Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 25
[S02E15] Através do tempo.




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* * *

Debaixo do sol exagerado e das pouquíssimas nuvens que haviam no céu, Rin e Sesshoumaru rumavam em direção à vila. A garota trazia nos braços uma dádiva que jamais imaginaria receber em toda a sua vida e era justamente aquele motivo que fizera com que o youkai resolvesse atravessar as vastas porções de terra no desejo de encontrar o irmão.

Ao chegarem, após longo percurso, depararam-se com Kagome que auxiliava com alegria aos camponeses na extensa produção agrícola da vila. Se antes estivera grandiosa, hoje era imensa, visto que mais uma boa porção de tempo se passara.

Avistando Sesshoumaru e Rin, a Miko logo gritou por Inuyasha que não demorou a surgir, descendo velozmente a colina. Seu corpo sentia-se cansado devido ao calor que estava a castigar tanto, mas ao avistar o irmão deixou de se preocupar com isso.

Não fazia tanto tempo que vira Sesshoumaru e o modo como estava sociável o assustara. Fosse lá o que a garota fizesse com ele, havia o tornado uma pessoa mais humana, ainda que mantivesse o jeito mais sério de ser.

Juntando-se com Kagome, o hanyou avançou em direção a eles assustando-se com o que via ali: uma criança. Rin trazia nos braços o pequeno youkai; Possuía uma aparência física totalmente comparável a Sesshoumaru, como se fosse o próprio quando criança, isso Inuyasha podia afirmar. Logo, não evitou lançar-lhes um genuíno sorriso.

— Este é Hideki. — Rin disse com alegria, colocando o garoto no chão.

Por seu desenvolvimento, o garoto deveria ter cerca de cinco anos. Tinha os cabelos prateados como os de Sesshoumaru e também os mesmos olhos, além da expressão que eles traziam. Apesar do físico semelhante ao do pai, possuía um pouco da doçura de Rin, caminhando ao seu modo até Kagome e estendendo-lhe os braços.

— Diferente de Sesshoumaru, ele parece muito receptivo. — Inuyasha riu, fazendo com que o irmão desse de ombros.

— É uma criança adorável. — Kagome disse ao tê-lo em seus braços.

— Ele será um exímio Dai-Youkai. — Sesshoumaru pronunciou-se notavelmente orgulhoso. — Onde está Kaori?

— Ela estava com Shippou no campo de arroz, não é Inuyasha? — A garota questionou.

— Hai. Shippou tem passado um bom tempo com ela, aliás.

Repentinamente passos leves puderam fazer-se notar enquanto uma criança surgia atrás deles. Kaori era uma hanyou assim como Inuyasha e se parecia muito com Kagome, tendo apesar disso os mesmos olhos do pai. Apesar de o casal estar junto há mais tempo, a criança era mais nova que Hideki e possuía um jeito extremamente doce de ver a vida, assim como a mãe.

* * *

Inuyasha estivera pensativo naquela manhã.

Kagome dormia tranqüila ao seu lado no leito simplório, enquanto Kaori divertia-se ao lado de Shippou nas águas gélidas da manhã que transcorria. Assim, o hanyou abraçou a amada presenteando-lhe com um beijo sutil, fazendo com que suas feições se modificassem por um instante e ela despertasse aos poucos.

Ao notar a expressão no rosto dele, Kagome logo pôde imaginar que algo estava errado. A verdade é que o hanyou tivera um sonho amedrontador: Sonhara com a morte da Miko. Deste modo, quando acordara o pânico invadira todo o seu corpo.

— Inuyasha?

— Eh? — Ele limitou-se a pronunciar, ignorando seu estado.

— O que houve?

Instaurou-se entre os dois certo período de silêncio, constrangendo-os. Por um lado, Kagome tentava decifrar o que estava acontecendo ali e por outro, Inuyasha tentava encontrar as palavras corretas para expressar-se sem parecer um completo estúpido.

— Eu...

— Então? — A garota suspirou, incentivando-o.

— Eu quero ser humano, Kagome. — Inuyasha deixou um sorriso surgir nos lábios. Sim, era isso que definia tudo. — Humano, assim como você.

A Miko parou por um instante e considerou se havia alguma razão explícita por detrás daquilo. Havia de ter um motivo plausível para que tal pensamento surgisse na mente do hanyou, mas ela não podia vê-lo. Notando isso, ele adiantou-se:

— Quero viver de igual a igual com você. Nos amamos, não é?

Não quero continuar aqui, vendo o tempo passar tão devagar para mim enquanto ele corre para você. Não quero te ver partir, Kagome. Seria tão doloroso.

 

— Hai, Inuyasha, nos amamos. — Ela sorriu, beijando-lhe brevemente.

— E então?

— Já faz tanto tempo que estamos juntos... Não crê também que seria bobagem fazer isso agora? — Fitou-lhe com mais seriedade, sem perder o ar gracioso em seu rosto. — Não é necessário que sacrifique seu estado virtuoso por mim ou para querer se igualar a mim.

— Por favor, Kagome. — Ele apanhou as mãos da amada com delicadeza e beijou-as diversas vezes.

Inuyasha está me escondendo algo. O que será que o preocupa tanto?

 

— Tem algo que queira me dizer?

— Eu te amo. — Ele disse após breve silêncio, rindo em seguida.

— Inuyasha, eu não acho que isso seja uma idéia plausível...

— Por favor, é tudo que eu te peço.

— Está certo disso? — O olhou com real seriedade, já sabendo que seria impossível remover aquele pensamento da cabeça dele.

— Hai, como nunca antes.

* * *

Ali estava Inuyasha diante do poder da Shikon no Tama. A jóia emanava seu brilho de modo diferenciado, rumando em sua direção com vigor. Enquanto ele jazia deitado no chão com os olhos fechados, as fortes ondas partiam daquela esfera rosada o preenchendo aos poucos, até que seu corpo passou a vibrar ferozmente.

Logo os cabelos prateados de Inuyasha davam lugar a fios negros como a noite e já não havia mais garras ou presas, outrora sinônimos da sua condição especial. Já não era mais um hanyou, mas sim um simples humano e isso fez com que a Miko chorasse diante do misto de sentimentos no seu peito.

As lágrimas que surgiam em seus olhos foram afastadas com relutância, fazendo com que ela pudesse ver a Shikon no Tama desaparecer em um último feixe de poder que invadia o corpo de Inuyasha. Após breve instante ele abriu os olhos e seu coração adquiriu um novo ritmo para bater, compassado com o de Kagome.

Assim, já não havia mais Shikon no Tama e com ela sumira-se o dever que a Miko possuía de protegê-la. Talvez fosse nisso que Inuyasha pensava, ela considerou erroneamente. De todo modo, a batalha entre o bem e o mal no interior do que um dia fora a essência de Midoriko findara-se naquele momento e tudo estava bem.

Kagome apressou-se a se aproximar do garoto diante de si e sorriu ao ver o seu reflexo no brilho que ele trazia nos olhos. Logo ela se lembrou de um momento em especial: O dia em que haviam lutado contra os youkai-aranha. Aquela fora a primeira vez em que vira Inuyasha como humano e aquilo a assustara muito. Porém, ali estava ele mais uma vez daquele modo, assim como havia ficado diversas vezes em todos esses anos.

Inuyasha sentiu-se frágil por um momento, até mesmo temendo pelo modo como conseguiria proteger a amada e a filha dali para frente. Sentiu medo por ambas, mas lembrou-se de como a Tessaiga era fiel a si e extremamente poderosa. Não havia de falhar jamais.

Levantaram-se devagar e olharam um para o outro satisfeitos. Se haviam de viver juntos construindo a sua família, agora o fariam de igual para igual e tudo ficaria bem.

* * *

Kaori já estava com uma aparência específica que lhe estimava cerca de quinze anos, praticamente uma moça. Era curioso para Kagome ver a filha, uma hanyou, crescer desse modo. Por enquanto parecia uma simples jovem, mas para si os anos simplesmente passavam mais devagar para e aquilo impressionava demais à carinhosa mãe.

A bela hanyou estava sempre acompanhada de Shippou e Koji, e Inuyasha havia feito com que ambos prometessem protegê-la acima de tudo, algo a que haviam assentido. Assim como o pai, outrora um jovem enérgico e destemido, se metia nas mais absurdas situações e sempre zangava-se ao ter os dois rapazes ao lado.

Kagome desconfiava de certo modo que tal escolta acabaria tornando-se um tipo leviano de paixão no futuro, mas nada dizia, afinal fora assim que tudo se iniciara ao lado de Inuyasha. Porém, havia também Hideki, filho de Sesshoumaru e Rin, pelo qual a hanyou nutria grande admiração e respeito. Tudo aquilo fizera a Miko rir, atraindo a atenção de Inuyasha que estava ao seu lado.

Era inverno e a noite estava sendo de um frio rigoroso. Ambos estavam em sua cabana, deitados confortavelmente no leito simplório que possuíam, um olhando para o outro. Os risos de Kagome haviam atraído a atenção do amado e agora ele esboçava uma ruga de estranheza em seu rosto.

Os anos haviam se passado de modo muito veloz e o casal já não mais possuía a vitalidade dos primeiros dias. Estavam velhos, mas seus modos de agir em nada se modificaram com o passar do tempo, sendo Inuyasha o eterno garoto teimoso, mas de bom coração e Kagome sempre a adorável Miko com coração juvenil.

— Por que está rindo tanto, Kagome? — Inuyasha questionou-lhe visivelmente curioso.

— Pensando bobagens, apenas. Nada de mais.

— Eh. — Ele disse no seu usual tom de desdém, como se pensasse “Não queria saber mesmo”.

Já estava ficando tarde de modo que sequer conseguiam enxergar as feições um do outro diante da pequena chama da tocha que jazia no interior da cabana. Assim, Kagome levantou-se com certa dificuldade e a apagou, voltando para deitar-se ao lado de Inuyasha.

Eles sorriram um para o outro ao estarem próximos novamente, mas diante de tal escuro não puderam ver. Kagome aproximou-se sentindo a respiração dele e estimou onde estariam seus lábios, beijando-os brevemente como se acostumara a fazer todas as noites, rindo baixinho em seguida, sentindo que Inuyasha abraçava-lhe e retribuindo seu abraço.

— Eu te amo. — Ela sussurrou, sabendo que ele ouviria.

— Eu também te amo, Kagome.

Assim dormiram, sentindo que o vento frio congelava seus ossos de modo horroroso. Não demorou muito para que respirassem pela última vez, sendo levados gentilmente pelas mãos hábeis da morte até onde jaziam os mortos.

A alma de Masumi finalmente descansaria, satisfeita por ter realizado com excelência o seu dever e Inuyasha poderia encontrar os pais estando acompanhado da amada.

Enquanto distanciavam-se rumo ao mundo dos mortos, Kagome e Inuyasha lançaram um olhar emocionado à Kaori, que dormia tranqüila no topo da árvore ao lado da cabana onde estavam agora os seus corpos sem vida. Estavam ali, abraçados eternamente a serem vigiados pelo fruto do seu amor sem limites.


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