Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 21
[S02E11] Inusitado.




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* * *

Longe de Sesshoumaru, Rin e qualquer amor conturbado, Kagome ajeitava seu armamento e o cavalo esbranquiçado para partir. A Miko havia sido chamada para auxiliar um povoado próximo ao que um dia fora a vila dos Taijiya, um lugar pelo qual Kikyou permanecera durante algum tempo, levando auxílio e harmonia aos aldeões.

Inuyasha gostaria de acompanhá-la, mas sabia como ela se sentia inferiorizada em suas tarefas ao tê-lo por perto e na verdade não havia youkais que devessem ser exterminados, o tornando inútil ali. Assim, não insistira e apenas a beijara na testa antes de partir, desejando-lhe boa sorte e pedindo para que fosse breve.

A verdade é que haviam sido poucas tarefas e após alguns dias ela já estava pronta para retornar. Já trilhando o rumo a caminho da vila, a Miko lembrou-se da caverna próxima à vila de Sango onde havia o corpo estático de Midoriko, a sacerdotisa da qual originara-se a Shikon no Tama.

Não soube ao certo por que, mas algo lhe fez entrar ali naquele momento e caminhar o breve percurso até poder observar melhor a poderosa Miko petrificada. Através da jóia que trazia pendente sobre seu peito e da essência que percorria pelo seu corpo, sentiu como se Midoriko se comunicasse com ela, dizendo para que fosse até o santuário das Mikos, ao oeste.

Não sabia o que a aguardaria naquele lugar e tampouco se tivera uma simples alucinação boba, mas saiu dali pronta para montar em seu cavalo e partir na direção que seu coração mandava.

* * *

O templo era lugar simples, construído sem muitas regalias em uma vasta porção de terra deserta, onde sequer havia pessoas por perto. Considerando-se os tempos em que viviam, já não eram mais numerosas as sacerdotisas, limitando-se a Kagome e algumas poucas que viviam ao longe, provavelmente sem sequer imaginar sobre aquele lugar e o destino atual da jóia.

Aquele lugar de onde se erguera a estrutura simplória demarcava o exato local onde Masumi fora assassinada tão brutalmente há tanto tempo. Possuía uma aura fortíssima de poder que deixava atônita a Miko, causando-lhe grande surpresa.

Ao adentrar em passos lentos, porém precisos, teve a mesma sensação que tivera ao adentrar na caverna onde jazia Midoriko. Uma voz adocicada pronunciava ao seu interior palavras sobre um passado distante, quase como uma cantiga. E foi ali que Masumi, a primeira Miko, surgiu.

Kagome entrara em êxtase. A alma da falecida Miko, também a sua alma, manifestava-se de modo poderoso a expressar-lhe diversas palavras. Era como se de repente as coisas fossem se clareando em sua mente, tudo tornando-se mais óbvio.

Entre todas as coisas que poderiam lhe ter sido reveladas naquele momento, foi a maior preocupação do seu coração que tomou forma. Tornou-se claro para ela então que as Mikos não deveriam fugir do amor, visto que fugir era normalmente o que as levava ao fundo do poço.

Ser uma Miko estava completamente ligado a amar: amar a vila, amar os aldeões, amar a si, amar a pureza da Shikon no Tama e protegê-la com a vida se fosse preciso. Ter um foco não queria induzir a tornar-se alguém frio e sem vida, até porque isso tiraria a beleza natural daquela que possuía a maior tarefa do mundo. Era uma dádiva, não uma luta.

Midoriko havia sido extremamente apaixonada por um único homem em toda a sua vida e com ele tivera à Masumi, porém, com a morte deste homem a Miko transformara a solidão que jazia em seu coração em força para lutar e proteger os demais que estavam ali, precisando dela.

O fruto desse amor, Masumi, reencarnaria eternamente com o dever de proteger a harmonia entre as quatro almas, sendo então o amor o maior guardião do mundo, aquele que estaria disposto a fazer o bem acima de tudo.

Kagome deveria entregar-se ao amor para ser plenamente feliz e deveria ser sábia o suficiente para não permitir que desilusões lhe desviassem do seu dever. Só assim conseguiria sentir-se realizada o suficiente para executar o que lhe era devido.

Já não importava mais se Inuyasha tivera feito todas aquelas coisas no passado; O futuro estava lhe indicando que deveriam permanecer juntos e agora a dúvida em seu coração se dissipara.

* * *

Sesshoumaru podia sentir o cheiro daquela humana lhe embriagando os sentidos. Não fazia idéia da razão pela qual ela estaria ali, tão afastada do usual, mas na verdade não sabia sequer por que é que ele estava ali.

Ao ver a Miko voltando a si e saindo devagar daquele lugar misterioso, muito parecido com um santuário, questionou-se se o que estava prestes a fazer era certo. Já estava ali afinal, e por incrível que parecesse, só aquela mulher poderia ajudá-lo. Quando pôde observar melhor o rosto dela, conseguiu entender porque Inuyasha era tão apaixonado por ela: Ela era incrível.

Ao vê-lo ali sozinho, Kagome assustou-se demasiadamente. O que o youkai fazia ali? O santuário não lhe dizia respeito, isso era óbvio, mas por que estaria atrás dela? Temeu por um momento que algo de ruim fosse lhe acontecer já que estava tão despreparada, mas procurou não demonstrar sua frustração.

— O que faz aqui, Sesshoumaru? — Questionou com calma no tom de voz.

— Você é uma Miko, Kagome. — Ele aproximou-se o suficiente para que pudessem conversar. Estava tenso, temeroso pelo que a garota pudesse tirar de suas palavras. — Compreende a essência do coração dos homens e ao mesmo tempo conhece a falta de humanidade dos youkais.

— Youkais também possuem humanidade, Sesshoumaru. É tudo uma questão de escolha, se me permite evidenciar. — Riu. — Porém, você ainda não me disse o que faz aqui.

— É sobre Rin.

— Rin? — Parou por um momento para pensar. — A criança que estava sempre por perto, não é? Suponho que já tenha falecido, sinto muito.

— Na verdade, não. — O youkai surpreendeu-lhe. — Rin foi imortalizada com um poderoso youki.

— Gostaria de dizer que é muito... Estranho ter você aqui e a dizer tais palavras.

— Como eu lhe disse, você possui conhecimentos que me parecem interessantes.

— Você está apaixonado, Sesshoumaru. Ela também está. Isso é normal, visto que convivem de modo tão cúmplice há tanto tempo.

A garota dissera tudo aquilo que ele já sabia, porém tinha medo de confirmar. Ele amava Rin e sabia que ela o amava do mesmo modo, mas como mostrar esse tipo de sentimento se sequer o conhecia? Sesshoumaru não era acostumado a sentir nada além de desprezo.

— Você não precisa fazer loucuras para testar seus sentimentos, eles simplesmente estão aí. Sempre estiveram, na verdade, e agora chegou a hora de despertarem. — Deu as costas para o youkai, preparando o cavalo para partir. — Não preciso que me diga nada, eu posso ver.

Sesshoumaru apenas riu, como se quisesse fazer com que ela pensasse que aquilo era um engano seu. Mesmo assim, não pronunciou uma palavra sequer. Não mentiria para uma Miko, Rin havia trazido certa humanidade ao seu coração rancoroso.

— Você é mais parecido com Inuyasha do que imagina, Sesshoumaru. — Ela montou no animal pronta para voltar à vila. — Considere isso e não tenha medo de dedicar-se ao que é importante para você.

Enquanto a garota partia rumo ao horizonte, o youkai permanecia ali a pensar sobre as tantas palavras que ouvira. Rin era importante para ele, talvez a coisa mais importante naquele momento, e estava disposto a fazê-la feliz e ser feliz ao lado dela.


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