OTAMV 2: A Prima escrita por Azzula


Capítulo 8
Porém, quieto.


Notas iniciais do capítulo

*UM MINUTO DE SILÊNCIO PRA ESSE TÍTULO FAIL*
Hey everyone o/ keke~ Bem, a ultima nota ficou péssima, sei disso. Me senti muito mal por não ter agradecido vocês por tudo, mas realmente não deu tempo, meu pai estava aqui do meu lado lendo tudo o que eu escrevia e me ameaçando - ó que bacana - ENTÃO, Obrigada meus amores, por todo esse carinho a história... vocês são toda a minha motivação, e sem vocês eu não teria terminado nem a primeira temporada! Obrigada mesmo, de coração!
CAP: Bem, esse cap é triste... Tem algumas emoções e eu sofri pra escrever, porque fiquei com medo de que ficasse boring*
Escrevi ele ouvindo 'Fiction' e acho que no fim das contas tem um pouco a ver, me ajudou a entrar no clima...
Chega de enrolação, notas finais mais fofas desta vez, e boa leitura meus amores ♥ Espero de coração que gostem! *--*



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_ Fique a vontade... O que trás você aqui? – perguntou-me sinalizando com as mãos para que eu me sentasse.

_ Bem Senhora, eu gostaria de falar sobre Brookie. – acomodei-me em uma das cadeiras. Ela, no entanto permaneceu calada, esperando minha conclusão imagino. – Ela é minha única e melhor amiga, e depois do acidente que ocorreu com ela eu me comprometi a ajuda-la na escola! Prometi ao pai dela que cuidaria dela, que estaria sempre dando meu apoio, mas creio que não poderei cumprir com tal promessa se permanecermos em salas separadas... – suspirei encarando os olhos da diretora, que parecia estar cedendo.

_ Vejamos... – folheou um bloco em sua frente, lia atenta alguns documentos e ajeitava seus óculos de cinco em cinco segundos. – É de seu conhecimento que a aluna Brookie pediu para ser mudada de sala, não? – assenti com a cabeça. – Bem, desconheço os reais motivos, mas consta aqui que a aluna simplesmente desejou ser remanejada, sem nenhum motivo aparente... – fixou seus olhos em mim. – Mas eu ajudarei vocês! – sorriu.

_ Ah, obrigada! – sorri aliviada.

_ Mas terá que me prometer que o rendimento de Brookie ira progredir!

_ Claro! Pode ter certeza disso Senhora! – levantei-me agradecida.

_ Eu. realmente acho que seus argumentos foram nobres.. Ela tem sorte por ter uma amiga como você! – levantou-se também e caminhou até mim em passos lentos. – Se me permite... – suspirou. – Eu não pude deixar de ouvir os boatos sobre o que aconteceu com você... – pousou uma de suas mãos em minhas costas, guiando-me até a porta – Estou feliz que esteja bem! Apesar de não ter comparecido nos primeiros dias de aula, você é uma aluna que demonstra excelentes resultados! Uma aluna de intercâmbio que orgulha nossa escola...

_ Obrigada de novo! – passei pela porta. – Espero dedicar-me ainda mais neste bimestre!

_ Tenho certeza que o fará! – nos despedimos e eu esperei ate que ela fechasse a porta.

   Estava animada em dar a notícia para Brookie! Eu sabia que ela precisaria de apoio, e eu estava disposta a dar tudo de mim para ajuda-la. Passei em meio aos alunos, alguns ainda olhavam-me torto, mas eu simplesmente ignorei. “Longe de problemas” – lembrei a mim mesma.

   Broo estava no corredor, sua expressão cansada por estar me esperando.

_ Boas noticias? – arqueou uma sobrancelha.

_ SIIIM! Estamos na mesma sala agora! – rimos.

   Guiei sua cadeira de rodas ate o pátio. Centenas de alunos aglomerados, lutando por mesas bem localizadas, enquanto nós procurávamos pelo lugar mais discreto possível. Tínhamos muito que conversar, muito!

_ Vejam só quem temos por aqui! – um grupo de meninas pôs-se em nossa frente, impedindo-nos de passar. – A dupla de fracassadas! – todas riram. A garota linda de cabelos longos impôs-se sobre Brookie em sua cadeira de rodas. – Olha, acho que vocês formam um par perfeito! A fracassada suicida e a aberração do colégio! Eu honestamente acho que pessoas como vocês mancham a reputação de nosso colégio!

_ Terminou? – disse seca. Cheguei perto demais, tentando intimida-la, mesmo sem a intenção de fazê-lo. A garota por sua vez, paralisou com minha reação. – Agora nos deixe passar, sim? – dei de costas e encarei os olhos de Brookie, já marejando.

_ Vejam como ela ficou valentona! – gargalhou. – Acho que alguém aqui aprendeu uma lição! Por acaso os criminosos que violentaram você te ensinaram alguma coisa? – ironizou. – Não estou falando de educação sexual, eu sinceramente acho que eles dispensaram coisas como essa... A cadeirante vai ser madrinha do feto indesejado que você esta esperando? Boa sorte... – deu de costas, partindo com suas seguidoras enquanto eu digeria tanta barbaridade.

   Ignorei tudo aquilo. Não procuraria mais briga, tentaria ser o mais invisível possível naquela escola e cumpriria com minha promessa.

_ Você esta bem Broo? – abaixei-me em sua frente. –Não se importe com elas... – disse, mas algumas lagrimas já escapavam dos olhos de minha amiga. – Vamos sair daqui! – empurrei sua cadeira o mais longe possível daquele aglomerado de gente que formou-se ao nosso redor após o pequeno show.

   Conduzi sua cadeira até o corredor principal, e passamos pela grande porta azul. O eco soou nostálgicos a meus ouvidos, aquela quadra, aquele piso amadeirado e as luzes ofuscantes; tudo despertando uma saudade enorme de um tempo que havia passado rápido demais, e eu nem sequer havia percebido.

_ Podemos ficar aqui? – ela perguntou baixo, quase inaudível.

_ Podemos... – suspirei. – JunHyung e eu nos conhecemos aqui! – sorri com as lembranças invadindo minha mente. – Broo, por favor, não chore! – implorei sentando-me em sua frente.

_ Ai Ana, não me conformo! Ouviu as coisas que elas disseram sobre você?! Sobre nós... Minha vontade é ir lá e arrancar a cabeça delas... é cortar o cabelo delas e fazer com elas todas as maldades que elas fizeram a você!

_ Ei, acalme-se ok? – ri de sua expressão irritada. – Olha, temos uma à outra, e eu sinceramente não me importo com o resto! Decidi que ficarei longe de encrencas, e vou me empenhar nos estudos... Aconselho você a fazer o mesmo! Concentre-se e empenhe-se... Logo logo estará andando e tudo voltará ao normal!

_ Já não tenho mais tanta certeza disso sabia? – contemplou o chão.

_ O que quer dizer?

_ Ana, algumas vezes acordo e me sinto bem! Abro os olhos e sinto o cheiro da cerejeira no quintal... Sento-me em minha cama, e tento por os pés pra fora... – cobriu os olhos, repreendendo seu choro. – É impossível! A cada dia que passa, perco cada vez mais a esperança! Acho que nunca vou voltar a andar... – soluçou – E ela tem razão! Eu sou sim uma fracassada! Amei alguém mais do que amei a mim mesma, e arrisquei minha vida por ela! O pior de tudo, é que ainda não me arrependo! Quando tento me levantar, quando eu tento andar e quando volto da fisioterapia, não consigo fazer outra coisa a não ser me odiar! Me odiar por ser tão fracassada, e nem sequer conseguir morrer! Me tornei uma inválida, e a única coisa que me restou foi encarar os olhares de reprovação envergonhada... Atolada em minha desgraça!

_ Brookie, você diz bobagens demais! – indignei-me com os olhos marejados, abracei-a. – Não diga mais isso ok?

_ Estou sendo sincera! – livrou-se de meu abraço e encarou em meus olhos. – É insuportável viver sem Min Ho Soo! – entregou-se aos prantos, admitindo. – Eu ainda amo aquele desgraçado! Sinto falta daquele sorriso, do cheiro, e de todas as palavras ditas... Sinto falta de ser amada, de ser desejada por alguém! E isso jamais vai acontecer de novo! Ninguém jamais vai amar uma inválida que tentou suicídio! Ninguém jamais vai ter olhos pra uma incapaz!

   Não conseguia encontrar palavras de conforto. Brookie parecia estar convencida demais de suas palavras, e nada do que eu dissesse argumentaria o contrario. Mesmo porque, eu já estava chorando, contagiada por sua dor. Eu não fazia idéia de como ela se sentia, mas esforcei-me para compreender;

   Eu honestamente não entendo esse sentimento! Abracei minha amiga com todas as minhas forças, desejando com todo meu coração que sua dor parasse. Ela soluçava com a cabeça aterrada em meus ombros, e eu afagava seus cabelos com carinho. Será que Brookie não fazia idéia do quanto era linda? Como ela tinha coragem de duvidar de sua capacidade?

_ Preste atenção... – sussurrei em seu ouvido. – Você vai conseguir Brookie! Eu vou ajudar você! Não quero mais ouvir você dizer isso... Lamentar não adianta agora! Na hora certa, você vai entender seus sentimentos!Alguem ou alguma coisa vai acontecer, e tudo vai fazer sentido como antes... Eu sei disso, tenho certeza!

_ Não diga bobagens Chiao Ana! – debochou de mim. – Aposto que você nem sequer acredita no que diz... Nada do que diz faz sentido! – enxugou suas lagrimas.

_ Lógico que faz! Não quero nunca mais ouvir “Min Ho Soo” entendeu? Ele é um cretino e você não o ama, só esta acostumada, acomodada! 

   Brookie nada disse, permaneceu em silêncio enquanto eu guiei sua cadeira até o centro da quadra. Não questionou, nem reprovou-me com os olhos... Parecia tão perdida em pensamentos quanto eu.

_ Vou sentar você no chão, ok? – perguntei segurando em seus braços.

_ O que? Pra que? – finalmente disse, com tom indignado.

_ Quero me sentar aqui com você, podemos? Quero seu colinho... – sorri.

   Calou-se novamente. Apenas revirou os olhos envergonhada enquanto eu segurei em seu tronco com algum esforço, e finalmente consegui senta-la no chão, deitando-me em suas pernas.

_ Se quiser fazer carinho no meu cabelo eu deixo... – sugeri descarada.

   Cobri meus olhos do clarão e apreciei as caricias de Brookie. Seus dedos delicados acariciavam-me os cabelos e a bochecha, enquanto ambas nos encontrávamos perdidas em pensamentos.

_ E essa cicatriz hein... – murmurou.

_ Nem me diga... Quando eu pensei que não podia piorar... – sussurrei.

_ Acho que ela some daqui a um tempo.

_ Não tenho certeza disso... Às vezes parece camuflar, mas tem dia que ela simplesmente se destaca. Como hoje, por exemplo!

_ Talvez fique só uma marca pequena, insignificante... – deslizou seus dedos pela cicatriz. – Mas é incrível como você não deixa de estar linda! – sorriu.

_ A sim, claro... – ironizei.

   Conversávamos baixo, evitando o eco. Ficamos ali por minutos que pareceram horas. Algumas vezes conversávamos, outras simplesmente nos perdíamos em pensamentos. Encarei seus olhos algumas vezes tentando perscrutar seus pensamentos, mas ela encarava o teto, e eu voltava a pensar sobre milhares de outras coisas.

  *mensagem*

   “ BOMBA!!!

      A aluna Chiao Ana esta grávida! Quem será o pai? Qual dos dois seqüestradores? Kekeke~

                                        Blog da Escola”

_ E agora? – perguntou enquanto guardávamos nossos respectivos celulares.

_ E agora o que? – fechei os olhos, conformando-me e controlando meu pânico.

_ Idiotas... – bufou. – Não vai fazer nada?

_ Não sei o que fazer Broo – murmurei. – Logo eles esquecem... e-esse blog é um lixo!

   Não queria pensar naquilo. Tentei convencer-me de que todos esqueceriam aquilo com o tempo... Agarrei-me em tal idéia e voltei a fechar os olhos.

_Temos que ir! – cutucou meu ombro, despertando-me de meu cochilo.

_ Não quero ir... – choraminguei.

_ Esta com medo das pessoas lá fora? – indagou.

_ Também... – admiti. –Mas alem disso, estou tendo umas idéias... – sorri. No entanto, Brookie permaneceu encarando-me, esperando o desfecho de minha cara de pau. – Hoje você vai andar! – fiquei de pé.

   Segurei nos braços de Brookie e puxei-a em um impulso. Suas pernas falharam, mas com algum esforço, consegui mantê-la em pé, mesmo escorada em mim.

_ O que andou aprontando na fisioterapia? – perguntei.

_ Nada demais! Só fazemos alguns exercícios pra ver se eu sinto meus pés ou pernas.

_ E você sente? – questionei.

_ As vezes... – suspirou. – O que esta tentando fazer sua louca? Me solta, suas intenções são boas, mas não estou preparada pra isso...

_ Pare de impor desculpas! Não vou soltar você, você vai andar! – encarei firme em seus olhos. – Confie em mim!

   Segurei com toda a fora em seus braços, sustentando seu peso e ameaçando dar o primeiro passo.

_ NÃO! – disse um tanto descontrolada. – Não faça isso, eu vou cair!

_ Não vou deixar você cair, calma! – ri de seu desespero.

_ ESPERA, ESPERA, ESPERA! – disse em um tom apavorado, fazendo-me rir mais ainda. Seus gritos ecoavam pela quadra.

   Esperei ate que ela pudesse de equilibrar, e passei a segurar somente em suas mãos.

_ Vamos Broo, eu confio em você! Sei que vai conseguir... – disse ameaçando soltar as mãos.

_ Não solte! Eu vou cair se soltar! – implorou com os olhos.

   Encarei em seus olhos, desejando toda a força do mundo e a soltei. Ela ameaçou gritar, mas antes que o fizesse, conseguiu equilibrar-se e encarou-me vitoriosa. Eu apenas sorri como retribuição. Queria mais, sabia que ela podia fazer mais...

   Afastei-me aos poucos, dando quatro passos para trás e desafiei-a com os olhos antes que os fechasse. Cobri-os com as mãos e esperei que ela chegasse ate mim.

_ Não faça isso Ana, eu vou cair... Me ajuda!

   Permaneci calada. Eu confiava em Brookie, sabia o quanto ela era capaz. Não sei por que, mas no fundo eu tinha a certeza de que ela tinha algum tipo de bloqueio, que a impedia de andar. Talvez pelo trauma, ou pela traição, não sei; mas eu acreditava piamente que ela era capaz de andar. Só bastava querer.

_ Estou conseguindo! – disse eufórica. – E-estou quase... – queria logo abrir os olhos, vê-la andando e pular de felicidade, mas não queria surpreendê-la.

   E por mais difícil que seja de acreditar, sentia sua presença aproximando-se de mim. Ansiava por sentir o toque de suas mãos chegando ate mim, mal via a hora.

_ Finalmente encontrei você! – ouvi uma voz irreconhecível invadindo e ecoando na quadra, de modo que abri os olhos para identificar.

   Percorri com os olhos pelos cantos do local, ate que encontrei um garoto mais perto do que previa de nós duas. Não consegui reconhecer de imediato, mas conforme se aproximava, pude identificar perfeitamente quem era.

_ DooJoon? – disse incrédula.

   Nesse momento Brookie virou com tudo, completamente tomada por um impulso. Havia me esquecido de sua paixonite pelo amigo de JunHyung, e quando menos esperei, a ruiva desequilibrou-se longe demais para que eu pudesse alcançá-la.

_ Peguei você! – antes que a desastrada caísse em um tombo feio, DooJoon segurou-a em seus braços e deixou-a de pé. – Tudo bem? – perguntou com os olhos fixos nela. – Posso soltar você? – perguntou atencioso.

_ Não... – Brookie disse lentamente, como quem iria desmaiar.

   No inicio ele riu, mas tornou sua expressão seria assim que pousou os olhos na cadeira de rodas não tão longe de nós. Todos nós nos tornamos tensos, encaramos uns aos outros, e eu fixei meus olhos em Broo, que tornou-se evidentemente envergonhada pela situação.

_ O que faz aqui? – perguntei finalmente, quebrando o gelo.

_ Verdade... – limpou a garganta com um pigarro. – B-bem, Jun disse que eu encontraria você aqui... – encarou-me, ainda segurando Brookie.

_ Jun? – perguntei confusa. – E onde ele esta? Porque não veio ele mesmo?

_ Ana... – Broo quebrou o dialogo, encarando em meus olhos, provavelmente pedindo por socorro.

   Não pensei duas vezes antes de segura-la, e DooJoon soltou-a, um tanto envergonhado também. Sentei-a no chão – assim como estávamos antes – e me sentei ao seu lado. Ambas encaramos o garoto para que ele se sentasse também, algo me dizia que teríamos uma longa conversa...

_ Antes de mais nada... – suspirou – Isso te pertence... – disse estendendo uma folha de papel dobrada em minha direção. Sentou-se a minha frente em seguida.

_ O que significa isso? – perguntei encarando a folha.

_ Jun pediu que eu a entregasse!

_ DooJoon-shi, o que esta acontecendo? Q-quer dizer, porque Jun não veio? – perguntei um tanto apavorada. Era de minha natureza imaginar todos os tipos de tragédias possíveis, antes de ter o conhecimento dos fatos reais.

_ Antes de qualquer coisa, acalme-se! – riu. – Você esta bem? Q-quer dizer... – hesitou – Eu soube...

_ Soube do que? – confusa.

_ Bom, os boatos... – encarou-me sem jeito – Não que eu leia esse blog, mas todos estão comentando então...

_ Aish... – cocei a cabeça, frenética. – O blog, verdade! – bufei. – Olha, tudo não passa de uma mentira cabeluda! Não estou grávida... – expliquei.

_ Eu sei! – riu. – Eu não acredito em uma palavra desse blog nojento! Só perguntei pra saber como você esta... deve ser ruim ter boatos assim espalhados dessa maneira... Principalmente sobre esse assunto tão delicado... As pessoas nessa escola são cruéis.

_ Na verdade, já que ainda não encarei as pessoas lá fora, não esta tão difícil assim de suportar... Mas essa esta longe de ser minha preocupação inicial... – implorei com os olhos para que ele dissesse algo sobre Jun.

_ Certo... – encarou a Brookie e a mim. – Sinceramente, não sei muita coisa! – percorreu com seus dedos por seu cenho. – Acho que ele esta explicando tudo nessa carta, então acho melhor ler, e depois me contar porque também quero saber... – sugeriu.

_ Ok... – disse tomada por um frio na barriga.

   Abri a folha de papel cuidadosamente. Meus olhos encontraram os de Brookie algumas vezes antes que eu dedicasse minha total atenção à caligrafia perfeita de Junhyung.

   Engoli a seco ao ler as primeiras palavras, e ignorei absolutamente tudo conforme aprofundava-me no conteúdo do papel.

  “Meu Trem Desgovernado,

   Desculpe-me não conversar com você como pretendia, frente a frente. Bem, eu sou realmente péssimo com as palavras, principalmente escrevendo! Eu poderia simplesmente escrever uma de minhas musicas aqui, mas acho que elas não dizem o suficiente...

   Primeiramente, quero dizer que estou feliz por você, por finalmente ter seguido seu coração e libertado o que tinha pra dizer a muito tempo. Foi tão difícil assim? (kekeke~)

   Essa será a ultima vez que saberá de meus sentimentos; (espero que rasgue-a assim que ler). Acredito não ser novidade nenhuma que eu amo você! Seu sorriso, seu cheiro, seus olhos lindos e grandes e essa sua personalidade desastrada ♥ Eu sou completamente apaixonado por cada pedacinho seu, cada palavrinha complicada que você pronuncia com esse sotaque delicado. E eu honestamente não consigo enxergar o fim de tal sentimento. As vezes sinto como se pudesse amar você pra sempre, como se esse sentimento nunca pudesse me deixar...

   A verdade é que nunca vou encontrar alguém como você! Tão incrível, amorosa, engraçada e principalmente humana. São infinitas as coisas que me admiram em você, mas a mais marcante é como você consegue ser tão real. Nunca vou me esquecer de cada detalhe seu, de cada dia que passamos juntos e cada beijo. Vou me arrepender pra sempre por não ter sido o suficiente...

   Você ficara marcada em meu coração pra sempre Chiao Ana, como a menina mais maravilhosamente imperfeita que amei de verdade. Ou talvez a única;

   Prometo não ficar muito tempo longe; logo estarei de volta, e poderei apóiá-la, assim como costumava fazer antes de me apaixonar... Eu espero realmente que esteja feliz! Espero que ele te faça tão feliz quanto eu sempre quis fazê-la...

    Não se sinta em nenhum momento triste, ou culpara por mim, por favor. Essa carta não tem a intenção de faze-la mudar de idéia – longe de mim – mas sim que você saiba pela ultima vez o quanto eu te amo, pois eu prometo nunca mais dizer!

   Espero que esteja bem, ou pelo menos viva quando eu voltar... Não se meta em encrencas entendeu? E espere por mim, quero voltar a ser seu travesseiro, e você, minha amiga chorona e escandalosa...

   ‘On Rainy Days’ será sempre nossa musica – e talvez seja tudo o que eu tenha pra dizer agora –  a  quadra sempre será nosso cantinho secreto, e você sempre será minha pequena... Eu amo você desastre natural, pela ultima vez, eu amo você!

                                                                     JunJun-shi”

   Quando me dei conta, havia manchado o papel com algumas lagrimas enquanto Brookie e DooJoon encaravam-me com pontos de interrogação em suas expressões. Não conseguia dizer absolutamente nada, apenas chorar.

   Eu amava JunHyung. Amava demais e me odiava por fazê-lo sofrer. Por mais que ele estivesse tentando ser forte, ou esconder, eu sabia o quanto ele estava ferido. O quanto seu coração estava machucado por minha culpa.

   Por mais que tivesse pedido ajuda aos céus, nenhum tipo de salvação me foi concedida no fim das contas... Qualquer decisão que tomasse acabaria fazendo alguém – alem de mim – sangrar. E estava sendo doloroso demais saber que esse alguém estava sendo JunHyung.

   Brookie e DooJoon liam a carta que antes estivera em minhas mãos, enquanto a única coisa que sabia fazer era chorar. As palavras repetiam-se dentro de mim, e eu automaticamente imaginava JunHyung escrevendo-as.

_ Ele vai ficar bem... – DooJoon disse após suspirar. Seus olhos marejados encarando-me. – Eu sei que ele vai!

_ Ana, por favor, pare de chorar...

   Eu não conseguia. Que tipo de monstro era eu afinal? Apareci tão inusitadamente na vida dele, e acabei fazendo-o sofrer dessa maneira. Tão monstruosa e cruel. Me odiaria para sempre!

_ N-nunca vou me perdoar – murmurei quase inaudível. 

_ A culpa não é sua. – DooJoon disse aproximando-se de mim. – Ele não culpa você!

   Não conseguia encarar nenhum dos dois nos olhos. Aterrei minha cabeça entre minhas mãos e entreguei-me ao pranto, sentindo um terrível torpor aproximando-se.

_ Eu o conheço há muitos anos... – suspirou. – E nunca o vi assim! Mas posso dizer que você o tornou uma pessoa melhor! Acho que uma pessoa, pra se considerar realmente uma pessoa, tem que passar por determinados sentimentos... JunHyung sempre foi frio demais, cauteloso e calculista! Você o tornou mais real, mais risonho, mais impulsivo! E isso não refletiu só no relacionamento de vocês, mas sim em toda a vida dele... Em todas as atitudes que ele passou a tomar depois que conheceu você! Um homem nunca pode se considerar um homem por inteiro se nunca amou alguém... E agora, graças a você, ele é um homem completo! – bagunçou meus cabelos. – Vamos, pare de chorar!

   Porque ele tinha que ser sempre tão bom? Porque Junhyung tinha que ser sempre tão racional e compreensivo? Às vezes, se ele me xingasse, se me humilhasse e me castigasse, talvez assim eu me sentiria melhor. Mais aliviada da dor que causei a ele. Mas o fato dele ser tão compreensivo e bom, tornava tudo dentro de mim mais difícil. Como se quisesse esfregar na minha cara o tipo de pessoa maravilhosa a quem eu estava machucando.

   Como eu poderia não me odiar?

   E eu mesma acabei afastando o meu porto seguro de mim. Acabei destruindo meu porto seguro. Mas apesar de tudo, sentia guardado e vivo todo o amor que sentia por ele. E tive a certeza de que ele permaneceria dentro de mim; vivo e intenso, porem, quieto.   


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Notas finais do capítulo

final super flop, sorry for this. Ultimamente ando péssima pra finais, repararam? :/ acho que estou cansada e sem criatividade, então vou entender caso vocês não tenham gostado desse cap! Na verdade, ele é mais um daqueles capítulos que desencadeiam acontecimentos de capítulos futuros .-. [/aquela velha história~
PRÓXIMO CAPÍTULO INTEIRO DE ONEW! Porque o Dubu merece o/ highfive* Bom, é isso... espero que não me matem... boa noite pra vocês coisas lindas keke ♥
(sobre o título, juro que tinha um super legal em mente, mas ele simplesmente sumiu quando eu fui escrever .-.) OIHAOISHAOIH :*