Linha Vermelha escrita por NaruShibuya


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oie, meus amores ;)
Acharam que eu tinha desistido da fic, não é? Pois é, fiz isso não...
É que minha vida tá meio complicada. Meu ano de 2017 foi só derrota atrás de derrota, mas agora eu estou me reerguendo, então não desistam de mim!
Sem mais enrolação, espero que curtam o capítulo!
25/03/2018



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• Misaki PDV •

 

Deitei na cama, exausta.

Minha cabeça girava, e eu não conseguia processar sequer o pensamento mais lógico que pudesse aparecer na minha frente naquele momento.

Usui está se envolvendo com alguma pessoa, com o interesse nítido de saber sobre seu irmão. Essa pessoa, sabendo de sua fraqueza, utilizou-se dessa vantagem para tentar fazer com que Usui se aliasse a ela em alguma coisa... Ou é o que parece.

A resistência de Usui havia me feito ser envolvida no meio dessa confusão, apesar de eu ainda estar completamente no escuro sobre tudo o que está acontecendo com ele.

Mesmo sabendo de nada sobre o assunto, eu me sinto como se tivesse tomado um caminho sem volta...

Me lembrei do pedido do loiro... E das palavras que eu estava escutando com bastante frequência: se afaste ou fique.

Bufei, bagunçando meus cabelos de forma violenta.

Agora, parando para pensar... A mulher misteriosa disse que eu faço parte de interesses pessoais e do “coração” para Usui, mas eu não vejo que tipo de utilidade eu poderia ter para ele.

Aparentemente, ele vem de algum tipo complicado de família, provavelmente inglesa, provavelmente com algum tipo de interesse aquisitivo absurdo por trás de toda essa história também.

Sentei na cama, tentando organizar melhor meus pensamentos, mas tudo que eu conseguia era me sentir mais frustrada com toda essa confusão que está a minha cabeça.

Eu sentia uma enorme vontade de obrigar Usui a me explicar tudo, entretanto, tinha um alerta bem nítido em minha cabeça, fazendo-me questionar se realmente valia a pena.

Em meio a toda essa confusão, eu acabei caindo em um sono mais turbulento e exaustivo.

 

• Usui PDV •

 

Ouvi alguém batendo em minha porta.

Me levantei a contragosto e a abri, me deparando com o mordomo do  meu irmão.

Ele me olhou rapidamente de cima a baixo, fazendo uma forte careta.

Me afastei da entrada para que ele pudesse passar. Tranquei a porta e me virei em sua direção.

Ele estava parado no centro da sala, observando a vista pela enorme fachada vidrada do local. Esperei que ele dissesse qualquer coisa, mas ele apenas encarava a vista, então me pronunciei primeiro.

— Onde está Gerard? – Cedric se virou vagarosamente para mim, me olhando com os olhos em chamas.

— Não tenho autorização para te dar essa informação – a resposta presunçosa já era a que eu esperava.

— Há quanto tempo você está me seguindo?

— Desde antes daquela pessoa te procurar pela primeira vez...

Quando eu estava a ponto de fazer outra pergunta, ele me interrompeu.

— Eu não vim aqui para um bate papo amigável. Eu tenho uma missão, e vim cumprí-la. Primeiro eu gostaria de saber como e porquê aquela pessoa conseguiu se aproximar de você a ponto de você temer qualquer contato dela com aquela jovem de mais cedo?

— Se você não está disposto a responder as minhas perguntas, então eu não tenho a mínima obrigação de responder as suas – respondi com arrogância. Esse jogo de interesses já estava me cansando há muito tempo.

— Lembre-se de que eu estou aqui a mando do seu irmão. Gerard está em uma situação de alto risco apenas em me afastar dele por tanto tempo... E a saúde dele está decaindo de forma violenta devido o estresse causado pela perseguição em que ele se encontra desde que fugiu.

— Onde ele está?! – senti meu coração acelerar. Não era novidade que meu irmão era um cara meio frágil, mas ele nunca teve problemas graves, mesmo quando posto nas mais diversas situações de estresse.

— Sabe que não obterá a resposta assim. Ele está a salvo e em segurança, é tudo que posso te dizer no momento. O paradeiro dele é de interesse de muitos, para muitos fins, por isso o boato de que ele estava morto foi espalhado. Fazia parte do plano, para que ele pudesse ficar nas sombras por mais tempo... Ele esperava que tempo o suficiente para te tirar da mira de pessoas como as que estão nos confrontando agora.

— Parece que ele não teve tanto tempo assim.

— Ele não teve tempo o suficiente para te deixar nas sombras também, porém ele conseguiu te deixar quase no anonimato, embora as notícias corram mais rápido ultimamente, devido a grande tecnologia que o mundo possui. Se não fosse pelo esforço descomunal de Gerard, você já teria sido encontrado e obrigado por meios de chantagens ou ameaças a cumprir com o seu papel.

— Eu não entendo porque agora, depois de tanto tempo... Depois de tudo...

— Não seja mimado. O mundo está cheio de imperfeições e imprevistos. Você e seu irmão são consequências de fatores do azar. Não haveria necessidade de Gerard se envolver se não fossem as circunstâncias, e também não haveria a necessidade deles te procurarem, mesmo depois de tudo, se Gerard não tivesse desaparecido e deixado a primeira opção deles inviável – ele me olhou novamente de cima a baixo, parecendo relutar em dizer mais alguma coisa. – Como eu disse: vim cumprir ordens.

“A primeira delas foi para te alertar de que você não deve envolver aquela garota nisso, ou haverá retaliação – hesitou novamente, mas enfim enfiou a mão no bolso interno de seu blazer e retirou de lá um envelope dobrado e me entregou. – A segunda foi para te entregar isso. Eu não sei o conteúdo, e não tenho autorização para saber o que a carta contém, mas sei que é de Gerard.”

Segurei o envelope e esperei que ele dissesse mais alguma coisa, ou me fizesse mais alguma pergunta, contudo ele apenas se dirigiu até a saída e foi embora sem sequer olhar para mim uma segunda vez.

Sentei no sofá enquanto encarava o envelope simples em minhas mãos.

Retirei o papel manchado de dentro, que provavelmente havia sido escrito às pressas e comecei a ler.

“Bom, primeiro, se você está lendo isso, significa que eu falhei em esconder você daquelas pessoas. Significa também que eles já deram o primeiro passo em sua direção e Ceddy foi obrigado a se mover também.

Segundo, peço de coração que me perdoe por desaparecer sem nunca ter te dado uma explicação. Eu sei que isso foi horrível, e que você deve sentir grande ressentimento de mim graças a isso, mas foi necessário.

Se nós dermos para aquelas pessoas o que eles querem, eles vencem, e nós ficaremos escravizados a essa vida para sempre.

Você se imagina nessa situação inconveniente pelo resto de sua vida?, bom, eu não.

Eu sei que você não conheceu nossa mãe, mas eu tenho certeza que ela teria te dito as mesmas palavras que sempre disse para mim: “você nasceu par ser livre, porque o voo de um pássaro é sempre mais belo quando não há grades a sua volta.”

Eu não posso te explicar por uma carta o que aconteceu todos esses anos em que estive desaparecido e sem contato, mas posso te garantir que nunca me esqueci de você, irmão.

Eu vou nos afastar desse jogo de poder ridículo que nos envolveram.

No mais, deixarei Ceddy à sua disposição, zelando por você e te vigiando caso algo saia errado.

PS.: não deixe que M.M se aproxime de você. Aquela pessoa é perigosa.

Me recostei no sofá, sentindo um leve peso sendo tirado de cima de mim.

Meu irmão está vivo! Eu tive provas o suficiente disso hoje.

Relaxei um pouco. Se ele está mesmo vivo e em segurança, eu posso me afastar desse jogo maluco em que me envolveram.

Não vai ser fácil, mas, com a ajuda dela, eu posso conseguir...

E então finalmente me lembrei do que Cedric havia mencionado: se eu envolver a Ayuzawa, eles vão prejudicá-la!

Apertei a carta que ainda estava em minha mão, com raiva.

Eles me deixaram exatamente aonde eles queriam! Eu caí que nem um cego na armadilha deles...

Eles me colocaram em um ponto aonde não há mais retorno, apenas um sutil e traiçoeiro caminho reto para a frente, neutralizando minhas chances de reverter a situação.

Bom, eu preciso tentar. Eu apenas não posso contar para ela mais do que o extremo necessário para que ela me ajude – embora me envolver com ela seja algo relativamente fácil... Tudo que eu preciso fazer é continuar ao seu lado e fazê-la se esquecer do Ren de uma vez.

Deitei no sofá e comecei a pensar em uma forma de falar com ela no dia seguinte. Era final de semana, e ela não aparece no colégio nos dia de sábado e domingo, então isso significa que eu teria que ir à sua casa.

Quem sabe outro pedido de desculpas?, mas dessa vez, sem exagero. Ela não é o tipo de garota que se impressiona com esses atos fúteis de demonstração de dinheiro, e agradeço muito por isso... Torna as coisas muito mais interessantes assim. Conquistar garotas interesseiras não tem a menor graça.

Sorri e virei para o lado, colocando a carta de meu irmão sobre a mesa de centro, focando meus pensamentos nos próximos passos.

 

• Misaki PDV •

 

Acordei sentindo uma enorme pressão em minhas têmporas.

Me sentei na cama e peguei meu celular, que estava em cima de minha cômoda. Não havia mensagens nem ligações. Estranhei.

O Usui parecia muito preocupado ontem, então para ele não ter mandado sequer uma mensagem para mim... Será que aquele cara de terno o impediu de fazer alguma coisa?

Resolvi não me precipitar sobre qualquer coisa no momento – e nem me preocupar com isso também.

Desci as escadas até a cozinha, ignorando o olhar de curiosidade de minha mãe.

— Não conseguiu dormir direito, Misaki? – questionou, apesar de já saber a resposta.

— Muita coisa acontecendo no colégio – dei de ombros.

Me fitou por um instante, e então suspirou.

— Vai sair hoje? – perguntou por fim, provavelmente desistindo de me fazer contar a verdade.

— Sim. Preciso terminar com algumas coisas que ficaram pendentes no Seika e só volto mais tarde.

Ela assentiu e voltou sua atenção para a xícara de chá que estava à sua frente.

Eu odeio o fato de ter que ir para a escola no sábado, mas pelo menos lá é mais tranquilo. Eu fico muito mais confortável no silêncio da sala do conselho estudantil do que eu fico em casa...

Coloquei o uniforme e saí de casa, andando vagarosamente. Andava distraída, totalmente alheia ao que acontecia a minha volta, por isso tomei um susto quando alguém apoiou a mão no meu ombro e me segurou com um pouco mais de força que o necessário.

Segurei o impulso de dar uma cotovelada na pessoa, mas não me impedi de empurrar a mão e me virar, fazendo cara feia.

Me deparei com um Usui sorridente atrás de mim.

— Indo à escola sábado, Kaichou? – perguntou, tentando me irritar.

— Usui? O que faz aqui? – me lembrei do desastre no restaurante, e a raiva que eu senti na hora começou a reaparecer. Fiz uma careta e o sorriso de Usui morreu no mesmo instante.

— Vim te pedir desculpas. Dessa vez, da forma correta. Sem jantares exagerados, cinemas e pegadinhas. Tudo que eu quero te dizer, Ayuzawa, é: me perdoe.

Senti uma grande sensação de desconforto em meu estômago. Tem algo errado.

— Usui, eu estou ocupada – me virei e comecei a andar para longe. Fechei os olhos e esperei, e logo uma mão agarrou meu ombro novamente. Suspirei.

— Não. Você vai me ouvir. Eu estou cansado desse jogo, Ayuzawa. Eu estou cansado de ser sempre eu a correr atrás de você!

Me virei e afastei seu toque.

— Então pare! – Esbravejei. – Se está insatisfeito com essa situação tanto quanto eu estou insatisfeita com suas mentiras, pare! Eu não te devo explicações, Usui. Assim como você não me deve. Não venha atrás de mim achando que eu sou obrigada a compreender algo que você não se dá o trabalho de me explicar, porque eu não sou!

Ele me fitou sem reação. Abriu a boca para tentar replicar, mas fui mais rápida.

— Usui, chega. Eu cansei! Tudo que eu quero é uma vida normal, e vocês não estão colaborando. Se um dia você decidir ser sincero comigo, talvez eu volte a te escutar. Caso contrário, eu quero você o mais longe possível de mim. Eu não sou mais capaz de aguentar isso.

— Você... Você está me pedindo para me afastar de novo? Você vai simplesmente me virar as costas de novo?!

— Não, Usui. Dessa vez é diferente. Eu não estou fazendo isso por você, como fiz da outra vez. Eu estou fazendo por mim. Eu preciso ficar sozinha de novo. Eu não sou o tipo de pessoa que vive bem socialmente, e esses últimos meses mostram isso muito bem. Eu estou cansada de toda essa situação, e eu estou confusa com muitas coisas, mas eu sei que eu não vou suportar ter você ao meu lado dessa maneira.

— Espera! Eu vou te explicar – disse. Sua voz soou mais alto que o normal, o que me surpreendeu. – Eu estou com problemas, Ayuzawa. Eu não queria te envolver no meio disso tudo, mas se essa é a sua condição para não se afastar de mim...

Eu estava sem reação. Eu não achei que ele fosse de fato falar alguma coisa – e eu não estou certa de que eu queria que ele falasse...

— Quando terminar todas as formalidades que tem no Seika, me encontre na minha casa... Isso vai levar algum tempo, então avise sua mãe para que ela não fique preocupada.

Concordei vagarosamente. O clima estava estranho entre nós e o Usui parecia desconfortável, mas tinha um sentimento em seus olhos que eu não conseguia compreender... Parecia algo como satisfação?...

Dessa vez me virei e fui embora sem maiores problemas, mas como era de se esperar, quando cheguei ao Seika, eu não consegui me concentrar nos papeis a minha frente.

Chegava a ser incômodo o tanto de vezes que Usui aparecia em minha cabeça ultimamente Embora eu não esteja certa de que isso é algo positivo.

Depois de brigar com os documentos por várias horas, finalmente desisti, deixando o serviço para trás. Me levantei e me espreguicei. Ajeitei minhas coisas e saí, indo até a parada de ônibus para poder ir até a casa de Usui.

Quando cheguei, ele já me esperava. Tinha trocado de roupa e tinha um cheiro de algo cozinhando no ar.

Ele me conduziu até a sala e me pediu para sentar. Eu estava nervosa, e ele parecia considerar calmamente o que faria agora.

Eu me sentei no sofá, e ele se sentou na mesa de centro, à minha frente.

— Bom, eu quero que você saiba que essa é uma situação extremamente desconfortável para mim. Eu não sei falar sobre mim, e falar sobre a minha família é um risco em potencial para você.

 

• Usui PDV •

 

Ela não pareceu se incomodar com o que eu acabei de dizer, então eu vou prosseguir. Me levantei e fui em direção a cozinha para poder esconder o sorriso que nasceu em meus lábios.

Voltei trazendo uma garrafa térmica com café e duas xícaras... A noite vai ser longa.

— Tem alguma pergunta que você queira me fazer, Ayuzawa? – ela negou silenciosamente. – Então vamos começar.

“Há muito tempo, depois de apenas alguns anos de casamento, minha mãe, Patricia Walker, perdeu os interesses que tinha em seu casamento de fachada.

Ela era uma mulher muito livre, e odiava que dissessem para ela o que ela devia fazer e o que ela deveria ser. Ela simplesmente se comportava da forma que queria. Um certo dia, enquanto estava no jardim de sua casa, um dos mordomos da família, Hirose Yuu se aproximou.

Pelo que me foi dito, eles sempre tiveram um carinho especial um pelo outro, mas por questões sociais, eles nunca seriam aprovados como um casal de verdade.

Depois que ela foi obrigada a se casar, ele se afastou, temendo que não conseguissem mais subjugar seus desejos.

Nesse dia aconteceu exatamente isso. Minha mãe ia se mudar e chamou o mordomo para se despedir, e lhe pediu um último favor.

Por causa disso, ela engravidou de mim e a viagem foi cancelada. As pessoas da sua família fizeram o possível para esconder o que havia acontecido, pois um bastardo vindo da herdeira do Duque da Inglaterra...”

Vi sua mão tremer levemente. Ela está começando a entender o que está acontecendo... Realmente, Ayuzawa, você é alguém muito sagaz...

— A questão – continuei – é que eles também não queriam ter que lidar com o bastardo pessoalmente, então se livraram de mim, dando-me como adoção para uma família próxima, os Usui.

“Claro que os Walker exigiram que nenhuma informação sobre mim fosse vazada, e evitaram o máximo possível o meu contato com pessoas externas que não os próprios Usui. Minha vida escolar foi complicada por essas questões, já que eu não era permitido falar com ninguém, fazer amizades ou contar sobre a minha vida.

Quando eu completei cinco anos, meu irmão, Gerard Walker, me procurou. Ele tinha uma saúde muito delicada, e o Duque não quis que ele fosse o único a ser treinado para ser o seu sucessor, mas ele nunca deixou que o duque se aproximasse de mim.

Isso gerou questões em nossa família, pois o nosso avô está ficando velho, e sua filha não pode mais assumir, então resta apenas Gerard e eu. Embora ele tenha sido criado para ser ambicioso, ele nunca quis assumir o poder, sempre preferindo a calmaria de um emprego em qualquer área, longe desse jogo de poder.

Quando ele completou 15 anos, e eu completei 9, ele pediu permissão para os meus pais – adotivos – para se mudar para uma casa comigo e me criar longe disso tudo. Ele estava fugindo do meio da confusão há quatro anos, e queria me afastar também, e meus pais concordaram.

Foi quando nós viemos para o Japão, e ele comprou esse apartamento para nós morarmos. Depois disso nós praticamente ficamos intocáveis, e as investidas de nosso avô para nos recuperar cessaram depois de alguns meses.

Quando eu finalmente pensei que tudo estava bem, meu irmão desapareceu. Pouco tempo depois, eu recebi a notícia de que ele tinha sido morto por alguma família disputante à família Walker.

Eu tinha pouco mais de treze anos na época, mas eu não quis voltar para a Inglaterra, para a casa dos meus pais adotivos, então pedi para que eles se encontrassem comigo aqui, e conversamos até eles aceitarem o fato de que eu não voltaria.

É claro que eles disseram que iam manter o apartamento e me enviam dinheiro mensalmente para que eu pudesse me manter, mesmo eu dizendo que não era preciso.”

Ela escutava a tudo calada. Não parecia sequer piscar. Suspirei... A parte complicada vem agora.

— Esse ano fui contactado por uma das assessoras e pessoas mais próximas da família Walker, Miyazono Maria – seus olhos se arregalaram. Meu corpo se retesou automaticamente... Isso não é um bom sinal. – Você... Ela te ligou, não foi?

Ela passou a mão pelo rosto, sinal de que estava tentando organizar os pensamentos, e então concordou.

— Antes de você me ligar, no outro dia... – ela me fitou profundamente. Eu me senti estranhamente exposto àquele olhar.

— O que ela queria? – perguntei afobadamente. Se ela tiver contado algo a ela, pode estragar todos os meus planos!

— Ela disse que você tem interesses em me manter por perto. Ela falou para eu me afastar agora, ou ficar ao seu lado de uma vez, porque quando eu fosse envolvida, eu não poderia me arrepender depois.

Senti uma leve corrente passar por meu corpo enquanto meus dedos ficavam dormentes. Ela se precipitou... Não... Ela fez tudo pensado. Ela neutralizou toda e qualquer ajuda que Ayuzawa Misaki poderia me fornecer.

 

• Misaki PDV •

 

Observei calmamente a reação de Usui. Seus olhos se arregalaram levemente enquanto ele observava suas mãos.

Ele não parecia que ia ter qualquer reação, então me pronunciei novamente.

— O que você vai ganhar com tudo isso, takumi? – ele se surpreendeu e ergueu a cabeça para me olhar. Seus olhos estavam vidrados e levemente arregalados, mas ele não me respondeu.

Me estiquei e agarrei sua camisa, puxando-o para mais perto.

— Não me trate como se eu fosse uma criança idiota, porque eu não sou. Eu quero saber exatamente o que você esperava me envolvendo nisso tudo. Eu quero saber o motivo de você tentar me usar. Chega de mentiras.

Ele fechou os olhos e suspirou. Colocando as mãos gentilmente sobre as minhas e as afastou de sua roupa e depois as manteve entre as suas, num toque acolhedor.

— Ok, chega de mentiras. Talvez eu não tenha utilizado o método mais honesto para conseguir o que eu queria, mas foi somente porque eu não queria que você pensasse que eu me aproximei de você apenas por interesse.

— E não foi? – disse sarcasticamente, ignorando a leve pontada que senti no peito.

Ele sorriu de lado, mas não respondeu.

— De princípio, eu pensei que seria mais simples, sabe... – ele se levantou e ficou andando pelo apartamento, até parar ao lado da fachada – mas eu realmente me afeiçoei a você... Bom, foi uma incrível coincidência ter sido você a pessoa que eu salvei na escada aquele dia, e como eu disse antes, eu já gostava de você, desde aquela época, mas com o sumiço do meu irmão, eu me obriguei a esquecer o sentimento.

— Então você realmente só se aproximou de mim para se livrar da sua família...

— Ontem eu pude confirmar que meu irmão está vivo, e somente se afastou para poder nos proteger – me ignorou. – Mas ainda há coisas que eu preciso fazer, e eu não posso depender somente do meu irmão.

“Eu acabei me colocando no meio do problema ao deixar que Miyazono Maria se aproximasse demais de mim, e confesso que eu fui descuidado ao me aproximar demais de você também...”

Me olhou profundamente.

— Namora comigo? – fui pega totalmente desprevenida pela pergunta. Me levantei do sofá, em choque.

— O quê?! Está louco? – meu corpo inteiro tremia, e eu não sabia exatamente que reação eu deveria ter, ou o que fazer.

— Se eu estiver namorando, vai ser mais difícil para eles me obrigarem a me casar, porque eles sabem que eu vou resistir, então talvez eles parem de perseguir meu irmão também – ele se aproximou e parou na minha frente. – Namora comigo, Ayuzawa?

— Eu... Usui... Desculpa, mas eu não posso. Eu não sei se eu quero ser envolvida nesse tipo de coisa.

— Eu não posso permitir que eles machuquem meu irmão, Ayuzawa. Eu preciso de você.

— Por que tem que ser eu? Você pode se envolver com qualquer pessoa para isso – olhei para a porta do apartamento e me movi um passo em sua direção.

Prevendo minha intenção, Usui me seguiu, parando na frente da porta.

— Existe um motivo para ser você...

— E que motivo seria esse? – me estiquei e toquei a maçaneta, tentando abrir a porta e sair, mas ele me impediu o mais gentilmente que pôde, evitando me machucar, e fechou a porta novamente. Suspirei, frustrada.

— Seu pai – parei de tentar abrir a porta e me ajeitei, olhando fixamente para ele. – Seu pai foi a pessoa da família disputante que tinha interesses e começou a perseguição à meu irmão. Foi ele quem ordenou o assassinato de meu irmão.

— Impossível. Meu pai nunca saiu do Japão. Meu pai não tinha influência o suficiente sequer para alguém matar uma formiga para ele, quanto mais matar o neto do duque da Inglaterra!

— Vejo que você não conhece a sua família... – ele disse e se afastou da porta, me levando junto com ele. Não ofereci resistência.

Ele pegou uma pasta cheia de documentos em seu quarto e a entregou para mim.

— Essas são todas as informações que Miyazono Maria me deu quando entrou em contato comigo. Você já está envolvido nisso há muito tempo, Ayuzawa.

Me sentei e comecei a folhear os papeis a minha frente. Por sorte o trabalho no conselho estudantil me fez aprender a técnica de ler absurdamente rápido, mesmo que fossem várias coisas ao mesmo tempo.

Os documentos continham extratos bancários, nomes, telefones, compromissos, recortes de jornais, tudo. Tudo que eu pudesse pensar sobre a nossa família tinha ali.

De acordo com o que constavam os documentos, nossas contas, ao invés de zeradas e cheias de dívidas, como minha mãe sempre afirmou, tinham bilhões de ienes.

Os documentos de meu pai mostravam informações completamente diferentes das que ele sempre nos disse.

Aparentemente, ele era tão importante como o Duque da Inglaterra devia ser.

No meio dos papeis, encontrei passagens aéreas em nome dele e de minha mãe para a Inglaterra, e me questionei o quanto eles mentiram para nós.

— Não é você por coincidência, Ayuzawa. Seu pai tinha negócios com meu avô. Ele pode ser capaz de aceitar um relacionamento nosso e cessar a perseguição. Meu irmão seria capaz de voltar para casa, e em pouco tempo você se veria livre de todos nós e de tudo isso.

Senti meus olhos arderem.

— Eu posso levar isso? – perguntei, apontando tudo o que estava sobre a cama de Usui. Ele deu de ombros.

— O que vai fazer com eles?

— Falar com a minha mãe...

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Altas revelações, hehehe.
Bom, espero que vocês não fiquem decepcionados com o capítulo, nem com o tamanho, nem com a demora.
Prometo que vou tentar postar com mais frequência.
Quando eu tenho um pouco de paz e sossego, eu escrevo no trabalho, mas isso não é garantido.
Bom, então é isso, até mais, e não desistam de mim ainda!!!



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