OTAMV 2: A Prima escrita por Azzula


Capítulo 12
One For Me


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui *---* Bem, quero agradecer todos os reviews do ultimo cap. Sempre fico feliz quando os recebo, tem que ver, pareço uma boba. Esse cap ficou grande! Hoje estava animada pra escrever, mas confesso: demorou um pouquinho, I know, I know...
Tenho isso pra vocês (http://25.media.tumblr.com/tumblr_lxfmovyv9R1qckxjeo1_400.gif) Fiquei de boca aberta meia hora quando vi .-. pra que tudo isso gente? Porque ser assim? aish... *coração ate pula* Enfim, notas finais, boa leitura pra vocês meus amores ♥3
MUSICA DO CAP: 'One For Me' do SHINee *-----* (tinha que ser keke~~) Escrevi ouvindo, a voz do Onew esta puro amor, e eu amo essa musica... acho que tem a ver.



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_ Fico feliz que tenha voltado! – Yao Ming abrira seu grande sorriso de dentes discretamente desalinhados, deixando-me aliviada. Eu sinceramente esperava uma bronca por ter sumido tantos dias, mesmo depois de retornar a Coréia. – Estava a ponto de contratar outra pessoa, mas gosto de você! Não queria te perder... – deixou-me ali, recepcionando os clientes e partiu para a cozinha.

   Era bom estar de volta! Sentia falta daquele ambiente, de toda a calma e musica indie soando tão nostálgica. Ate que estava movimentado para um dia de neve. Geralmente em dias como esse as pessoas preferem ficar em casa, mas lá estavam elas, aproveitando de um bom macarrão e sorrindo com os amigos.

   As horas não demoraram a passar, eu queria tanto ficar naquele lugar que elas voaram na verdade;

_ Já esta quase na sua hora... – Ming atravessou o cômodo encarando seu relógio. – Você vem amanha, não vem?

_ Sim, claro que venho! – sorri.

_ Bom! Porque você ainda precisa me explicar como ganhou essa cicatriz! – seu sorriso desapareceu quando fitou minha expressão desconfortável. – Se você quiser, claro... – limpou a garganta. – faltam cinco minutos, pode ir!

   Peguei minhas coisas rapidamente, protegi-me com três blusas de frio grossas, o cachecol que havia pegado emprestado de Kiseop e meu gorro, partindo para encarar a imensidão de neve que teria pela frente.

_ Tchau! – abanei as mãos da porta.

   Eu amava o Brasil, mas o amor que fora crescendo dentro de mim pela Coréia não tinha explicação. A neve, as pessoas, a cultura e tradições... Tudo combinava demais comigo, tudo me agradava demais!

   Poucas vezes fora do trabalho para casa admirando Seoul, mas eu estava o fazendo; Estava encantada com todos os prédios, luzes e a movimentação das pessoas.

   *mensagem*

  “Por acaso quer uma carona? Já saiu do trabalho? Hoje mal nos falamos na escola... Estou com saudades acredita? Kekeke~~

                                              Onew *--*”

   Guardei o celular senti meu coração batendo de forma estranha. Três dias haviam se passado após o casamento e, como eu previa, Onew e eu mal nos vimos. Ele estava estranho, ou talvez a estranha fosse eu.

   Custei a admitir, mas estava completamente louca de ciúmes! O que não tem explicação nenhuma, ou talvez tenha... Mas por quê? Eu estava feliz por ele! Estava feliz porque ele estava radiante, porque ele mal continha-se de felicidade. Mas eu estava de certa forma, incomodada...

   Perdi mesmo uma parte de Onew, no momento em que ele deixou de ter olhos para mim também. Foi como se eu tivesse perdido minha importância, como se só o que importasse agora fosse Park Min, e esse sentimento não estava me fazendo bem... Afinal de contas, eu o amo!

   Aish quanto egoísmo! Que horror isso não combina comigo, mas não consigo evitar! Sinto que aquele sorriso jamais brilhara pra mim; E é como se aquele amor recíproco tivesse tornado-se necessário para mim...

   Ignorei meus pensamentos! Não fazia mais sentido, uma hora ou outra eu tinha de me desvencilhar de tais sentimentos, e isso precisava acontecer nem que fosse a força!

   Resgatei o celular no bolso de minha calça, digitando rapidamente com meus dedos trêmulos a resposta para Onew.

*mensagem*

   “Não, obrigada! XD Estou a duas quadras de casa, nos vemos amanha o/

                                        Ana (:”

   Eu tinha um longo caminho pela frente ate chegar em casa, mas quanto mais evitasse esses momentos com Onew, mais fácil seria ignorar esse tipo de obsessão que tinha por ele – não ouso chamar de amor.

   Atravessei a faixa correndo antes que a multidão de carros passasse por cima de mim. Era estranho o centro estar tão lotado em meio a nevascas, mas talvez aquele congestionamento estivesse acontecendo por conta das pessoas que estariam retornando as suas casas. A noite acabara de cair, e quanto mais tarde ficasse, mais impossível seria transitar com automóveis.

_ TEM CERTEZA? – ouvi uma voz familiar surgindo de dentro de um carro.

_ O-Onew? – arregalei os olhos. Minha mãe sempre dizia que mentiras tinham perna curta, e eu devia ter dado ouvidos...

   Ele parou seu carro no acostamento enquanto eu me encontrava imóvel na calçada, morrendo de vergonha, mas escondendo orgulhosa toda minha timidez.

_ O que esta fazendo aqui? – perguntei um tanto irritada, escondendo isso também.

_ Eu já estava a caminho quando mandei a mensagem... – disse empurrando-me para dentro do carro. – Estava indo embora quando vi uma pequena muito familiar atravessando a rua em desespero... – riu fechando a porta.

   Droga, droga, droga, droga! Sabia que esse gorro vermelho era muito chamativo!

   Onew entrou no carro, ligando-o e virando a primeira esquerda.

_ Esta bem? – perguntou encarando meu rosto, e a rua em seguida.

_ Sim! – disse ainda acanhada.

_ Mesmo? – apenas afirmei com a cabeça. – Ana... Hm... – suspirou – Esta fugindo de mim?

_ N-NÃO! – disse apavorada demais, martirizando-me por isso.

_ Mesmo? – perguntou gargalhando.

_ Mesmo... – disse encarando minhas pernas, sem tanta certeza.

_ O que aconteceu então? – parou diante do sinal vermelho.

_ Não sei... – suspirei.

_ Não me quer mais como amigo?

_ Ah Onew, por favor... – desconsiderei sua pergunta.

_ Então o que foi? – insistiu.

   Eu não sabia como responder.

   Talvez devesse admitir o fato de estar morrendo de ciúmes, mas aquilo não parecia certo. Eu devia deixar meu amigo em paz! Principalmente agora que ele encontrou paz do lado da mulher que ele ama... Não parece certo de minha parte dizer coisas para confundi-lo.

   Mas em contra partida, parece que vou explodir se não disser nada! Parece que esses sentimentos estranhos estão me esmagando... O que eu devo fazer?

_ Não sei mesmo... – nos calamos.

   Boa parte do caminho foi preenchida por The Strokes tocando baixinho no radio. Eu não sabia o que dizer, e Onew parecia esperar por qualquer tipo de resposta a sua pergunta;

_ Por acaso... – riu. – Você esta com ciúmes? – arqueou a sobrancelha ainda concentrado na direção.

_ N-não! – disse rapidamente, mas suspirei em seguida, pensativa. – Quer dizer... Acho que no fundo, eu sabia que você ia acabar me esquecendo! – admiti. – Mesmo porque, isso é algo egoísta da minha parte! Querer ter você por perto também...

   Não tive coragem de encarar seu rosto. E essa pareceu uma idéia ainda mais impossível no momento em que tive que lidar com o silencio de Onew. Eu devia ter seguido meu primeiro instinto, e não ter dito nada!

_ Você nunca vai me perder! – disse provocando-me a encara-lo. Onew mordia os lábios de um jeito engraçado, franzindo o cenho. – Eu vou sempre estar aqui, do seu lado... – sorriu.

_ Acho... Acho que sei disso. – disse baixo.

_ Então não fuja de mim! – pediu. – Talvez eu esteja sendo um péssimo tipo de homem, mas eu... – suspirou – Eu ainda sinto as mesmas coisas por você! – e meu coração congelou. – Eu ainda penso em você! E senti sua falta... Mas agora que tenho Min Hee, parece muito mais fácil vê-la somente como amiga! Quer dizer... Não me entenda mal! – riu constrangido. – É que antes mesmo do casamento, quando eu achei que ela iria se casar, eu já estava me acostumando em ter você só como amiga! Porque eu sei de seus sentimentos quanto aos outros... – encarou-me desafiador. – E sendo honesto, sei que de todos eles, eu sou o que menos atrai você!

_ Ah – arfei – Droga, como eu posso ser tão egoísta? – Onew riu.

_ Realmente, como você pode ser tão egoísta? – ironizou. – O mais engraçado de tudo isso, é que você é refém de si mesma! Me desculpe mas, você é tão irracional, que chega a ser fofo! – riu.

_ Onew, você também não, por favor... – pedi.

   Eu parecia causar a mesma impressão em todas as pessoas. Uma parte de mim daria tudo pra não ser tão digna de pena...

_ Não é pena! – ele disse, mais uma vez adivinhando meus pensamentos. – É só engraçado! Você se deixa levar por seus sentimentos de tal forma, que eles acabam falando mais alto do que qualquer outra coisa em você... E hoje em dia é difícil encontrar alguém que se entregue a esse ponto. Você é especial...

   O que dizer em resposta a isso?

_ Obrigada? – hesitei.

   Senti um calafrio estranho percorrendo por meu corpo, como se eu estivesse ansiosa. Não consegui deixar de olhar para frente, recusando-me a desviar a atenção do transito e da neve que começara a cair sorrateiramente.

   Enfim paramos em frente de casa. Onew fez questão de sair do carro apressado, e abrir a porta para mim, o que me fez rir, pois ele tremia de frio e esfregava as mãos afobado.

_ Não precisava ter saído do carro... – disse.

_ Eu quero um abraço... – abriu os braços junto com um sorriso.

   Lutadores de Kung-Fu davam cambalhotas em meu estomago, e senti minhas pernas bambas. Mas não neguei o abraço. Como negar? Acima de qualquer coisa, Onew era meu amigo, talvez o melhor de todos; que me entendia sem julgar.

   Então o abracei. Seus braços longos agarrando em minha cintura, apertando-me com certa força. Estava quente, acolhedor.

   Onew afastou-se um pouco, e encarou risonho minha face; provavelmente pensando em algo que não prestasse. Logo nossos olhares cruzaram-se, e eu me tornei inquieta.

   Tentei desprender-me do abraço discretamente, mas ele segurou-me com um pouco mais de força, como um pedido para permanecer ali. Novamente não sabia o que dizer, então permaneci calada, apenas retribuindo o olhar, perguntando-me no que ele pensava, e se ele podia entender o que se passava dentro de mim naquele momento.

_ Não vou fazer nada... – ele disse baixo. – Eu só... – hesitou – Eu amo você! – disse, provocando meus joelhos a fraquejarem. – Não vou deixar de amar você. Quero que você seja feliz, muito, muito feliz! – riu, provavelmente de minha expressão. – Não vou sair de perto de você, vou estar aqui sempre... Vou te proteger, como um amigo deve fazer!

_ O-Onew eu...

   E antes que pudesse terminar, Onew beijou minha bochecha de maneira carinhosa, sem desfazer o abraço.

   Fiquei ali, paralisada de surpresa enquanto sentia o abraço se desfazer. Antes de afastar-se, ele apertou minha bochecha risonho como sempre, seus olhos, uma incógnita.

_ Vá para dentro ou vai congelar! – sinalizou com as mãos – A menos que pretenda se tornar o boneco de neve da família Lee... – brincou. – Se for isso, desista! Os bonecos de neve costumam ser mais gordinhos... – entrou em seu carro. Como eu podia permanecer ali, sem mover um músculo sequer?

   Ainda ali, perdida em pensamentos, vi o carro de Onew afastando-se aos poucos até dobrar a esquina, logo recobrei a consciência.

_ Eu também te amo... – suspirei. – Desde a primeira vez... – admiti baixo, seguindo para a porta da casa.

   O cheiro delicioso de sopa. Eu já devia estar enjoada, mas a cada jantar era uma sopa nova, diferente e deliciosa; porque reclamar?

_ Hm, que delicia de cheiro! – elogiei livrando-me de meus tênis na entrada.

_ Sopa de novo meu amor... – ouvi a voz doce de omma gritando da cozinha.

_ Quer ajuda com a mesa? – disse invadindo a cozinha. – Onde estão os outros? – beijei sua bochecha enquanto ela mexia a panela.

_ JaeSoon no escritório, Hyori no computador e Kiseop foi jogar boliche com os meninos. Acho que vai dormir no dormitório com os meninos...

_ Hm... – disse desapontada. Queria ver Kiseop, tornou-se um habito, uma necessidade. Mesmo porque, eu já estava com saudade.

_ Que carinha é essa? – disse engraçada. – Quer que eu ligue pra ele e peça pra ele voltar? – arqueou a sobrancelha.

_ N-Não! Claro que não, deixa ele se divertir... – disse contrariada. Ter o insuportável para o jantar era tudo o que eu queria, não sei por quê.

_ Acho que ele não vai se importar se eu fizer isso! Ele não queria mesmo ir... Foi porque Eli e Kevin vieram buscá-lo. – sorriu.

_ Omma, é bom que ele se divirta! – disse pondo os pratos na mesa.

_ Falando em Kiseop, - virou-se para mim. – você já contou pra ele que eu sei? Já contou que eu dou todo o meu apoio?

_ Não! – admiti. – Na verdade, eu me esqueci! – disse me sentindo péssima por isso. – Não que não seja importante, é que com tantas coisas que...

_ Que bom! – sorriu interrompendo-me. – Eu quero poder conversar com ele sobre isso! Preciso de uma conversa mãe e filho... Preciso dizer pra ele ser responsável e esses conselhos de mãe...  – desligou o fogo. – ESTA PRONTO! – gritou para os demais na casa, assustando-me.

   O jantar foi tranqüilo. Quer dizer, fora as provocações de Hyori, tudo seguiu bem. Irritava-me não poder estapear a cara dela, mas minha sorte era ser uma pessoa bem pacifica, que apelava para todos os meios antes da agressão física. Mas bem que ela merecia meus cinco minutos.

   Depois de comer desesperadamente, como eu sempre fazia, fiquei para lavas os pratos. Mesmo morrendo de preguiça, mesmo porque, a água devia estar puro gelo...

_ Hyori, ajude-a guardando a louça, sim? – omma pediu. – Eu vou tomar banho, e você JaeSoon, espere-me no quarto! Nada de escritório... Tenho uma surpresa pra você! – nos rimos do homem rubro a nossa frente.

   Os dois deixaram o cômodo, fazendo-se um grande silencio em seguida. Não tinha sobre o que conversar com a prima, e pedia com todas as forças para que ela não tivesse o que conversar comigo também...

   Lavei os pratos com muita dificuldade. A água estava insuportavelmente fria, congelou meus dedos e deixou-os enrugados. Minhas mãos tremiam, e minha barriga estava encharcada, já que eu não sabia lavar louça sem me molhar inteira.

_ Aish... – resmunguei baixo, preparando-me para deixar a cozinha.

_ Ya... – Hyori surpreendeu-me, segurando em meu braço. Nos encaramos por um tempo, estava curiosa para saber o que ela tanto queria. Mas coisa boa não podia ser...

_ O que? – perguntei baixo, confusa.

_ Ana, não brinque comigo! – disse em tom de ameaça, baixo. – Estou avisando você, afaste-se de Kiseop! Não sabe do que eu sou capaz, eu posso acabar com a sua vida, deixar você na lama, fazer você voltar pro Brasil!

_ Hyori...

_ Acha que eu não vi ontem? – apertou meu braço. – Todos os olhares, risadinhas e brincadeirinhas idiotas enquanto assistíamos filme... Você nem sequer se esforça pra esconder da ajumma, sua puta! Estou falando serio, não brinque comigo! Ou eu acabo com você! – ameaçou.

_ Experimente fazer algo contra mim Hyori, experimente! – soltei meu braço daquela imunda.

   Ai que raiva, porque eu era tão sangue de barata? Devia sair arrastando ela pelos cabelos pela casa inteira, mas felizmente – ou infelizmente, não sei – eu não sou essa pessoa! Mas me senti mal, talvez não devesse desafiar Hyori. Sabe-se lá do que ela é capaz;

   Segui para a sala, perguntando-me se devia contar aquilo para omma. Desconsiderei tal idéia. Contaria caso as coisas saíssem de controle, mas ate então, Hyori não chegava a ser nem uma pedra em meu sapato. Tinha coisas mais importantes para me preocupar.

   Acomodei-me no sofá, e liguei a televisão. Hyori seguiu para o quarto, provavelmente dormiria, ou leria aquele livro de alto ajuda, que falava sobre “Como ser uma boa esposa”... Deixei no filme mais interessante que vi, e fiquei a vontade; não me importaria caso pegasse no sono ali mesmo, o sofá era mais aconchegante do que a esteira pelo menos.

__

   Não estava mais agüentando aquela agonia. Mal conseguia respirar, sufocada pela amordaça e pela dor que queimava em meu corpo.

   Eu não conseguia ver, tudo estava escuro demais, embaçado demais já que eu não conseguia parar de chorar. Aquele homem, encarando-me a centímetros de distancia me fazia querer gritar, mas era impossível também. O que me deixava ainda mais desesperada.

   Queria me debater, mas não conseguia. Por um momento,senti-me impossibilitada de mover qualquer músculo, meus olhos fechavam-se contra minha vontade, uma onda sonolenta tomava conta de mim.

   O homem barbado tirou um canivete do bolso, e rasgou-me o ombro, a boca, o rosto. Torturava-me com a lamina afiada, deixando ferimentos por todas as partes, estragando meu vestido florido, desfazendo-se da amordaça e beijando-me a força.

   Tive nojo de mim, usei toda a força em meu corpo para afastar aquele homem de mim, mas era impossível, eu não conseguia. Ele tentava arrancar-me gritos, pedia por eles, mas eu não conseguia gritar, não conseguia obedecer. Como se eu estivesse em coma;

   Comecei a chorar em desespero, implorando em pensamento para que ele me soltasse, mas não conseguia; Então senti a lamina atingindo-me novamente, ferindo-me a barriga, fazendo com que uma enorme quantidade de sangue escorresse pelo corte...

_ Ana! Ana! – acordei desesperada.

   Sentei-me rapidamente, e antes que me desse conta, estava entregue aos prantos. Levei minhas mãos até a barriga, dando-me conta aos poucos de que aquilo havia sido apenas um pesadelo.

   Quando me dei conta, estava sendo abraçada. Não via o rosto, apenas senti o perfume delicioso, e me senti protegida de uma forma estranha.

_ Foi só um pesadelo meu amor, só um pesadelo! – a mão quente acariciando-me as costas, enquanto era beijada varias vezes na testa. Eu sabia, sentia que era Kiseop.

_ Kiseop... – consegui sussurrar em desespero. Não conseguia conter as lagrimas, muito menos o tremor e desespero.

_ Vou buscar água pra você! – ele disse ameaçando se levantar.

_ Não! – disse apavorada. – Não sai daqui, por favor, não sai! – agarrei forte seus braços.

_ Ok... – suspirou. – Já passou meu amor, passou... – continuou acariciando-me.

   Aos poucos, os flashs do sonho voltaram a me atormentar. As lagrimas escapavam só por me lembrar, aquilo tudo estava me deixando apavorada. Eu precisava me distrair, precisava ocupar minha mente com qualquer coisa, qualquer assunto...

_ P-pensei que não fosse dormir em casa... – murmurei.

_ Eu não ia mesmo, mas amanha tem aula, então preferi voltar pra casa... – beijou minha cabeça mais uma vez, afastando-se um pouco. – Esta bem agora?

_ Vou ficar... – aproximei-me dele, encostando minha cabeça em seu peito.

_ Vou ser muito idiota se perguntar com que sonhou? Quer dizer,você estava se debatendo, e resmungando... – estremecemos.

_ Sim.

_ Sim o que? – confuso.

_ Vai ser muito idiota se me perguntar isso...

_ Ainda bem que não perguntei então... – brincou. Idiota.

   Continuei sendo abraçada por ele, sentindo seu perfume delicioso enquanto o calor de nossos corpos aqueciam um ao outro. Quando nos demos conta do que a televisão transmitia, Kiseop afastou-se rapidamente de mim, inquieto.

   Uma cena de sexo, a ultima coisa que podia acontecer, a ultima coisa que podíamos ver; E pra tornar tudo ainda mais constrangedor, Kiseop estava de barraca armada*.

_ T-tão rápido? – perguntei involuntariamente, arregalando os olhos após ver o volume em sua calça. Pra começar, eu nem devia ter olhado; DROGA ANA.

   Ele tornou-se ainda mais constrangido, tentando disfarçar ponto a blusa por cima, mas eu já havia visto, e nada apagaria aquela imagem da minha mente.

_ Aish... é melhor... – limpou a garganta. – É melhor dormir! Amanha tem aula e eu estou cansado e é isso... – desligou a televisão, interrompendo um longo gemido. – Boa noite! – disse já de pé, seguindo para seu quarto.

   Eu continuei ali, chocada. Ri sozinha de toda a cena, e enfiei a cabeça na almofada, morta por dentro. DEUS, O TAMANHO DAQUILO ERA...

   Fui para o quarto dormir, o que mais eu podia fazer? Rezei, pedindo pra não ter mais nenhum pesadelo, e apaguei novamente. Estava cansada.

___

_ Você definitivamente precisa fazer alguma coisa quanto a isso! – Brookie empurrava-me seu celular, insistindo para que eu lesse.

_ Concordo! – disse DooJoon. – Quer dizer, não pode deixar que continuem falando assim sobre você... Não pode deixar que essa mentira se espalhe! – disse indignado.

   Desde quando entregou-me a carta de Junhyung, Doojoon fez questão de ocupar o lugar do amigo, estando sempre ao meu lado, e ao ledo de Brookie. Não que não fosse agradável te-lo por perto, mas aquilo só aumentava os boatos de como eu era a vadia da escola. Sem contar que sua presença fazia com que eu sentisse ainda mais a falta de Jun. Ele sabia disso, mas não recuava. Disse uma vez que jurou ao amigo que me protegeria, mas não tocamos no assunto. Tudo que dizia respeito à Junhyung deixava-me abalada, saudosa e culpada, então ele simplesmente evitava falar no mais novo.

_ Gente, não é assim! – bufei – Não vou ler, sei tudo o que diz ai... Xingamentos, xingamentos, Ana vadia, xingamentos, grávida, xingamentos, bem feito, xingamentos, mestiça... – disse com voz engraçada, provocando os dois a olharem-me com reprovação. – Não vale a pena... – suspirei – Essa escola não gosta de mim! Eles sabem que isso é mentira, apenas fingem acreditar pra dar mais força aos boatos...

_ Como sabe que eles não acreditam? – Brookie perguntou-me.

_ Porque nada disso tem cabimento! São apenas boatos... – disse convicta.

_ Você é mesmo muito ingênua... Bem que eu fui avisado! Não faz a mínima idéia de como as pessoas podem ser ignorantes, e altamente influenciáveis! – Doojoon levantou-se da cadeira.

   Estávamos nos, sentados em uma mesa isolada na cantina. Atraiamos o olhar de algumas pessoas, afinal, era impossível passar totalmente despercebido uma vez que Doojoon estivesse ali conosco;

   Os dois encaravam-me, esperando que eu tomasse uma atitude, mas eu não fiz nada. Resgatei o celular que vibrava em meu bolso, ignorando os dois chatos que me julgavam...

   *mensagem*

  “Sua vadia! Não ouse tirar esse bebe! Não o mate, apenas assuma sua vergonha, vagabunda!

                                 Anonimous”

_ C-como essa gente... – estava indignada. Como eles conseguiram meu celular? Aish...

   Doojoon tomou o celular de minha mão, lendo a mensagem e mostrando para Broo em seguida.

_ Ainda acha que eles não acreditam? – Doo perguntou.

   Eu apenas suspirei em resposta. Algo precisava ser feito, mas o que? Eu era tão péssima quando o assunto era “botar pra quebrar”... Estava realmente de mãos atadas, nunca algo do tipo havia me acontecido. Estava considerando a idéia de ligar para meus pais verdadeiros...

_ Vejo vocês depois... – peguei o celular das mãos de Brookie e os deixei ali.

   Não queria aquela cantina, não queria aquelas pessoas me olhando, me julgando. Fui para a quadra.

   Era meu único lugar de paz, onde eu podia realmente esquecer...

   Escolhi a fileira mais alta de arquibancadas, quietando-me ali. A professora de biologia havia faltado por motivos de saúde, o que significava que teríamos duas aulas vagas para fazermos o que quiser, e eu dormiria.

   Coloquei os fones de ouvido, e deixei em minha musica preferida; precisava ouvir Avenged Sevenfold. Em meio a todo aquele mundo kpop cujo a Coréia vivia sobre grande influencia, era difícil ligar o radio e ouvir um pouco da musica que estava acostumada a apreciar quando morava no Brasil. Havia me esquecido de como a introdução de ‘Buried Alive’ me acalmava.

   Apenas fechei os olhos, sentindo a nostalgia tomar conta de mim. Fazendo-me lembrar de como a vida na escola costumava ser fácil.

   Junhyung estava me atormentando. Eu não conseguia esquecer, não conseguia ignorar a falta que ele fazia. Como ele pode simplesmente ir? Eu precisava tanto dele, precisava ouvir sua voz, precisava do cheiro, dos conselhos, da gargalhada... Sentia tanto a falta dele, e ele nem sequer sabia o que estava acontecendo comigo; Não sabia o quanto eu estava precisando dele, pois só ele saberia me dizer o que fazer, mais ninguém. Logo ele, que prometeu que sempre estaria perto quando eu precisasse...

   Eu precisava, e onde ele estava?

   Sei que é muito egoísmo de minha parte, mas não é pecado desejar ter o porto seguro por perto. Meu coração chega a doer de saudade.

   Pedi milhões de vezes em pensamento para que ele não demorasse a voltar, e quando dei por mim, meus olhos – mesmo fechados – deixaram escapar algumas lagrimas agoniadas.

_ Droga Jun, onde você esta? – sussurrei sozinha.

_ Você... Você sente a falta dele, não é? – abri os olhos assustada.

   O que ele estava fazendo ali? Tirei os fones de ouvido mais que depressa, confusa.

_ O que você esta f-fazendo aqui? – perguntei. – D-desde quando esta aqui?

_ Faz um tempo... – Kiseop suspirou, pousando sua cabeça no encosto da cadeira.

   Eu deveria me desculpar por estar pensando em Jun? Não queria que Kiseop ficasse com raiva de mim, mas preferi não dizer nada, como se ele não tivesse ouvido.

_ Eu não sou o suficiente? – perguntou, seu tom estranho.

_ Hm?

_ Acha que, eu não consigo proteger você? – encarou-me. Droga, nada de olhos marejados Kiseop, pare com isso já!

_ N-não é isso... – gaguejei – Bem, é q-que... – não conseguia parar de piscar, procurando uma resposta descente.

_ O que eu vou precisar fazer, pra que você tenha olhos só pra mim? – sua mão passou a segurar firme a minha.

_ Me desculpe... – contemplei o chão. Ele bufou em resposta.

_ As vezes, eu acho que você me faz de idiota! – levantou-se. – Eu nunca amei tanto alguém como eu amo você! Na verdade, eu nem sabia o que isso era até você aparecer na minha frente... – disse alterado – E porque tinha que ser justo você? A pessoa mais irritante e estranha do mundo?

   Eu não conseguia dizer nada. Nem ao menos responder a sua ofensa. Kiseop estava certo, eu era mesmo estranha e provavelmente irritante;

_ Estou cansado disso sabia? – seu tom decepcionado – Estou me esforçando! Estou tentando mudar, estou dando o meu melhor pra você amar só a mim, mas parece que esforço nenhum será o suficiente... No fim você vai sempre desejar ter uma pessoa quando estiver com a outra... – deu as costas.

_ KISEOP! – gritei indo atrás dele.

   Ele estava certo, e eu estava transbordando culpa. Ok, eu não sabia como controlar isso. Não sabia como ser “normal”, mas queria que ele me perdoasse. Embora não soubesse o que dizer para que ele o fizesse.

   Antes que pudesse segurar em seu braço, Kiseop virou-se rapidamente, agarrando minha cintura com mais força do que nunca.

_ Que droga, porque você tem que ser assim? – uma lagrima escorreu por seu rosto, fazendo com que meu coração derretesse. – Por quê?

   Beijou-me.

   Seus braços pressionando-me com tanta força contra seu corpo, que a fivela de seu cinto machucava minha barriga. Seus lábios sedentos – como se não nos beijássemos a séculos – chupando os meus com força, brincando com os meus. Porque ele tinha que ser tão bom naquilo? E de repente eu esqueci absolutamente tudo o que tinha pra dizer.

   Seus dentes mordiscavam-me, fazendo-me grunhir contra minha vontade, e meu coração batia completamente descompassado. Sairia pela boca a qualquer momento. Senti minha língua formigar, minhas mãos explorando o corpo alheio com uma urgência estranha, não estava me reconhecendo.

   Kiseop mantinha seu corpo totalmente inclinado sobre o meu, a ponto que se me soltasse, eu certamente cairia sem equilíbrio. E a cena da noite passada apareceu em minha mente assim que senti o volume em sua calça. Droga, porque aquilo sempre me deixava constrangida?

   Mas ele pareceu não se importar. E se importou-se, disfarçou muito bem, pois continuou beijando-me como se nunca mais fosse faze-lo.

_ Eu quero ser o suficiente na sua vida! – sussurrou ofegante, pousando sua testa na minha com os olhos ainda fechados.

   Já eu, recusei-me a continuar de olhos fechados. Precisava vê-lo, precisava ver o quanto ele era lindo, em absolutamente todas as horas do dia. Aquilo fazia com que meu coração parasse.

   Nossos rostos colados, fitei seus lábios avermelhados e inchados, nossas respirações ofegantes em sincronia, seus olhos recusando se abrir. Pousei minha mão em seus cabelos, acariciando-os enquanto ele acariciava minhas costas. A ponta gélida de seu nariz em minha bochecha, fazendo-me arrepiar. Como era possível amar alguém desse jeito?

  “Deus, que tipo de pessoa eu sou? Por favor, me perdoe caso eu esteja errando demais. Eu só não sei o que fazer, não sei como é possível amar tanto assim alguém, como eu o amo. Eu também não sabia como era isso... Em contra partida, tem outras duas pessoas; Não tenho certeza, mas acho que não é normal sentir isso. É um pecado muito grande ter três amores em minha vida? Por acaso, eu sou algum tipo de pessoa anormal? Só não consigo me ver sem eles... Não serei a mesma! Se um dia, algum deles me abandonar, terei um dano irreparável dentro de mim... Terei pra sempre uma lacuna, e ninguém nunca vai substituir; Algo me diz que isso não é normal...” – pensei.

_ Por favor, me perdoe Kiseop. Eu amo você! – beijei sua testa.

   Como é possível? Como é possível um simples toque, e meu coração bater tão acelerado? A impressão que tenho é de que toda a escola pode ouvir... Não consigo entender isso. 


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Notas finais do capítulo

TADA~~ e então? Bem, sei que todos querem um hentai (inclusive eu, acreditem) peço que sejam fortes e aguentem mais uns dois caps. Ja tenho tudo certinho na minha cabeça, e vai ser legal *--* só preciso deixar tudo armado, arrumar todo um contexto e enfim...
Mil desculpas por postar tao tarde, espero mesmo que tenham gostado... (to com saudade do Jun) E não matem a Ana por ser tao volúvel, coitada :| /pedradas. Beijo e boa noite queridas ♥3



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