My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 18
Por que você não fica comigo?


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha esse capítulo é Stand By Me do Oasis, aqui está ela, para quem quiser ouvir pelo youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=eRkYpOBuHPU&feature=related
[Narração: Marcela]



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Corríamos em uma velocidade incrível, quase inumana. Parecia que os dois quarteirões haviam ficado mais longos, mas éramos nós que corríamos em outra direção. A chuva estava tão gelada e começava a ficar cada vez mais forte. De longe avistamos um quiosque e fomos nos abrigar sob ele. A praia estava escura e a lua era a única luz que víamos. As gotas de chuva se debatiam contra as telhas do abrigo em um soar gostoso e sentamos na pequena parte seca do chão.



O silêncio entre nós era tanto que podíamos escutar o som de nossas respirações. Apreciamos o mar e o barulho longínquo das ondas que batiam nas pedras e lambiam a areia por um longo e sossegado instante. Notei que nossos pés e os dedos de nossas mãos estavam enroscados uns aos outros e eu repousava minha cabeça no ombro de Edu.

 

Made a meal and threw it up on Sunday
I've got a lot of things to learn
Said I would and I believe in one day
Before my heart starts to burn.
Fiz uma refeição e vomitei tudo no domingo
Eu tenho muitas coisas para aprender
Disse que eu ia e irei embora um dia
Antes que meu coração comece a queimar

 

- Em que está pensando? - ele perguntou; sua voz quase inaudível.



- Em nada demais. - murmurei, quase que para mim mesma.



- Está com frio?



- Um pouco.



E então o silêncio tomou conta do momento novamente. Ele afagou minhas mãos e sorriu de canto. Desviei meus olhos de seu rosto e voltei a observar o mar negro.



- Eu - hesitei um instante - preciso tomar um banho, mas não quero voltar pra casa - sibilei - Ah droga!



- O que foi? - ele me olhou preocupadamente e arqueou as sobrancelhas.



- Minha mãe vai me matar. - mordi os lábios inferiores.



- Não se preocupe. - Edu sorriu - Ta comigo, ta com Deus.

 

So what's the matter with you?
Sing me something new...don't you know
The cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
Então, qual é o problema com você?
Cante para mim algo novo...Você não sabe
O frio, o vento e a chuva não sabem?
Parece que eles só vêm e vão embora

 

Rimos juntos. A preocupação de ir embora para casa havia sumido e eu parecia sonhar. Sonhar não com o amor e a felicidade, mas com a paz - minha paz de espírito. Eu estava entregue a tranqüilidade e não queria nunca mais acordar. Minhas pálpebras se descansavam fechadas e meu amigo começou a cantarolar. Me puxou para poder ficar de pé e não parou de cantar a letra de uma música linda.



Ainda abrigados, ele colou seu corpo ao meu e suas mãos afagaram minhas costas molhadas. Aninhei-me em seu peito podendo ouvir seu coração bater aceleradamente. Coloquei minha cabeça sob seu queixo e fui envolvida pelos seus braços fortes. Começamos a rodar, mas não saíamos do lugar. Sua voz doce penetrava em meus ouvidos me fazendo suspirar.



Enrosquei alguns de seus fios da cor da luz do sol em meus dedos e brinquei com eles. Descansei sobre seu ombro largo, ainda dançando ao som da sua delicada voz. A praia estava deserta e a maresia beijava em meus cabelos, os quais grudavam em minha face. A respiração pausada do loiro tocava meu pescoço e perdi as contas de quantas vezes eu suspirei.



Finalmente olhei para ele. E então vi o verde de seus olhos afogados em lágrimas que, logo, escorreram pelo seu rosto perfeito. Meus lábios se retorceram em dor. Eu sabia que era a culpada por ele estar assim, mas não agüentava mais vê-lo se corroendo daquele jeito.



Descolei nossos corpos e tornei a correr. Queria, agora, voltar pra minha casa e esquecer de tudo. Esquecer dele para ser mais exata. Eu estava mais uma vez implorando para a morte me levar. Eu preferia morrer a vê-lo sofrer.


Sometimes are hard when things have got no meaning
I've found a key upon the floor
Maybe you and I will not believe in the things we find
Behind the door
Tempos são difíceis quando coisas não têm significado algum
Eu encontrei uma chave no chão
Talvez você e eu não acreditaremos
Nas coisas que encontramos atrás da porta

 

- CULPADA! CULPADA! - gritei e atravessei a rua, ainda correndo.



De repente me bateu uma angustia e eu me vi sem ninguém. Uma premonição? Não sei... Mas então me virei e olhei para o loiro do outro lado da rua. Ele corria para chegar mais perto e secava as lágrimas com as costas das mãos. Alguns carros passaram rapidamente entre nós, obrigando-me a ficar na ponta dos pés para poder vê-lo melhor.



- VOCÊ NÃO É CULPADA DE NADA! - o garoto exclamou.



Oscilei para trás e me reconstitui, sem desviar os olhos dele.



- POR QUE VIVE DIZENDO ISSO? - Eduardo perguntou - ESTOU CANSADO DE OUVIR COISAS SEM SENTIDO! VOCÊ DIZ COMO SE FOSSE A ÚNICA CULPADA DA HISTÓRIA!



- E EU NÃO SOU? - estava convicta de que aquilo não acabaria bem.



- É CLARO QUE NÃO, MARCELA!



Edu tentou atravessar a rua, mas não havia faixa de pedestre ali e os carros não o deixava passar, então ele voltou para trás.

 

Stand by me-nobody knows the way it's gonna be
Stand by me-nobody knows the way it's gonna be
Stand by me-nobody knows the way it's gonna be
Fique ao meu lado - ninguém sabe como será
Fique ao meu lado - ninguém sabe como será
Fique ao meu lado - ninguém sabe como será

 

- PELO AMOR DE DEUS! VOCÊ FAZ TANTO DRAMA À TOA, GAROTA! - era a primeira vez que ele agia desta maneira - VOCÊ ESCOLHEU O MARCOS, EU ACEITO, AGORA PÁRA DE DESCONTAR ISSO EM MIM! - da onde ele havia tirado aquela idéia?



- Não estou... NÃO ESTOU DESCONTANDO NADA EM NINGUÉM! - percebi que estava chorando novamente - Oh meu Deus... EU NÃO ESCOLHI O MARCOS! EU NÃO ESCOLHI NINGUÉM! - abracei meu busto, na tentativa de reconfortar meu coração - Ai. - gemi baixinho.



- MARCELA, OLHA PARA MIM! - ele gritou novamente.



Corri com os olhos até a face robusta dele e assenti.



- EU TE AMO! COMO EU FAÇO PRA TE PROVAR ISSO? ME DIZ! MEU DEUS, NÃO POSSO MAIS VIVER ASSIM! - sua voz estava rouca e trêmula - SE PREFERE O MARCOS, ME DIGA! PORQUE EU ACHO QUE DEPOIS DE TUDO O QUE EU TE DISSE MAIS CEDO, NADA FEZ SENTIDO, NÃO FOI?



- Isso não tem nada a ver, Edu! Por favor, não confunda as coisas! - implorei, com a voz um pouco mais calma.



Agora os carros que passavam ali eram poucos, mas mesmo assim não tínhamos coragem de atravessar a rua. Olhei para o céu com dificuldade, pois a chuva ainda caía sobre nós, e avistei a lua. Ela parecia chorar junto com as nuvens. Junto comigo. Ela estava triste também, mas não havia nada o que fazer para melhorar a situação.



- Então me explique. Me esclareça as coisas que aconteceram durante o tempo que estive fora. Eu imploro... - a dor estava presente em sua voz.



- Durante os quatro - sibilei novamente - Durante os quatro meses mais dolorosos da minha vida, você esteve fora. Longe de mim. Eu achava que você nunca mais iria voltar para ficar comigo. - mordi os lábios quase arrancando sangue deles de novo - Tentei te esquecer, mas aí apareceu o Marcos e ele foi tão impulsivo, que seu jeito de encarar as coisas - hesitei -, de me encarar, acabou mexendo comigo novamente. - os soluços escapuliram da minha boca rapidamente. - Eu sinto tanto por isso.



- Está apaixonada por ele? - o loiro perguntou, ainda nervoso.



- Não! Eu estou apaixonada por você! Eu sempre fui!



- Então por quê não fica comigo? - ele sorriu ao mesmo tempo em que chorava.



- E se... E se não dermos certo? - gaguejei.



- Pelo menos tentamos, não é?

 

If you're leaving will you take me with you
I'm tired of talking on my phone
There is one thing I can never give you
My heart will never be your home.
Se estiver indo embora, me levará com você?
Estou cansado de falar ao telefone
Mas existe uma coisa que jamais poderei dar a você
Meu coração nunca será sua casa

 

Meu melhor amigo então, contente, se preparou para atravessar a rua e não se incomodou de olhar para nenhum dos lados, mas eu olhei. Avistei um carro vir em sua direção em uma velocidade alucinante e foi parando aos poucos. Estava mais lento, mas ainda corria. E então só vi o corpo da pessoa a qual eu mais amava se chocar contra o automóvel e ele permaneceu deitado no chão, com um ferimento na cabeça.



- EDUARDO! - foi a única coisa que consegui falar naquela noite, que aparentava ter acabado para nós dois.



Fim do décimo oitavo capítulo.

Uia. Não tenho muita coisa para comentar, mas exijo os reviews rsrsrs. Foi realmente legal escrever essa capítulo (: Espero que tenham gostado! Muitas surpresas estão por vim :B haha. Sou dumal mesmo. Beijos me liguem. Mentira, beijos e comentem :P


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