Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 14
[S02E04] Às vezes caímos em meio ao vão.




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* * *

Inuyasha rumara até a vila em passos rápidos, tendo as mãos de Kagome a lhe pressionar os ombros durante todo o trajeto. A sensação que lhe provocara vê-la agora misturava-se ao ódio por saber que fosse lá quem fosse, alguém a havia ferido. Sequer haviam chegado direito e a grande onda de youki já se fazia sentir de modo extremo.

O hanyou deixara a Miko ali e seguira até o lugar de onde expandiam-se os sons de golpes e múltiplas ofensas. Ali, logo adiante, um garoto com aparência de uma idade próxima a sua batalhava com um imenso youkai. A verdade é que Inuyasha não entendera como um humano ainda estava ali de pé, mas algo naquele garoto sugeria que ele não era um mero humano.

Ele não precisou pensar muito em como agir naquele momento. Apanhou a Tessaiga como há muito não fazia e correu até estar próximo o suficiente para acertar um poderoso golpe no youkai, atraindo a atenção da batalha para si.

Por mais que não lhe tivesse matado de uma vez, o golpe causou grande dano ao rival e Inuyasha gargalhou triunfante com aquilo. Não seria tão difícil, pensou. O garoto o olhou surpreso por um instante, mas logo voltou a desfrutar de seus ataques, feliz por receber ajuda em uma hora tão difícil. Não que fosse fraco, porque não o era, mas era muito difícil ter que ferir o próprio pai, independente de quão ruim ele fosse.

O youkai com orelhas de cão pareceu notar isso e afastou Koji com certa petulância, observando atentamente as ondas de youki se fechando entre o youkai e a Tessaiga, enquanto o rival lhe proferia dezenas de ofensas. Não precisou transcorrer muito tempo; Logo Inuyasha acertava com a lâmina da espada o vão que havia entre as ondas de youki, fazendo com que o youkai se ferisse gravemente e desintegrasse aos poucos até ter sumido de vez.

Koji, junto com os outros moradores da vila que aos poucos aproximavam-se, exaltou a Inuyasha e seu ataque devastador. Por mais aliviado que ele se sentisse ao guardar a Tessaiga novamente na bainha, apenas conseguia pensar que ele e Kagome precisavam conversar agora.

Ignorando a comemoração de todos, apenas lançou um olhar contente à humana e partiu lentamente em sua direção, tendo o coração mais leve do que nunca.

* * *

— Obrigada, Inuyasha.

Ele e Kagome estavam sentados no topo da colina a admirar o correr do rio. Trazia paz à ambos estar ali naquele momento, por mais que procurassem equivocadamente por palavras que pudessem transmitir seus sentimentos de maneira precisa.

Inuyasha apenas aconchegou-se perto dela e tentou apanhar sua mão do jeito mais carinhoso possível, mas teve sua carícia ignorada. Não que Kagome o estivesse evitando, ele compreendia. Apenas estava precipitando-se ao agir tão corriqueiramente; Era preciso conquistá-la de novo.

— Não se preocupe. — Ele a olhou com ternura. Estava tão bonita que era difícil não admirá-la por um bom tempo.

— Sinto muito por tê-lo selado. — Pronunciou-se após um longo silencio.

— Minha ausência fez bem a nós dois. Mas... Kagome, o que aconteceu com você?

— Sobre estar fisicamente igual mesmo tendo se passado tanto tempo? — O hanyou assentiu com um simples aceno de cabeça. — Eu também me selei, Inuyasha.

Eh? Por que diabos você faria isso, Kagome?

 

— Havia sentimentos ruins no meu coração e pensamentos confusos em minha cabeça. Não poderia viver em paz daquele modo. — Riu divertida. — Não entendo ao certo porque fui despertada antes da hora, mas talvez tenha a ver com a presença daquele youkai.

— Talvez.

— Uhum. — Sussurrou.

— Terei que conquistá-la de novo, não é? — Desta vez ele foi quem quebrou o silêncio entre os dois.

— Eu suponho que sim, mesmo que isso não fosse muito prudente.

— Eh?

— Você já deve ter ouvido isso através de outros lábios. — Ela não precisava citar nomes. Ambos já sabiam a quem ela se referia. — Eu sou uma Miko, Inuyasha. Sou humana, mas ao mesmo tempo não devo ser. Não devo nutrir sentimentos e extintos humanos enquanto meu dever neste mundo não for cumprido. Eu apenas gostaria que não existisse a Shikon no Tama.

— Não diga isso. — Kagome o olhou com estranheza diante da frase dita. — Sem ela, você não estaria aqui agora.

Inuyasha está tão... Diferente. Será que devo acreditar e dar uma chance aos seus sentimentos?

 

— Não se preocupe. Eu conquistarei você de novo. — Riu, beijando a face da garota.

Não tinha muita certeza se conseguia conquistá-la outra vez, uma vez que seus sentimentos por ele haviam mudado tanto. De qualquer modo, era muito bom tê-la ali consigo e isso já bastava.

* * *

— Kagome?

Ao virar-se, a garota vira Koji ali parado a admirar-lhe. Apenas agora, após tudo ter transcorrido até um final sanado, é que ela podia observar-lhe de verdade.

Parecia ser jovem assim como ela, por volta dos vinte anos. Tinha a pele clara e cabelos negros não muito longos, e trazia no rosto uma expressão confiante que lhe lembrava muito a de Miroku, mas que se contrastava com seu jeito protetor e educado de ser. Os olhos eram de um azul muito profundo, quase como se a melhor parte do céu estivesse ali.

Logo Kagome considerou que ele deveria ser muito cobiçado pelas garotas dali e isso lhe lembrou do modo como as amigas da época do colégio se comportavam em relação à Houjo. Koji era certamente o Houjo da Sengoku Jidai: o garoto bonito e de bom coração pelo qual as meninas se apaixonavam perdidamente. Mesmo assim, ela esboçou apenas simpatia e agradecimento pela preocupação dele.

— Hai, Koji? — Sorriu para ele, deixando Inuyasha com uma expressão irritada alguns passos atrás de si.

— Talvez não seja essa a melhor hora, me perdoe. — Aproximou-se dela apanhando suas mãos com gentileza. — Kagome-sama, você me encantou.

— Eh? — Kagome considerou continuar, mas foi interrompida pelo garoto.

— Eu a pediria em casamento agora, como é nosso costume, mas me disseram que você veio de outra Era e seus costumes são diferentes dos nossos. — Riu. — Então permita-se conhecer-me e deixe que eu te conheça, Miko-sama. Poderíamos ter um futuro harmonioso juntos. Eu me preocupo e adquiri grande estima por você.

Mas já?, Kagome pensou.

Não que Koji estivesse mal intencionado; Ele estava certo, aquele era o costume na Sengoku Jidai. Rapazes e moças adquiriam admiração uns aos outros e o destino então tornava-se claro: o casamento. O casamento ali não era bem a união de duas pessoas que se amavam após estarem se desvendando durante algum tempo. Era mais como um sinal sereno de que tinham estima imediata entre si e desejavam se conhecer melhor convivendo juntos com a certeza de estarem unidos para sempre.

Era um sentimento muito bonito, Kagome pensou. Naquela época em que estava vivendo agora as pessoas nutriam um carinho real umas pelas outras, não haviam sequer divórcios. Riu para si diante de tal pensamento e fitou Koji com seriedade e carinho.

— A cada dia que vivemos aprendemos uns sobre os outros, Koji-sama. Eu sou uma Miko, não deveria nutrir sentimentos especiais por pessoas, mesmo que sejam magníficas como você. — O garoto sorriu diante do elogio, envergonhado. — Espero que entenda que enquanto a Shikon no Tama existir, eu jamais serei livre para viver plenamente e dedicar-se a alguém. Gomen.

— Hai, Miko-sama. Suas palavras só me trazem ainda mais admiração. — Soltou-lhe as mãos com cuidado.

— Você ficou maluca, Kagome? — Inuyasha interferiu, tendo o rosto avermelhado de irritação.

— Você não deveria falar assim com a Miko-sama.

— Antes de Miko, ela era Kagome. — O hanyou postou-se à frente do garoto, ambos se encarando tal como rivais. — Minha Kagome.

— Eh!? — A garota adiantou-se em meio aos dois, separando-os da tal infantil discussão. — Não sou uma mercadoria a qual vocês possam ficar disputando, isso é ridículo.

— Gomen ne, Miko-sama. — Koji afastou-se ainda que contra vontade. — Eu irei conquistá-la.

Kagome surpreendeu-se com a resposta, mas não lhe disse nada. O que poderia fazer? O destino iria se encarregar de aproximar os que devessem ficar juntos, isso não era algo pelo qual ela deveria interceder. Ela possuía o foco da sua vida e seus desejos que se voltavam a ele, mas não poderia querer mudar os das outras pessoas.

Assim, apenas observou o garoto rumar para sua cabana. Em seu rosto não havia mais o sorriso triunfal, mas um sim um singelo, provavelmente por pensar que estaria sozinho de agora em diante quando a noite caísse sobre a vila. Toshio Ikeda, o ranzinza senhor feudal, já não estava mais ali. Por mais horrível que fosse, aquele youkai fora seu pai e em seu coração sempre restariam mágoas pela sua perda.


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