Linha Vermelha escrita por NaruShibuya


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214886/chapter/6

• Misaki PDV •

– Por que você está irritado? – perguntei ao avistar a entrada do hotel.

– Porque a Ayuzawa não é sincera... Não é sincera consigo mesma, e não é sincera comigo.

– Sincera? O que você... – ele me encarou, como se pudesse ver através de minhas mentiras. Senti meu corpo tremer.

– Onde vocês estavam?! – perguntou o professor. Me esqueci completamente que eu ainda estou em uma excursão escolar... Senti minha garganta coçar, e logo em seguida espirrei. Ótimo, porque tudo que eu precisava agora era ficar doente. – Você está bem, Ayuzawa-san? Você está pálida. E ensopada. Devia voltar para seu quarto e se trocar.

Fiz um pequeno gesto afirmativo.

– Estou apenas um pouco cansada.

– Usui, por favor, leve sua colega para o quarto das garotas. Mais tarde mandarei um médico para examiná-la... E não saiam deste hotel!, mais tarde conversarei com vocês.

Fiz uma careta e me dirigi para o quarto das garotas. Usui me seguiu, mas continuou quieto e me fitando. Suspirei.

– Você está bem, Ayuzawa?

– Eu pareço bem, Usui? – o vi arquear uma sobrancelha e me senti culpada. Ele só está preocupado... Ele só está preocupado. Me senti mal por tratá-lo daquela maneira. – Desculpe. Eu estou bem, só não quero continuar aqui mais tempo que o necessário – entrei no quarto e o esperei entrar, então fechei a porta e sentei na cama.

Ele negou com a cabeça, me repreendendo.

– Você deveria se trocar primeiro. Eu esperarei você retornar.

Peguei minhas roupas e saí do quarto, indo me trocar no banheiro. Quando retornei, ele também já havia trocado de roupa, apenas os cabelos continuavam pingando.

Joguei minha toalha em sua direção.

– Seque-se, ou ficará doente – ele colocou a toalha na cabeça, e se virou em minha direção.

– O que há com esse lugar que, desde que você chegou aqui, a incomoda tanto?

– Não é o lugar, Usui... Não exatamente o lugar.

– Me conta? – pediu.

Neguei com a cabeça. Não quero lembrar sobre essas coisas mais que o necessário... E ter que explicar tudo para o Usui...

Ele me abraçou, me puxando para que sentássemos na cama e eu ficasse apoiada em seu peito.

– Tudo bem. Eu esperarei você estar pronta. Eu não tenho a intenção de sair do seu lado, de qualquer maneira – apertou os braços ao meu redor, e eu posso jurar que ele está sorrindo.

Não tem a intenção, não é? E quanto tempo mais será que essa paz irá durar?

Me virei em sua direção, ficando de joelhos sobre a cama, e comecei a secar seus cabelos com a toalha.

– Você devia voltar ao seu quarto, Usui. Espera... Cadê os outros alunos? – perguntei, apenas agora dando por falta das outras garotas que deveriam estar no quarto nesse momento.

– Outra atividade sobre a excursão... – escutei a porta bater. Olhei em sua direção, fazendo uma careta a seguir. – Eu não sabia que era permitido esse tipo de comportamento entre alunos em uma excursão escolar – disse Yui. Suspirei. O que essa garota quer, afinal de contas?

Usui a encarou, frio. Parecia irritado novamente.

– Usui-san, você não tem nada melhor para... fazer? – indagou. – Essa garota é perigosa. Você devia realmente ter cuidado com ela.

E, está aí, mais um problema desnecessário para eu lidar.

– Talvez você precise de algo melhor para fazer, Sasaki-san – respondeu friamente.

Vi um rápido sentimento de dor e ódio relampejar pelos olhos claros da garota a nossa frente. Ela se virou e saiu do quarto, batendo a porta com violência.

Usui olhou pra meu rosto, cauteloso.

– Você a conhece? – é claro que ele iria perguntar...

– De certa forma – confirmei.

– Tem a ver com essa cidade e o que aconteceu aqui? – confirmei levemente com a cabeça.

– De certa forma... Isso é algo que aconteceu há muito tempo, de qualquer maneira – as palavras pareciam pairar no ar, sendo rodeadas pelo silêncio que se instalou, até serem totalmente suprimidas pelo mesmo.

• Usui PDV •

Ayuzawa, o que aconteceu com você antes de sair dessa cidade?

Suspirei.

Não adianta perguntar; ela não irá me responder até estar pronta, e eu não quero pressioná-la.

Segurei carinhosamente as mãos que passavam a toalha em meus cabelos, retirando-as em seguida junto ao pano úmido.

Observei seu rosto relaxar enquanto seus lábios se separavam sutilmente um do outro, soltando o ar que prendera.

– Bonito – a escutei murmurar enquanto me observava, perplexa. Sorri.

Ela passou as mãos por meus cabelos, desgrenhando-os mais do que provavelmente já estavam, e continuou a observar.

– Gosta do que vê, Ayuzawa? – ela corou. – Gostaria de uma foto? – ela continuou a me encarar, como se não tivesse me escutado.

Parecidos... – murmurou novamente, os olhos um pouco mais abertos do que o normal.

Ela se afastou abruptamente, levantando-se da cama. Virou de costas para mim, andando em direção a janela.

– Ayuzawa? O que houve? – levantei da cama e parei atrás da garota que observava o céu chuvoso.

Ela me encarou como se não pudesse me ver. Como se não pudesse ver nada.

A segurei pelos ombros e ela pareceu despertar.

– Usui? Desculpa... – olhou novamente pela janela, estremecendo.

– Ayuzawa, você está bem?

– Sim, apenas incomodada porque não para de chover... Desculpe se... Se o fiz se preocupar comigo.

• Misaki PDV •

Encarei Usui e vi um rosto conhecido. Um rosto que eu não via há anos...

De fato, os cabelos bagunçados me lembravam muito ele.

Pisquei com o barulho repentino. Usui me encarava, suas palmas ainda unidas depois de usá-las para me chamar a atenção.

– Perdão, Usui – ele continuou a me fitar, preocupado. – Hey, eu acho que está na hora de você voltar para o seu quarto. Eu estou bem, é sério.

– Você...

– Eu prometo que eu não irei sair novamente – levantei a mão direita, como que para dar a ele certeza de que falava a verdade. E, de fato, eu não tinha nenhuma intenção de sair deste quarto, ainda mais para a chuva.

Ele suspirou. Parecia ponderar se era seguro me deixar sozinha novamente.

– Qualquer coisa, me chame – depositou um beijo em minha bochecha e foi embora sem dizer mais uma palavra.

Eu o estou magoando, percebi.

Escutei a porta bater novamente e me virei, pensando ser Usui.

Encarei a garota parada a minha frente. Ela me fuzilava com os olhos, os cabelos bagunçados e pingando.

– Yui... – suspirei. – O que quer?

– Que se afaste de Usui Takumi.

Arqueei uma sobrancelha. Ela ainda está com isso?

– E se eu não quiser...? – perguntei, cautelosamente.

– Você o está magoando! Será que não percebe?! Você pretende fazer com ele o mesmo que fez nesse lugar? – senti minha garganta apertando e uma leve pontada no peito.

– E... e o que você tem com isso?

– Ele era meu – me empurrou contra a parede, segurando minha blusa com força. – Você o levou!

– O q... Você nunca disse nada! Nem ele sabia! A culpa não foi somente minha! Eu gostaria de poder mudar o passado, Yui, mas eu não posso. Você não foi a única que saiu machucada por causa dessa confusão. Tanto eu quanto o...

Me deu um tapa, fazendo-me parar de falar. Suspirei ao sentir o local atingido arder. Isso vai deixar uma bela marca mais tarde... Olhei em seus olhos e vi que aquilo ainda doía nela.

– Eu vi... – ela me soltou e se afastou, a voz repleta de mágoa. – Eu vi vocês se beijando! Eu vi quando ele pediu, e mesmo você sabendo, você aceitou!

Senti meu rosto esquentar, de vergonha e raiva.

– Eu não podia negar... Você... Você também sabia! Você disse que não se importava! Mesmo eu o tendo conhecido primeiro que você, eu perguntei se estava tudo bem! – acusei. – Você disse que se eu quisesse, como também gostava dele, poderia fazer o que eu bem entendesse!

– Afaste-se dele, Misaki.

– Não posso.

– Afaste-se dele! – me encarou novamente, olhando em meus olhos, até parecer encontrar algo lá.

Se afastou de mim como se tivesse levado um choque, então começou a gargalhar.

A encarei, perplexa.

– Não pode, não é? Isso é realmente muito bem feito para você, Misaki. Você sabe como isso irá terminar – saiu do quarto com uma toalha em uma mão e uma muda de roupa em outra.

Me joguei na cama, sentindo algo embaixo de meu corpo, puxei o objeto, curiosa. Um celular?

O coloquei em cima do criado-mudo que tinha perto da cama e virei em direção para a parede.

• Usui PDV •

Coloquei a mão no bolso procurando o aparelho que deveria estar ali. Vasculhei a cama, a mochila e o resto das roupas, mas nem sinal do celular. Eu provavelmente o esqueci no quarto das garotas...

Voltei pelo caminho que eu acabara de fazer, parando em frente a porta ao escutar duas vozes vindo de dentro do quarto.

– Que se afaste de Usui Takumi – encostei-me a parede e esperei, curioso.

– E se eu não quiser...? – Ayuzawa respondeu, desafiadora. Sorri.

– Você o está magoando! Será que não percebe?! Você pretende fazer com ele o mesmo que fez nesse lugar?

– Não consigo identificar a voz... – murmurei, distraído.

– E... e o que você tem com isso? – Ayuzawa questionou.

– Ele era meu – escutei um barulho alto de algo se chocando contra a parede vir de dentro do quarto.Pensei em entrar para intervir. Quando coloquei a mão na maçaneta para girá-la, escutei a outra garota dentro do quarto a acusar, furiosa. – Você o levou!

– O q... Você nunca disse nada! Nem ele sabia! A culpa não foi somente minha! Eu gostaria de poder mudar o passado, Yui, mas eu não posso. Você não foi a única que saiu machucada por causa dessa confusão. Tanto eu quanto o...

Escutei um estalo agudo. O local ficou em silêncio por alguns instantes, mas logo pude escutar as vozes novamente.

– Eu vi... Eu vi vocês se beijando! Eu vi quando ele pediu, e mesmo você sabendo, você aceitou!

– Eu não podia negar... Você... Você também sabia! Você disse que não se importava! Mesmo eu o tendo conhecido primeiro que você, eu perguntei se estava tudo bem! – acusei. – Você disse que se eu quisesse, como também gostava dele, poderia fazer o que eu bem entendesse!

– Afaste-se dele, Misaki.

– Não posso.

– Afaste-se dele!

O quarto ficou em silêncio novamente, então a outra garota começou a gargalhar.

Algo mais foi dito dentro do quarto, mas não alto o suficiente para que eu conseguisse entender.

Me afastei do quarto, e a porta não demorou a ser aberta. Observei Sasaki Yui se afastar a passos largos do local, parecendo mais triste do que com raiva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!