Trecho do capítulo anterior:

Ao caminhar pela cidade Naruto pensava no que dizer a Hiashi, o garoto não havia se preparado para este dia. Afinal essa seria a primeira vez que pedia permissão para namorar alguém, ele não sabia o que dizer e só de pensar nisso sentia seu estômago revirar. Mas ao mesmo tempo ele pensava na promessa que havia feito a Hinata.
"Não posso decepcioná-la. Vou me esforçar para que Hiashi-san me aceite. Ele vai me aceitar." mesmo tendo seus pensamentos confiantes, Naruto não podia evitar sentir certa insegurança, como gostaria de falar com alguém sobre isso, uma pessoa que pudesse entendê-lo.

– Hei, Naruto. Tudo bem? - o garoto se desanuviou de seus pensamentos ao reconhecer a voz de seu primeiro sensei e amigo.

– Iruka-sensei! - exclamou Naruto animado - É com você mesmo que eu precisava falar.

– Comigo? Por quê? - perguntou o homem de cabelos castanhos.

Nesse momento a barriga de Naruto começou a roncar, por não ter comido quase nada no café da manhã. Iruka soltou uma risadinha.

– Vamos até o Ichikaru, lá você me conta, também não tomei café da manhã ainda.

O garoto concordou e assim eles se dirigiram a famosa barraca de ramen, onde Naruto contou tudo o que havia acontecido entre ele e Hinata e sobre sua visita à casa dos Hyuuga, enquanto saboreava umas três tigelas de sua comida predileta.

Após ouvir todo o relato de Naruto com atenção, Iruka ponderou por alguns momentos suas palavras e manifestou-se:

– Não conheço muito bem as tradições dos Hyuugas. - o garoto abaixou a cabeça pensando que seu amigo não teria muito o que dizer a ele - Mas conheço você. - continuou o homem, fazendo com que Naruto erguesse sua face surpreso - Você, Naruto, nunca se abateu perante as dificuldades, mesmo quando era desprezado por todos da vila.

E através do seu esforço e perseverança acabou conquistando a amizade e confiança de muitos aqui. Eu, que antes te considerava culpado, de certa forma, pela morte de meus pais, vi o quanto estava errado e hoje te considero como um querido irmão caçula. - os olhos do garoto de cabelos loiros se encheram de lágrimas ao ouvir as palavras sinceras de Iruka que também estava emocionado - Não se importe com o que vai falar nem a forma, apenas diga o que há dentro de seu coração. Acredite em si mesmo, tenho certeza que Hiashi-san irá enxergar que você é uma pessoa valorosa e que ama verdadeiramente a Hinata.

Naruto não pode evitar que algumas lágrimas escorressem em seu rosto. Enquanto ele as limpava com as costas da mão, Iruka sorriu amavelmente e depositou sua mão sobre o ombro de seu pupilo.

O garoto louro voltou seu olhar para ele e deu um largo sorriso.

– Obrigado, Iruka-sensei.

– Fico feliz que você confie em mim. - disse o gentil professor.

Nesse momento todas as inseguranças de Naruto se foram. Ele se sentia grato por poder conversar sobre essas coisas com Iruka, o primeiro a acreditar nele e lhe estender a mão, que o consolou após a morte de Jiraya e sempre teve palavras de compreensão quando ele precisou.

O garoto bem sabia que poderia contar com este irmão mais velho que Deus lhe havia preparado e estava feliz por saber que apesar da morte de seus pais e seu mestre Jiraya, tinha alguém ao seu lado que poderia chamar de família.


Neste capítulo:

"Lá está ela... tão graciosa e bonita." pensava Daichi enquanto observava a garota de cabelos róseos e olhos em tom esmeralda que se encontrava em frente à Academia Ninja, com um olhar apaixonado.

– Vai ficar aí parado, oni-san? - questionou Emi ao notar que o irmão parara no meio do caminho, com uma expressão sonhadora em sua face.

– N-Não, c-claro que não. - disse o garoto envergonhado despertando de seus devaneios.

– A Sakura já está ali. Deve estar te esperando. - comentou Kiba com um sorriso zombeteiro.

– Vamos lá, Daichi. - chamou a garota de cabelos negros enquanto puxava o irmão.

– Ei! Me Solta, eu posso ir sozinho! - irritou-se o garoto, mas já era tarde demais quando Emi o soltou por um triz ele não trombou em Sakura que se surpreendeu com sua chegada repentina.

– Daichi! O que aconteceu? - perguntou a garota.

– O-Oi Sakura, me desculpe, é que... me desequilibrei. - respondeu o jovem totalmente constrangido.

– Ah! Tudo bem! E aí pessoal como vão? - cumprimentou Sakura despreocupadamente.

– Tudo ok. - respondeu Kiba, enquanto que Emi deu um sorriso amistoso e Kimimaro apenas assentiu.

– Vocês vão nos acompanhar no passeio pela vila? - perguntou a garota alegremente.

– Não. - respondeu o garoto de cabelos negros rapidamente - É que o Kiba prometeu mostrar à minha irmã e Kimimaro melhor o clã Inuzuka, não é Kiba?

Ao notar o olhar incisivo de seu cunhado, compreendendo o que ele queria dizer o Inuzuka mais que depressa assentiu.

– Entendo. Então seremos somente Daichi, eu e Sai. - disse Sakura tranquilamente.

– O Sai também vai? - perguntou com uma nota de decepção em sua voz.

– Sim, alguma problema com isso, Daichi? - perguntou a kunoichi estranhando a reação do jovem de cabelos negros.

– Nenhum. - respondeu Daichi rapidamente tentando sorrir de forma natural - Então... onde vamos encontrá-lo?

– Na biblioteca de Konoha, desde que descobriu livros sobre o comportamento humano ele não sai de lá. - respondeu Sakura em tom divertido - Vamos então?

– Sim, vamos lá. Tchau gente. - disse o garoto seriamente.

– Até mais pessoal! - despediu-se a garota de cabelos róseos com um sorriso.

– Tchau Sakura, tchau Daichi. Bom passeio. - disse Emi achando graça na expressão decepcionada de seu irmão, mas segurando o riso.

Assim que os dois se afastaram a garota acrescentou:

– Pobre Daichi, queria tanto ficar sozinho com a Sakura e agora vai ter o Sai de vela. - comentou ela rindo.

– Bem, nós não estamos em melhor situação que ele, não é? - comentou Kiba, lançando disfarçadamente seu olhar sobre Kimimaro - Gostaria que ficássemos um tempo sozinhos. - sussurrou o garoto.

Emi ficou vermelha com o comentário de Kiba e subitamente lembrou-se dos dois beijos que trocara com seu amado. O primeiro foi de surpresa, a garota nunca havia beijado antes e nem se apaixonado de verdade. Mas mesmo que naquele momento não estivesse apaixonada por Kiba, não pode negar que o beijo havia mexido extremamente com ela.

Já o segundo fora a confirmação de seu amor e a felicidade de ver seu amado vivo quando acabara de presenciar sua morte, a pior sensação que Emi sentira desde a morte de seu pai.

E agora que tinha seu amado ao seu lado assim como ele gostaria de aproveitar ao máximo os momentos que tinham juntos.

A garota fitou Kiba com ternura e dando um sorriso maroto comentou em tom baixo para Kimimaro não ouvir:

– A gente pode aproveitar para dar uma escapadinha enquanto o Kimimaro fica entretido com os filhotes da Fazenda de Criação.

Kiba ficou surpreso com a ideia da garota, mas logo deu um sorriso em concordância.

Kimimaro, alheio à conversa dos dois, andava atrás prestando atenção à vila enquanto caminhava. Ele via pessoas conversando animadamente, crianças correndo, casais andando de mãos dadas, famílias se divertindo juntas, entre tantas outras cenas que eram novidade para ele.

Afinal desde que saíra de sua própria vila para se instalar no covil de Orochimaru, nunca tivera a oportunidade de parar para observar as pessoas.

Ou ficava preso em seu tenebroso esconderijo ou mesmo se saísse ficava apenas concentrado em cumprir sua missão. Desejando agradar àquele que imaginara ser o único que realmente se preocupara com ele.

Mas estava enganado. Orochimaru nunca se importou com alguém a não ser ele mesmo. Apenas usou seus aliados a seu bel prazer e vontade. Kimimaro se sentia culpado pelas coisas que fez enquanto esteve sob as ordens do cruel vilão. Ele ainda não conhecia bem os sentimentos das pessoas, mas nesse momento tinha consciência do mal que havia feito.

“Será que mereço um recomeço? O que seria agir conforme minha própria vontade?” perguntava-se o jovem confuso.

Kimimaro estava tão envolvido em seus pensamentos que nem notou quando voltaram ao clã Inuzuka e já se encontravam em frente à Fazenda de Criação.

– Aqui estamos. – disse Kiba alegremente – Querem entrar?

Kimimaro voltou seu olhar par a construção à sua frente, parecia um grande curral de madeira, com duas portas gigantescas abaixo de um letreiro que dizia “Fazenda de Criação”.

As portas estavam abertas, sendo que dava para observar pessoas utilizando um uniforme verde, que conversavam entre si, seguravam frascos com líquidos, injeções e mamadeiras. Provavelmente eram os funcionários do local. Mas também havia outras pessoas com vestes normais que brincavam com filhotes de cachorros de diversas raças.

– Vamos Kiba! Estou ansiosa pra ver os filhotes de perto. – disse Emi animada.

Mas antes que entrassem viram uma garota de cabelos castanho presos em um par de maria chiquinhas e um uniforme verde correr na direção deles gritando o nome do Inuzuka.

– Kiba! Finalmente você voltou! – exclamou a garota alegre enquanto se jogava nos braços do garoto.

– Só não nos vemos a dois dias Tsu. – disse Kiba sem graça apenas dando leves tapinhas nas costas da garota ao notar a expressão séria de Emi.

– Mas pra mim foi uma eternidade e... – replicou a garota soltando o garoto de cabelos castanhos e se dando conta da presença de Emi e Kimimaro – Quem são esses?

– Deixe-me fazer as apresentações. – disse Kiba desvencilhando-se completamente dos braços da garota e se postando ao lado de sua amada – Esta é Emi, minha namorada e este é Kimimaro, nosso novo amigo e morador da minha casa. – começou ele indicando os dois jovens – E esta é Tsuhime, minha amiga de infância.

– Então essa é a Tsuhime. – balbuciou a garota de cabelos negros com uma ponta de irritação em sua voz.

– Namorada! – exclamou a garota de cabelos castanhos indignada – Não acredito nisso, como que eu não soube de nada, você some por dois dias e volta com uma namorada ainda por cima.

– E o que tem demais nisso? – perguntou Kiba estranhando a reação da garota.

Os olhos de Tsuhime estavam cheios d´água e ela encarou o garoto com uma expressão que misturava raiva e tristeza.

– Eu gosto de você, seu baka. – gritou ela enquanto saía correndo.

Kiba ficou com uma expressão estática em seu olhar. Emi apesar de ter sentido ciúmes de Tsuhime à primeira vista também se surpreendera e até chegara a sentir pena da garota. Enquanto que Kimimaro apenas observava a cena sem entender os sentimentos que aquela garota estava sentindo, mas curioso para descobrir.

Enquanto isso no clã Hyuuga, Hinata havia contado tudo o que havia acontecido à sua irmã, desde que iniciara seu treinamento com Naruto até o momento em que combinaram o almoço e se despediram no dia anterior. Hanabi ouvia tudo atentamente, dando um sorriso maroto ao final.

– Então quer dizer que finalmente conseguiu conquistar o Naruto-kun, one-san? – perguntou tranquilamente.

Hinata enrubesceu totalmente sem saber o que dizer.

– Pode deixar vou te ajudar a preparar tudo para o almoço. – disse a menina de cabelos castanhos sem esperar uma resposta – Afinal não é todo dia que tenho a oportunidade de ver meu quase cunhado tentando pedir permissão ao papai pra namorar minha irmã mais velha. – comentou em tom divertido.

Mesmo estando constrangida, a garota de cabelos azulados não pode deixar de achar graça no comentário da irmã.

– Obrigada Hanabi-chan. – agradeceu Hinata sentindo-se feliz por poder contar com a ajuda de sua irmã caçula a quem tanto prezava.

Às onze e meia estava tudo pronto. Mesmo não tendo muitas habilidades na cozinha como sua irmã, Hanabi soube seguir corretamente todas as instruções que Hinata lhe dera e assim as duas puderam preparar tudo, contando também com algum auxílio de Myabi-san que pediu sigilo por parte das demais empregadas da casa, que mesmo a contragosto aceitaram e cumpriram as ordens de suas senhoras.

O almoço seria composto por Gyoza (bolinhos com recheio de carne de borco), arroz, omu-soba (omelete com yakissoba), peixe assado e de sobremesa yaki manju (bolinho de trigo assado com recheio de massa de feijão). Hinata sabia o quanto Naruto gostava de ramen, mas gostaria que ele experimentasse outras comidas, as quais fizera com todo o amor e carinho, especialmente para seu amado.

"Será que o Naruto-kun vai gostar?" perguntava-se a garota insegura.

– Melhor nos arrumarmos one-san está quase na hora. – observou Hanabi ao olhar para o relógio.

Hinata desanuviou-se de seus pensamentos e assentiu, dirigindo-se rapidamente a seu quarto. A garota estava muito ansiosa e por isso não sabia o que vestir. Então decidiu usar um de seus kimonos, os quais normalmente utilizava em sua casa nos dias em que não havia treinamento.

Era um belo kimono lilás com flores brancas, com uma faixa branca amarrando a cintura. Hinata manteve seus cabelos soltos, dessa forma se sentia mais segura e confiante.

Ao chegar à sala de jantar, deparou-se com seu pai e Neji que já haviam chegado. Faltavam apenas 10 minutos para o meio dia.

– O-Ola papai. Seja bem-vindo. – disse Hinata nervosamente fazendo uma reverência, a garota desviou o olhar para seu primo perguntando através de sua expressão ansiosa se ele havia conversado com Hiashi.

Neji apenas deu um leve suspiro, fazendo um sinal negativo com sua cabeça. Nesse momento Hinata gelou.

– P-Papai tenho algo a dizer ao senhor. - disse a garota.

Hiashi voltou seu olhar para a filha, mas antes que dissesse algo, Koishi, um dos empregados da casa, adentrou a sala.

– Com licença, Hiashi-sama. - dirigiu-se formalmente ao líder do clã fazendo uma reverência.

– O que aconteceu, Koishi?

– Os senhores tem uma visita... o senhor Uzumaki Naruto. - respondeu o empregado.

As bochechas de Hinata coraram e ela ficou nervosa mexendo seus indicadores. Vendo o estado de nervosismo de sua irmã, Hanabi tentou falar com seu pai, no entanto Hiashi se pronunciou primeiro.

– E o que ele deseja?

– Disse que tem um almoço marcado com a família principal.

– Almoço? Mas como... - começou a dizer Hiashi confuso.

– Desculpe-me Hiashi-sama, tentei falar com o senhor esta manhã sobre isso, mas não tive oportunidade. - disse Neji formalmente.

– Então você o convidou, Neji?

– N-Não fui eu papai. - disse Hinata rapidamente.

– E por que o convidou, Hinata? Há algum motivo em especial?

– Bem, é que... - começou a dizer a jovem timidamente, mas parou ao ver Naruto adentrando a sala de jantar.

– Com licença. - disse ele um tanto nervoso - Espero ter chegado no horário, não quis me atrasar, então vim uns minutos mais cedo...

O garoto ia dizer mais alguma coisa, mas ficou sem palavras ao ver sua amada em um kimono. Aos seus olhos ela estava ainda mais bonita. Seu olhar ficou um pouco perdido olhando-a.

Quando seus olhares se encontraram, a garota também ficou sem fala, ver seu amado a fazia sentir-se bem e mais forte. Ela sorriu timidamente a Naruto, enquanto que as bochechas do garoto coraram ao ver tão belo sorriso.

– Seja bem-vindo, Uzumaki Naruto. - disse Hiashi formalmente - Soube que Hinata o convidou para almoçar, é uma visita de cortesia? - perguntou o homem seriamente.

Naruto demorou alguns segundos para responder, mas voltando a si rapidamente ao notar o olhar sério do homem de cabelos castanhos sobre si.

– N-Na verdade eu vim pedir permissão ao senhor para namorar a Hinata. - disse Naruto coçando a cabeça em sinal de nervosismo.

Hiashi observou o garoto com uma expressão atônita em sua face, voltando seu olhar para sua filha que ao notar o olhar severo de seu pai sabia que uma grande tempestade estava por vir.