Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 60
Sanduíches


Notas iniciais do capítulo

E para você que não gosta de Carnaval, e vai passar esses próximos dias trancado em casa como se estivesse fugindo de um apocalipse zumbi, esse capítulo é minha contribuição para animar seu dia.
Espero que gostem, e me perdoem pela demora (para variar um pouquinho, né?)
E, por favor, leiam as notas finais.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214827/chapter/60

Tio Edgar fingiu uma tosse para chamar a atenção de todo mundo a mesa. Acabou por conseguir, mas desencadeou uma tosse de verdade que durou cerca de 2 minutos. Com o rosto vermelho e provavelmente com metade do pulmão ainda se recompondo, ele finalmente deu sua mensagem.

– Eu resolvi limpar minhas medalhas de guerra hoje. Por isso, um sortudo vai poder deixar seu trabalho de lado e me acompanhar. Alguém gostaria de passar o dia ouvindo boas histórias? – Ele sorriu esperando que nós brigássemos entre si para poder ajuda-lo, mas tudo que teve como resposta foi um grande minuto de silêncio. Ares ergueu a mão com certa animação e tio Edgar deu espaço para um sorriso em seu rosto, substituindo a cara rabugenta – Ótimo! Então o Harry vai me ajudar, a não ser que alguém ainda queira o trabalho.

Ele deu mais um momento para nós decidirmos, uma última chance. Will virou seu rosto para a minha mãe e ela para ele, evitando contanto visual com o tio. Dwayne encarou as fatias de pão em seu prato como se elas estivessem tentando falar com ele. Heather ficou repentinamente muito interessada em seu próprio cabelo, enquanto olhava para suas unhas de modo esnobe.

– Alice. – Tossiu Joe. Eu lancei um olhar de ódio para ele.

– Asmática. – Respondi em prontidão.

– Faria bem para você! – Tio Edgar ia começar a resmungar sobre eu ser comunista, quando eu o interrompi.

– Não seria mais divertido uma tarde só de homens? Eu não tenho muito interesse nisso. – Salvei todas as mulheres da mesa. Tio Edgar coçou o queixo.

– E que tal você? – Ele olhou direto para o meu pai. Hermes ergueu uma sobrancelha.

– Eu... Estou ocupado. – Respondeu. Ouvi alguém murmurar “o que ele veio fazer aqui mesmo?”. E outra pessoa murmurou “quem é ele?”. Meu pai suspirou pesadamente e bateu palmas uma vez. Todos pareceram piscar os olhos, como se tivessem saído de um transe. Eles agora ignoravam a presença de Hermes.

– Eu posso ajudar. Eu adoro poeira. – Disse Will erguendo a mão, como um aluno ansioso para responder ao professor. Minha mãe lançou um olhar irritado para Hermes, que estava prendendo o riso. Tio Edgar assentiu.

– Acho que posso deixar os dois ajudarem, já que querem tanto. – Tio Edgar ponderou – Tudo bem. Agora que isso já está decidido...

– Podemos comer! – Exclamou Thomas, feliz.

– Controle a sua pressa, garotinho! – Reclamou Tio Edgar – Quanta falta de educação. Quando eu tinha a sua idade, nós ficávamos sentados e esperávamos o patriarca deixar que nós comêssemos, e ás vezes demorava horas...!

– Edgar, vamos logo com isso, homem! – Reclamou tia Kat.

– Um momento, Kat! Eu estou falando! – Ele olhou para Thomas novamente, mas acabou esquecendo o que estava dizendo – Ahm... – Ele coçou o queixo – Bem, podemos comer agora.

– Finalmente... – Murmurei tomando o meu suco de laranja. Apolo olhou para mim e eu percebi isso. Retribuí o olhar e percebi que ele apontava discretamente com a cabeça para a pessoa ao seu lado.

Heather.

Eu fingi que não vi. Infelizmente, sabia do que ele estava falando.

Alice. – A voz dele estava na minha cabeça. Perguntei-me por um segundo se não estava imaginando – Não, você não está imaginando. Estou falando com você.

Ignorei completamente e tentei pensar em outras coisas enquanto comia.

Você não pode me ignorar dentro da sua cabeça. – A voz dele estava rindo da minha tentativa – Ainda mais com essa tentativa fraca de se ocupar imaginando nomes para cachorros.

Revirei os olhos.

É sério. Para. Você é péssima com nomes. – Olhei para ele mostrando o quanto estava incomodada. Apolo prendeu o sorriso. Ele tomou um gole de café, enquanto sua voz prosseguiu na minha mente – Você jurou pelo Estige. Hora de cumprir.

­- Eu não quero! – Pensei com raiva.

Eu também não quero tomar esse café com adoçante, mas olha o que estou fazendo. Agindo como um adulto. – Respondeu.

Agindo como um velho de 3 mil anos... – Pensei em resposta.

Eu estou no meio de uma conversa mental com você. Dá para ouvir o que você pensa, tá bom? – Ele revirou os olhos – Eu vou ficar por perto para ver isso.

– Aposto que vai. Só por causa da sua namoradinha miserá...

Ela não é minha namoradinha. Ela é um caso, já te expliquei isso. – Foi a minha vez de revirar os olhos – Ficante, como vocês dizem. Nós dois só...

– Para de falar sobre você e a Heather na minha cabeça! – Reclamei mentalmente – E por falar nisso, saí da minha cabeça.

Está com medo que eu ache alguma coisa que você nunca me mostrou? – Rebateu e pude vê-lo erguer uma sobrancelha com um sorriso malicioso.

Tem três segundos antes que eu mentalize a imagem do Ares de cueca. – Ameacei. Pude ver seu rosto mudar repentinamente para uma careta, como se tomasse um remédio ruim.

Você prometeu. – Comentou pela última vez – Não é algo que possa quebrar.

E eu senti como se tivesse finalmente saído da minha mente. Não consegui responde-lo, ao menos acho que ele não estava mais lá para ouvir. Passei a mão pela testa, irritada com o que tinha prometido fazer.

– Heather... – Chamei, mas não com felicidade. Mais como se estivesse agonizando de dor enquanto um lobo devorava minha perna direita.

Ela não respondeu, pois não tinha certeza se aquilo fora um grunhido ou se eu a tinha mesmo chamado. Quando viu que eu a olhava, ergueu uma sobrancelha esperando que eu prosseguisse.

– Você quer ajuda na sua tarefa hoje de tarde? – Perguntei tentando parecer casual, mas me saindo terrivelmente ruim.

– Por que você quer saber? – Rebateu de modo esnobe. Eu engoli em seco minha raiva.

– Porque nós quase não passamos tempo juntas. Digo, faz muito tempo desde que a gente passou algum tempo juntas... – Eu não sabia como falar – Podemos conversar enquanto trabalhamos.

– Eu tenho que limpar a sala de ballet. Você não é doente com poeira? – Respondeu como se realmente não fizesse importância.

– Asmática, Heather. Eu sou asmática. – Respondi tentando não trincar os dentes de irritação – Mas eu posso ajudar. Aí a gente conversa um pouco, e...

– Quer falar comigo? – Perguntou com uma careta que mostrava que eu não era boa o suficiente para conversar com ela.

Não. – Pensei.

Alice. – Alertou a voz de Apolo na minha mente.

– Você não quer passar um tempo comigo, é isso? – Resolvi virar o jogo. Ela ia abrir a boca para responder, mas eu não dei chance – Pensei que ia querer passar um tempo com a sua prima, mas se me odeia tanto...

Ela ia me dar um fora ou caçoar de mim, eu podia sentir aquilo. Mas no último instante, ele percebeu que Apolo observava nós duas, e resolveu que não ficaria parecendo a vilã tão facilmente.

Abriu um sorriso até doce demais, e mexeu no cabelo enquanto falava.

– Vai ser muito bom passar um tempo com você, já que você parou de falar comigo esses anos. – Disse fazendo-se de vítima. Ela estendeu a mão e acariciou o rosto de Apolo, sem perder a chance de lançar um olhar penetrante para mim – Vai ser como nos velhos tempos.

Eu a encarei com raiva por alguns longos segundos, até me dar conta disso. Heather me despertou com um risinho.

– Tem alguma coisa errada, Alice? – Perguntou colocando a cabeça sobre o ombro de Apolo. Eu engoli a raiva, e sorri.

– Nada, é só que... – Eu mostrei os dentes para ela e apontei para os da frente – Tem alguma coisa presa no seu dente.

Ela tirou a cabeça do ombro de Apolo, sem graça, e pegou um talher para conferir. Passou alguns segundos procurando, enquanto eu tentava não rir. Apolo balançou a cabeça para mim, mas pude ver que tinha achado graça também.

Quando Heather se deu por vencida, olhou para mim com certa irritação.

– Acho que deve ter saído. – Comentei voltando a comer, fingindo inocência.

xXx

Ela me entregou uma vassoura, sem muita expressão no rosto.

– Pode começar. – Disse, e virou de costas se afastando de mim.

– Você acha que eu vou limpar isso tudo sozinha? – Reclamei olhando o espaço da sala de ballet. Era mais ampla do que muitos cômodos naquela casa. Heather sentou-se delicadamente em uma cadeira, cruzou as pernas, e encolheu os ombros.

– Não disse que ia ajudar? – Rebateu – Vai, vai.

Ela falou “vai, vai” do mesmo jeito que você fala “xô, xô” para um cachorro chato de te segue pela rua. Eu respirei fundo tentando ter paciência.

– Eu disse para você que eu tenho asma. Você poderia ir varrendo, enquanto eu limpo os vidros. – Sugeri devagar. Ela olhou para mim novamente.

– Você é sempre tão inútil. Será que tem alguma coisa nesse mundo que você faça direito? – Perguntou como se eu fosse um caso perdido. Eu apertei o cabo da vassoura com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos – Se não pode ser útil, vai embora logo.

E um segundo depois, Apolo entrou. Praguejei por ele não ter chegado a tempo de ouvir o que ela tinha dito.

– Olá, garotas. – Disse com um sorriso no rosto – O que estão fazendo?

Heather mudou rapidamente sua postura de metida esnobe, para rainha da simpatia. Eu andei até ela e a entreguei a vassoura.

– A gente tinha acabado de decidir quem ia fazer o quê. A Heather vai varrer, enquanto eu limpo os vidros. – Disse sorrindo para ele. Heather não ficou satisfeita com aquilo, mas o show tinha que continuar.

– Você sabe como ela tem aquele probleminha com poeira. – Disse sorrindo para mim – Vou deixar a parte mais fácil para ela.

Apolo assentiu sem dar muita atenção.

– E como vai você, Alice? – Falou ele prendendo os olhos em mim.

– Bem, não é óbvio? – Sorri teatralmente para ele, depois fiz uma careta de desgosto enquanto Heather não estava olhando e fui para perto dos espelhos. Peguei o pano que estava pendurado na barra, e mergulhei-o na água. Torci e comecei a limpar.

– Não é ótimo? Como nos velhos tempos. – Disse Heather varrendo – Eu e Alice fazíamos ballet juntas, sabia Tyler?

Tyler. Eu tinha até me esquecido do seu nome falso.

Ele sentou na cadeira que Heather estava antes e sorriu para mim.

– Ah, mesmo? – Fingiu não saber.

– Mesmo. Mas ela nunca levou muito jeito. Só gostava de ficar girando. – Riu Heather como se fosse engraçado. Eu ergui o rosto para ela.

– Eu era boa. – Retruquei.

– Uhm, razoável, eu diria. – Ela fez uma cara como se não quisesse me ofender, mas pude sentir o prazer em seus olhos – Ela estava sempre fora do ritmo.

– Eu acertava o ritmo sim! – Exclamei, mas logo depois lembrei de não me irritar. Sorri – Você não deve lembrar muito bem.

– Ah, eu lembro. – E infelizmente, ela lembrava mesmo – Eu lembro, por exemplo, quando nós tivemos a primeira apresentação. Tínhamos uns cinco ou seis anos...

– Sete. – Corrigi revirando os olhos.

– Sete. – Ela assentiu – Ally ficou com tanta vergonha e medo de entrar no palco e errar tudo, que saiu correndo pelo estúdio e se escondeu no armário. Nós demoramos duas horas para encontrá-la, e quando encontramos ela estava escondida atrás dos casacos.

Eu respirei fundo, tentando não me incomodar.

– Ela nunca teve muito jeito com pessoas. – Disse em um tom de sussurro, mas alto o suficiente para eu ouvir.

– Heather, eu... – Ela não escutou ou simplesmente resolveu ignorar.

– Mas tudo bem, nem todo mundo é bom em tudo. Cada um tem um talento diferente. – Ela sorriu para mim – Qual é o seu mesmo?

Eu torci o pano, canalizando minha raiva, e olhei para Apolo. Queria quebrar o pescoço dele e de Heather, para que vivessem felizes para sempre no Tártaro. Ele percebeu, por isso resolveu interver.

– Eu aposto que Alice era boa. – Comentou calmamente – Como é boa em muitas outras coisas.

– Own, você é tão lindo quando tentar ser gentil. – Disse ela rindo e varrendo mais um pouco.

– Eu era, Tyler. – Afirmei com determinação – Tudo bem, eu tinha mesmo um problema com pessoas, e eu ainda tenho. Mas eu era tão boa que ganhei o papel principal.

– Ah, Alice. – Heather riu, mas eu não permiti que ela prosseguisse.

– Eles até poderiam ter escolhido a Heather, mas ela não conseguia nem girar mais de duas vezes sem vomitar. – Continuei.

– Isso é mentira. – Ela perdeu um pouco da compostura, mas logo retornou com o sorriso – Eu era melhor que você na época, não lembra?

– Se fosse melhor, o papel provavelmente seria seu. – Rebati encolhendo os ombros.

– Alice... – Apolo tentou.

– Eles te deram o papel por pena. – Ela tinha desistido do teatro – Ou acha mesmo que a bailarina principal seria uma gordinha desengonçada?

– Uau, isso não foi muito gentil. – Disse fingindo estar chocada – Mas sabe o que eu acho? Que eu fui melhor do que você, e que você nunca superou isso. Sorte sua que eu não quis continuar no ballet, senão você não teria muita chance hoje.

– Me poupe! Como se algum dia eu pudesse me sentir ameaçada por você! – Ela disse com nojo – Eu sempre fui melhor, mas você nunca aceitou isso.

– Você parou de falar comigo, fez todo mundo me odiar, roubou meu namorado, e fica sempre à espreita para qualquer golpe. Acha mesmo que sou eu que tenho um problema de superação? – Rebati incrédula.

– Tudo para você é tão dramático! – Reclamou jogando a vassoura para o lado – Já passou pela sua mente que o seu namorado tenha te trocado por mim, porque nenhum deles aguenta ficar com você?

Aquilo me atingiu em cheio. Eu olhei para Apolo, e ele percebeu que ela tinha passado dos limites. Levantou-se da cadeira, e pensou se falava alguma coisa ou não. Eu queria continuar aquela discussão, mas resolvi que não valia a pena. Infelizmente, porque sabia que ela ganharia.

Sempre ganhou.

– Já chega, tá bom? Chega disso. – Eu joguei o pano dentro do balde de água e coloquei as mãos na cintura – Eu sinto muito, está bem? Era só isso que eu queria dizer.

– O quê? – Ela foi pega de surpresa.

– Eu sinto muito por seja lá o que eu tenha feito para te deixar com tanto ódio, e eu sinto muito por ter me afastado de você todos esses anos. Se é que isso faz algum sentido.

Eu estava prestes a sair, quando Apolo segurou minha mão.

– Alice, espera. Sinto muito. – Eu olhei para ele, incomodada e ele continuou – Eu só achei que ia ser bom vocês fazerem as pazes, porque... Ah, eu não sei. Achei que ela era o mais próximo que você teria de uma irmã, mas acho que isso nunca ia dar certo.

Heather andou até ele e virou-o para ela.

– Tyler, o que você está fazendo? – Perguntou balançando a cabeça – Você está do lado dela?

– Isso não está claro? – Perguntou entrelaçando os dedos nos meus, segurando minha mão com força – Você sempre soube, só estava tentando me mudar. Mas eu não sou o Brian.

– Então você só estava comigo para tentar fazer nós duas nos darmos bem? – Perguntou finalmente entendendo. Heather riu e negou com a cabeça. Logo em seguida, fez algo um tanto arriscado.

Ela passou a mão pela lateral do rosto de Apolo e fez uma cara de pena.

– Se ao menos você fosse mais bonito, talvez você tivesse alguma chance. – Disse esnobando-o – Mas você está longe de ser o homem mais lindo do mundo.

Olhei para Apolo esperando sua reação. Achava que ele ia reduzi-la a pó ali na minha frente, ou que fosse queimá-la viva por aquele insulto.

Por favor, reduza a pó. Por favor, reduza a pó! Eu vou varrer ela com aquela maldita vassoura!

Ao invés disso, ele sorriu para ela.

– Ah, você é tão linda, Heather Hanks. – Disse balançando a cabeça – Tenha um ótimo futuro.

Ela encolheu os ombros sem ligar, mas eu sabia que ela estava marcada para o resto da vida por ter ofendido o Deus da beleza e da música. Ela ia ter rugas de uma senhora de 80 anos aos 25? Ia ficar surda? Ia torcer o pé e nunca mais dançar de novo?

Estava imaginando mil possibilidades, quando Ares abriu a porta. Ele entrou no quarto, e parou ao ver que estávamos todos reunidos bem próximos. Ele franziu o cenho, prestes a perguntar o que estava acontecendo, quando Heather resolveu dar o bote.

– Mas você até que está mais perto disso... – Murmurou Heather se aproximando devagar de Ares, referindo-se a sua beleza. Eu resolvi que não guardaria mais a minha raiva. Estiquei o braço e puxei Ares pela gola da camisa. Fiz o mesmo com Apolo, que foi tomado por um pequeno susto.

Olhei diretamente para Heather.

– Eu vou deixar uma coisa bem clara para você. Eles dois são meus. Os dois! E se tentar roubar de mim, a última coisa que vai beijar vai ser a sola do meu pé, entendeu?! Se afasta, vadia! – Eu podia perceber que Ares e Apolo olhavam para mim com os olhos arregalados de surpresa, e um sorriso bobo nos rostos.

Heather ficou de queixo caído, e teve que piscar os olhos algumas vezes até entender o que eu dissera.

– Espera... Os dois? – Ela disse devagar – Você namora os dois ao mesmo tempo?

O silêncio foi a resposta dela.

– Qual é o seu problema? Por que você não pode ser uma pessoa normal? – Ela saiu com uma expressão de nojo e choque, e bateu a porta atrás de si. Foi só então que eu finalmente soltei a gola da camisa dos dois.

Ares quebrou o silêncio com uma gargalhada.

– Você viu a cara dela?! – Ele riu virando-se para nós dois. Apolo começou a me imitar.

Os dois são meus! – Falou com uma atitude e paixão exageradas. Eu revirei os olhos ficando levemente vermelha. Ares riu da imitação.

– Se afasta, vadia! – Imitou usando mexendo o dedo indicador de uma forma também exagerada. Eu ri e balancei a cabeça, um tanto envergonhada.

– Não foi assim, tá? Foi menos teatral. – Disse cruzando os braços.

– Eu vi um laser saindo dos olhos. Você viu também? – Disse Apolo para Ares.

– Laser? Aquilo foi um lança chamas! – Eles dois riram. Eu balancei a cabeça envergonhada, mas também rindo da situação.

Eles dois se inclinaram para frente e cada um beijou um lado da minha bochecha ao mesmo tempo. Eu abracei os pescoços deles com o máximo de força de brincadeira, e eles se soltaram depois rindo e passando a mão pela pele machucada.

– Ei, sabe o que nós devíamos fazer para comemorar? – Perguntou Ares para Apolo.

– O quê? – Quis saber ele.

– Um sanduíche de Alice. – Disse, e eu franzi o cenho sem entender.

– Ótima ideia! – Exclamou ele – Para que mais alguém teria dois namorados?

– Sanduíches. – Afirmou Ares.

– Sanduíches. – Confirmou Apolo.

– Do que vocês estão falan... Não! – Gritei ao perceber o que era, mas era tarde demais para fugir. Ares esticou as mãos para Apolo e Apolo para Ares. Eu, infelizmente, já estava no meio quando eles se abraçaram, espremendo-me com força demais.

Não consegui me mover. Minhas mãos bateram contra o peito de Ares, e eu gemi “solta!” sem muito sucesso. Quando eles finalmente me soltaram, aos risos, eu sentei-me na cadeira e busquei todo o ar que consegui.

– Idiotas! – Exclamei assim que consegui – Nunca mais façam isso!

Apolo e Ares riram um para o outro, e depois olharam para mim.

– Está respirando agora? – Perguntou Apolo.

– Estou... – Respondi e então vi o sorriso maldoso e divertido dos dois.

– Sanduíche de Alice! – Exclamaram juntos correndo em minha direção.

Não!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que eu demorei. Eu passei todos esses dias colocando a leitura em dia, porque ano passado eu quase não tive tempo de ler.
Nossa, eu tinha quase me esquecido o quanto é bom passar a tarde inteira com um livro. Estava realmente precisando disso.
Mesmo assim, eu peço desculpas por demorar a postar. E eu queria agradecer as mais de 20 mil INCRÍVEIS visualizações que essa fic teve! Se você abriu essa fic, nem que fosse por engano, obrigada.
Vejo todos vocês lindões nos reviews e no próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Bônus Infernal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.