Muitos dias se passaram. Rápidos até demais, mas suficientes para podermos nos aperfeiçoar...

Eu continuava tentando melhorar no arco e flecha. Nos últimos meses, suei bastante ao tentar acertar o alvo. Quase sempre errava, mas continuava tentando. Também continuaram minhas “aulas” com o May. A cada dia nos relacionávamos melhor, mas ele continuava na espreita. Era até bom ter ele me ajudando nas horas vagas. Sempre que podia, ele estava lá me acordando as 3:00 da manhã para treinarmos.

Mas, tenho que confessar, estava muito boa com as espadas. Quase ninguém me derrotava, só o Daniel, que também estava ótimo. Ah, e ele parou com aquela mania de ficar jogando adagas em manequins a noite. Um dia, ele veio até mim e confessou que era o filho mais novo de 7 irmãos e por isso treinava muito, para honrar a família durante o torneio. Envergonhada, pedi desculpas, mas ele disse que estava tudo bem... Desde deste dia, nós começamos a nos ver mais, o que até bom. Acho que estou até... “Não, não estou não”, penso.

Já o Rodrigo e a Alice não conseguem disfarçar. Vivem trocando olhares e “salvando” um outro. Rodrigo diz que não tem nada a ver, já a Alice... passo noites acordada escutando ela falar dele!

–Hoje quando ele me segurou, meu coração parou. – ela disse, em uma noite.

–Que bom, estou morta de felicidade, agora, VAI DORMIR!-reclamava.

–Não, sério, ele é um amor e...

Nada a fazia parar. Só um sono muito pesado que chegava lá pras 2:00 da manhã. Logo, tinha de arrastá-la até seu quarto amarelo.

Alice estava muito boa com o arco e flecha. Obviamente, vivia me ajudando com estes mas nada que ela fazia ajudava muito.

Já o Rodrigo estava bom em Corejos (é o nome daquelas cordas com bolas na ponta). Só que só e somente nisso. Era horrível com espadas, adagas ou qualquer outro instrumento pontiagudo. Esforçava-se ao máximo, mas quase não conseguia. Mas ele não parecia se importar muito. Acho que era porque, sempre que ele errava algo, a Alice estava lá para dar milhões de beijinhos nele.

Durante este tempo também pude descobrir mais coisas sobre aquela garota. Descobri que seu nome é Mikaele e que seu “outro nome” era Nathair. Era muito boua em todas as armas, principalmente adagas, mas era um tanto arrogante. Via várias garotas irem falar com ela e saírem de cara amarrada, devido ao fato de suas “cortadas”. Nunca fui falar com ela só pra não dar este gosto.

Depois de tantos dias, conheci muita gente legal também. Tinha um garoto chamado Tai que era muito legal. Só era um pouco desastrado demais e saia sempre machucado da quadra, muito machucado. Também conheci uma garota chamada Tina, que era bem tímida, mas quando se soltava, se tornava uma pessoa super engraçada. Também tinham várias outras super legais, mas meus melhores amigos eram, de fato, a Alice, o Rodrigo e o Daniel.

Logo, como já haviam se passado muitos meses, estávamos bem perto do torneio. Na verdade, os alunos das outras escolas viriam para Acompte amanhã. As outras escolas se chamavam Thar e Maidir. Claro que as três formavam um só grupo, mas ainda assim, cada uma tinha seus próprios caminhos.

Com essa breve chegada, muitos alunos estavam ansiosos para a chegada dos outros. Alguns ofereceram seus quartos, outros para prestarem ajuda. Mas Mira estipulou que todos iriam ajudar, quer queiram ou não. Fiquei um pouco irritada com ela, mas depois entendi: eles eram hospedes, tínhamos de ajudá-los.

–Espero que tenham muitos gatinhos. – falava Alice, enquanto seguíamos para a quadra. Já estávamos no dia em que os outros iriam chegar, então aquele era o assunto do momento.

–Sabe, acho que o Rodrigo não vai gostar disso. – falei, erguendo as sobrancelhas.

–Tô nem ai. Ele não tem coragem de assumir o que sente.

–Você nem sabe se ele gosta de você.

–Pessoas apaixonadas sabem quando o outro corresponde.

–Então ta, xonada. – zombei.

–Do que está falando? Vi você e o Dani trocando olhares a todo momento.

Corei.

–Nada a ver. E se realmente agente se gostasse, saberíamos disfarçar melhor que você e o Ro.

–Ah mas o Ro é diferente. Ele é mais doce, gentil,...

–Nem começa. – interrompi-a

–Tá bom, agora acelera porque estamos atrasadas. To loca para que o por do sol chegue.

–Por quê?

–Dã, é a hora em que as outras escolas vão chegar.E eu quero me arrumar antes disso, sabe, colocar um vestido, pulseiras, anéis e tudo mais.

Ri de sua atitude enquanto ela listava seu traje para a noite.

–------ Horas Depois - ------

As aulas passaram-se muito rapidamente. Cheguei ao quarto as 15:00, tempo suficiente para eu descansar e depois me arrumar. Cai na cama, mas alguém bateu à porta. Arrastei-me até a mesma e quando abri, uma figura loira entrou carregando várias caixas, roupas e uma mala.

–Alice?- perguntei.

–Eu. – ela respondeu, enquanto largava as coisas em cima do tapete.

–Pensei que só viria mais tarde.

–Pra que esperar. Temos que nos arrumar o mais rápido possível. Vamos.

Ela me puxou pelo quarto, me fazendo experimentar vários vestidos, sapatos e maquiagem. Ao final, estava com um vestido preto tomara-que-caia com detalhes em renda. Usava um salto preto e tinha o cabelo solto, decorado apenas com uma presilha de borboleta. Minha maquiagem era leve, o que realçava meus olhos. Ela também estava belíssima, usando um vestido branco com detalhes amarelos, um salto preto e um coque.

Quando estávamos prontas e a bagunça em meu quarto já estava organizada, já era quase 17:30. O sol já começará a se por quando saímos do quarto em direção ao jardim, onde os outros chegariam.

A maior parte dos alunos estava lá. Todos bem trajados, cada um ocupava uma das cadeiras que foram postas a frente do lago. Estávamos chegando aos nossos lugares quando alguém tocou meu ombro. Virei-me e vi Daniel e Rodrigo.

–Vocês estão maravilhosos. – falou Alice.

E realmente estavam. Enquanto Rodrigo trajava um terno, Daniel usava um blazer por cima de uma blusa branca. Havia arrumado seus cabelos de um modo tão organizado que achei que ele tinha passado algum creme.

–Vocês também estão. – ele disse por fim, abrindo um lindo sorriso que me fez estremecer.

Ouvi uma pequena risada ao meu lado e percebi que era Alice. Virei para ela e percebi que ela mordia o lábio para não repetir o ato. Será que dei bandeira?

Ouvimos um leve assobio e, percebendo que chamavam a nossa atenção, nos sentamos. Com Daniel ao meu lado, Mira apareceu, usando um vestido longo e branco e sapatos vermelhos.

–Olá, jovens. Gostaria de informar a vocês o motivo de estarmos aqui, mas não vou fazer isto pois sei que todos já sabem o motivo. – ela disse, sorridente.

Muitos alunos riram, inclusive uma pessoa familiar, Mikaele. Ela estava muito bonita, usando um vestido verde escuro com detalhes que me lembravam folhas. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e sua mecha caia por seu rosto, valorizando-o.

–Bem, então, vamos aguardar mais um pouco que daqui a alguns minutos, quando o sol se por totalmente, os alunos e professores de Thar e Maidir chegaram. Aproveitem este momento para observarem o belo por do sol com seus amigos e... bem, aproveitem.

Mais uma vez, uma multidão riu. Virei para Alice e percebi que ela estava radiante encostada no ombro de Rodrigo. Ri baixo, mas acho que o Daniel percebeu.

–O que foi? – ele perguntou.

Inclinei minha cabeça para o lado de Alice, bem a tempo de o Dani ver o largo sorriso que ela abrirá. Ele também riu e sussurrou em meu ouvido:

–Acho que ela não é muito de disfarçar.

–Concordo. – sussurrei em resposta.

Passados alguns minutos, o sol se pós e ao longe pudemos ver dois barcos, um com bandeiras azuis e outro com bandeiras verdes. Eram eles.

Estes se aproximaram do porto e de cada um saíram vários alunos, guiados por mais ou menos 3 professores. Suas roupas eram muito parecidas com as nossas, só diferenciavam em suas cores bases, umas azuis e outras verdes.Estes se dirigiram as umas cadeiras a frente, onde se sentaram e observaram o local.

–Bem vindos alunos de Thar – falou Mira, apontando para os de verde- e Maidir. – apontou para os de azul- Espero que gostem do local até o torneio começar. Obrigado vocês a aos seus professores claro. – ela fez uma pausa, enquanto palmas cortavam o ar. – Agora, que comermos?

Logo, ouvimos barulhos de badejas e rapidamente as cadeiras de trás se separaram das frente e em seus lugares surgiram mesas, recheadas de pratos para todos os gostos.

–Demais. – falou Tai, enquanto atacava as massas.

Procurei comer de tudo uma pouco. Comi massas, comidas espanholas e brasileiras, eu acho. Ao final com todos de barriga cheia, fomos levados aos quartos, onde finalmente poderia dormir. Ou pelo menos, era o que eu achava...