My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 19
Eu não tinha para onde correr


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha esse capítulo é Never Think do Robert Pattinson, aqui está ela, para quem quiser ouvir pelo youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=un3xDuaHOpE

[Narração: Marcela]



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“Oh meu Deus, o que aconteceu?”



“Tem alguém ferido ali!”



“Alguém chama uma ambulância!”



As vozes de algumas pessoas que se aglomeravam no local se dissiparam com o vento e fechei minhas pálpebras, pousando a cabeça no peito dele. Podia ouvir o seu coração bater fracamente, mas ainda batia. Sorri com isso, mas as lágrimas não cessaram em pular dos meus olhos castanhos. Senti o sangue pulsar aceleradamente em minhas veias e algumas gotas de suor que brotavam na minha testa escorreram pela minha face misturando-se com a água da chuva. Meu coração parecia que ia parar de bater e eu respirei fundo mais uma vez, após escutar o som da sirene de uma ambulância se aproximando.

 

I should never think
What's in your heart
What's in our home
So I won't
Eu nunca deveria pensar
O que está no seu coração
O que está em nosso lar
Então eu não pensarei

 

- Me desculpe, por favor - sussurrei com a boca colada em sua roupa.



Olhei para sua face mórbida e mordi os lábios inferiores de minha boca quando observei o sangue lamber sua pele alva, tocando, logo, o chão. O líquido vermelho era tão quente e robusto que manchava a perfeição de seu corpo. A suavidade permanecia, mas cada vez que eu olhava o garoto ali, deitado, quase sem vida, eu tinha vontade de chorar.



As lágrimas quentes, preenchiam minha visão, fazendo sua imagem parecer um borrão em minha mente. As imagens do acidente estavam claras em minha mente ainda confusa, me fazendo parecer ser a culpada de tudo aquilo.



“VOCÊ NÃO É CULPADA DE NADA!”



Sua voz doce ecoou em minha mente e deixei as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas, parando em meu queixo e pingando no asfalto já molhado. Logo senti uma mão tocar um de meus ombros e levantei-me repentinamente, correndo os olhos para sua face.



- Você é alguma coisa dele? - um para médico, que havia descido rapidamente da ambulância, me perguntou com a voz nervosa.

 

You'll learn to hate me
But still call me baby
Oh love
So call me by my name
Você aprenderá a me odiar
Mas ainda me chama de querido
Oh amor
Então me chame pelo meu nome

 

Fiz que sim com a cabeça, com medo de soltar alguma palavra, por qualquer uma que fosse. E então ele chamou outros homens, que colocaram meu amigo em uma maca, e o imobilizaram. Soltei um grito por impulso e me agarrei no braço do homem ao meu lado. Eu precisava ir junto com ele! Não podia ficar aqui. Sozinha.



Ele me ajudou a entrar na ambulância e me colocou sentada, ao lado de Edu. Enquanto o examinava, o carro partiu em uma velocidade alucinante e o som metálico das sirenes ecoou em meus ouvidos, irritantemente. Peguei as mãos do loiro e as afaguei com carinho, lembrando-me dos meus momentos felizes ao seu lado.



Flash Back



- Marcela...



- Oi.



- Nada. - Ele sorriu - Eu só queria ouvir sua voz de novo, nem que seja pela última vez.



- Não Du... - Um sorriso amarelo se desenhou em minha face - Não vai ser a última vez.



Fim do Flash Back



Sorri comigo mesma, na tentativa de esconder o choro. Senti meu coração se apertar dentro do peito e afaguei a região que ardia sem cessar, mas foi inútil. Deixei mais lágrimas lamberem meu rosto robusto de dor.

 

And save your soul
Save your soul
Before your to far gone
Before nothing can be done
E salve sua alma
Salve sua alma
Antes de você ir longe demais
Antes que nada possa ser feito


 

Flash Back


Suas mãos envolveram minhas coxas, me prendendo em seu corpo forte. Senti meu corpo estremecer e os pêlos dos meus braços arrepiaram com o seu ato. Contornei seu pescoço com minhas mãos trêmulas de frio e me segurei firme para não cair de seu colo. Eduardo me ajeitou e apertou os passos, enquanto eu descansava minha cabeça em seu ombro largo.



- Não abuse do meu cavalheirismo em! - Ele zoou.



- Cala a boca e corre. - Caçoei, rindo.

 


- Vá vá, eu sei que tá super aconchegante aí, sua tonta. - Sorriu feliz.



Fim do Flash Back



Corei com a lembrança e fechei os olhos.



- Você está bem? - a voz do para médico, me acordou de meus devaneios.



Neguei, balançando a cabeça em um movimento negativo. Ele estendeu sua mão para mim e eu sorri, cumprimentando-o.



- Sou Rogério. - ele deu um riso nervoso.



- Marcela. - sussurrei.



- Sinto muito por me apresentar numa situação dessa, mas gostaria de saber o que aconteceu.

 

I'll try to decide when
She'll lie in the end
I ain't got no fight in me
In this whole damn world
So hold off
She should hold off
It?s the one thing that I've known
Eu vou tentar decidir quando
Ela mentirá no fim
Eu não tenho nenhuma luta em mim
Em todo esse maldito mundo
Então você se afasta
Ela deveria se afastar
É a única coisa que eu sei

 

Minha respiração ofegou e apertei as pálpebras, vendo em minha mente aquele carro atingir o corpo do meu amigo. Depois de me recompor, expliquei ao Rogério o que havia ocorrido, com a voz um tanto trêmula e ele ficou em silêncio. Notei que tínhamos chegado ao hospital e todos desceram rapidamente. Antes que eu pudesse reagir, já estava em cima de uma maca, que corria pelo corredor, apressada.



Por que estavam me socorrendo? Quem precisava de ajuda ali não era eu. Tentei levantar e uma mão forte me impediu. Então cedi à exaustão e fechei os olhos mais uma vez.



XXX



Olhei o relógio de parede, que marcava três horas da manhã, pela última vez. Suspirei cansada e repousei a cabeça entre as mãos, enquanto esperava minha mãe vir me buscar. Logo a vi chegando com passos apressados pelo corredor e, quando me avistou, começou a correr mais rápido até trombar comigo e me abraçar fortemente.

 

Once I put my coat on
I coming out in this all wrong
She standing outside holding me
Saying oh please
I'm in love
I'm in love
Assim que eu colocar meu casaco
Eu saio errado de tudo isso
Ela está parada lá fora me segurando
Dizendo oh por favor
Eu estou apaixonada
Eu estou apaixonada

 

- Oh meu amor! - Sua voz soava aliviada - Fiquei tão preocupada com você quando me ligaram daqui do hospital! Imaginei que estivesse na casa da sua amiga! - ela hesitou durante um instante, inspirou profundamente e continuou mais calma - Como você está?



- Estou bem. - respondi monotonamente, um tanto cabisbaixa.



- Não me parece tão bem assim. - ela afirmou, me fitando com um olhar confuso.



- Mãe... - comecei, mas parei, com medo de chorar.



Ela esperou, quieta e assentiu para mim. Sentei-me na cadeira novamente e mordi meus lábios inferiores, soltando um baixo gemido.



- O Eduardo está sendo operado! - exclamei não muito alto e os olhos de Beatriz se arregalaram, mas ela não disse nada. Colocou as mãos na boca e se sentou também - Mamãe, ele foi atropelado enquanto atravessava a rua. - As palavras rasgaram minha garganta ao serem ditas.



Comecei a chorar de novo e ela me abraçou com tanta força que quase fui incapaz de respirar. Senti meu coração se espremer dentro do peito e notei que ele queria parar de bater, mas fui forte. Inalei o cheiro dos cabelos de minha mãe e ela chorou também. Então ele finalmente falou:

 


Girl save your soul
Go on save your soul
Before it's to far gone
And before nothing can be done
Garota salve sua alma
Vá logo e salve sua alma
Antes que seja tarde demais
E antes que nada possa ser feito

 

- O que vocês dois faziam sozinhos na rua, à uma hora dessas? - Beatriz perguntou nervosa e um tanto brava.



- Sinto muito mãe, mas é que... - pensei em Marcos por um segundo. O que ele pensaria de mim ao descobrir que quase matei meu amigo? Porém continuei - Que eu não queria ficar na casa da Lígia. Estava me sentindo mal e decidi que voltaria a pé para casa, mas o Edu - a palavra perfurou meu peito e queimou minha língua -, ele quis me acompanhar. Nem pensamos em pegar um guarda-chuva, já que nossas casas ficavam perto da de Lígia.



- Meu Deus! Por que não me ligaram? - ela perguntou, ainda chorando - Eu iria buscá-los.



- Eu sei que iria, mãe, mas acontece que decidimos parar na praia por um tempo. - confessei, chorando também.



- MAS CHOVIA! - Beatriz gritou, nervosa.



- EU SEI! - aumentei o tom da minha voz também e enterrei o rosto entre as mãos novamente.



Ela suspirou e fitou o corredor, apoiando as mãos sobre as suas coxas.



- Marcela, você entende que quem poderia estar nessa situação que seu amigo se encontra, podia ser você?

 

Cause without me
You got it all
So hold on
Without me you got it all
So hold on
Without me you got it all
Without me you got it all
So hold on
Without me you got it all
Without me you got it all
So hold on
Porque sem mim
Você tem tudo
Então segure-se
Sem mim você tem tudo
Então segure-se
Sem mim você tem tudo
Sem mim você tem tudo
Então segure-se

 

Concordei com a cabeça e gemi para mim mesma. Minha mãe pegou o celular e começou a discar um número rapidamente que não consegui destingüir de quem era.



- Carla? É a Beatriz. - ela respirou fundo e continuou - Me perdoe por te ligar essa hora, mas você precisa vir para o hospital...



Agora eu tinha certeza. O inferno havia me encontrado e eu não tinha para onde correr.



Fim do 19º Capítulo.

 

Suspeeeeense. Hm. hihi. Bom, não tenho o que falar, mas quero comentários! hahaha. Espero que tenham gostado e NÃO ME MATEM! D: haha Beijos


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