OTAMV 2: A Prima escrita por Azzula


Capítulo 18
Petrópolis


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez não demorei tanto, né? Mereço um ossinho? *---* kkk
Ontem fiquei sem internet, então dediquei-me a escrever outro capítulo, e espero que gostem.. Boa leitura meus amores, e obrigada aos reviews deixados no ultimo capítulo! Notas finais (:



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“Atenção passageiros, o avião aterrissara em dez minutos.” – aquela voz irritante.


Depois de longas horas de viagem, finalmente pousaríamos no aeroporto do Rio de Janeiro. Já não agüentava mais balbuciar dentro daquele avião e sentir náuseas de dez em dez minutos.

Se pelo menos a bateria do meu iPod não tivesse acabado, eu estaria ouvindo música ao invés dos roncos de appa. JaeSoon dormia feito pedra na poltrona ao lado, mas despertou assim que o avião passou por uma leve turbulência antes de pousar.

_ Tudo bem? – perguntou-me preocupado.

_ Sim. – respondi baixo.

O que tínhamos a fazer no Brasil não era nada de empolgante. Em outras ocasiões, eu estaria com um sorriso maior que a boca, apenas por ver o mar por debaixo do avião. Estaria radiante apenas por sentir o calor do sol, e a energia que o país me transmitia. Porém, voltar para casa pra tratar de assuntos chatos com advogados não era uma idéia nem um pouco atraente para mim, mas segundo appa isso era importante. Por isso ele estava comigo.

Já no aeroporto, pegamos um táxi que nos levaria para Petrópolis. Eram apenas alguns quilômetros de distância, e a casa onde morava ficava perto do litoral. Senti meu coração apertar só de lembrar que a casa estaria sozinha, sem a presença de meus pais e amigos queridos.

Permanecemos o caminho todo em silêncio. JaeSoon era um ótimo pai, mas não tínhamos tanto o que conversar. Em outras ocasiões eu falaria até pelos cotovelos, mas eu estava triste e vazia. Sem criatividade ou vontade de conversar, e ele percebeu isso.

Enquanto passávamos pela praia ele elogiou a cidade com um sorriso entusiasmado, e quando tirei a atenção de meu livro para prestar atenção no caminho, notei que já estávamos em minha querida Petrópolis.

Minhas mãos tornaram-se tremulas assim que chegamos em casa. JaeSoon appa deu dinheiro ao motorista enquanto eu tentava – com algum esforço – encaixar minhas chaves antigas na maçaneta. Finalmente entramos, me dirigi automaticamente às janelas e abri as cortinas, permitindo que o sol do fim de tarde invadisse os cômodos.

_ Você cresceu em uma bela casa! – ele elogiou.

_ Obrigada. – forcei um sorriso.

Minha casa tinha lá seu toque brasileiro, mas pelo fato de meu pai ser coreano, alguns detalhes e decorações não eram tão diferentes dos que appa estava acostumado a ver.

_ Os advogados devem chegar daqui a pouco. – encarou seu relógio – Não sei ao certo... – seu tom confuso – Com a mudança de horários, meu relógio ficou louco, estranho... – sorriu.

_ São quase cinco horas appa, daqui a pouco eles chegam. – disse encarando o velho abajur ao canto da sala. Aquele abajur velho e estranho que passou de geração em geração por minha família, e eu o detestava desde pequena. – Quer comer alguma coisa? Acho que deve ter algo pra fazer, não sei... – disse seguindo para a cozinha.

A sala de minha casa tinha dois ambientes, seguidos por um portal de madeira que as dividia com a cozinha. Apenas um balcão amadeirado separava os cômodos, mas a cozinha era realmente grande, uma vez que minha mãe adorava cozinhar. Atravessei a mesa de jantar, abrindo um dos armários em busca de algum alimento.

_ Ana? – encostou em meu ombro.

Demorou alguns segundos para perceber que eu estava chorando. Sem querer deixei algumas lágrimas escaparem, e quando dei por mim, estava ali parada em frente ao armário há alguns minutos.

_ Me desculpe. – enxuguei-as rapidamente.

_ Não tem problema chorar... – afagou meus cabelos. – Você tem sido forte nesses últimos dois dias, mas pode desabar quando quiser, eu não me importo... Eu entenderei.

_ Obrigada. – sorri como agradecimento.

Antes que pudéssemos decidir o que comeríamos, os advogados de meus pais chegaram, e todos nos acomodamos na sala de estar.

_ Primeiro, queremos deixar nossos sentimentos... – a advogada Lúcia disse – Seus pais eram clientes adoráveis, e esse tipo de perda é muito dolorosa... Sentimos muito.

_ Obrigada.

_ O que ela disse? – appa perguntou.

Era complicado, mas ao longo da conversa acabei me acostumando com o fato de ter que traduzir tudo o que me era dito para o coreano, e ser orientada de forma correta por appa.

_ Seus pais deixaram seu nome no testamento, como única herdeira... Logo, essa casa e os outros imóveis que vocês têm em São Paulo e Florianópolis pertencem a você. Pode fazer o que quiser com eles, mas nós aconselhamos que você venda uma das casas e alugue o restante. – o advogado de cabelos grisalhos orientou.

_ E-eu não gostaria de me desfazer dessa casa. – murmurei.

_ Bem, o destino dos imóveis fica a seu critério... – disse Lúcia. – Só estamos orientando – sorriu. – Agora, existem coisas como onde e com quem você ficará... Pelo que consta aqui, você fará dezoito anos em pouco mais de três semanas, então encaminha-la para um orfanato não seria o correto. Mas o que você pretende fazer agora? Tem planos de continuar com o intercâmbio, ou vai cuidar dos negócios de seus pais aqui?

Traduzi à JaeSoon enquanto pensava sobre meu futuro. O que seria o certo a se fazer? Eu não tinha pensado sobre nada disso, não conseguia nem pensar direito, quanto mais decidir meu futuro! Talvez meus pais esperassem que eu tomasse conta dos negócios, mas ser responsável por uma rede de restaurantes não era bem minha intenção, e eles sabiam disso.

Enquanto appa pensava em alguma coisa, eu procurava alguma resposta para dar aos advogados.

_ Bem, talvez eu pudesse vender as ações dos restaurantes aos sócios dos meus pais... – suspirei – Quer dizer, não sei se eles gostariam de ver tudo o que construíram ser jogado fora assim, mas eu realmente não faço idéia de como administrar tudo... – admiti. – Eu sinceramente não sei o que fazer daqui pra frente... Até dois dias atrás, eu achava que meus pais sempre estariam aqui, eu sempre saberia onde encontra-los quando precisasse, mas tudo mudou repentinamente... – reprimi uma lágrima. – Me desculpem por não ser tão madura, e estar tão despreparada pra tomar essas decisões.

_ Nós entendemos querida. Veja bem, você não precisa necessariamente vender as ações aos sócios de seus pais. Se preferir, pode deixar que nós cuidemos de tudo relacionado aos restaurantes... – Lucia ia dizendo pausadamente enquanto eu traduzia a JaeSoon. – Seus pais confiaram em nossa advocacia por muitos anos, nós sinceramente somos capazes de cuidar dos negócios de sua família com honestidade...

_ Não parece tão ruim! – JaeSoon se pronunciou após eu ter traduzido.

A partir daí, eu fui mais como uma interprete para appa e os advogados. Eles conversaram sobre assuntos burocráticos enquanto eu traduzia simultaneamente o que era dito.

No fim das contas, acabamos por decidir que a casa em Fernandópolis seria avaliada e vendida, e os dois imóveis em São Paulo estariam disponíveis para locação. O lucro seria depositado em uma conta particular que eu teria acesso assim que completasse dezoito anos, até lá o escritório de advocacia cuidaria de tudo pra mim.

Eu sinceramente não confio muito em advogados, mas JaeSoon era um e dizia-me que aquilo era o melhor a ser feito, principalmente para eu não ter que me preocupar com coisas como essa tão cedo. Os lucros do restaurante seriam depositados na mesma conta, e um representante – que poderia ser um dos dois advogados – seria como meu porta-voz. Sempre que eu precisasse tomar alguma decisão com relação aos negócios, ele entraria em contato comigo e faria o que eu dissesse. Talvez eu realmente estivesse em boas mãos...

Os advogados acabaram por ir embora, e eu pedi comida em um restaurante local. Um pouco de comida brasileira seria bom para matar minha saudade, e impressionar o paladar de appa, que era tão acostumado com comidas asiáticas e enfim...

_ Não se preocupe, ok? – mastigava com gosto. – Esses advogados são assustadores, mas não me parecem ser desonestos! Assim que voltarmos para a Coréia, eu peço a um de meus assistentes que investigue sobre esse escritório... Gosto de saber onde estou pisando. – sorriu. – Não se preocupe com os restaurantes também... Esse tipo de coisa acontece muito, não são tão difíceis de resolver... O bom é que você estará lucrando sem precisar se estressar com toda a burocracia que seus pais provavelmente se preocupavam...

_ Hm... – disse distraída.

Não que aquele assunto não me interessasse, mas acabei por me perguntar se aquilo estaria de acordo com os planos que meus pais tinham. Claro que eles não imaginavam morrer, mas eu não queria tomar uma atitude idiota e acabar decepcionando-os. Talvez eu devesse ficar e tomar conta dos negócios! Desistir dessa história de intercâmbio e relações internacionais... Quem sabe, meu destino fosse tomar conta de tudo que meus pais construíram, e começar uma nova vida. Uma nova vida sem eles...

_ Você está preocupada ainda? – sua boca cheia de batata frita – Não se preocupe minha querida, SoonHyun e eu amamos você, e você não está sozinha! Nunca deixará de ter um lar, pois realmente queremos que você viva conosco...

_ É que... Talvez – hesitei – Talvez seja hora de crescer... Quem sabe isso tudo não aconteceu pra eu criar responsabilidade, e tomar frente das coisas que meus pais lutaram tanto para conseguir... – encarei seu rosto seriamente – Acho que eles não gostariam que eu abandonasse tudo... Seria como se eu estivesse me desfazendo de todo o esforço que tiveram... Appa, acho sinceramente que devo ficar.

_ O q-que? – largou os talheres. – Tem certeza disso?

_ Acho que é o certo a fazer. – outra lágrima escapando por meus olhos.

Ele não tentou convencer-me do contrario. Nós apenas terminamos o jantar, e eu o apresentei para o quarto de hóspedes, onde ele ligou seu notebook e começou a trabalhar. Eu segui para a cozinha e lavei as coisas que sujamos, deixando as tudo em seu devido lugar.

A cada cômodo que entrava, dava de cara com retratos que despertavam uma saudade imensa em mim. Entrei em meu quarto depois de muito tempo, e comecei a chorar novamente, mas desta vez, permitindo-me fazer isso. Não interrompi as lágrimas, apenas fiz de tudo para que appa não percebesse. Tudo estava perfeito, como minha mãe sempre fazia questão de deixar.

Eu não teria coragem para entrar no quarto de meus pais, pelo menos não tão cedo. Então tomei um banho delicioso, e usei as roupas que estavam guardadas há muito tempo na gaveta. Acabei por adormecer enquanto perdida em pensamentos, e despertei de um sonho estranho assustada com o celular vibrando embaixo de meu travesseiro.



*mensagem*

“Por favor, nem pense nisso! Não pense em me deixar aqui, eu simplesmente não conseguiria viver...

Kiseop”



_ Ãh? – cocei a cabeça confusa.

Deixei o cômodo sonolenta. O relógio em meu celular mostrava uma e meia da madrugada, mas ao passar pelo corredor, notei a luz acesa por debaixo da porta do quarto de hóspedes.

_ Appa? – bati na porta.

_ Sim... Entre... – entrei.

_ Não consegue dormir? – perguntei – Por acaso a cama está desconfortável?

_ Não, a cama é ótima! – pulou no acolchoado – Eu estou colocando SoonHyun a par das coisas que conversamos com os advogados... Eu acabei por comentar que você estaria pensando em ficar... – suspirou.

_ O que ela disse? – perguntei.

_ É claro que ela se opôs, fez um drama e disse pra eu força-la a voltar, mas eu expliquei seus pontos... Se me permite Ana, darei minha opinião... Essa é uma atitude muito admirável de sua parte, mas você ainda é uma menina... Não precisa cobrar tanto de si, seus pais não a julgariam por realizar o seu sonho. – seus olhos pesados sobre mim.

_ Realmente não sei o que dizer sobre isso appa... – murmurei – Nada me tira da cabeça, que eu tenho isso como uma obrigação! Pelo menos me deixe tentar! – pedi – Eu realmente quero perseverar nisso... Sinceramente, não sei se irei dar conta, mas quero dar o meu melhor, e quem sabe crescer e amadurecer administrando os negócios de meus pais. Esse era o sonho deles, e sinto que eu devo continuar... É como uma maneira de deixá-los vivos, pelo menos dentro de mim.

_ Você é quem sabe criança... – forçou um sorriso amistoso. – Se quiser, não precisa voltar comigo... Eu cuido pessoalmente de sua transferência, e mando o restante de suas coisas em uma semana...

_ Acha que SoonHyun omma ficaria chateada por não me despedir? – perguntei insegura.

_ SoonHyun é compreensiva... Acho que aquela despedida que durou mais de dez minutos vai consolá-la... Existe a possibilidade de ela ter percebido que isso poderia acontecer, por isso agarrou-a por tanto tempo! Ela é extremamente sensitiva nesses pontos... Ela é terrível! – sorriu apaixonado. – Além do mais, SoonHyun entende que viagens assim são cansativas... Não tem cabimento você voltar só para se despedir...

_ É, tem razão. – disse pensativa.

Senti meu coração apertando-se de um jeito devastador. As lagrimas simplesmente jorraram contra minha vontade assim que pensei em Brookie, Onew e JunHyung... Não pude impedir que um grunhido escapasse assim que pensei em Kiseop, pois eu o amaria para sempre, mas precisava tentar fazer tudo certo! Precisava tentar por meus pais!

Eu me despedi de todos eles antes de retornar ao Brasil, mas todos – inclusive eu – pensavam que eu iria voltar em breve. Não foi o tipo de despedida em que sabíamos que demoraríamos a nos ver novamente, mas talvez fosse melhor assim...

Pelo menos eu pude vê-los com um sorriso no rosto, tentando animar-me. Eu era péssima com despedidas, sempre me faziam chorar. A diferença é que eu não pretendia mais voltar. Apenas deixaria de devastar a vida de todos, e seguiria meu caminho sozinha, como estava pretendendo fazer a alguns dias atrás... Lógico que quando decidi voltar, pensei que meus pais estariam me apoiando em minhas decisões, mas confortou-me pensar que por um momento, os céus estivessem guardando algo maior para mim, mas que antes, eu precisasse realmente merecer...

JaeSoon e eu conversamos um pouco mais, e eu acabei rendendo-me ao sono e seguindo para meu quarto novamente.


*mensagem*


“Eu sinto muito. Sei que isso não é o bastante, e nem o que você quer ouvir de mim, mas é só isso que eu sou capaz de dizer. Não o decepcionarei mais. Talvez seja melhor assim, então, por favor, trate de ser feliz e guarde lembranças boas sobre mim... Sobre nós.

Chiao Ana”



_ Eu te amo muito. – murmurei adormecendo em seguida.




___




Depois de resolvermos alguns assuntos importantes com os advogados, e deixa-los a par de minha decisão sobre morar no Brasil, appa já não tinha mais o que fazer. Estávamos novamente no aeroporto, aguardando seu embarque enquanto nos despedíamos.

_ Despedidas não são o meu forte... – disse com olhos marejados, disfarçando isso.

_ Acho que não são o forte de ninguém... – abracei-o. – Obrigada appa! Eu não tenho nem palavras para agradecer tudo o que tem feito por mim... Você e SoonHyun omma estarão para sempre em meu coração...

_ O minha querida, nós é que agradecemos! Você foi como uma filha que eu e SoonHyun não pudemos ter! Nós realmente amamos você, e me corta o coração deixa-la aqui! – desfez o abraço, limpando rapidamente a lágrima que escapava no canto dos olhos. – Se as coisas tiverem desmoronando por aqui, deixe tudo e volte para casa! Nós podemos resolver tudo, juntos! – sorriu.

_ Obrigada! – acompanhei-o até o portão de embarque.

_ Não deixe de mandar noticias, sim? – alertou. – Estaremos sempre pensando em você!

_ Ok, eu mando! E por favor JaeSoon appa, dê um beijo em todos por mim... Diga que eu sinto muito por não me despedir pessoalmente, e que eu os amo muito!

_ Certo, direi tudo isso a Kiseop! – rimos. – Eu estou com o seu endereço, então mandarei as coisas o mais rápido possível... Adeus!

Vê-lo partir foi algo que cortou meu coração. Talvez as pessoas tenham se sentido assim quando me viram partir. É estranho pensar assim, pois pela primeira vez, eu era quem estava sendo deixada, enquanto alguém querido partia diante de meus olhos.

Na verdade, essa história de ter que me despedir assim das pessoas, estava acontecendo demais nos últimos dias.

Sem demorar muito no Rio de Janeiro, peguei um táxi e parti imediatamente para casa. Era bom falar meu idioma depois de tanto tampo pronunciando a língua coreana.

Eu admirava a praia deserta no caminho, e ameacei sorrir, mas era difícil. Em contra partida, uma lágrima escorreu por minha face, seguida de várias outras. Coloquei os fones de ouvido e assim que liguei o iPod, pude ouvir a voz suave de Kevin cantarolando uma melodia conhecida. Foi impossível não me deixar levar pelo embalo de meu pranto, pois comecei a lembrar-me de cada momento importante que passara na Coréia, e todas as coisas vinham em um turbilhão de flashs.

Meu primeiro beijo, minha primeira vez que acontecera a tão pouco tempo com alguém que eu amava e já estava morrendo de saudade; A escola, Onew e seu sorriso ensolarado sobre mim; JunHyung e seus abraços protetores... E minha melhor amiga Brookie. Morreria de saudade dos conselhos de minha melhor amiga...

_ Está tudo bem moça? – o motorista encarava-me pelo retrovisor.

_ S-sim... – suspirei enxugando as lágrimas – Está, obrigada...

_ Se por acaso as coisas não estiverem dando muito certo, apenas dê um tempo... As soluções vem até você! – disse baixo.

_ Espero que tenha razão... – disse ainda mais baixo.

_ Você não é daqui, é? – perguntou curioso.

_ Eu nasci aqui... Por quê?

_ Ah, não é nada... É só que tem um sotaque diferente... – lembrei-me então de que meu português não estava perfeito... Depois de morar por algum tempo na Coréia, acabaria demorando a me habituar com os fonemas da língua portuguesa.

_ Hm... – murmurei sem ter muito o que dizer.

_ Sabe moça, pela sua carinha eu diria que está longe de alguém que ama... Eu amava muito minha namorada Dalila, ela era linda, precisa de ver... Meu sonho era morar no Rio e eu acabei vindo pra cá, jurando que a traria assim que arrumasse uma casa... Quando eu voltei, ela estava noiva do meu visinho, e eu acabei virando motorista de táxi... – lamentou. – Sempre que estou com saudade dela, fico com essa mesma carinha...

_ Eu sinto muito. – disse.

_ Mas sabe, isso me fez pensar em várias coisas depois... – limpou a garganta. – Se eu tivesse desistido do meu sonho de vir pra cá, eu tinha me casado com ela e talvez fosse pai de dois ou três filhos hoje... Sinceramente, ser motorista de táxi não era bem o que eu imaginava pra minha vida... Quando eu olho pra esse tamanho de mar, as coisas valem a pena, mas quando estou sozinho no meu cafofo, fico pensando que poderia ter vindo junto com a Dalila desde o começo, e a gente ia construindo nossas coisas aqui aos poucos... No começo ia ser difícil, mas pelo menos ela não ia ter conhecido o meu vizinho... Entende o que eu quero dizer? – sorriu.

_ Mais ou menos... – disse confusa, perguntando-me se eu estava a conversar com um louco.

_ Assim moça, eu fiquei tão cego pela minha teimosia, que acabei perdendo a mulher da minha vida... Eu achei que fosse dar conta sozinho de arrumar uma vida melhor pra nós dois aqui... Só depois de mais velho que eu fui perceber que sem ajuda a gente não consegue nada nessa vida. Eu só conseguiria realizar meus sonhos se ela tivesse comigo, porque a gente precisa de alguém pra nos dar força... Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente! Não me meteria a besta de cair nessa cidade sozinho... – abriu um pouco mais seu vidro. – Mas eu já falei demais... – calou-se em seguida.

Calei-me também, contemplando o restinho do caminho de volta. Aquele trecho da praia sempre me agradava, pois era ali que eu havia passado alguns de meus feriados com meus pais e alguns amigos.

E apesar de já estar morrendo de saudade de Seoul, eu estava ansiosa pela nova vida que estava prestes a começar. Sempre fora alguém faminta por independência, e eu estava finalmente tendo minha chance...



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Notas finais do capítulo

Sou má, não nego. Surpresas nos próximos capítulos, mas acho que vocês já vão ficar especulando sobre o que é, então... Espero que tenham gostado desse, não tenho certeza se ficou bom porque ontem estava super sem criatividade... Queria que isso acontecesse, mas não sei se os diálogos ficaram bons e enfim... Sem contar que meu computador ta querendo da a louca again, e esta me tirando do sério já... Enfim, beijos :*



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