Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 61
Oinc


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM ESTÁ VIVA! ~ MEUDEUSDOCÉU É A MANDY-JAM!

Sim! Sim, eu sumi.
Sim, eu sinto muito.
Mas dessa vez para me desculpar, eu vou usar muito mais palavras do que antes. Agora, ao invés de só dizer que eu sinto muito por estar sumida, eu vou presentear vocês com 3 capítulos novos em sequência. Seus lindos que nunca esquecem de mim!

Boa leitura!



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Eu estava no chão, respirando ofegante para o teto. De repente, a cabeça de Ares e de Apolo entraram no campo de visão.

– Será que ela ainda está viva? – Perguntou Apolo.

– Cutuca. – Sugeriu Ares, mas ele mesmo cutucou minha perna com o pé. A polo agachou-se e cutucou meu rosto com o dedo indicador. Eu gemi e revirei os olhos. Ele ficou de pé novamente.

– É, está viva. – Confirmou com a cabeça.

– Eu odeio vocês. – Murmurei, mas baixo demais para eles ouvirem.

– Será que um dia ela vai voltar ao normal? Sem sequelas? – Perguntou Apolo.

– Uhm, não me parece tão ruim. Olha, ela até ficou mais magra depois disso. – Replicou Ares. Eu respirei fundo, com uma pontada de raiva.

– Eu odeio vocês. – Repeti, agora alto o suficiente para eles escutarem.

– Nossa, ela nos odeia. – Disse Ares chocado – Acho que devíamos pegar a Heather agora. Sempre achei aquela bailarina bem gostosa.

– Ela não ia aguentar nem um segundo com vocês dois, seus idiotas! – Reclamei colocando-me sentada – Só eu que sou louca o suficiente para isso.

– Uh, isso pareceu um pouco possessivo demais. – Comentou Apolo – Sabia que isso é característica de um relacionamento abusivo?

– Relacionamento abusivo. – Repeti bufando – Você tinha ciúme de todo mundo, e você – Disse e apontei para Ares quando ele começou a rir – vai escolher a minha roupa por uma semana se ganhar a aposta. Eu sou a vítima aqui.

– Vítima. – Repetiu Ares rindo – Quer um lencinho de papel para as lágrimas?

– Vocês estavam me torturando até a morte. – Disse e deitei-me de novo – Eu sou asmática, podia ter morrido, sabia? Oxigênio é uma coisa muito preciosa para mim.

– Pobrezinha. – Disse Apolo negando com a cabeça.

– Eu ia morrer nesse chão sujo que a miserável da Heather não varreu direito. Cercada de poeira e ácaros. – Continuei. Apolo sorriu ainda mais, como se quisesse rir. Ares olhou para ele com o cenho franzido.

– Eu adoro quando você fica dramática. – Disse indo em minha direção no chão. Ele me roubou um beijo, e antes mesmo que eu pudesse reagir, Ares o empurrou para o lado.

– Deixa eu deixar isso claro. – Falou apontando para ele com raiva – Eu sou o único namorado dela. Ela só falou aquilo para se livrar da Heather, mas você e a sua musa já terminaram!

– Como se isso fosse acontecer de verdade algum dia nessa vida. – Disse ele revirando os olhos e rindo – Eu acho que você está sobrando.

– O quê?! – Falou com ainda mais raiva.

– Eu disse que você está sobrando! – Repetiu Apolo, ainda mais alto.

– Você concorda com isso?! – Reclamou Ares olhando para mim – Fala logo para esse imbecil que você está comigo! Por que você está calada?!

– Por que eu estou ocupada tentando respirar! – Respondi revirando os olhos.

– Para dramatiza essa maldita falta de ar! – Exclamou de volta.

– E de quem é a culpa?! – Exclamei de volta para ele.

– Do meu beijo, óbvio. – Respondeu Apolo, o que só piorou a situação.

– Eu vou socar o ar para fora dos seus pulmões! – Rugiu Ares para ele. Apolo se resumiu a se deitar no chão do meu lado e me abraçar.

– Não ligue para ele. Está só com ciúmes de nós. – Falou aninhando seu rosto no meu ombro, fungando no meu pescoço – Fala logo que você é minha.

– Apolo... – Eu tentei, mas Ares me interrompeu.

Ares ficou com o rosto vermelho de raiva, e acabou assentindo a cabeça com energia.

– Ah, é assim? – Falou e deitou-se do meu outro lado, e puxou-me contra si. Seus braços praticamente me trancavam contra ele, abraçando meu pescoço com força e determinação – Pronto. Ela é minha e acabou.

– Ai, meu ar... – Gemi sentindo minha garganta fechando por causa dos braços de Ares. Eu dei algumas batidinhas, e ele percebeu afrouxando um pouco – Obrigada.

– Solta ela. – Reclamou Apolo.

– Tira ela de mim, se quer tanto! – Desafiou. Apolo estendeu os braços e abraçou minha cintura, começando a me puxar. Ares sentiu e começou a me puxar também.

– Parem com isso! – Exclamei e escorreguei por debaixo dos braços de Ares.

– Ganhei! – Exclamou Apolo ainda segurando minha cintura. Eu dei um beliscão em seu braço, e ele me soltou rapidamente – Ai! Qual foi a necessidade disso?

– Vocês parecem criança. – Resmunguei levantando-me. No momento em que fiquei de pé, Hermes abriu a porta da sala e olhou para nós três.

– O que é isso? – Perguntou e eu olhei para trás, vendo Apolo e Ares deitados no chão, bem próximos um do outro agora que eu não estava mais lá. Meu pai resolveu implicar – Alice, dê privacidade para eles! É feio incomodar os outros nesses momentos.

– Repete isso! – Rosnou Ares levantando-se com raiva.

– Eu vou roubar a minha filha. Divirtam-se aí juntinhos. – Disse piscando para eles. Eu ri enquanto o seguia para fora do quarto.

– O que você quer? – Perguntei olhando para ele. Sua expressão estava engraçada.

– Nada. Só quero passar um tempo com a minha filha. – Ele bagunçou meu cabelo ainda mais do que já estava – Tem alguma coisa errada nisso? Vamos para o seu quarto.

– Você fez alguma coisa não fez? – Perguntei adivinhando. Ele fez uma expressão de choque e colocou a mão contra seu peito, dramatizando.

– O quê? Acho essa acusação um absurdo. – Disse em um tom baixo para ninguém escutar que ele estava no corredor – Quer dizer agora que passar um tempo com você é sinônimo de...

– Está fugindo da mamãe? – Adivinhei ao vê-lo olhando para as portas abertas com cuidado para ver se ninguém estava ali.

– Não, eu não estou fugindo da mamãe. – Rebateu com uma voz de zombaria – Eu sou um dos principais deuses olimpianos, senhor das corridas e dos viajantes. Patrono dos ladrões e injustiçados. Lord das mensa...!

– Ah, Deuses, você realmente fez alguma coisa errada. – Disse negando com a cabeça e ignorando todo aquele drama – O que você fez para deixar a mamãe com raiva? Fala logo.

– Eu já disse que não fiz nada. – Reclamou impaciente – E eu achei muito rude da sua parte interromper minha apresentação dessa forma.

– Fala. – Pedi novamente.

– Eu não...!

– Maaaaãe...! Uhm! – Ele tampou minha boca apressadamente e apontou para o meu rosto com irritação.

– Ninguém gosta de dedo-duro, senhorita Alice. – Disse para mim. Eu estreitei os olhos para ele, e Hermes assentiu – E saiba que eu falei a verdade. Eu não deixei a sua mãe irritada com nada.

Ele tirou a mão da minha boca.

– A sua mãe ainda vai ficar irritada quando descobrir o que eu fiz, e eu não quero estar perto quando isso acontecer. – Completou.

– Pai, o que foi que você fez? – Perguntei cruzando os braços.

– Eu? Nada. Nada não. E você está aqui para confirmar isso. – Disse batendo a mão sobre a minha cabeça algumas vezes, como se eu fosse um cãozinho – Você é meu álibi, querida.

– Como assim eu sou seu...? – E foi aí que eu entendi. Ele agarrou meu braço com firmeza e começou a marchar em direção ao meu quarto.

– Alice Kelly você está definitivamente de castigo! E não me venha com essas suas desculpas, porque o que você fez foi inaceitável e você sabe bem disso! – Exclamou enquanto me arrastava. Eu pisquei os olhos, finalmente entendendo o que estava se passando. Eu abri a boca para falar algo, mas ele logo me cortou – Eu vi tudo, não tente se explicar! Você acha que isso está certo?! Eu viro as costas dois segundos e você já está se agarrando com aqueles dois lá embaixo! Não tente negar, eu vi as mãos deles em você, e também vi onde você estava com as mãos! Isso foi literalmente baixo demais!

– Pai! – Exclamei para ele – Você ficou louco?! Não grita isso! Que horror...!

– Horrorizado estou eu com essa situação! Sua mãe sabe disso por acaso?!

– Ah, ela vai saber de muita coisa! – Exclamei de volta para ele – Principalmente se você inventar isso.

– Ela vai saber ainda mais se você não estiver do meu lado me defendendo. – Rebateu abrindo a porta do quarto.

– Ah, é mesmo? Como o quê? – Perguntei estreitando os olhos.

– Como esses cigarros que eu achei escondidos debaixo do seu colchão. – Ele fez um maço de cigarros aparecer na sua mão, e o meu queixo caiu.

– Eu não acredito nisso! Eu não fumo! Você não pode inventar essas coisas sobre mim e achar que a mamãe vai acreditar! – Exclamei chocada e ele ergueu uma sobrancelha, desafiador – Que tipo de pai é você, afinal?!

– Que tipo você quer que eu seja? – Rebateu. Eu desviei o rosto ainda chocada, mas acabei me dando por vencida. Suspirei pesadamente.

– Ah, pai! De castigo não! – Falei em uma atuação digna de um zumbi – Por favor! Eu não fiz nada demais!

– É por isso que eu te amo tanto. – Disse entrando no quarto comigo e fechando a porta.

POV Apolo

– Dá para você sair de perto de mim?! – Reclamei ajeitando meu cabelo depois da luta por Alice – Você tem que aprender que “não” significa “não”.

– E você tem que aprender que nem todo mundo te deseja. – Rebateu resmungando. A porta abriu novamente, e eu estava esperando que fosse Alice. Abri um sorriso charmoso, daqueles que derreteria o coração de qualquer garota, mas percebi o engano.

A mãe da Alice olhou em volta pelo quarto, provavelmente procurando Hermes ou Alice, e soltou um suspiro de frustração.

– Alice não está aqui? – Perguntou.

– O que você acha? – Rebateu Ares em puro amargor e sarcasmo. Jenny lançou um olhar de descontente para ele, e depois olhou para mim.

– Você pode me dar uma mãozinha? – Perguntou. Eu franzi o cenho.

– O quê?

– Ajuda. – Repetiu – Vem comigo.

– Talvez só a maior parte do mundo te deseje. – Murmurou Ares implicando. Jenny olhou para ele novamente e sorriu.

– Por que será que ninguém gosta de você, Ares? – Falou. Ele fez uma careta para ela enquanto eu me levantava e ia até a porta.

– Espera. E o que eu faço aqui? – Perguntou confuso.

– Varre o chão. – Falei jogando uma vassoura para ele – Sem magia.

– O quê?! Não! Então eu vou ajudar ela. – Jenny riu daquilo.

– Como se eu fosse querer a sua ajuda para alguma coisa. – Disse e me chamou com a mão – Vem, Apolo.

Eu fechei a porta, mas ainda consegui ouvir os xingamentos de Ares. Segui Jenny ainda rindo da situação. Ela entrou na cozinha e eu parei na porta vendo o que ela faria. Na bancada tinha um monte de ingredientes espalhados, uma tigela com alguma coisa dentro, e um forno ligado.

– Você viu Alice em algum lugar? Pensei que ela fosse estar com vocês. – Disse enquanto ajeitava os ingredientes.

– Ela saiu antes de você chegar. – Falei observando-a com curiosidade. Eu não entendia quase nada de cozinhar, mas sempre gostava de ver os mortais cozinhando. Jenny fechou um saco de açúcar e limpou o que caiu no balcão da cozinha.

– Bem, então você vai ter que servir. – Disse suspirando, mas de repente parou. Ela olhou para mim e franziu o cenho – Espera... Não tenho certeza.

– Por quê? – Perguntei.

– Você está no lado inimigo, não é? – Ela comentou, e eu ri negando com a cabeça.

– Não, eu não tenho mais nada a ver com Heather. – Ergui os braços em rendição – Estou do lado de vocês novamente.

– Ah! Seja bem-vindo de volta. – Disse rindo. Ela voltou a mexer nos ingredientes e eu sentei em um banquinho para observá-la – Mesmo com todas essas reviravoltas da Alice, eu tenho que dizer que você sempre foi meu favorito.

– Sério? Eu não sabia que você gostava assim de mim. – Disse surpreso. Ela assentiu.

– Gosto. Você é muito agradável de ter por perto. – Ela assentiu pegando uma xícara de alguma coisa e colocando dentro da tigela. Ela bateu as duas mãos perto da pia, limpando-as – Ia ficar um vazio se você estivesse do lado inimigo.

Eu assenti. Levantei-me e fui para perto dela. Segurei suas mãos quando estava prestes a pegar uma colher de madeira, fazendo-a olhar para mim.

– Não precisa falar mais nada, Jennifer. – Ela esperou para ver o que eu ia dizer – Olha, isso é meio estranho, por causa do meu lance com a sua filha. Então acho que não vai dar certo com a gente. Só queria que você soubesse que não é nada pessoal. Você é muito bonita, na verdade! É sério.

– Apolo... – Ela tentou falar alguma coisa, mas eu a interrompi.

– Realmente, não vai dar. – Disse negando com a cabeça. Ela tentou de novo, e eu suspirei – Tudo bem então! Eu te concedo um beijo. Mas só isso, ok? Não posso ir mais longe do que isso.

Eu fechei os olhos e esperei para que ela me beijasse. Fiquei alguns segundos parado, quando finalmente senti alguma coisa tocar meus lábios. No entanto, não eram os lábios dela.

Abri os olhos passando a língua sobre algo cremoso, e percebi que era a colher de madeira que Jenny estendi para tocar minha boca. Ela olhava para mim fixamente. Eu pisquei os olhos, confuso.

– Eu quis dizer que você é meu favorito para ficar com a Alice. – Disse devagar me fitando – Mas eu fico feliz de saber que você me acha bonita. Acho que ouvir que eu sou uma quarentona sexy não foi o suficiente para o meu ego.

Meu rosto provavelmente ficou vermelho.

– Er... – Eu engoli o creme que estava na minha boca – De nada.

– Não me leve a mal. – Ela afastou a colher da minha boca – Você é demais para mim. Além de eu ser feliz com o Will.

– E com Hermes. – Completei e pude ver ela prender um sorriso bobo.

– E com Hermes. – Assentiu.

– Bem... Esse momento foi estranho. – Comentei com um riso nervoso – Eu só queria dizer que... Nossa! – Me toquei de repente, e interrompi meu pedido de desculpas – O que é isso que estava na colher? É muito bom!

– Massa de bolo de festa. – Contou com um sorriso orgulhoso – Gostou mesmo?

– É muito bom! – Exclamei puxando o banquinho para o lado dela – Você quer que eu coma o bolo?

– Não. – Ela riu – Eu quero que você ajude provando. Ia fazer o bolo para o Will, já que eu não tive tempo de fazer ontem. Ele adora, mas só fica bom quando a Alice me ajuda a fazer. Como eu não encontro ela em lugar nenhum... Gostaria de ser o provador temporário?

– As suas ordens, milady. – Fiz uma reverência de brincadeira e sentei-me no banquinho de novo. Ela colocou as mãos na cintura e encarou a tigela.

– Acho que está faltando alguma coisa no gosto. Ele geralmente fica mais... – Ela esfregou os dedos indicador e médio no dedão, como se aquilo significasse alguma coisa.

– Mais...? – Eu imitei o gesto com as mãos. Ela riu.

– Sabe, é... Um doce, mas não tão doce. Tem um toque de azedo também. Como aquelas coberturas açucaradas de bolo de laranja. – Disse olhando para mim e eu assenti.

– Coberturas açucaradas de bolo de laranja. – Assenti murmurando – Claro.

– Sabe do que eu estou falando? – Perguntou esperançosa.

– Não, eu não costumo comer bolo de laranja. – Respondi um tanto frustrado. Ela suspirou, desanimada – Uhm... Mas seria mais ou menos assim?

Eu apontei para a tigela e ela rodou sozinha. Jenny levou um pequeno susto e depois ergueu uma sobrancelha para a massa de bolo, curiosa. Colocou um dedo lá e levou-o a boca. Ela fez uma careta.

– Não! Está muito azedo. – Disse. Eu tentei de novo. Ela provou mais um pouco – Uhm... Está muito bom agora. – Ela provou novamente para ter certeza – É. É, acho que conseguimos.

Ela colocou pegou um tabuleiro coberto de farinha e jogou toda a massa ali dentro. Quando terminou, achei que fosse colocar a tigela dentro da pia, mas ao invés disso estendeu-a entregando-a para mim.

– Você quer lamber a massa? – Perguntou. Sua voz era tão maternal, que me peguei imaginando se minha mãe faria aquilo se fosse mortal. Cozinharia bolos de tarde e deixaria a massa para mim.

– Quero. – Assenti passando o dedo pela tigela e provando. Estava realmente perfeito, ao menos para mim. Observei Jenny colocar o tabuleiro redondo cheio de massa de bolo dentro do forno e fechá-lo. Ela olhou para mim e sorriu.

– Não daria para fazer isso com Ares.

– Não vou dividir a minha massa com ele. – Disse negando com a cabeça – Já divido a Alice, e isso não me agrada.

– Vocês dois formam um bom casal. – Disse ela puxando um banquinho para perto de mim. Eu revirei os olhos.

– Deuses, eu não tenho um caso com ele! – Reclamei.

– Estava me referindo a minha filha. – Corrigiu ela estranhando. Eu assenti.

– Ah, claro. É, somo um bom casal. Eu gosto dos desenhos dela, a gente nunca sabe o que eles significam até que ela diga. É como um jogo de adivinha. – Ela riu ouvindo isso. Eu lambi mais massa – As mães mortais fazem muito isso?

– Isso o quê? – Perguntou – Bolo?

– Não. Bem, sim. Fazer bolo com os filhos e dar a massa depois. – Respondi.

– Acho que sim. – Confirmou com a cabeça – Sua mãe nunca fez isso, não é?

– Ah, não. – Neguei – Ela não cozinhava, na verdade. As ninfas só traziam a ambrosia e o néctar e pronto. Mas é bom comer comida de mortais de vez em quando. Tem um gosto bem peculiar.

– Que bom que gostou. – Ela sorriu.

– E tem mais uma coisa. – Comentei lambendo mais um pouco.

– O quê? – Quis saber.

– Se minha mãe cozinhasse, ela provavelmente daria toda massa de bolo para Ártemis. – Disse em um tom de voz legitimamente magoado. Ela gargalhou ao ouvir isso – Eu estou falando sério! Ela sempre gostou mais da Ártemis mesmo. Eu não teria nem uma colher de massa de bolo para mim.

Ela estendeu a mão e tocou meu ombro, como se me consolasse.

– Se esse fosse o caso, eu faria bolo para você e te deixaria lamber a massa. E nós poderíamos esconder da Ártemis. – Ela piscou para mim e eu apontei para ela com o dedo sujo de massa.

– Você é uma mortal adorável, Jennifer. – Disse. Ela assentiu, mas logo roubou a tigela das minhas mãos.

– Mas você só lamberia a massa se casasse com a minha filha. – Disse levando a tigela para a pia.

– Você combina também com Hermes. – Resmunguei. Ela lavou a tigela e depois comentou algo sobre procurar Will, mas não chegou a sair da cozinha. Nós dois ouvimos um barulho vindo da sala de jantar. Jenny franziu o cenho

– Will? – Perguntou e ouvimos mais barulho – Will, venha aqui. Eu estou fazendo bolo de festa. É o seu favorito.

Alguma coisa bateu na porta. Jenny foi até ela e a abriu, dando passagem para o que ela pensava ser seu marido. No entanto, um porco entrou na cozinha. Não muito gordo, mas com tamanho suficiente para causar um certo espanto.

– Deuses! – Exclamou ela ao ver o porco andar pelo espaço, perdido e cheirando tudo – Como esse porco entrou aqui em casa?!

Eu olhei para o porco e então percebi alguma coisa. Olhei de volta para Jenny e esperei que ela notasse também.

– Will! – Chamou ela colocando a cabeça para fora da cozinha – Will! Tem um porco na cozinha!

O porco fez barulho ao ouvir o nome Will e correu até ela. Jenny deu um salto ao sentir sua calça jeans ser cheirada pelo animal.

– Saí! Saí daqui! Que nojo! – Exclamou tentando afastá-lo – Will!

– Oinc! Oinc oinc, oinc! – Fez ele. Jenny franziu o cenho, finalmente começando a perceber. Ela se agachou devagar e segurou o rosto do porco.

– Will? – Perguntou confusa. O porco fez barulho novamente, quase dizendo que sim. O queixo dela caiu. Ela se levantou de repente, tirou o avental jogou no chão com raiva – Hermes!

Ela urrou de uma forma que até eu fiquei com medo. Tentei me encolher para que ela não lembrasse que eu existia, mas não deu certo. Jenny olhou para mim com raiva e trincou os dentes.

– Onde ele está?! – Gritou com raiva.

– Ele... – Eu me engasguei – Ele foi para algum lugar com a Alice.

Onde?!

– Eu não sei! Eu juro que eu não sei! – Exclamei erguendo as mãos – Calma, ele...!

– Calma?! – Ela avançou na minha direção e eu achei que pularia no meu pescoço. Para a minha sorte, ela se conteve e apontou para o fogão – Vigie o bolo! Não deixe queimar!

– O que vai fazer? – Perguntei acompanhando-a com os olhos arregalados.

– Esfolar aquele miserável vivo! – Rugiu saindo da cozinha, mas não antes de apontar para o porco – Você fica!

E ele obedeceu com tanto medo quanto eu.


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Notas finais do capítulo

E vamos para o próximo! Agradeço a todos os reviews e as mensagens privadas que vocês me mandaram pedindo para que eu continuasse.

É muito bom saber que vocês gostam tanto dessa história quanto eu gosto.

Vejo vocês no próximo!