Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 62
E que a briga comece


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o segundo seguido!

Boa leitura.



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– Nós podemos conversar. – Murmurei.

– Quê? – Perguntou com voz de sono. Hermes estava deitado na cama, completamente confortável e quase caindo em um sono profundo. Eu ajeitei-me na cadeira.

– Ah, você sabe. Conversar sobre as coisas. – Disse encolhendo os ombros – Já que nós não temos muito tempo para conversar.

– Conversar sobre o quê? – Perguntou embriagado de sono.

– Qualquer coisa. – Respondi.

– Quando você e Scott vão se casar? – Perguntou puxando assunto, mas infelizmente o assunto errado.

– Pai, eu estou falando sério! Tem muitas coisas que eu gostaria de conversar com você. – Falei virando para a escrivaninha. Eu peguei um lápis e comecei a fazer rabiscos no papel – Para compensar 19 anos de ausência, sabe?

– Eu não me ausentei por 19 anos. – Reclamou em um gemido – Eu não me apresentei à você por 19 anos, mas eu estava aqui.

– Enfim... – Disse continuando meu rabisco.

– Tudo bem... – Ele colocou-se sentado na cama e abriu os braços para mim – Pergunte o que quiser. Vamos conversar.

– O que eu quiser... – Repeti pensativa. Olhei para ele com curiosidade – Como era na Grécia Antiga?

– Ah, pelos Deuses! Você me acordou para falar da Grécia Antiga? Isso tem nos livros de história. – Respondeu revirando os olhos.

– Os livros de história foram escritos agora. Eu queria saber de alguém que estava vivo naquela época. – Rebati curiosa – Conta, vai! Como era?

– As pessoas falavam grego. – Ele disse e eu fiz uma careta para ele. Hermes riu e se deitou novamente – E não existia cueca.

– Isso é a coisa mais marcante para você? Não tinha cueca? – Perguntei – Eu estou falando sério! Como era o dia a dia, o que as pessoas comiam, como elas se vestiam, como elas interagiam umas com as outras?

– Isso são muitas perguntas para um ancião cansado. – Ele suspirou fechando os olhos aos poucos. Eu me levantei e fui para a cama. Sentei-me do lado dele e o sacudi.

– Como seria a minha vida na Grécia Antiga? – Perguntei curiosa – Para de fingir, eu sei que você não está dormindo!

– Sabe como seria a sua vida? – Perguntou ele desistindo de dormir e se irritando com a minha insistência – Eu casaria você com algum homem rico e você não seria mais problema meu. Aí eu poderia dormir em paz, enquanto você ficaria em algum palácio criando os seus filhinhos bagunceiros.

– Você teria coragem de fazer isso com a sua filha favorita? – Perguntei sabendo que ele estava só blefando. Ele abriu só um olho e me viu encarando-o. Acabou rindo e me dando um beijo na bochecha.

– Claro que não. – Respondeu e colocou a cabeça no meu colo como um travesseiro – Com qualquer um não. Eu casaria você com o Scott.

– Pai, esquece isso! – Reclamei revirando os olhos.

– Você acha que eu ia deixar você ficar com o imbecil do Ares na Grécia Antiga? Nem nos sonhos mais loucos dele. – Falou.

– Mamãe não ia deixar você me casar com quem eu não quisesse, de qualquer forma. – Respondi mexendo no cabelo dele.

– Você tem uma péssima mania de achar que a sua mãe manda em mim. – Falou remexendo-se – Sou eu quem dou as ordens.

– Ninguém dá ordens para ela. Já viu como ela fala com o chefe? – Rebati. Ele só bufou e permaneceu ali – Pai, o que você fez para ter que se esconder aqui no sótão.

– Nada, já disse. – Falou automaticamente – Você que fez, sua pervertida. Tenho que te lembrar que está de castigo?

– Isso é ridículo. Você acha mesmo que a mamãe vai acreditar nisso? E eu não consigo nem ficar perto de poeira, se eu for fumante eu morro. – Reclamei.

– Droga, eu esqueci da asma. – Resmungou – Ok, então eu achei... – Ele abriu os olhos – O que mais os pais acham debaixo da cama dos filhos que deixam eles com raiva?

– Você está mesmo pedindo a minha ajuda para me incriminar? – Eu ri daquilo.

– Se não me ajudar, você está de castigo. – Ameaçou.

– Eu pensei que já estava de castigo! – Retruquei.

– Você tirou o dia para dar uma de espertinha? – Reclamou – Pornografia. Eu achei revistas indecentes debaixo da sua cama.

– Ninguém mais compra revistas assim. As pessoas veem isso pela internet. – Retruquei revirando os olhos.

– E como é que você sabe disso?! – Ele se levantou.

– O que você fez?! – Perguntei pela milésima vez. Ele suspirou pesadamente.

– Eu estava passando pela frente da casa, quando encontrei o Will com o pai daquele bebê. E ele estava falando... – Ele trincou os dentes – Sobre a sua mãe. E falando demais sobre a sua mãe, de um jeito que só eu deveria poder falar. Como ela ama ele, e como eles se dão tão bem juntos, e como tudo é tão maravilhoso.

– Pai, o que você fez? – Perguntei preocupada.

– A sua mãe nem ama ele! – Reclamou impaciente – E ele fica se gabando sobre como ele é tão bom, sobre como ela não vive sem ele e sobre um monte de outras coisas. Eu não aguentei. Não ia deixar ninguém falar desse jeito sobre a mulher que eu amo.

– O que você fez com o Will? – Perguntei novamente.

– Eu só expus o que ele é por dentro. – Ele encolheu os ombros. Eu abri a boca para falar alguma coisa, quando nós dois ouvimos um grito.

Hermes!

Aquilo vinha do primeiro andar.

Minha mãe estava morrendo de raiva, para a voz dela ecoar pela casa dessa forma. Eu olhei para Hermes, que parecia ter se abalado, mas não tanto quanto devia.

– Ela tem ótimas cordas vocais. – Comentou.

– Elogios não surgem efeito quando ela está com raiva. – Respondi – Acredite, eu já tentei. Agora boa sorte com a...

– Aonde pensa que está indo?! – Reclamou ele segurando meu braço – Se me abandonar, estará traindo seu próprio pai para ficar do lado de um mortal idiota.

– Esse mortal idiota ajudou a me criar a vida toda. – Respondi olhando para ele – Tudo bem que ele e eu nos detestamos de vez em quando, mas eu aposto que ele ama a minha mãe. Seja lá o que tenha feito com ele, não foi certo!

– Eu não fiz nada tão absurdo! – Defendeu-se, e então a porta do quarto abriu. Minha mãe subiu os degraus rapidamente e só parou quando viu que nós dois estávamos lá.

– Alice, saí daí. – Disse diretamente. Eu me afastei da cama e fui para o canto do quarto. Eu queria realmente ouvir o que tinha acontecido – Você. Não me interessa o porquê disso, eu não estou nem aí para o que passa na sua cabeça oca. Eu só sei que você vai descer as escadas agora mesmo e trazer ele de volta.

– Eu não vou a lugar nenhum. – Respondeu negando com a cabeça.

– Hermes, não me provoque. – Disse em apontando o dedo para ele.

– Jenny, os seus problemas com o seu marido não são da minha conta. – Ele encolheu os ombros.

– Isso não é um problema entre eu e o meu marido. Isso é um problema com você e ele! – Corrigiu ela – Eu sou casada com aquele homem. Você sabe muito bem disso. Conserte a besteira que você fez!

– E o que eu fiz, exatamente? – Perguntou fingindo-se de ingênuo.

– Você quer mesmo que eu explique?! – Exclamou perdendo a paciência – Eu só sei que eu chamei Will para provar o meu bolo, e ao invés de um homem veio um porco.

– Um porco? – Repeti e eles lembraram que eu estava no quarto ainda – Você transformou Will em um porco?

– Will sempre foi um porco. – Resmungou cruzando os braços – Sempre metendo aquele focinho onde não devia.

– Eu não vou repetir isso para você, Hermes. – Minha mãe se aproximou com raiva – Traga ele de volta!

Ele se levantou da cama e a encarou de perto.

– Eu não vou trazer ele de volta. Na verdade, o que eu fiz é... – Ele sorriu para ela, com maldade – Irreversível.

Eu fiquei chocada, mas minha mãe não se abalou. Por alguns instantes, pensei que ela não ligasse para o que aconteceria com o Will e sim para ganhar ou perder aquela briga. Na verdade, ela sabia era que meu pai estava só blefando para assustá-la.

– Qual é o seu problema? – Perguntou colocando as mãos na cintura – O que um mortal pode ter de tão perigoso para te ameaçar a ponto de você ter que transformá-lo em um animal?

– Você sabe muito bem do que se trata. – Reclamou ele – Você se casou com aquele miserável há quase 20 anos atrás só para poder me irritar! Sabe muito bem que eu é que deveria estar do seu lado, e não aquele mortal esnobe e pretencioso!

– Você? – Repetiu ela erguendo uma sobrancelha. Isso o incomodou.

– É, eu. Você sabe que me ama mais do que ele. – Ela ergueu o rosto ainda mais, mostrando dúvida.

– Sei?

– Ah, Jenny! – Ele riu – Você só ficou com ele porque ele era rico e tinha poder, sabe muito bem disso. É o tipo de homem pelo qual você se apaixona.

– Não. Os homens ricos e poderosos se apaixonam por mim, porque eu tenho poder. – Corrigiu ela – Tem uma grande diferença. Eu não preciso do Wil para nada, assim como não preciso de você. Eu quero o Will, esse é o ponto.

– E por que não eu? – Perguntou irritado.

– Você sabe que não tem como nós dois ficarmos juntos, não seja infantil! – Reclamou.

– E se tivesse?! Você não quer ficar comigo, não é mesmo? – Perguntou – Está me trocando por aquele porco! Depois de tudo que nós dois passamos juntos, você simplesmente me joga de lado para ter um casamento medíocre com ele!

– Ótimo! – Exclamou ela por cima da voz dele – Então case comigo!

Ele ficou desnorteado por alguns instantes, como se minha mãe tivesse nocauteado ele. Hermes franziu o cenho.

– O quê? – Perguntou.

– Você me ouviu! Me peça em casamento. Vamos nos casar. – Disse com firmeza. Ele riu incrédulo.

– Não pode estar falando sério. – Disse ainda tonto.

– Ah, mas eu estou. – Ela afirmou – Não foi por isso que arrumou toda essa confusão? Porque não queria outro homem do meu lado, não? Pois bem, case-se comigo. Vamos. Tome o lugar dele.

– Você é casada, não posso me casar com você. – Ele negou com a cabeça.

– Eu me divorcio e caso com você. – Explicou com simplicidade e impaciência.

– Você é mortal. – Ele comentou.

– Me torne imortal. – Replicou.

– Jenny, isso é... – Ela o interrompeu com raiva.

– Viu?! – Disse apontando para ele – Você não quer casar comigo! Você nunca quis casar comigo, porque sempre teve medo de acabar com essa sua vida de solteiro inconsequente. Mas eu não sou assim. Sabe quantos anos eu vou viver? Quantos anos eu ainda tenho pela frente? Diferente do seu, o meu tempo é preciso. Eu não vou desperdiça-lo com alguém que só sabe me enrolar!

– Jenny, eu amo você! – Exclamou chocado – Acha mesmo que eu não me casaria com você se pudesse? Eu odeio aquele homem, porque ele tem o que eu sempre quis ter!

– Você pode não acreditar, mas eu amo ele sim. E se a minha felicidade significa alguma coisa para você, desça agora mesmo e traga-o de volta. – Disse encarando-o. Ele parou por alguns instantes, encarando-a de volta.

Depois de alguns longos segundos de silêncio, assentiu com firmeza e passou por ela ainda completamente mudo. Minha mãe o seguiu, e eu dei alguns minutos até descer também.

– Ah, eu não acredito! – Reclamou minha mãe. Quando eu parei na porta da cozinha finalmente notei do que se tratava. Tinha um porco comendo o que restava de um bolo, sujando todo o chão da cozinha.

– Jenny? – Chamou alguém longe. Apolo apareceu na porta logo do meu lado – Eu ia te avisar que o bolo está... Pronto.

– Você deixou o bolo em cima do banquinho?! – Reclamou ela apontando para Will comendo feliz da vida. O banquinho estava virado no chão, e o prato onde o bolo ficara antes estava coberto de migalhas.

– Ok, eu juro que foi por menos de 5 minutos. – Defendeu-se.

– Não sei para que tanto estresse. Não temos bolo, mas ao menos temos bacon. – Meu pai riu da própria piada.

– Você acha isso engraçado?! – Ele dirigiu-se para o meu pai com raiva – Depois que você trouxer ele de volta, você vai limpar essa cozinha, entendeu?! E vai fazer um bolo novo também!

– Por quê? Ele já não comeu o bolo que você fez com tanto carinho? – Falou com um tom enjoado.

– Se você quiser eu faço um bolo para você também, querido. – Disse ela fingindo bondade para então gritar – Com cicuta!

– Como você ousa?!

– Ei! – Exclamei chamando a atenção deles – Eu acho que é melhor trazer o Will de volta primeiro para depois vocês discutirem. Que tal?

– Eu estou te avisando, Hermes, essa foi a última vez que você alguma coisa desse tipo! Se você se atrever a... Will! – Ela exclamou levando um susto. Eu corri até Will no exato momento em que ele ia mastigar a toalha que estava pendurada no balcão, quase fazendo cair sobre si o faqueiro gigante que estava sobre ela.

– Pai! Para de comer! – Reclamei puxando ele para longe das facas.

Eu sou seu pai! – Reclamou Hermes.

– Argh, pai, não é hora de discutir sobre isso! – Revirei os olhos – Traz logo o Will de volta antes que...

– Mas que zona é essa aqui? – Perguntou Ares aparecendo perto de Apolo. Ele olhou para meus pais discutindo, depois para mim e por fim para o porco – Opa. Bacon.

Não tem bacon! – Rugiu minha mãe perdendo a paciência. Ele se assustou.

– Temos um porco, por que não bacon? – Perguntou de volta e adentrou a cozinha – Me dá ele aqui. Vai ficar delicioso.

Will fez um barulho desagradável que era o equivalente a um grito de terror de um humano que estava prestes a ter sua carne arrancada e frita em uma frigideira. Ele saiu correndo de Ares, que para piorar as coisas, tentou seguí-lo.

Ele tentou passar por entre minha mãe e Hermes, o que levou os dois ao chão. Eu corri para pegá-lo.

– Will! Will, espera, por favor! – Pedi e finalmente consegui segurá-lo – Ares, pare com isso!

– Will? – Ele repetiu – Deram nome a um porco?

– Hermes, eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida! – Disse minha mãe ainda no chão. Meu pai teve que se colocar sentado e esticar a coluna, que estalou inteira.

Você foi humilhada?! Eu fui derrubado no chão pelo porco do seu marido! – Exclamou para ela. E ela exclamou de volta para ele. E os dois começaram a discutir como se estivessem no meio de uma guerra de verdade, ignorando a existência de todos nós em volta da cozinha.

– Quer saber?! Você foi o homem mais imbecil e prepotente que eu já conheci! – Ela se levantou com raiva.

– E você é a mulher mais... Ah! – Meu pai escorregou no chão sujo e caiu batendo a cabeça no banquinho. Minha mãe tentou segurar o riso, mas não conseguiu. Ele ficou com ainda mais raiva – Ah, você acha isso engraçado? Você está rindo?!

O saco de farinha explodiu do lado da minha mãe, roubando dela um grito de susto. Seu rosto ficou completamente branco, mas ainda dava para ver sua expressão de choque. Hermes começou a rir, e ela passou as mãos pelos olhos para poder enxergar.

– Levanta. – Disse rosnando para ele. Hermes parou de rir e franziu o cenho para ela – Levanta agora desse chão, e aja como um homem.

Ele se levantou, mas só então entendeu o que ela quis dizer. Ele recuou antes que minha mãe tivesse a chance de avançar contra ele.

– Uou! Calma! – Alertou ele – Eu não bati em você! Isso não é justo!

– Justo vai ser o meu pé nesse seu nariz horroroso! – Exclamou. Eu corri para o meio dos dois e tentei mantê-los distante. Iria falhar se Ares não tivesse gritado e roubado a atenção de todos.

Oooooow! – Berrou, e todos nós congelamos e olhamos para ele – Será que alguém pode calmamente explicar o que está acontecendo aqui?

Eu respirei fundo e roubei a chance deles dois fazerem isso.

– Mamãe é uma mulher forte e os homens poderosos se apaixonam por isso. Will virou um porco. E papai está se roendo de ciúmes, mas não tem coragem o suficiente para pedir ela em casamento. – Contei rapidamente. Ares franziu o cenho, sem entender quase nada do que eu tinha dito. Eu apontei para Hermes.

– Até a sua própria filha acha isso! – Exclamou minha mãe.

– Eu não tenho medo de te pedir em casamento! – Exclamou de volta.

– Tem sim! – Exclamou de volta.

– Você devia pedir ela em casamento. – Comentei.

– Alice! – Exclamou ele para mim. E de repente todo mundo parecia achar aquela frase estranha.

– O que foi?! Vocês se amam, não é?! Se é amor verdadeiro e vocês passaram anos tendo todos esses casos, porque não se casam logo? – Defendi meu ponto de vista.

– Isso seria legal. – Comentou Apolo, mas recebeu um olhar repreendedor de Hermes.

– Você sabe que isso é complicado! – Reclamou e depois olhou para a minha mãe – Eu tive uma filha com você! Isso não basta?!

– Não, Hermes, não basta! – Gritou de volta.

– Ótimo! – Assentiu para ela – Então vamos nos casar!

– Ok, então vamos nos casar! – Exclamou de volta para ele.

– Perfeito! – Assentiu ele, e eu achei aquele o pedido de casamento mais estranho de todos os tempos.

– Não! Não, perfeito não! – Gritou Ares de repente e todos olhamos para ele – Isso é complicado, eu concordo com o Hermes.

– Ares, eles já tinham resolvido a briga! – Falei para ele.

– Se eles se casarem, ela vai ser imortal! – Ele falou apontando para a minha mãe em pavor e choque.

– Você está dizendo que quer que a minha mãe morra?! – Perguntei mais chocada do que ele.

– Não! Eu quero que a sua mãe viva uma vida longa e próspera, mas finita. Só isso. – Respondeu ele, como se isso melhorasse a situação. Eu o ignorei e resolvi que ia resolver isso mais tarde.

– Tá bom, já chega! – Falei erguendo os braços – Se vocês dois não conseguem lidar um com o outro sem gritar, talvez não devessem nem mesmo ter se encontrado! – Só a mera ideia de que, em algum mundo alternativo, eles nunca teriam se encontrado causou um espanto neles. Eu suspirei ao ver que não voltariam a brigar – E depois ainda perguntam “nossa, por que Alice é tão estranha?”. Bem, olhem para isso! – E foi aí que eu percebi que Will estava cochilando no chão, perto da porta - Será que alguém pode, por favor, fazer Will voltar a ser gente?

Hermes revirou os olhos, e de repente Will acordou sobressaltado e saiu correndo fazendo como se seu corpo estivesse em chamas.

– Eu, Apolo e Ares arrumamos a cozinha. – Disse devagar – Por que vocês dois não conversam lá fora?

Minha mãe, orgulhosa, desviou o rosto ainda sujo de farinha e saiu sozinha, sem parar para ver se Hermes a seguia. Ele, também cheio de si, esperou ela se afastar alguns passos para só então segui-la.

Ares aproximou-se da porta devagar e observou os dois saírem de casa.

– É, isso foi interessante. – Eu acertei um tapa no braço dele – Ai! De onde veio isso?!

– Vida longa, próspera e finita? Idiota. – Falei indo limpar o chiqueiro que a cozinha ficou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Preparem seus corações para o próximo capítulo, porque vai ser bem lindo.
Espero pelos comentários de vocês, e até o próximo capítulo.