Entre Hanôvers E Bourbons escrita por Becca Armstrong


Capítulo 4
Capítulo 4 -Guerra?


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora! Mas esse cap deve compensar...



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Desci para o almoço com Edward. Já li bastante informação sobre ele. Não sabia que seu pai havia morrido pouco depois de ele nascer, ou que sua mãe não era muito presente na vida dele. Nem sabia que ele perdera dois irmãos há três anos, em uma caçada. Homem estranho. Familiares morrendo nessas coisas e ele me obriga a ir com ele. Já avisei à Alice e Rose que procurassem saber tudo sobre Edward com esses criados fofoqueiros.

    Afinal, em uma guerra como esta, eu preciso saber o máximo possível sobre meu inimigo. E Edward era, definitivamente, meu inimigo.  Paro em frente a um espelho com bordas em mogno e vejo meu reflexo. O vestido que escolhi, o vermelho de decote quadrado, ainda estava intacto. Meu cabelo é que precisaria de uma séria remodelagem. Onde estava Erick quando se precisa dele? Mas a minha boca é que estava triste. Esse frio estava deixando pequenas marcas em meu lábio inferior.

    -Admirando o reflexo?

    Viro-me assustada e vejo que Edward me fitava. Ele parecia mais abatido que antes. A reunião diária com os nobres deve ter sido cansativa.

    -Sim. Esse vestido é realmente magnífico. Obrigada. –Viro-me. Mostrar fraqueza diante do inimigo é uma falha terrível. “Mantenha-se forte”.

    -Não tem de quê. Não quero minha rainha andando com nada menos que o melhor. –Edward me encara. Ele quer me perguntar alguma coisa. –Vamos?

    -Claro. –Não era nada nem perto disso o que ele realmente queria dizer.

    Chegamos a uma sala pequena e arejada. Há uma mesa redonda pequena e outra mais ao fundo, onde Rose e Alice comem com Emmet e Jasper. Estranho. Salinhas minúsculas as que eles têm aqui.

    -Edward, onde comeremos? –Faço-me de boba, tentando não acreditar que comerei nessa mesinha para cachorro.

    -Aqui. –Edward afasta a cadeira e eu me assento. “Nada de brigas por hoje”. Tudo está bom assim. Esse palácio tem um charme, uma “maniére rustique”.

    As comidas chegam e eu vejo salada de entrada. Estranho. Não me lembro de Edward ou qualquer outro britânico comer salada.

    -Por que salada? Pelo que me recordo...

    -Você gosta. –Edward corta o assunto, pegando um pouco e levando à boca. Observo sua expressão. Definitivamente, ele não gosta. A cara dele está entre nojo e muito nojo.

    -Jane. –Estralo os dedos.

    -Sim, minha rainha?

    -Que tal trazer logo o prato principal?

    -Claro. –Jane manda os serviçais trazerem os pratos e retirarem a salada. Edward parece profundamente aliviado. Também, o prato principal é porco. Que inglês não gosta de porco? Espeto aquela carne gordurosa. Se eu retirar a gordura lateral, sobra uma parte quase intacta de carne deliciosamente saudável (ou quase, porque esses temperos podem ser venenosos) que pode ser ingerida.

    -Bella, vai cavalgar no final da tarde? –Edward agora come com vontade.

    -Não. –Não é só porque eu cedi e pedi o prato principal que eu quero cavalgar. Meus planos incluem uma leitura reservada em minha saleta particular. Sem Edward.

    -Você nunca viu verdadeiramente o pôr do sol que temos. É impressionante.

    -Eu passo. –Engulo um pouco de um molho. O porco pode esperar.

    -Quando eu perguntei se você iria, queria dizer que era melhor para você ir por vontade que ir sem vontade. Mas, quando não se pode fazer o melhor, prefiro o possível.

    -O que isso quer dizer? –Não acredito que ele quer dizer o que ele disse.

    -Que você vai de qualquer maneira. –Edward come mais do porco. Pego meu vinho e jogo na cara dele.

    Foi sem pensar, mas vinho era a única coisa que eu tinha na mão que não atravessaria a cabeça dele ou o deixaria com um cheiro horrível (que eu teria que aturar à noite).

    -Que porcaria é essa, Isabella? –Edward se levanta, limpando o rosto. Uma rainha não se desculpa.

    -Foi simplesmente uma queixa informal. Eu não vou com você. –Levanto-me. Mais uma briga.  

    -Saiam todos! –Pela segunda vez em menos que quatro horas, Edward demanda que todos saiam da sala.

    -Isso, saiam todos para que vocês não vejam o bruto que é seu rei! Saiam bando de marionetes! –Grito. Eu também sou rainha nesse país.

    Aparentemente, isso não adianta de nada, uma vez que todos saíram. Inclusive Alice e Rose. Será que alguém prestou a menor atenção ao que eu disse?

    -Isabella, Isabella. Será que você ainda não aprendeu que minha vontade é lei aqui? Eu sou o rei por sangue, você só está aqui pelo casamento. Aprenda: Ingleses obedecem ao rei de linhagem, não á uma agregada. –Edward caminha até mim. Tento me afastar, mas ele segura meu pulso. Agregada? Eu fui intimada a viver aqui! Não vim aqui porque queria!

    -Está doendo... –Tento soltar suas mãos de minha pele. Edward aperta ainda mais, fazendo com que o sangue quase pare de circular naquela área.

    -Eu sei. Viu? É isso o que eu posso fazer com você. Mas não faço nada assim, porque minha mãe me disse para que tentar ser bonzinho, para eu fazer com que você se apaixonasse por mim. E eu tentei, Deus sabe como eu tentei, mas você é muito nariz em pé e muito metida para admitir que sua vida aqui não está um verdadeiro inferno. E sabe pro que eu queria passear com você hoje? –Edward retira um colar de esmeraldas do bolso. –Para te dar a bosta de eu presente que eu sei que você adora. Mas você me ouve? Não. Você pelo menos pensa na possibilidade? Não.

    Sinto lágrimas caírem de meus olhos. A mão dele realmente machuca meu pulso. Demais. Ajoelho-me, na esperança de ele soltar meu braço.

    -O senhor está me machucando... –Tento falar, fungando. Merda. Isso está acabando com minha maquiagem. Edward aperta um pouco mais e eu grito de dor.  

    Edward parece perceber o que fez e solta meu pulso, com uma cara de choque. Vejo a área e constato que está roxa, mas não em excesso. Com certeza estará pior amanhã. Ponho meus dedos ali, mas não consigo mantê-los por muito tempo. Dou mais um grito. Edward aparece em poucos segundos com um pano molhado.

    -Não. –Afasto meu pulso dele, virando-me de costas e me sentando no chão, virada para a parede mais próxima. Edward tenta chegar mais perto de novo, mas eu grito. –Não!

    -Para de ser fresca. –Edward fala.

    -Não. –Digo, já chorando de novo. Meu pulso vai precisar ser amputado.

    Aparentemente, não surte o menor efeito. Edward se senta logo atrás de mim e puxa meu corpo de encontro ao seu. Minhas costas se chocam com seu peito. Então ele pega meu braço com suavidade ímpar e deita-o em meu colo, sobre sua mão. Ele põe um pano molhado por cima. Espero pela dor, mas ela não vem. Pelo contrário, ela vai embora. A frescura do pano melhora muito mais a ardência. Quase não sinto nada.

    Então Edward afasta o pano.

    -Não. –Tento puxar o pano de volta. Ele é um torturador mesmo. Ajuda-me para depois piorar a situação.

    -Calma. –Ele põe o pano sobre a jarra e vira-a para que a água caia. Então volta a por o pano sobre meu pulso. Relaxo meu corpo e deito-me mais sobre o peito de Edward, quase dormindo de alívio. –Perdão. –Ele sussurra em meu ouvido.

    -Você não fez nada de errado. –Na verdade, a água era a única coisa boa nessa situação (com exceção de minha atual almofada, musculosa na medida certa).

    -Então esse roxo no seu pulso foi trazido pelo vento? –Edward ri. –Eu sou um bruto mesmo.

    -Não é não. –Viro-me para ele e uso a mão boa para passar sobre a bochecha esquerda dele. Sinto-me no dever de consolar a pessoa que me ajuda com tanto carinho e que tenta ser bom para mim.  

    -Claro que sou. Isso não deveria ter acontecido por causa de uma cavalgada.

    Nós poderíamos discutir isso o dia inteiro. Eu também fui burra em dizer logo “não”. E eu sou nariz em pé demais para admitir que minha vida aqui é bem mais livre que na França. Mas, ao invés disso, decidi tomar outro caminho. Com uma mão, retirei a pedra que estava em meu pescoço e deixei-a cair em meu colo.

    -Você se importaria em me dar aquele colar agora? –Levanto o resto do meu cabelo que havia ficado solto e o seguro com a mão boa, virando-me de costas para Edward.

    Sinto o pano sair de meu pulso e depois há um frio em meu peito. O colar é pesado. Edward fecha-o a trás e eu ainda seguro meu cabelo, por falta do que fazer. Então sinto uma agradável pressão quente em minha clavícula. Viro-me de lado e vejo que Edward está com seus lábios em minha pele.

    Sem saber como prosseguir, não faço nada. Então Edward sobe seus beijos até meu ouvido, onde faz algo inusitado. Seus dentes mordem levemente a área. A mão machucada (que parou de doer na hora em que vi seus lábios sobre mim) vai até o cabelo dele e instiga-o a prosseguir. Então uma mão dele se dirige á minha barriga, puxando-me mais para seu peito, enquanto a outra vai sobre a mão que estava em seu cabelo, subindo e descendo pelo meu braço. Então solto a mão que estava em meus cabelos e ponho-a sobre a mão dele em meu abdômen. Edward choca minhas costas contra seu peito e usa a mão que acariciava meus braços para virar meu rosto para o seu.

    Deito minha cabeça em seus ombros e sinto seus lábios sobre os meus. Edward pede passagem com sua língua e eu a forneço, sem forças para lutar. Sinto o doce gosto de vinho. Minha mão em seu cabelo prende-o bem junto a mim, obrigando tanto a não parar quanto a permanecer ali, comigo. A mão de Edward que estava em minha barriga sobe um pouco mais e exerce uma leve pressão.

    Ele realmente sabe beijar. Ambas as mãos dele vão á minha coxa e me sentam sobre as pernas dele, virada em sua direção. Então elas se dirigem á meu cabelo e soltam o grampo que o prendia com a maior facilidade que já vi. Seguro o rosto dele com as duas mãos e empurro-o para o chão, ficando sobre ele. Desço meus lábios para seu pescoço e dou leves beijinhos ali, sentindo o perfume que ele tem. Edward é simplesmente perfeito. Além de ser lindo, inteligente, carinhoso... Ele ainda sabe beijar! Nunca me senti assim.

    -Bella... –Edward enterra as mãos em meus cabelos e me estimula a prosseguir com os beijos.

    A voz dele me acorda. O que eu estou fazendo? Abro meus olhos, levanto-me e saio correndo, deixando ali parado, em encarando.

    -Bella? –Ouço-o gritar.

    Eu só corro, na esperança de clarear minha mente. Tenho certeza de que, se tivesse ficado ali por mais poucos segundos, eu poderia estar completamente submissa.

    Sinto as batidas descompassadas de meu coração. É assim que bate o coração de uma mulher apaixonada?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem reviews, favoritem, recomendem! Só me deem us sinal de que vocês estão lendo, ta?