Destinatário Desconhecido escrita por Dreamy


Capítulo 7
Detenção




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- E... O que acha? - perguntou Lily com os olhos brilhando. Ela estava sentada na grama levemente molhada, enquanto Hugo encostava-se contra a grande árvore que fica perto do lago.

- É uma coruja, Lils. O que você quer que eu diga?

- Acho que a palavra "fofo" seria suficiente, ta? - disse Lily mostrando a lingua para o primo.

Tyto voava alegremente sobre os dois, seu cachecol movendo-se em direção ao vento. A coruja os observava do alto.

- É uma graça, não acha? 

- É, é bonitinho.

- O DD e eu usamos ele para mandar cartas um para o outro - comentou a garota sonhadora agora abraçando suas pernas. Hugo simplesmente revirou os olhos e cruzou os braços.

- Você não tem medo que ele acabe sabendo que você é a RD quando ver ele voando por aqui?

- Para ser sincera eu quero que ele saiba quem sou.

- Por que? - questionou o garoto alarmado - Achei que o charme dele é exatamente por você não saber sua identidade!

- É... - concordou - Mas cansei de sonhar. Quero vê-lo, quero que ele apareça e diga "Hei, sou eu... Seu Destinatário agora conhecido", quero que meus sonhos parem de ser sonhos e se transformem parte da minha vida real.

- Ok, mas...

O garoto teria terminado a frase se Tyto não tivesse parado em seu ombro. A coruja encostou sua cabeça na bochecha do garoto e depois lhe deu uma beliscada de leve na orelha.

Hugo ficou encabulado enquanto Lily sorria e observava essa cena.

- Ohhh, parece que ele gostou de você! - exclamou Lily com uma voz tão fina que até os timpanos de Hugo começaram a doer e tampando a boca com suas mãos.

- É, é o que parece. - disse o garoto sentado-se na grama e acariciando Tyto que agora mordia seu cachecol lufo, como se estivesse tentando colocá-lo corretamente. - Coruja mais fashion essa, não acha? 

Lily riu pelo nariz. Era estranho ver Hugo e Tyto juntos, mas de algum modo era extraordinário.

A coruja mexeu suas asas e piou bem alto.

- Sim, sim - respondeu Hugo ao pio revirando os olhos e sorrindo - Você está muito lindo desse jeito! O cachecol está perfeitamente posicionado, você tem bom gosto só pelo fato de estar usando uma vestimenta da minha casa.

Tyto piou mais uma vez, mas dessa vez em um tom carinhoso e voltou a encostar sua cabeça no rosto de Hugo, acariciando-no com suas penas.

- Sabe que eu estive pensando... Acho que quero me encontrar com DD pessoalmente. - admitiu Lily que não tirava seus olhos dos dois.

Hugo quase derrubou Tyto quando virou-se bruscamente para encarar Lily. A coruja pareceu por um momento zangada, mordendo a gola da camisa de Hugo como uma demonstração de raiva, mas rapidamente se acalmou e começou a mexer carinhosamente os cabelos ruivos do garoto com seu bico.

- O quê?

- É, quero dizer, por que não? - falou Lily levantando-se. Estava decidida, se sentia idiota por não ter tido coragem antes de fazer isso, mas dessa vez ela iria ver DD.

- Lily, o que está fazendo? - perguntou Hugo ignorando os pios de Tyto que parecia querer a atenção do garoto.

- O que você acha? - a garota dizia entusiasmada enquanto abria sua mochila e pegava um pergaminho e uma pena. Escreveu somente um frase e enrolou a carta, que na realidade era somente um bilhete e de dentro de seu bolso pegou uma fita vermelha e amarrou o pergaminho. - Vou mandar isso para DD.

Os olhos de Hugo se arregalaram quando Lily pegou a coruja.

- Certo, Tyto, você já sabe pra quem mandar.

Lily estava amarrando o pergaminho na pata da coruja quando Hugo gritou.

- ESPERA! 

Tyto balançou furiosamente as asas por causa do susto e a ruiva quase caiu com os movimentos bruscos do animal.

- O que foi?

- Você me empresta Tyto? - perguntou Hugo calmamente.

- O quê?

- Eu, ahm, preciso mandar uma carta para meus pais!

- Hã? - a prima estava confusa - Quando?

- Bem, agora seria ótimo.

- E poderia saber para quê? 

Hugo estava sentindo-se extramamente inconfortável, por causa do tom impaciente na voz da outra.

- Sobre... sobre... ahm, uma detenção.

- Que detenção? - a garota estava realmente surpresa. Hugo nunca se metia em encrencas.

- Eu, eu, eu - o garoto ficou tão vermelho como seus cabelos, sua voz gaguejava enquanto Lily o olhava de uma maneira suspeita - Eu - ele fechou os olhos por um momento, depois olhou para baixo envergonhado. Seus olhos evitanto os da prima e colocando uma de suas mãos atrás da cabeça - É meio que um vexame, sabe? Eu acabei... ahm... - ele mordeu seu lábio interior e de repente disse rapidamente - Usei o feitiço do vento!

- O feitiço do vento? - uma de suas sobrancelhas se arqueou - Ta falando aquele feitiço que cria uma brisa? Por que isso te daria uma detenção?

- Uma ótima pergunta - disse Hugo com uma voz de falsete - Uma pergunta incrivel que merece ser respondida... E minha resposta é bem - ele voltou a olhar para baixo, aparentemente envergonhado. - Ahm... Eu usei para... para... ah, você quer saber para que usei? Bem, foi... foi... Foi para fazer com que a saia de uma aluna se levanta-se.

Por um momento Hugo fez a mesma cara de Lily, antes dele se recompor.

A garota estava enojada, seus cenho franzido, o olhar confuso e sua boca aberta em uma demonstração de nojo.

- Aiii, Hugo! - ela exclamou de repente.

- Ahm... - se o garoto estava fingindo estar envergonhado antes, agora sim ele estava de verdade.

- Por que você fiz isso?

- Oras, obviamente, er... eu sou um garoto? - disse incerto dando de ombros.

- Ok, ta ai algo que tentarei tirar de minha mente - comentou Lily sem conseguir tirar a imagem de Hugo olhando para as roupas intimas de uma aluna de sua cabeça. - E para que você quer mandar uma carta para seus pais sobre isso?

As orelhas de Hugo estavam queimando.

- Eles vão receber uma carta de McGonagall falando sobre o assunto, então achei que seria melhor mandar uma carta minha falando sobre o assunto para minimizar a ira deles antes de receberem o da diretora.

- É, faz sentido.

- Faz? - perguntou o garoto incerto, mas assim que Lily mandou-lhe um estranho olhar, ele voltou ao normal e voltou a reformular a frase - Faz! - exclamou como se fosse óbvio - Você sabe como meus pais são, sei que se eles ouvirem de mim primeiro, vai ser melhor para mim.

- Certo - concordou a prima - Mas por que Tyto? - perguntou receosa olhando para a coruja. Queria mandar sua carta para DD exatamente naquele momento.

- Porque... porque... ele parece ser a única coruja que gosta de mim! 

Lily franziu o cenho e encarou Hugo incrédula.

- É verdade! Sabe, o corujal tem algumas corujas com pavio curto, se você quer saber, uma delas começou a jogar fezes em mim quando eu sem querer a acordei de sua soneca da tarde.

E pelo incrivel que pareça, aquilo era  pura verdade.

Lily ao imaginar o primo correndo de uma coruja raivosa tentando atingir o garoto com estrume, era por algum motivo uma cena cômica, sem nem mesmo se esforçar para não rir, Lily caiu na gargalhada.

Sua voz soava alta e aguda e estava começando a chamar a atenção dos alunos que caminhavam por perto.

- Pare de rir! - ordenou o garoto, suas bocechas igualmente de escarlate como suas orelhas - Não tem graça! Certas corujas podem ser temperamentais até demais, ta?

Ainda assim a prima dele continuou a rir. Tyto sem entender o que estava acontecendo, simplesmente percebeu que a garota aparentava que não iria amarrar o pergaminho em sua pata. Desinteressado sobre o ataque de Lily, a coruja vôou de volta para o ombro de Hugo.

- Quer parar com isso? - pediu o ruivo tentando se esquecer daquele pássaro maluco e mau humorado. - Não é engraçado.

- Oh... Acredite, é muito! - discordou limpando uma lágrima que caiu de seu olho.

- Porque não é com você!

- Exatamente, por isso é hilário! - disse Lily por fim tentando se controlar.

- Da pra me imprestar Tyto ou não? - perguntou Hugo irritado.

Assim que Lily finalmente conseguira parar de rir, ela olhou para os dois.

- Será que não da pra você mandar depois de Tyto entregar o bilhete para o DD?

- Não! Ele provavelmente ficará no quarto dele esperando que ele responda! Não sei quanto tempo vai demorar e eu preciso mandar isso antes que meus pais recebam a carta da diretora. Além do mais, acho que você pode esperar um ou dois dias antes de entregar esse bilhete!

- Ta, ta - cortou Lily antes que o garoto começasse a dar um discurso - Você pode usá-lo.

- Obrigado - agradeceu aliviado.

Hugo sentou-se na grama, acariciando as penas do animal. 

O céu estava começando a tornar-se aos poucos laranja e Lily olhava para ele com um olhar frio.

- O que está esperando? - gritou ela irritada cruzando os braços.

- O que? - questionou o garoto confuso.

- Você vai mandar essa carta ou não?

- Agora? 

- Não, daqui uma semana! Achei que você tinha dito que quanto antes mandasse essa coisa melhor seria.

Hugo de repente ficou pálido. 

- Ha... verdade... Eu tenho que mandar a carta, sobre minha detenção - comentou rindo nervosamente.

- Ah - exclamou Lily como se tivesse percebido algo - Você não trouxe suas coisas...

- Tem razão! - afirmou o garoto feliz e levantando-se rapidamente, o movimento brusco assustou a coruja que simplesmente vôou até um galho de uma árvore - Acho melhor eu ir, sabe, para o meu dormitório e escrever a carta lá.

- Aqui - disse Lily pegando um pergaminho novo de sua mochila - Pode usar as minhas coisas.

- Mas, mas...

- Quanto antes você mandar essa coisa, mas rápido Tyto volta e mais rápido poderei comunicar-me com DD.

- Uau... Quanta generosidade da sua parte.

Hugo voltou a sentar-se no chão, sua mão tremia levemente enquanto ele escrevia com a pena de Lily sua carta.

- O que você está fazendo? - perguntou o garoto quando viu que sua prima sentou-se de seu lado e olhava interessada o que escrevia.

- Sou curiosa - comentou dando de ombros.

- Quer sair? Essa carta é pessoal.

A garota amarrou a cara.

- Bem, eu te contei praticamente tudo sobre mim e DD, o que é muito pessoal para mim e você nem mesmo deixa eu ler o pergaminho que você vai mandar para seus pais?

Hugo abriu a boca a procura de alguma coisa que ele pudesse usar contra a prima. Nada.

Ele a fechou irritado e disse entredentes:

- Tudo bem, então.

" Querido papai e mamãe,

Hoje recebi uma detenção, espero que você não fiquem muito decepcionados, afinal é a primeira vez que isso acontece comigo.

Abraços,

Hugo."

- Você não pode mandar isso! - exclamou a garota.

- Por que não?

- Achei que o ponto disso tudo era de deixá-los com menos raiva quando eles receberem a carta de McGonagall, você nem mesmo esclareceu o por que de ter que ir para a detenção! Como você acha que eles vão reagir quando lerem o motivo?

- É, mas... mas...

- Melhor você escrever a carta de novo, mas dessa vez com mais detalhes. - comentou a garota dando tapinha nas costas do outro. Hugo parecia horrorizado.

- Certo, então... - disse com a voz levemente tremida. Ele pegou sua varinha e apagou tudo que escrevera.

" Querido papai e querida mamãe,

Queria somente advertir de que recebi uma detenção por um ato inapropriado."

- Ainda não é o suficiente, McGonagall provavelmente dirá que ato foi esse, Hugo - explicou. 

O garoto mordeu o lábio inferior e continuou a escrever com sua mão tremendo levemente.

" Não tenho orgulho disso, mas no meio da aula eu usei um feitiço para que a saia de uma garota de levantasse.

Estou arrependido pelo meu comportamento e já serei castigado por isso, por esse motivo peço de que não fiquem zangados comigo por tal ação.

Com amor, 

Hugo"

- Agora está melhor! Acho que isso vai reduzir a ira deles antes de receberem o comunicado da diretora - disse Lily sorrindo para o garoto - O que você faria sem mim.

- É... O que eu faria... Bem obrigado por tudo, mas olhe a hora! ta na hora de nós irmos - disse Hugo rapidamente ao se levtantar pronto para voltar ao castelo.

- Hugo, não está se esquecendo de algo?

- Estou? Do que? - perguntou o menino desintedido virando-se para a ruiva.

Em resposta, a garota somente apontou para a coruja.

- Ah... claro, a carta - disse nervosamente.

- Você consegue fazê-lo - consolou a prima desarrumando os cabelos dele com uma de suas mãos.

Hugo suspirou e deu um sorriso fraco para ela.

Tyto, ao ver o pergaminho enrolado do ruivo, vôou até ele. Hugo amarrou a carta na pata de Tyto que já estava voltado a Lily.

- Mande essa carta para meus pais - disse colocando ênfase em *meus pais* - Senhor e Senhora Weasley, ta?

Tyto olhou para ele, o que parecia ser uma cara de surpreso, mas então bicou de leve o dedo do garoto, como se quisesse dizer que havia compreendido.

Hugo parecia não querer soltá-lo, mas depois de inspirar e soltar o ar varias vezes, finalmente deixou que a coruja se fosse.

- Viu? Você conseguiu - disse Lily abraçando o primo de lado.

- É... - falou Hugo olhando nervosamente para a coruja que estava se distanciando ao horizonte.

x-x-x

- Idiota, idiota, idiota! - exclamava Hugo com a cara contra o travesseiro.

O que ele fizera? Aquilo praticamente era suicidio!

Por que não inventara outra desculpa?

Não! Ele veio com o motivo mais estúpido de todos! O que seus pais iriam dizer?

Pelos deuses trouxas, eles irão acreditar que seu filho virou um pervertido!

Por que, por que ele tinha inventado de ter visto a roupa interior de uma aluna?  Ta certo que ele usou uma linguagem formal, o que provavelmente não deixariam tão bravos, mas sua mãe sendo como é, talvez fosse imune a tal linguagem e prestaria mais atenção do motivo de sua detenção ficticia. De qualquer modo, ele somente torcia de que ela não ficasse muito decepcionada.

O garoto virou-se para observar o teto. Aquela boba da Lily, ele estava se metendo em uma grande encrenca por causa de sua prima totalmente maluca.

Se apaixonar por um desconhecido?

Ta certo que ele não era um desconhecido, mas ela não sabe disso. Nem mesmo reconhecera sua letra.

Como poderia se considerar apaixonada sem nem mesmo reconhecia a letra de seu amado DD?

Hugo suspirou. 

Aquilo era culpa dele, não deveria ter aceitado a continuar a escrever com RD em primeiro lugar.

Se ele não tivesse respondido sua carta em primeiro lugar, aquilo nunca teria acontecido e tudo estaria normal. O que ela faria se descobrisse quem ele é?

As coisas já estavam complicadas demais. Por que ela tinha que acreditar que estava apaixonada por alguém que nunca vira?

Responder a RD provavelmente fora a coisa mais idiota que ele fizera. Ele não deveria ter feito.

"Pare com isso" - ordenou Hugo metalmente para si mesmo ao perceber que sentia um frio na barriga e ao sentir seu coração bater mais forte.

Lily nem mesmo reconheceu sua letra, mas como ele poderia ter reconhecido a dela?

Se ele não tivesse descoberto de que ela era RD, não estaria naquele problema.A boba de Lily estava apaixonado por ele, somente por não saber que ele é DD.Enquanto ele não sentia nada por RD, até que finalmente descobrira que ela é Lily, afinal era Lily.

Lily, sua melhor amiga desde o nascimento.

Lily, aquela que arrancara dele muitas risada.

Lily, que conseguia deixá-lo louco com somente um sorriso sincero.

Lily, que com um olhar, conseguia fazer que seu corpo reagisse de formas estranhas, como batimentos cardiacos rápidos e a sensação de sentir um frio na espinha e estômago.

Lily, a garota que ele estava apaixonado, mas que somente percebera desse fato a um ano atrás.Hugo sentiu seu coração dar um aperto. 

 Lily estava obcecada com DD, por que aparentemente ele a deixa feliz.

Ele? Alguém que nem mesmo sabe que quem é?Como isso era possivel?

Ele sempre faria tudo por ela.

Sempre procuraria fazer que ela sorrisse, sempre buscaria uma forma de escutar sua gargalhada alta e aguda, que apesar de lhe dar as vezes dor no ouvido, era provavelmente um dos sons que ele mais gostava de ouvir. Era a forma de saber que ela estava feliz.

 Como ela pode dizer que DD a faz feliz? Isso por acaso queria dizer que ele nunca a fez ficar alegre antes de começar a se comunicar com a garota por cartas?

Ele como seu melhor amigo, não a deixava contente?

De repente, ele começou a sentir seu sangue subir. Estava irritado.Não sabia exatamente por que, mas estava irado.

Talvez o melhor seria parar de se escrever com a prima.

Talvez devesse cortar os laços entre RD e DD. Se DD saisse da vida da garota, as coisas talvez voltassem ao normal.

Seria o melhor para ele.

Mas a verdadeira pergunta é, será que seria o melhor para ela?


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez um capitulo sem betar, mas com sorte o notebook de Winnie ressuscitará essa semana YAAAAAAAAAAAY
Agora, sobre esse capítulo, sem palvras.
Pra ser sincera, isso aí tava um milhao de vezes melhor na minha mente do que aqui -.-
De qualquer modo, espero que tenha sido o suficiente pra entreter vcs.
Beijos ;*