My Friend, My Love escrita por Marcela
Eu acordara depois do almoço.
- Não. É claro que não. - foi a primeira coisa que ouvi quando abri os olhos - Ela não vai sair de casa. - a voz sussurrava e parecia falar ao telefone.
Ela? Era de mim que falavam? E por que não sair de casa?
- Ela está arrasada. - é. Era sobre eu. Mamãe esperou pela resposta durante meio minuto e pareceu concordar. - Ok. Tchau.
Tive que forçar meus pés a ficarem firmes no chão e, quando dei o primeiro passo, cambaleei para o lado e segurei na cabeceira da cama, sentando-me novamente. Apertei as pálpebras tentando segurar o choro. Algumas imagens apareceram em minha mente de relance e eu me senti um pouco zonza.
- Mamãe? - chamei em um murmúrio enquanto tentava me levantar mais uma vez.
- Estou aqui filha. - sua voz ecoou pelo corredor.
Corri até a sala me equilibrando pelas paredes do corredor e faltou pouco para eu não cair, mas Beatriz me segurou. As mãos macias e protetoras me pegaram pelos braços e ela me apertou em seu peito.
- Calma, filha. Está tudo bem.
- Notícias?
- Nenhuma. - ela suspirou.
Respirei fundo.
- Quem era no telefone, mãe? - perguntei mais calma.
- O Marcos. Ele está vindo pra cá. - a morena respondeu calmamente.
Engoli seco. Não queria que ele me visse naquele estado.
- Eu disse a ele que você não estava bem e não iria sair, mas ele insistiu e disse que viria te buscar para darem um passeio. Trate de se trocar.
Assenti e voltei para o quarto. Procurei por uma roupa confortável e vesti rapidamente. Coloquei uma calça jeans e uma blusa de manga curta. Estava nublado, mas fazia calor. Depois fui ao banheiro, escovei os dentes e arrumei os cabelos. Ele estava armado e horrível. A chuva não fizera bem para ele. Suspirei cansada. Fiz uma trança que acabou ficando meio frouxa, mas a deixei do jeito que estava.
Então a campainha tocou.
- Eu atendo! - gritei e fui abrir a porta.
Marcos estava lá, parado e lindo como nunca. Os cabelos negros tinham alguns fios rebeldes que apontavam para todos os lados. E os olhos azuis me fitavam.
- Você é louca, é?! - ele me abraçou com força e eu fiquei sem ar - Ontem à noite você sumiu e...
- Eu sei, Marcos. - disse enquanto me esquivava de seus braços fortes - Eu precisava voltar para casa. - abaixei a cabeça.
- E isso acarretou no atropelamento do Eduar... - Marcos de interrompeu.
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu estremeci com o que ele falava.
- Opa, me desculpe. - então eu comecei a chorar - Ai Marcela... Cara, eu sinto muito.
Ele foi me abraçar e, tentando me recompor, peguei em sua mão direita, puxando-o para longe dali. Depois não dissemos mais nada. Eu não sabia ao certo para onde íamos, apenas continuei andando em vão.
Depois de um tempo percebi que ia para a escola. Embora fosse sábado, o local estava aberto para reforços de provas e tudo mais. Puxei Marcos para o anfiteatro e ele hesitou antes de entrar.
- Quer ensaiar? - sua voz estava rouca.
Assenti e subi no palco enquanto ele me fitava ainda parado na escada.
- Tem certeza? Você está bem para fazer isso? Não deveríamos esperar mais um pouco? Não sei... Você me parece bem exausta.
- Cala a boca Marcos! - minha voz se alterou e ele me olhou assustado - Chega de perguntas. Estamos ensaiando há algum tempo e você sabe muito bem como nossos ensaios têm acabado. A peça está logo aí e precisamos acabar com isso. - eu disse rapidamente e um tanto irritada.
- Se é assim que você prefere... - disse ele, subindo no palco e parando ao meu lado.
- Não é questão de preferência, Marcos. - sentei-me no chão de madeira e balancei os pés - Aceitei fazer essa peça musical porque pensei que seria um jeito legal de eu lutar contra meu medo de palcos.
Ele riu.
- Não acho que isso seja tão engraçado. - acrescentei e ele riu mais alto.
Sua voz ecoou pelo espaço como um estrondo e eu abaixei a cabeça. Só havia eu e ele ali. Marcos roçou os dedos em minha face, puxando meu queixo para cima e então voltei a olhar dentro de seus olhos.
- Me perdoe. - o moreno pediu e meus olhos se arregalaram.
- Pelo quê? - perguntei incrédula.
- Por tudo. No começo fui chato com você, pois achei que você seria chata comigo, mas acho que por um momento achei que teria alguma chance com você. - eu arfei e ele continuou - Mas ontem... Ontem, quando estávamos na casa de Lígia e eu vi seu amigo pela primeira vez, senti tanta raiva por ele conseguir fazer você se encantar tão fácil e eu... Eu nunca consegui.
- Não é verdade! - rebati.
- Não?
- Eu... Por um momento me senti... Segura com você. Era como se nos conhecêssemos há tanto tempo, como se eu soubesse quem você era. Tão frio e tão quente ao mesmo tempo. - admiti fracassada.
- Gosto disso. - ele disse e rimos juntos.
- Uma pessoa tão misteriosa. - disse por fim.
- Tão teimosa. - Marcos riu. - Ontem vi como ele olhava para você enquanto estavam lá fora, na chuva. - ele hesitou e olhou para frente como se estivesse se lembrando do dia anterior. - Ele tinha um olhar tão protetor, tão apaixonado. Queria sentir isso por alguém algum dia.
Senti meu corpo fraquejar. Estremeci e, de repente, tudo ficou escuro. As cadeiras tremeram e pisquei para voltar ao normal. Apaixonado. Era essa a palavra que eu procurava já fazia um tempo.
- Você está bem? - Marcos me segurou e afagou meu braço com as mãos.
- Eu... Sinto que perdi algo precioso. Algo que eu tinha em mãos e então, tão de repente, sumiu. - gaguejei e comecei a chorar compulsivamente.
- Você não perdeu coisa alguma, Marcela! Você tem tudo.
- E ao mesmo tempo nada. Me sinto vazia.
- Não é verdade... - sua voz estava séria.
- Bem que eu queria. - enxuguei as lágrimas, recompondo-me - Me perdoe por brincar com seus sentimentos.
- Como assim? - o dono dos olhos azuis me olhou confuso.
- Durante um tempo me senti como se tivesse que escolher entre dois objetos, dois brinquedos, mas eram meus amigos.
- Quero vê-la feliz. Só isso. - ele sorriu para mim e me deu um beijo na testa.
Não pude deixar de rir também.
- Estava pensando em conhecer melhor a Lígia. Ela me olha de um jeito diferente, como se gostasse de mim. - ele mordeu os lábios inferiores, com dúvida.
- Pode apostar. - dei uma risada nervosa.
- É sério?
- Oh, não conte à ela que revelei seu segredo. - encenei uma pose arrependida.
Rimos juntos e depois nos olhamos dentro de ambos olhos.
- Obrigada. - sussurrei contente.
- Obrigado. - ele me abraçou com força.
Tudo pareceu mais calmo, tranqüilo. Então havia acabado? Ou estava apenas começando?
Fim do 21º Capítulo.
Perdoem-me pela demora! Sinto muito mesmo! Mas somente agora minhas provas cessaram um pouco... Então a inspiração veio. Estou enrolada com as fics e o livro que estou escrevendo... Portanto poderei escrever mais aos finais de semana. Espero que entendam. Me perdoem e comentem :D Beijos
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!