Amor Mascarado 2 escrita por LunaCobain


Capítulo 4
Mutilação


Notas iniciais do capítulo

Capítulo tenso ...



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            -Erik, não pode deixar isso acontecer de novo. – Brigitte Giry exclamou, olhando o homem de olhos avermelhados, ombros encolhidos e cabeça baixa em sua frente. – Catherine tem quinze anos e desistiu da vida dela para vir ficar com você. Não pode assustá-la desse jeito. Nunca a vi tão apavorada, nem por causa de Matt.

            Erik assentiu, olhando pro chão.

            -Sim, eu sei. Eu sei... Realmente não sei, não consigo me lembrar do que aconteceu, foi como se eu estivesse em transe e de repente, acordasse sem entender nada. Mas sei que não posso deixar acontecer de novo. Jamais me perdoaria se a machucasse.

            Brigitte suspirou. “Acho que já a machucou.”, pensou, mas não disse nada.

            -Erik, acho realmente que você deveria ver como Catherine está.

            Ele assentiu novamente, e se virou para ir. Brigitte o observou até certo ponto, e depois foi embora.

            POV Erik

            Respirei fundo, diante da porta do quarto de Catherine. Não sabia a dimensão das conseqüências dos meus atos.

            Abri a porta devagar, para ver algo que não me agradou muito.

            -Catherine?

            Meu anjo estava num canto do quarto, encolhida e abraçando os joelhos. Os olhos estavam vermelhos de tanto chorar... Mas seu pescoço estava ainda mais vermelho, com marcas de dedos. Foi então que eu me dei conta. Eu não só tinha machucado minha Cathy, mental e fisicamente, mas eu tinha tentado sufocá-la. Eu tentei matar Catherine. Tive que juntar muita, muita força para não desabar na frente dela. Ela precisava de ajuda agora.

            -Cathy?

            Sentei-me em sua frente de pernas cruzadas, preocupado. Ela nem sequer olhou para mim, quando percebeu a minha presença fechou os olhos e, ainda em posição fetal, começou a se balançar para frente e para trás. Ela parecia estar em estado de choque ou algo do tipo.

            “O que eu fiz?”

            -Catherine? – eu perguntei de novo e, quando não obtive resposta, achei melhor esperar até ela se acalmar um pouco. O que demorou muito.

            Depois de quase uma hora nesse estado, ela parou de se balançar abruptamente, batendo a cabeça com força na parede de pedra atrás de si. Eu tentei impedir, mas fui incapaz. A seguir, muito devagar, ela abriu os olhos. E então, depois que eu julguei que ela tinha voltado a seu estado normal, Catherine me olhou e começou a soluçar em desespero, lágrimas caindo freneticamente de seus olhos.

            Aquilo foi demais para mim. Não podia agüentar vê-la daquela maneira. Eu peguei o corpo frágil de Catherine nos braços, tentando acalmá-la, tentando fazer com que ela parasse.

            -Cathy, eu... Eu sinto muito. Eu nunca quis te machucar, você sabe disso. Me perdoe, anjo. Desculpe-me, por favor.

            Catherine não tentou me impedir de tocá-la, como eu achei que fosse, apenas me encarou por um longo momento, os olhos arregalados e assustados, como se temesse que eu fosse machucá-la de novo – ou algo pior. Quando ela finalmente desviou os olhos de mim, sua expressão ficou vazia. E então, Catherine caiu inconsciente em meus braços.

            Uma semana depois

Catherine estava me deixando louco. Ela tinha passado da garota extremamente inteligente que era para uma sombra que quase não abria a boca e agia como um robô. Essa não era a Catherine que eu conhecia, que me transformara num homem melhor. Era o fantasma dela. Cathy agora passava os dias de pijama, tinha olheiras profundas – me lembro de ela ter murmurado alguma coisa sobre pesadelos -, quase não comia, não falava a menos que eu a pedisse para falar. Ela parecia ter esquecido o quão teimosa era antes, e obedecia a qualquer coisa que eu pedisse sem fazer uma objeção sequer. Em outras palavras, e eu sei disso como ninguém, meu anjo agia como se estivesse apavorada. Como se achasse que eu a machucaria a qualquer segundo.

            Quanto a mim, não achava que fosse ter outro devaneio, ou entrar em transe – ou o que quer que seja que tivesse acontecido – de novo. Estava bem.

            -Cathy, será que você pode vir tomar café da manhã? –perguntei.

            Ela estava sentada numa poltrona do outro lado da sala desde que acordara, sem dizer nada, com o olhar vazio. Aliás, estávamos dormindo em quartos separados, a pedido dela. Catherine assentiu e sentou-se na minha frente, a mesa, ainda sem dizer nada. Comeu meio pão francês e bebeu um copo de água. Sua pele, normalmente com um aspecto bronzeado, estava pálida, o cabelo, que agora quase chegava na cintura, estava bagunçado, o pescoço ainda estava muito vermelho, com as marcas dos meus dedos.

            -Posso voltar pro meu quarto agora? – ela perguntou, quase sussurrando, depois de me observar cuidadosamente.

            Eu apenas assenti, muito perdido em pensamentos, e observei Catherine entrando em seu quarto.

            Depois, resolvi que eu precisava falar com ela. Já tinha uma semana que eu estava adiando essa conversa, mas eu sabia que precisaria acontecer. Entrei no quarto dela devagar, sem fazer barulho, com medo de que fosse assustá-la.

            E então eu vi algo que fez meu cérebro parar de raciocinar por um momento, e que mudou toda a minha perspectiva do que tinha acontecido.

            Catherine estava com uma faca, no chão do banheiro, fazendo vários cortes no braço. Minha Cathy estava machucando a si mesma.

            -Catherine!

            Me arrependi no momento que gritei, achando que ela ia se assustar e se machucar feio, mas ela não se assustou. Ela olhou para mim, calma e um pouco envergonhada, e largou a faca. Virou a cabeça para olhar para o sangue escorrendo por seu braço enquanto eu me aproximava desesperado.

            -Cathy! – eu sussurrei, pegando suas mãos tentando não olhar pro sangue.

            Ela não pareceu tão assustada dessa vez.

            -Por que, Cathy? Por que está fazendo isso consigo mesma?

            Catherine me olhou, exasperada.

            -Eu... Eu só queria aliviar a dor... Fazê-la passar.

            -Como assim, Catherine? Só vai conseguir mais dor se cortando.

            Ela abaixou os olhos.

            -Eu não sei. – Cathy sussurrou – É como se a dor estivesse indo embora junto com o sangue.

            -Isso é porque você fica entorpecida por causa da falta de sangue.

            Cathy suspirou. Percebi o quão envergonhada ela estava.

            -Desculpe. – ela sussurrou, uma lágrima em sua bochecha.

            -Ei... – eu murmurei, soltando uma de suas mãos para secar a lágrima – Talvez você devesse se desculpar consigo mesma. – eu levantei seu queixo para que ela olhasse para mim também. – Acho que temos muito que conversar, Cathy.

            Ela assentiu vagamente, lavou o braço na pia e tentou, sem sucesso, fazer com que tudo parasse de sangrar. Por mais impressionante que pareça, ela não parecia estar sentindo dor alguma no braço. Sentei na cama do quarto branco, gesticulando para que ela fizesse o mesmo.

            -Catherine, temos que parar com isso.

            Cathy me dirigiu um olhar confuso.

            -Não me venha com essa cara, você sabe muito bem do que estou falando. Você parou de viver, Catherine.

            -Achei que você me quisesse morta. – ela murmurou.

            Fiquei paralisado. Ela realmente achava isso?

            “É claro que ela acha, seu idiota. Você tentou matá-la.” , eu pensei. “Não, eu nem estava consciente. Uma vida sem Catherine é pior que a morte.”

            Ótimo, eu estava discutindo comigo mesmo, enquanto olhava para Catherine, petrificado.

            -E-Eu nunca quis você m-morta, Catherine. Amo você. Com todo o meu ser... Eu... Mesmo, me desculpe por aquele dia, até agora eu não entendo o que aconteceu.

            Ela assentiu, com a cabeça baixa.

            -Cathy, não quero ver você assim. Pálida, de pijama e olheiras, com o cabelo bagunçado e a cabeça baixa. Não é mais a Catherine que eu conheço.

            Ela pareceu pensar muito antes de resolver se ia falar alguma coisa.

            -Erik. Você quase me deixou sem ar. Eu poderia ter morrido. Eu fiquei mais apavorada do que nunca, eu vi você matando Matt. Cheguei a pensar que me odiasse como a ele, de uma hora para outra. E então minha vida acabou, Erik. Não posso viver, se você me odeia.

            -Catherine. – eu sussurei, pegando seu rosto entre as mãos. –Quero que entenda de uma vez por todas, certo? Eu amo você. Amo você como nunca fui capaz de amar ninguém na minha vida, como não fui capaz de amar a mim mesmo. Agora, quero que pare de fazer essas bobagens, porque se tentar se machucar de novo, eu juro que te algemo para não poder se mexer pelo resto da sua vida. Você nunca deu demonstrações de gostar de se mutilar, pelo amor de Deus. Pode viver com isso?

            Cathy assentiu, e perguntou:

            -Promete que não vai ficar louco de novo?

            -Vou fazer o possível. Só não me pergunte sobre aquele tipo de coisa. Mais alguma pergunta, senhorita?

            Ela pensou por um momento e assentiu, os olhos brilhando.

            -Dorme comigo hoje?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Não esqueçam dos reviews (:
Bjos, Luna :*