Black Butterfly escrita por Very Happy


Capítulo 13
Cap. 13: Inferno verde


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais chegou:MAIS UM CAP PRA VCS!espero que gostem!!!!!



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Senti as folhas molhadas e frias em meu rosto logo quando acordei. As árvores tapavam minha visam do céu, mas, pelo que perecia, fazia uma calor de 40o. Sentei-me e observei ao redor. Estava numa espécie de floresta, bem densa, quente e úmida. Lembrava-me o clima da Amazônia (já havia ido lá). As imagens da noite anterior invadiam minha cabeça e me faziam ter vontade de chorar. Engoli as lágrimas e tentei levantar, só que uma dor muito forte atingiu minha perna e me fez desabar no chão. Olhei para mesma e lá havia uma cicatriz enorme e aparentemente recente. Era a marca da flecha de May. May?

Onde ele estava? Onde estavam todos? Alice? Rodrigo? Daniel? Ah, Daniel...

Apoiando-me em uma árvore me levantei, sentido leves pontadas na perna cicatrizada e dolorosa. Reparei que usava o mesmo vestido e sapatos da noite passada. Ou talvez, algo bem parecido. Eles estavam sujos, imundos e desbotados. A barra do mesmo estava rasgada e queimada e havia um furo em minha sapatilha. Meus cabelos estavam bagunçados e sujos. Estava sentido nojo de mim mesma, mas isso não importava agora.

Comecei a andar. A cada passo, a dor em minha perna parecia aliviar levemente. Logo, já conseguia andar ou correr tranquilamente. Tinha de achar os outros. Mas parecia que quanto mais procurava, mais longe eles estavam. Parei mais a frente e me encostei-me a uma árvore. Estava ofegando e suando. Aquele clima... “Que inferno!”, pensava.

Logo, ouvi passos e virei na direção dos mesmos. Duas sombras vinham em minha direção. Corri para de trás da árvore e calei-me. Tentei acalmar minha respiração à medida que os passos se aproximavam. Rapidamente eles estavam na frente da árvore. Sussurravam, mais alto do que pretendiam eu achava.

-Faz horas que estamos andando. Podemos parar? – falou uma voz feminina.

-Claro que não. Não leu o tinha na carta. – respondeu um garoto.

A garota suspirou e eles continuaram andando. Logo sumiram na mata, mas antes, pude ver que carregavam uma bolsa, a mesma bolsa que usávamos no treinamento.

Estava paralisada. Onde eles as haviam conseguido? Será que fizeram contatos com os seus professores? E que carta era essa que eles estavam falando?

Voltei a andar em uma direção incerta. Tinha que achar os outros. Tinha.

De repente, ouvi um barulho alto. Como se fossem galhos quebrando. Olhei para cima bem a tempo de desviar. Uma coisa grande e marrom desceu a baixo e aterrissou bem onde eu estava antes de me jogar no chão. Olhei para trás e rapidamente recuei.

Era um enorme e imponente gavião. Tinha uma pelagem bem bonita e olhos pretos profundos. Ele produzia um som estranho enquanto largava uma bolsa no chão. Assim que ela se soltou, ele bateu suas asas e levantou vou, quebrando mais um bocado de galhos. Encarei a bolsa por um tempo, mas quando identifiquei o desenho de uma borboleta em sua frente... Era minha salvação.

Corri até ela e cai ao seu lado. Escancarei-a e dentro dela achei um par de botas, minha armadura, uma garrafa d’água, uma corda, um pacote de comida e, para meu alívio, meu disco. Só que mais ao fundo dela, vi que havia uma carta. Peguei-a e comecei a abri-la. Nela dizia:

Prezados alunos de Acompte,

Sinto muito em informar que os acontecimentos da última

Sexta-feira nós levaram a adiantar o torneio SonTurnirTəlim

Entre as escolas de Acompte, Maidir e Thar.

Mandaremos mais informações pelos seus mascotes ou por outros meios.

Gratos, Direção das Escolas Respectivas.

Meus joelhos cederam e cai sentada no chão. Então, o meu pesadelo havia começado. Não sabia manusear nem um arco e flecha. Pelo menos tinha meu disco. Tinha que agradecer a Mira quando a encontrasse novamente. Se a encontrasse... Balancei minha cabeça para estes pensamentos saírem da mesma. Levantei-me e fui vestir minha armadura. Amarei meu cabelo com uma das cordas da bota e, com meu disco na mão, continuei a andar novamente.

Andava sem rumo, atordoada. Estava com medo e assustada. Não queria morrer.”Mas que pensamento pobre.”, pensava, irritada comigo mesma. Andei mais ou menos umas duas horas. As únicas coisas que encontrei foram um barranco e um pequeno lago na ponta deste. Vendo que já estava escurecendo, me encostei-me a uma árvore e tentei descansar. Sem querer, adormeci.

Acordei com gritos... berros ao longe. Levantei-me e meu disco, já em minhas mãos, se transformou em uma massa. Os gritos mudaram para uma voz que gritava “Socorro!”. E eu sabia de quem era aquela voz: Alice.

Corri em direção à voz, que a cada passo aumentava mais. Corria pelas árvores, deixando-as para trás. Ia passando por outra quando vi a garota. Voltei para trás da árvore e tentei controlar minha respiração. Espiei pelo lado da árvore e vi Alice, caída no chão. Um garoto moreno estava sobre ela, segurando seus braços e com uma faca entre dentes, apontada para o pescoço dela. Ela berrava e ele sussurrava coisas que não conseguia entender. Sem pensar, corri até ele e bati com a maça em sua nuca. Ele tombou para o lado desacordado. Assim que Alice me viu, ela se levantou e me abraçou quase me sufocando.

-Sophia! Você tá via! Pensei que você tinha morrido depois que May te carregou para dentro da floresta. Meu deus, você ta viva! – ela falava enquanto me sufocava.

-Alice... – falei, com falhas na voz.

Ela me soltou e encarou o garoto no chão.

-Ele queria... – ela começou, mas eu a interrompi.

-Não importa. – fiz uma pausa, enquanto a encarava.- Acho que ainda não recebeu sua bolsa.

Ela estava com seu vestido e tamancos, o vestido imundo e um dos tamancos quebrados. Ela olhou para minha armadura e abriu a boca:

-Quem te troce isso? – ela perguntou, irritada.

-Bem,... – comecei, mais fui interrompida por uma “bolsa voadora” que me atingiu no ombro. Olhei para cima e , vendo o gavião, apontei para cima e disse – Ele.

Alice pegou a bolça e sorriu ao ver o que tinha dentro. Ela achou a carta, mas eu logo a tomei das suas mãos e comecei a rasgá-la.

-Ei. – ela reclamou.

-Nada demais, só que o torneio começou. – disse.

Ela largou a bolsa e, mais uma vez, escancarou a boca.

-Como? – ela perguntou, calmamente.

-Isso o que você ouviu. – disse, enquanto recolhia suas coisas e puxava seu braço. – Agora vamos, você precisa trocar de roupa.

Andamos um pouco até achar uma árvore para ela se trocar. Esperei um 5 minutos até que ela apareceu.

-Demorou. – falei.

-Meu vestido está uma droga. Olha isso! – ela disse, apontando-me a coisa marrom em seus braços.

-Lindo, agora vamos. Temos que achar pelo menos um dos garotos.

Ela deixou o vestido atrás da árvore e seguimos caminho.

- Você não viu nenhum dos garotos? – perguntou-me ela.

-Não. – respondi – O que aconteceu depois que May me carregou?

-Bem, logo depois, eu gritei seu nome e Rodrigo me abraçou. – ela fez ma pausa enquanto suspirava. Revirei os olhos e fiz sinal para ela continuar. – Ai eu sugeri que devíamos correr atrás de você, mas Daniel disse que só iriamos piorar. Então, começamos a correr floresta adentro, mas logo tivemos de nos separar, pois estavam nos perseguindo. Daniel foi para um lado e Rodrigo me acompanhou, mas logo se separou também...

-Por quê? – perguntei.

-Sei lá, olhei para trás e ele não estava lá. Estou preocupada.

-Ele vai ficar bem. – falei, mais para ela não falar mais sobre ele do que para ajudar.

Continuamos caminhando em silêncio. Quando a noite chegou, sugeri a ela para encostarmo-nos em alguma árvore e tentar dormir.

-Vamos pegar alguns galhos e... – ela começou, mas eu a interrompi.

-Nem pensar em acender fogueiras. Não sabemos com o que estamos lidando.

-Ok, ok.

Peguei em sua bolsa um fino cobertor e estendi sobre nós duas. Ficamos atrás da árvore, dando uma perfeita visão de tudo.

-Como você sabe tanto sobre acampar? – perguntou ela.

- Vivia acampando com meus pais antes deles assumirem a herança. – falei, sorrindo ao lembrar-me de nossas aventuras.

-Você é uma herdeira? – ela perguntou, surpresa.

-Sou. Mas não me importo. – respondi, dando de ombros.

-Legal. Eu não sou herdeira, mas minha família é de classe média.

-Hum...

Ela sorriu e virou para lado. Apoiei a cabeça em minhas mãos e observei o luar, ou as partes dele. Era até confortável estar ali. Quieta, em silêncio, precedendo um massacre...

Virei para o lado e cai no sono. Não sonhei com nada, mas várias vezes acordei com ruídos da noite, preocupada. Alice dormia que nem uma pedra e às vezes sussurrava o nome do Rodrigo... Isso já estava se tornando uma obsessão. Sei lá, era estranho armar assim. “Não fico gritando o nome do Daniel a cada instante.”, pensei. Arregalei os olhos, arrependida daquele pensamento.Balancei a cabeça e adormeci novamente, deixando aquilo vazar pela minha cabeça.

----Na Manhã Seguinte-------

Acordei com uma cutucada nas costelas. Sentei-me e preparei para acionar o disco, quando Alice bateu em minha mão, fazendo o mesmo cair.

-Calma, sou só eu. – ela disse, sorridente.

-Desculpe. – falei, enquanto ela me ajudava a me levantar.

-Eu fiz café. – ela disse, apontando para uma “bandeja” perto da árvore.

Aproximei-me dela e vi que nela tinha um suco (acho que era de laranja, pela cor) e algumas frutas.

-Onde arranjou isso? – perguntei.

-Tem muitas árvores frutíferas por aqui. Arranjei estas em umas árvores mais ao meio da floresta.

Comemos o café e logo seguimos caminho. Não sabíamos para onde ir, mas tínhamos de encontrar os garotos o mais rápido possível. Fomos adentrando a floresta, que se tornava sempre mais densa. Tínhamos de pular sobre raízes salientes que ficavam em nosso caminho. Algumas vezes, tínhamos de nos ajudar, pois sozinhas não conseguíamos.

Já se passavam 5 horas quando Alice pediu uma trégua.

-Por favor, não aguento mais.- ela dizia, ofegante.

-Ta bem. – disse.

Sentamos em uma das raízes e por lá ficamos. Passados alguns minutos, ouvimos um estrondo. Olhei para Alice. O estrondo se repetiu. Abaixamos-nos detrás da raiz. Novamente, só que mais próximo. Logo vimos uma sombra, uma sombra enorme. Alice tapou a boca com as mãos para não gritar.       

Era um ser enorme, quase do tamanho das árvores. Era extremamente magro, mas possuía músculos bem definidos. Tinha olhos verdes musgo e uma boca enorme, que se encaixava embaixo do seu nariz de batata. E para terminar, carregava uma enorme maça.

Aquele ser parecia procurar algo, pois farejava e olhava para todos os lados. Parecia um tanto retardado em relação a isso, pois suas pálpebras pesavam sobre seus olhos, Ele se afastou,batendo nas árvores com sua maça para estas saírem do caminho.

Olhei para Alicie, que arfava.

-O- q-u-e e-r-a a-q-u-i-l-o-? – ela perguntou, pausadamente.

-N-Não sei. Mas sei que não podemos ficar aqui.

Levantamos-nos e começamos a correr para a direita. Corríamos muito rápido, fazendo o vento zunir em nossos ouvidos. Mas logo achamos um barranco e tivemos de parar bruscamente.                                      

-Não podemos continuar assim. Temos que achar alguém, alguém que nos ajude! – berrava Alice.

-Alice, calma! – falava para ela.

-COMO ASSIM CALMA? ESTAMOS PERDIDAS, GAROTA!

-Grite mais alto, Marte ainda não te ouviu! – falou uma voz conhecida.

Nos viramos e vimos Rodrigo e Daniel, este estava mancando.

-Rodrigo! – esbravejou Alice, atirando nos braços dele e o beijando entre lágrimas.

-Nossa. Mais uma vez: a amizade é linda! – falou Daniel, enquanto se apoiava em uma árvore.

Rodrigo fez um gesto obsceno para ele e continuou a beijar a garota.

-O que houve com você? – perguntei a Daniel, enquanto me aproximava de sua perna. Esta estava com um corte profundo e ensanguentado.

-Fui atacado no caminho, antes de encontrar Rodrigo desmaiado. – respondeu ele. Seus olhos brilhavam ao encarar os meus.

Pensei em perguntar a Rodrigo como ele havia desmaiado, mas ele estava tão entretido com Alice que resolvi não perguntar

-Ele não parava de falar dela. – Daniel disse, enquanto encarava os dois.

-Ela também não parava de falar dele. – sussurrei.

-Ei, vocês dois! – falou Daniel, cutucando Alice.

Ela se levantou e ele também. Estavam péssimos.

-Bem, - disse ignorando a aparência deles – vamos?

-Claro! – falou Alice, envergonhada.

Começamos a andar novamente, Rodrigo ajudando Daniel.

-Temos que dar uma jeito nessa sua perna. – falei.

-Não precisa, melhora sozinha. – falou, indiferente.

-Sei. – completou Alice.

Andamos muito, sem rumo, conversando. Não sabíamos o que tínhamos de fazer, então para que se preocupar. Estava anoitecendo quando Daniel falou para pararmos. Sua perna doía muito.

-Vou arranjar umas ervas para isto. – falei, indo em direção a floresta.

Comecei a andar, mas logo começou a chover.Não me dava muito bem com chuva ou poeira. Tinha problemas respiratórios e gripava facilmente. Corria a procura das ervas certas quando alguém tapou minha boca e me puxou para trás de uma árvore caída. Ao ver quem era, me assustei.

-Mira? – perguntei.

-Sim. – ela respondeu sorridente.

Não me contive. Abracei-a de felicidade. Seus cabelos estavam molhados e as gotas da chuva escoriam por suas costas.

-O que faz aqui? – perguntei, aliviada.

-Fugindo.

Levei um tempo para absorver isso.

-De quem? – perguntei.

-Do governo. – ela respondeu seu sorriso desaparecendo.

-Mas por quê?

-Resumidamente, depois dos acontecimentos de Sexta, o governo nos visitou em Acompte. Houve uma grande discussão e eu e os outros professores das outras escolas não gostamos do desfecho. Logo, estamos atrás dos alunos para entregá-los um mapa para onde devem ir. Mas o governo descobriu e está atrás de nos. Basicamente, Xogs estão atrás de nos.

-O que são eles?

-Seres enormes, horrendos e perigosos.

Lembrei-me do ser que eu e Alice vimos. Encaixava-se em todas as características.

-Acho que vi um desses.

-Pois é, mas não posso demorar. Tenho de ir e me encontrar com os outros. Tome. – ela disse me entregando um pergaminho.

-Mas...

-Não, vá. Encontraremos-nos depois.

E com isso, ela se foi, sumido dentre a floresta. Fiquei parada por um tempo até que uma gota de chuva atingiu meu olho. Lembrei-me que ainda chovia e minha garganta doía de leve.

Voltei para o local onde estávamos perplexa. Várias vezes, cai pelo caminho, sem forças nas pernas. Acho que meu pulmão tirava a força de outras partes do corpo para fazer seu trabalho. Estava me sentindo sufocada, com falta de ar e calor. Ainda chovia quando cheguei.

-Onde estava? Estava... estávamos preocupados. – esbravejou Daniel.

-Encontrei M-Mira.  – falei tremendo e espirando.

Alice me passou um casaco e cobri todo meu corpo. O ar que saia de minha boca era branco, quase transparente.

-Ela esta ficando doente. – falou Daniel, enquanto arregalava os olhos e se aproximava de mim. – Você tá bem?

Meus joelhos cederam e ele me segurou, bambo por causa da perna.Tinha tomado muita chuva e meu nariz já começava a escorrer.

-N-Não m-me d-o-u b-em c-om chuv-as. – falei, entre respirações profundas.

-Rodrigo! – gritou ele.

Este veio correndo e ajudou o outro a me carregar para a nossa “caverna”, que era na verdade um monte de árvores caídas sobre uma falha no chão. Deitaram –me no chão e me cobriram com tudo que tinha. Sentia meu corpo esquentar até demais. Minhas pálpebras pesavam, mas as deixava abertas, piscando.

-Rápido, as ervas! – gritou Daniel.

Segurei seu braço e ele me encarou.

-S-São p-par-a você. – gaguejei.

-Não tem problema, afinal, você não quer comer tudo isso, quer? – ele perguntou.

Fossei um sorriso enquanto ele preparava um chá frio com as ervas e a chuva. Deixei-me tomar o chá e ai fiquei completamente cansada. Logo, adormeci, segurando a mão de Daniel, que estava ao meu lado “medindo” minha temperatura. Percebi, antes de fechar os olhos, que quando segurei sua mão, ele abriu um largo sorriso...


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Notas finais do capítulo

Então, bom ou ruim, criativo ou repetitivo... não se intimidem!me esculachem se necessário kkkkk