmo. Odiá-los por terem mentido, odiá-los por terem acreditado que ele não maturo o suficiente para compartilhar o segredo. É óbvio que ele sabia o risco de dizer a Ronald, sem mais nem menos, que Rose mentiu sobre quem o neto dele era. Max cresceu sabendo sobre a rivalidade entre as famílias e que deveria passá-la adiante. Mas ele não conseguia. Desde o momento em que Scorpius contou seu lado da história, sua mãe implorou perdão por ter mentido, os Malfoy disseram que fariam o possível e o impossível para lhe dar o apoio que precisava e os Weasley concordaram, Max não disse nada. Desejava bom dia, dizia quando estava saindo e quando voltava; mas não falava com a mãe. Não conseguia achar forças ou a vontade para dizer nada desde o enterro de Thomas. Ele apenas balançava a cabeça, concordando ou negando. E mesmo com o silêncio, o rancor e a magoa presentes dentro de seu coração, Max amava a mãe, amava seu pai, seus avós; amava toda sua família. Entendia os motivos de Rose, entendia a raiva de Astória, o ultraje de Ron e a alegria de Scorpius. Entendia, acima de tudo, que eles amavam e amariam-no independente das disputas e do ódio.

Mas Max não estava pronto para perdoar.

E saber que Rose e Scorpius passavam todas as noites conversando sobre onde haviam errado e o que poderiam fazer para conquistar o filho, fazia o garoto sentir algo que nunca sentiu antes: culpa.

E assim como em todas as outras noites, Max esgueirou-se pelo corredor escuro e foi ouvir a conversa dos dois.

— ... você sabe que não deve. – Scorpius dizia.

— Eu sei, mas fico tão envergonhada. – Rose falou e Max alarmou-se por notar que a mãe chorava. – Eu não quero ter que pedir nada à você, Scorp. Você já faz o bastante por nós.

— Rose, você é a mãe do meu filho; não tem nada que eu não faria por você. – ele disse fazendo a mulher derramar-se aos prantos.

Max podia ver do corredor que eles estavam sentados de costas para ele, apreciando a chuva cair por trás da enorme porta de vidro que levava a sacada da sala. Próximo ao sofá, um único abajur emitia uma luz amarelada que definia a silhueta dos dois adultos, um par de taças e várias garrafas de vinho espalhadas no chão.

— Que tipo de mãe eu sou? Me afastando do meu filho... Oh, Scorpius, estou tão perdida! – ela dizia agarrando-se ao pescoço do loiro mais velho. – Preciso tanto de conforto, de carinho...

O mais novo podia ver o pai acariciando os cabelos da mãe enquanto ela chorava grudada em seu pescoço. Do jeito que estavam, não conseguiam vê-lo parado no corredor escuro e Max quis manter assim. Seu silencio estava machucando tanto assim Rose? Ela parecia ter passado toda a noite chorando e bebendo. Teria feito o mesmo nos outros dias? Max não lembrava de nada disso das outras conversas, apenas perguntas sobre ele e o que podiam fazer para que melhorasse. Aquilo não era nada do que estava esperando.

— Rose, meu bem, você não pode ficar assim... O que eu posso fazer para você melhorar? – o Malfoy dizia enquanto olhava o rosto da ruiva. Max nunca viu um olhar tão apaixonado quanto aquele. – Eu faço qualquer coisa por você, minha ruiva.

Ao ouvir a forma como o pai falava com a mãe, o mais novo sentiu-se envergonhado por observa-los. Eles pareciam estar no meio de um momento intimo, como se fosse a primeira declaração de amor. Max sentia que era errado estar ali, mas não conseguiu se mover. Se ele a amava tanto, porque não estavam juntos? Rose não o amava mais? Não parecia pela forma como ela encostava sua testa na de Scorpius.

— Eu quero nosso filho de volta, quero Thomas, quero Cat... Não essa bagunça que a minha vida é. – a ruiva disse ainda chorando; depois de se acalmar, continuou. – Não sei o que fazer pra abafar os rumores e tenho muito medo de que Max acabe piorando quando souber.

Rumores? Do que ela estava falando?

— Ele vai saber mais cedo ou mais tarde, isso é um fato. Já disse que vou cuidar disso, tenho alguém de confiança para resolver assuntos públicos. – Scorpius disse de forma calma. – E quanto ao que você quer... Eu sou suficiente por enquanto? – perguntou.

Max não viu, mas ouviu o contagiante riso de sua mãe. Ela mudou de posição no sofá, aproximando-se mais do loiro.

— As vezes me pego imaginando como seria se eu não fosse boba. Será que teríamos nos casado? Max teria irmãos? Estaríamos pobres, morando debaixo de alguma ponte, lutando contra essa chuva? – Rose dizia baixinho.

— Eu não me importaria. – o Malfoy respondeu depois de alguns segundos de silêncio. – Desde de que estivéssemos juntos, como um família, sairíamos vencedores de qualquer luta.

— Mas estamos aqui agora. Escolhas foram feitas, erros cometidos... E depois? O que vem depois disso, Scorpius? Vamos ser capazes de lidar com as escolhas que Max vai tomar sobre nós? Vamos simplesmente seguir nossas vidas?

Um silêncio constrangedor surgiu entre o casal e o filho. Mais do que antes, Max sentiu que era errado bisbilhotar os pais.

— E se eu não quiser seguir minha vida? – o loiro mais velho perguntou. – Nós temos um filho, não um filhotinho. Não podemos seguir nossas vidas; elas sempre vão estar entrelaçadas, Rose Weasley. E agora que tenho vocês, não quero perdê-los. Eu amo meu filho e amo você. Estou me cansando de dizer o quanto te amo, mulher. Não vou simplesmente abandoná-los. Se você quiser se casar com outro homem, é bom deixar claro que vou aparecer para tomar café todos os dias. O que estou tentando dizer é que se não quiser ser minha mulher, então que seja minha amiga. Mas precisamos ficar juntos para criar nosso filho, para aconselha-lo. De que adianta ter pais que vivem em pé de guerra? Que não se conhecem? Que não discutem o que suas crias estão se tornando? Eu não vou ser esse tipo de pai.

— Quando você se tornou esse homem maravilhoso? – Rose perguntou olhando para o rosto do homem ao seu lado. Era tão errado observar, mas Max não podia evitar. A mãe nunca havia olhado de forma tão apaixonada por Thomas e nem nunca olharia para homem nenhum, ele imaginou. Poderiam passar anos, mas ela sempre amaria aquele homem.

— Quando você me deu o melhor presente que eu poderia pedir. – Scorpius disse acariciando a face da única mulher que ele amou na vida.

A culpa parecia crescer cada vez mais a cada minuto. Eles se amavam tanto que Max queria chorar e implorar que ficassem juntos. Lembrava aqueles filmes de comédia romântica onde você chora e grita com a TV dizendo que aquilo está errado, que eles deveriam ser felizes juntos. Meu Deus, Max estava shippando os pais! Ele poderia pintar os dois se beijando, ela vestida de noiva, ele de terno. Estava parecendo uma garotinha que vê anime pela primeira vez. Contudo, era a primeira vez que viu um amor tão bonito e sincero que durou o que? Quase 20 anos? Isso era utópico! Um amor que resiste ao tempo, que é altruísta e benevolente... Scorpius não tinha dito que ela poderia se casar com outro homem e mesmo assim ainda a amaria? Que só queria continuar fazendo parte da vida do filho? Porque eles não estavam juntos?

— Você acha que Maximillian aceitaria bem se nós ficássemos juntos? – Rose perguntou. Um calor foi subindo pelo peito do mais novo; seria ele o culpado? – O que Thomas diria sobre isso?

O calor no peito de Max subiu mais e então, ele espirrou. Houve um momento de puro silêncio. Nem mesmo a chuva com seus raios e relampagos ousava fazer sequer um som. O que Max iria dizer? Que ele estava ouvindo a conversa desde muito antes? Que já havia imaginado os dois se casando? Que eles eram o casal que ele esperava ser com Selene? O que? Ele pensou mesmo sobre isso? Pego de surpresa por seu próprio pensamento, Max não pensou no que dizer antes de ser abordado pela mãe.

— Você estava aqui o tempo todo, querido? – ela parecia constrangida com seus enormes olhos verdes e nariz levemente avermelhados.

— Eu nem vi você aí, mãe. – Max resolveu dizer. – Vim buscar um remédio para gripe, não estou me sentindo bem.

E não estava. Havia dormido mais cedo, pois sentia o corpo quente e fraco. Max não percebeu aquilo até o momento em que notou que já estava quente antes da vergonha lhe estampar a cara por seu pego bisbilhotando seus pais.

— Você realmente parece quente. – Rose disse tocando-lhe a testa. – Vou pedir para sua avó te buscar antes que eu saia.

— Você vai sair? – ele disse confuso. Ainda era de madrugada, aonde ele pensava que iria? Então lembrou-se de uma das conversas com a mãe onde ela dizia que iria visitar Catherine e que ele simplesmente ignorou. – Austrália, certo. Mas mãe, eu não quero ir para a mansão...

— Você está doente e vou ficar fora por vários dias, de jeito nenhum eu te largo aqui sozinho! – a ruiva disse naquele tom mandão.

— Eu posso ficar na casa do meu pai. – Max disse tão normalmente que qualquer outra pessoa não teria notado nada de errado.

Mas haviam ali duas pessoas que esperavam por esse momento há muito tempo e que foram pegas totalmente desprevenidas. Primeiro, eles estavam conversando. Rose e Scorpius esperavam por isso há semanas! Ouvir claramente a voz de Max; saber que ele não havia atrofiado os músculos vocais era uma vitória. Segundo, ele se referiu a Scorpius não pelo nome, nem pelo sobrenome ou qualquer outro apelido. Simplesmente o chamou de pai. E queria ficar na casa dele por alguns dias!

— Tudo bem por você? – o Malfoy mal percebeu quando seu filho pediu permissão a ele. Estava estupefato e apenas concordou com a cabeça. – Viu? Ele me deixa na escola, me busca e podemos sair todas as noites em busca de aventuras. Certo, pai?

E Scorpius não pode deixar de rir. Ele realmente havia contribuído para aquele garoto vir ao mundo.

— Certo, filho. – e o sorriso que eles trocavam não era nada além de sincero e verdadeiro.

Mas Rose estava embasbacada.

— Não se atreva a levar meu filho a lugar algum! Quer saber? Vou cancelar essa viagem... – ela disse com medo de deixa-los sozinhos, mesmo sabendo que as aventuras eram apenas uma brincadeira.

— Bom, deixo essa decisão pra você tomar. – Max disse pegando uma cartela de remédio em uma das gavetas e voltando para o corredor onde esteve escondido. – Boa noite! – disse antes de entrar no quarto.

Rose parecia uma criança vibrando por um presente que havia acabado de chegar pelo correio. Ela correu até Scorpius que a pegou, a ruiva cruzou as pernas ao redor da cintura do homem e como se fosse a coisa mais natural do mundo, lhe beijou. Foi apenas um encostar de lábios, mas o sorriso dos dois começou a sumir. De repente estavam muito conscientes de que seus corpos estavam muito próximos e que faziam mais de 19 anos desde a ultima vez em que se beijaram.

Ela quis descruzar as pernas e voltar ao chão, mas seus membros não obedeciam. Assim como as pernas ao redor da cintura do loiro, seus braços não queriam deixar o pescoço forte do homem. O que ela estava fazendo? Já podia sentir outras partes do corpo se aquecendo, lembrando como era ser tocada por ele... Não, ela não podia. Mas como pensar naquilo se o próprio Scorpius parecia não querer deixá-la sair de seu aperto? Ela parecia não pesar nada no braços dele, feita de papel ou porcelana. E começava a sentir-se assim, pois as mãos dele passeavam em suas costas com tamanha devoção e cuidado que Rose sentia-se preciosa. Suas respirações estavam rápidas. Scorpius olhava para os olhos dela como se esperasse por aprovação, autorização; Rose olhava para ele esperando confirmação. O loiro sabia como ela se sentia e vice-versa, mas estavam prontos? Aquele era o momento certo? Eles se queriam e se desejavam da mesma forma?

— Você me beijou. – o Malfoy disse baixinho, ainda segurando Rose em seus braços. – Eu posso te beijar agora? – ele perguntou fazendo o coração dela disparar.

Por um milésimo de segundo, Rose pensou em tantos ‘e se...?’ que se lembrou do maior de todos... E se tudo fosse diferente? Querendo ser uma nova pessoa, uma nova mãe, uma nova mulher; querendo se tornar uma melhor ela, Rose concordou.

— Você quer o que? – Cassandra pensou ter ouvido errado. Estava em seu escritório. Uma pequena sala alugada em um incrível prédio onde atendia telefonemas e usada de escritório para que Louise assinasse seus contratos. A vista era boa, mas poderia ser melhor se estivesse alguns andares para cima.

— Eu quero conversar com ele, esclarecer as coisas. – Louise disse do outro lado da linha.

Ela parecia abatida, pensativa. Cassie poderia chegar a ter um vislumbre do que era sua irmã por baixo da arrogância e frieza; de quem Louise foi no passado.

— Eu sei que já se passaram semanas e ele realmente tentou falar comigo no fim do dia, mas você viu o que eu fiz. – ela havia mandado o homem ir tomar... bem, naquele lugar. – E estou me sentindo péssima. Olhe só pra isso, estou te ligando para pedir o número de James Potter, onde já se viu isso? Eu só... – a loira fez uma pausa e sua irmã esperou pacientemente. – Eu estou chorando em uma cabine de táxi durante um engarrafamento na ponte que sai do Brooklyn porque eu não consigo parar de ver as fotos que nós fizemos. Você tem ideia de como ele parece apaixonado? De como eu pareço apaixonada? E se eu estiver? O que eu vou fazer? E se ele estiver arrependido, como eu vou saber?

— Tudo bem. – Cassandra disse ouvindo sua irmã fungar do outro lado da linha e imaginou um estranho motorista de táxi americano olhando pelo retrovisor e vendo a pálida Louise com manchas pretas na cara. – Venha pra casa, vou tentar conseguir o número dele. Eu estou tentando resolver uma coisinha para Scorpius, mas posso te passar na frente. Sis before dics*.

— Eu te amo. – Lou disse ainda chorando.

— Eu te amo mais. – e então desligou.

A morena colocou os pés na mesa e ficou observando seu lindo scarpain preto. Conseguir o número de James seria fácil, o problema seria a conversa entre ele e sua irmã. Louise estava fragilizada demais para encarar o arrogante mor Potter sem ajuda. Como ela conseguiria encontrar James antes da irmã? Qual a melhor forma mais irrecusável de fazer ele encontrá-la? Scorpius? Não, ele deveria estar ocupado. Max? Ele deveria estar mais ocupado ainda. Alguém da família seria perfeito... Então lembrou-se que estava mais próxima do que imaginava de uma solução. Saiu as pressas de seu pequeno escritório e pegou o elevador subindo. Lá na cobertura, ela soube, recluso em uma sala e desesperado por um almoço deveria estar o Weasley mais novo, Hugo.

Não pense em Cassandra como oportunista. Na verdade, ela era um doce de pessoa, sempre disposta a ajudar quem quer que fosse. Ela já havia visto Hugo no elevador em horários alternados, vez ou outra e sempre imaginou que ele ficava batendo aquele pé para chamar sua atenção. Mas ela sempre estava ocupada no telefone administrando a vida profissional de sua irmã e a sua pessoal. Ela tinha acabado de terminar um relacionamento, tipo, uns seis meses atrás e não estava interessada, obrigada. Era sua resposta padrão para qualquer ser vivo que tentasse convida-la para sair. Vamos aquele novo restaurante? Não, obrigada. Vamos aquele café? Não, valeu. Vamos ao mercado? N-A-O.

Então ela preferia associar o nervosismo de Hugo Weasley a vida de um jovem empresário a um possível interesse amoroso. Ela não podia pensar assim porque sua irmã já estava sofrendo por um, seu primo por outra, Cassie não podia acabar da mesma forma por outro Weasley. Eles eram problema.

Ela apenas pediria um favor, como colega de prédio, e retribuiria quando solicitada. A interação entre os dois terminaria aí. Quando a porta do elevador abriu, ela deu alguns passos até estar na recepção e estava prestes a arranjar uma desculpa quando o ruivo saiu de uma sala carregando alguns documentos ao lado do pai. Ele estava de cabeça baixa tentando assimilar tudo o que o robusto Ronald Weasley dizia quando a notou parada e sorrindo para ele.

Foi preciso reunir a coragem de vinte homens para que ela falasse com ele ao lado do pai.

— Bom dia, Hugo. – Cassandra disse com o melhor sorriso que pode. E desejou ter se arrumado melhor ao sair de casa. A única coisa bonita que usava eram seus sapatos de marca e seu cabelo estava com frizz, ela podia sentir. – Posso falar com você por um instante?

O senhor Weasley abriu um enorme sorriso e deu um audível tapa nas costas do filho antes de sair do campo de visão da mulher.

— Você sabe meu nome. – ele disse surpreso e ela se surpreendeu ainda mais ao perceber como a voz dele era rouca e melodiosa e que a fez seu coração dar uma leve acelerada.

— É claro que sei. Você é importante demais para que eu me esqueça. – a Knight disse se arrependendo logo depois. Aquilo poderia ter muitos significados. Ela mordeu o lábio inferior, como sempre fazia quando estava confusa.

— Em que posso te ajudar? – Hugo perguntou com um lindo sorriso no rosto. Ele sempre foi tão bonito?

— Hmm. Seria possível que você marcasse um almoço entre seu primo James e eu? Para hoje? – e abriu um lindo sorriso. Essa sempre foi sua jogada para conseguir conversar com alguém que poderia lhe ajudar, mas a reação do ruivo foi inédita.

Ele diminuiu o sorriso no rosto e olhou para o lado e ela imaginou que deveria estar procurando por câmeras, pois não passava de uma terrível pegadinha. Cassandra sentiu-se péssima. O que ela estava fazendo, falando com um completo estranho e pedindo por isso? Boba!

— Eu tenho certeza que não deve ser difícil para você conseguir qualquer coisa com meu primo. – o Welasey disse e parecia realmente decepcionado.

Ela segurou o braço do homem e se aproximou.

— Sua irmã não foi a única que se apaixonou pela pessoa errada; a minha também. – Cassandra disse alto o suficiente para que apenas ele ouvisse. Ela percebeu que ele ficou tenso. – Rose me pediu um favor, assim como minha irmã. Louise se apaixonou pelo traste do James e agora esta na Colônia, chorando em um táxi imundo porque seu primo não ligou. Eu apenas quero entender o por que.

Hugo pareceu ponderar o pedido enquanto olhava ao redor. Ele tirou o celular do bolso e olhou para ela, balançando a cabeça. Em que buraco ele estava se metendo?

— James? – ele disse ao telefone, o que provocou um lindo sorriso em Cassandra. – Tem uma linda moça na minha frente que gostaria de almoçar com você.

— Se ela não tiver um setenta de altura, cabelos louros e malignos olhos azuis, eu dispenso. – o Potter disse ele parecia ter acabado de sair da cama.

— Segundo informações, essa moça está em um cabine de táxi nos Estados Unidos da América chorando por sua causa. – a fala do primo provocou alguma reação em James, pois um barulho foi ouvido e depois um breve silencio.

— Quem te disse isso? – exigiu saber.

— Cassandra. – o ruivo disse olhando para a moça que sorria incentivando-o. – Ele quer esclarecer algumas coisas com você agora mesmo.

— Onde? – James perguntou rapidamente.

— No restaurante italiano perto da minha casa. – disse rapidamente antes de desligar.

— Obrigada, Hugo! – a morena disse enquanto sorria feito criança. – Eu te devo uma.

Ele apenas sorriu forçadamente e começou a voltar por onde havia vindo. Ele já estava de costas quando ela perguntou:

— Você pode me dar uma carona?

Ele ia dizer que não, que ela já havia pisado em seu orgulho demais por um dia. Ele definitivamente não a levaria para um encontro com James. Ele queria leva-la para um encontro com ele! Mas ela estava mordendo o lábio de novo e parecia realmente precisar de uma carona.

— E poderia almoçar conosco, também. – ela pediu com um lindo sorriso no rosto.

Ok. Ele precisava dizer aquilo em voz alta, mas contentou-se com sua mente: “Uau, ela é linda!” Foi tudo o que ele pensou, feito um idiota. E ele era um idiota porque era apaixonado por ela desde quando? O jardim de infância? Ele não se lembrava da primeira vez que a viu, mas ficou tão encantado! Imaginou que ela fosse uma sereia, implorando para que ele se afogasse em seus olhos claros. E ele não parava de pensar nela. É claro que ficou com outras garotas, mas nada muito sério. Ele sabia que estava destinado a ela. Seria possível saber de tudo isso apenas olhando para aquele rosto? Hugo sempre foi muito intenso e o que estava começando a sentir por ela também.

— Eu não posso demorar. – ele avisou.

Novamente ela deu aqueles pulinhos de alegria. Ela era tão pequena, parecia uma garotinha de colegial. Ela pegou os documentos das mãos do Weasley e apoiou no quadril enquanto entrelaçava seu braço no do ruivo. Cassandra foi o caminho todo contando a trágica história sobre o não relacionamento de Louise e James; Hugo, que era sempre o mais falastrão da família, ouviu tudo em silêncio. Estava intimidado pela facilidade com que a mulher conseguia falar pelos cotovelos sem ser entediante. Essa era uma qualidade e tanto.

— Chegamos. – Hugo disse.

Ele a observou colocando as pastas no banco de trás e sorrir enquanto descia do carro. A recepcionista do restaurante, sempre acostumada a receber Hugo e sua família, abriu um enorme sorriso por vê-lo – o que irritou só um pouquinho Cassandra. James já esperava por eles em uma mesa mais afastada. Uma guerra parecia estar prestes a começar pela forma como Cassandra e o homem se encaravam.

Hugo suspirou ao se sentar. Aquele não seria um bom dia.

— Porque. Você. Não. Ligou? – e cada palavra era carregada por uma ameaça da morena.

— Eu tentei! – James disse. – Liguei em todos os números que poderiam ser dela, mas o que eu poderia fazer? Eu estava cansado de ficar implorando para ela falar comigo, me explicar porque ela foi embora. Ela era minha melhor amiga, poxa!

— Vocês, homens, são tão burros. – Cassie lamentou-se. – Você não mede as consequências dos seus atos? Pensou que ela ia continuar ao seu redor depois do que você fez?

— O que eu fiz? Eu só lembro de ter acordado com uma puta ressaca e ela nunca mais quis olhar na minha direção!

— Em que parte da história nós estamos? – Hugo perguntou, tentando entender sobre o que falavam.

— Na parte em que esse troglodita e minha irmã saíram, ela se declarou e ele foi se enroscar com uma vagabunda qualquer. – a mulher disse baixo, evitando chamar atenção.

— Louise se declarou pra mim? – James disse ultrajado. – Ela nunca faria isso, ela nunca me viu dessa forma...

Aquilo pareceu ser um tapa para Cassandra, pois ela ficou com os olhos muito abertos e a boca em um perfeito oh.

— Vocês saíram. Você ficou bêbado. Louise disse que te via bem mais do que como um amigo, que estava apaixonada por você. Você olhou pra ela, disse que “também”. Foi buscar mais drinks e quando voltou, estava com uma vaca dependurada na sua língua. – a morena disse como se essas fossem as piores palavras do mundo.

— Eu... Não lembro. – o Potter disse tentando ao máximo ser sincero. – Eu nunca lembro de nada depois das bebedeiras. Eu nunca pensei que ela... Que eu... Que merda eu fiz?

— Eu me pergunto isso todos os dias.

Hugo olhava de um para o outro, era uma cena cômica. Uma mulher tão pequena ameaçando um homem tão grande quanto James.

— Isso explica tudo. – o moreno disse derrotado. – O que eu faço?

— O que toda mulher espera que façamos. – Hugo disse. – Peça desculpas. Diga que você é um fracassado, que não merece estar com ela, que ela é boa demais pra você... Mas diga a verdade. Fala que não lembra, que sente muito, diz o que sente por ela. Mulheres gostam de ouvir a verdade. Se você chegar com todo um discurso bolado, você só vai se lascar.

Cassandra olhou para o ruivo. Ele parecia tão delicado, tão sincero e um verdadeiro cavalheiro. O tipo de homem que abandona todos os seus planos para ajudar um completa desconhecida. Oh, Deus, como ela estava sentindo-se mal. Que tipo de homem é tão bom a ponto de levar em seu próprio carro uma mulher como ela? Dissimulada, oportunista, chantagista. Ela queria abrir um buraco embaixo da mesa e esconder-se lá para sempre. Que tipo de pessoa ela se tornou desde que começou a gerenciar a profissão de sua irmã? Quem ela era?

— Quando ela chega? – James perguntou, tirando a Knight de seus devaneios.

— Hoje, no fim da tarde. – ela fez uma pausa. – Não magoe ela de novo, por favor. Eu estou cansada de ver ela fingindo que não sente nada.

O Potter concordou com um movimento e se levantou, saindo sem se despedir.

— Estamos prontos pra pedir? – Hugo disse depois de um longo silêncio. – O garçom está cansado de ouvir não.

Ela sorriu. Seu antigo relacionamento já estava morto e enterrado. Sua irmã poderia cuidar dos próprios problemas por algum tempo. E Hugo merecia uma chance. Ele parecia tão concentrado escolhendo um vinho, tão preocupado que ela aprovasse sua escolha. O ruivo demonstrou ser um homem atencioso na ultima hora e Cassandra pensou que já estava na hora de começar a dizer sim.


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Notas finais do capítulo

*Irmãs antes de 'paus': expressão equivalente a 'Bros before hoes' (irmãos antes de vadias) que quer dizer que a irmandade vem antes de qualquer homem.

Olha como estou sendo boazinha com vocês? Passei um dia todo escrevendo feito louca, com os olhos inchados e irritados. Será que a história merece uma recompensa? Que tal um recomendação para animar meu dia?
Adoro receber os comentários de vocês, isso me motiva muito. Desculpem se não respondo, minha rotina anda muito puxada mesmo! Mas não responder não significa não ler, ein? Espero que apreciem esse momento ScoRose que tanto me pediram, outros estão por vir. Contudo, preciso avisar que a fanfic está próxima do fim :(
Até a próxima semana (eu acho).
Beijos!



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