– C-Como assim? – questionou Emi sem entender.

– Kamuya só conseguiu ressuscitar-me com a ajuda do Cristal, pois Orochimaru havia conservado algumas células vivas de meu corpo. – começou a explicar o ninja de cabelos brancos calmamente - Ele só funciona a partir de algo vivo e ainda há vida em Kiba.

– Kiba está vivo?! – perguntou Naruto surpreso, desviando seu olhar para o corpo inerte do companheiro.

– Não, mas quando um ser vivo morre, muitas de suas células ainda estão vivas, e assim permanecem por algum tempo até que fiquem totalmente sem oxigênio. – explicou Kimimaro fitando o ninja louro e depois parando seu olhar em Emi - Por isso você tem que agir rápido se deseja revivê-lo. – ao dizer isso ele apanha de seu bolso o Cristal da Ressurreição.

– Por essa razão meu pai não conseguiu reviver mamãe. Na época que ela morreu ele ainda estava desenvolvendo o cristal e quando o usou, já era tarde. – refletiu a garota – Mas você vai me entregar? – perguntou surpresa fitando Kimimaro.

O ninja de cabelos brancos assentiu seriamente e fez menção de entregá-lo à garota cujos olhos se encontravam marejados enquanto que seus lábios formam um leve sorriso, a esperança aos poucos retornava ao seu coração.

No entanto antes que o jovem entregasse o cristal à Emi, sua mão começou a tremer, segurando firmemente o cristal e recolhendo-a novamente.

– Orochimaru. – diz a garota em um misto de raiva e indignação ao notar que o cruel ninja ainda estava tentando controlar o corpo de Kimimaro – Teremos que tomar o cristal à força. – disse a garota voltando-se para Naruto rapidamente e preparando-se para atacar o ninja.

– Espere! – disse o ninja louro – Olhe.

Emi olhou na direção de Kimimaro e viu que sua mão ainda tremia, no entanto começava a se estender levemente em sua direção. Seus dedos trêmulos começavam a se abrir lentamente, deixando o cristal em forma de floco de neve à mostra.

– Pegue! Rápido! Não vou aguentar muito tempo. – disse o ninja de cabelos brancos com uma expressão de sofrimento.

A guardiã não precisou de outro aviso e rapidamente apanhou o cristal da Ressurreição, segurando-o firmemente em suas mãos.

– Por que está fazendo isso? – perguntou a garota confusa fitando Kimimaro.

– Ao menos... uma vez na vida quero agir por conta própria, fazendo algo que considero certo. – disse o ninja de cabelos brancos fitando Emi e desviando seu olhar para Naruto, que entendendo deu um leve sorriso – Vamos se apresse! Você não tem muito tempo.

Emi assentiu.

– Obrigada. – disse sorrindo agradecida antes de se dirigir rapidamente até o local onde se encontravam Kiba e Akamaru.

– Então está contra mim, Kimimaro? – perguntou a voz irônica de Orochimaru que emanava do selo amaldiçoado do ninja de cabelos brancos.

– Quando você me encontrou... pensei que tivesse encontrado alguém que se importasse comigo, que tinha me considerava de alguma forma, mas... no fim você me tratou como meu pai, apenas como uma ferramenta, a única diferença é que nunca teve medo de mim. – disse o jovem seriamente.

– Mas eu sempre o considerei, Kimimaro, preparei-o para ser meu recipiente, te dei um objetivo, e quando já estava fraco demais, você mesmo quis ajudar-me arriscando sua vida para trazer Sasuke até mim. Uma vida bem mais produtiva do que teria se continuasse com sua vida anterior, não acha? – disse a voz do cruel ninja calmamente - E olha como me paga? Você está fraco não poderá mais resistir ao meu controle.

– Você é desumano, Orochimaru. – indignou-se Naruto. – Usar as pessoas dessa forma é errado.

– Não faço nada mais do que os próprios líderes das vilas fazem. Ou vai negar que os ninjas não são usados e descartados como ferramentas? – perguntou o cruel ninja - Como esta missão, por exemplo, nela todos vocês se arriscaram, até mesmo sua namorada, que quase perdeu a vida. O que você faria se ela morresse? Não culparia Tsunade por tê-la deixado vir nesta missão?

– Isso nunca iria acontecer..., pois eu sempre a protegerei e mesmo que não esteja junto a ela, Hinata é forte e não perderá a vida facilmente. – rebateu o ninja louro seriamente – Um dia acredito que o mundo ninja não será mais assim, os ninjas não terão mais que arriscar suas vidas. Mas por enquanto temos que lutar contra caras como você e isso não tem nada a ver com sermos usados pelos líderes da vila e sim lutarmos contra quem faz o mal, com o intuito de salvar outras pessoas. É totalmente diferente do que você faz, você só usa e faz o que lhe convém para benefício próprio. – disse o garoto firmemente.

– Você não é diferente do Sarutobi-sensei ou mesmo Jiraya, mas veja onde eles estão agora? Perderam suas vidas por uma vila, pelo bem de outros como você disse, e o que ganham com isso, um memorial? – zombou Orochimaru – Trabalhar em benefício próprio é muito melhor, o torna mais forte. Sentimentos te deixam vulnerável e fraco.

– Não fale deles assim. – disse o garoto com raiva, formando um punho em sua mão direita.

– E o que pretende fazer? Destruir o que resta de Kimimaro? Vá em frente isso não vai me deter, mas antes usarei a força que lhe resta e me apoderarei novamente do cristal. – disse o ninja calmamente.

– Não vou deixar. – disse o ninja de cabelos brancos com convicção, enquanto concentrava seu chakra, liberando o selo amaldiçoado.

– Kimimaro... – Naruto observava a cena surpreso, o jovem tentava despertar todo seu poder oculto, se esforçando ao máximo para isso, enquanto que ao mesmo tempo a vida começava a se esvair de seu corpo. – Assim você vai...

– Eu sei... de qualquer forma não me resta muito tempo de vida. – disse o ninja seriamente, e após alguns momentos, tendo gastado todas as suas forças, ele cai para trás. Então seu corpo começou a voltar ao normal.

O ninja louro aproximou-se dele rapidamente, mas os olhos de Kimimaro já estavam cerrados. Naruto também notou que a voz de Orochimaru não mais se manifestara.

– Para onde ele terá ido? – perguntou-se, lembrando-se das palavras do cruel ninja que disse que mesmo a morte de Kimimaro não o deteria.

Naruto voltou seu olhar para a face adormecida do ninja de cabelos brancos, com compaixão e gratidão ao mesmo tempo.

“Espero que agora você encontre paz e tranquilidade” pensou ao mesmo tempo em que uma lágrima escapava de seus olhos.

Então subitamente Naruto lembrou-se de Emi, Kiba e o cristal e voltou seu olhar para a garota que se encontrava ajoelhada ao lado do ninja de cabelos castanhos, e rapidamente juntou-se a ela.

A garota estava concentrada, segurando o cristal escondido entre suas mãos que se encontrava sobre o peito de Kiba. Ela balbuciava algumas palavras inaudíveis para Naruto que apenas observava a cena na expectativa.

De repente o cristal começou a brilhar. A luz prateada do objeto parecia ser transmitida para o corpo do rapaz. Após alguns segundos, o osso que estava fincado no peito de Kiba começou a desparecer, até sumir por completo. No entanto ele ainda se encontrava com os olhos fechados.

Terminado o ritual, Emi recolheu o cristal e observava Kiba na expectativa, mas ele não se mexia.

– Kiba! Kiba! – chamava ela enquanto chacoalhava o garoto com lágrimas em seus olhos – Será que é tarde demais? – perguntou ela desesperada fitando Naruto que observava o corpo de seu companheiro com preocupação, sem saber o que pensar ou dizer.

– Reaja, vamos reaja. – dizia ela continuando a chacoalhar Kiba e a chorar compulsivamente, Akamaru que se encontrava do lado oposto do ninja começava a empurrar sua mão com o focinho, tentando reanimar seu amigo – Você não pode morrer... eu te amo. – disse Emi pela primeira vez, debruçando-se sobre o peito de Kiba, recomeçando a chorar – Eu te amo, eu te amo, eu te amo... – dizia sem parar.

– Tudo bem, já entendi. – disse uma voz fraquinha, mas bem humorada – Agora, será que dá pra sair de cima do meu peito? Está pesado.

Os olhos da guardiã do cristal se arregalaram ao reconhecer aquela voz. Ela levantou-se instantaneamente e fitou surpresa os olhos castanhos de Kiba que se encontravam abertos encarando-a.

– Ki... Kiba! – exclamou ela emocionada.

– O Akamaru é que não é, não é mesmo? – disse ele em tom divertido – Ah! Ola garoto. – disse ao notar a presença do cão branco que começou a encher seu rosto de lambidas. – Tudo bem amigão. – Kiba afagava o cão branco, enquanto tentava sentar-se.

– Vamos! – Naruto ofereceu sua mão ao ninja de cabelos castanhos, que o encarou surpreso, mas deu um leve sorriso, aceitando o gesto e levantando-se – Fico feliz que esteja bem. – disse o garoto louro dando um sorriso sincero.

– É... até que é bom ver sua cara de bobo alegre novamente. – rebateu Kiba rindo.

Naruto ficara levemente irritado com o comentário e pensava em responder ao garoto, mas ficou estático ao ouvir um choro agudo, era Emi, que estava parada soluçando. Kiba parou de rir e também observou a garota de cabelos negros, que estava enxugando suas lágrimas que não pareciam não cessar.

– Por que está chorando? – perguntou o garoto de cabelos castanhos sem entender – Eu já estou bem.

– E-Eu fi-fiquei tão... p-preocupada, n-não sabia o que fa-fazer. – dizia a garota entre prantos – Por que você tem que ser tão idiota?

– Idiota? E por que você está brava? - perguntou o garoto sem entender - O que eu fiz... – mas Kiba não conseguiu terminar sua frase, pois Emi o pegara de surpresa com um abraço caloroso, desesperado e sincero.

A jovem enterrou sua cabeça no peito do rapaz ainda chorando.

– Que bom que você está vivo... tive tanto medo... não queria te perder. - disse emocionada.

O garoto passou a mão sobre os cabelos de Emi, acariciando-os sem jeito, e retribuindo o gesto, envolveu suas costas com seus braços. Ele estava feliz por sentir a garota que amava, finalmente, tão perto de si.