Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Tudo em família


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso!
Aqui vai...



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- Não. – Foi tudo o que eu disse. Ares riu de mim.

- Desculpa, o que você disse mesmo? – Perguntou cruzando os braços na minha frente. Eu olhei nos olhos dele com irritação, tentando me manter o mais autoritária possível.

- Não. Não, você não vai. – Repeti negando com a cabeça.

- Ah, não é? – Perguntou ele rindo ainda.

- Não! Não, você não vai. – Repeti – Ares, isso não é a mesma coisa de eu estar comendo um sanduíche, dizer que você não pode pegar, e você tomar das minhas mãos. Eu estou dizendo que você realmente não vai ao Alabama!

- É um país livre, benzinho. Eu vou onde eu bem entender. – Disse ele rindo da minha tentativa de impedi-lo. Minha mãe estava parada ao meu lado, só observando a discussão.

Eu trinquei os dentes, pronta para repetir a mensagem para Ares, mas como já estávamos nisso há alguns minutos, notei que seria inútil. Olhei para minha mãe com raiva, lembrando que Ares tinha medo dela ás vezes.

- Mãe, fala para ele. – Falei virando-me para ela. Minha mãe olhou para mim, e depois para Ares. Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas acabou negando com a cabeça devagar.

- Alice... Querida, é realmente um país livre. – Comentou ela em um murmuro. Ares fez um som fingindo sentir dor, e bateu de leve na sua própria bochecha.

- Uhm... Na cara. Bem na sua cara, Kelly. – Disse ele tentando não rir de mim. Eu abri a boca para reclamar com ele, mas Ares tocou seus lábios com o dedo indicador em sinal de silêncio – Sh! Shhh! Cala a boca. Nem tenta. Você não tem mais moral nenhuma depois dessa.

- Ares, eu vou te dar um soco, seu...! – Ele tomou a mala das minhas mãos e riu.

- Aham. A gente resolve isso depois, que eu pegar algumas coisas minhas lá em cima, certo? – Disse correndo escada acima.

- Ares! – Berrei com raiva. Minha mãe tampou os ouvidos, e olhou para mim com uma aparência de cansada. Nós duas, entretanto, ouvimos uma buzina de carro vinda da frente de casa. Sabíamos que as coisas só ficariam ainda mais cansativas.

- É o Will. – Disse minha mãe. Meu padrasto devia estar com o Mercedes parado na calçada, só esperando para que saíssemos, e isso me deu uma ideia.

- Vamos. – Disse segurando a mão da minha mãe e puxando-a – Vamos! Rápido!

- Alice, mas e as suas roupas?! Ele levou a mala para o segundo...! – Eu a interrompi.

- Danem-se as roupas! Eu não preciso de roupas! Estou bem com essa, vamos! – Exclamei puxando-a. Quando minha mãe ia começar a correr, Ares apareceu na porta de casa. Ele olhou para mim, e sorriu de modo feliz.

- Eu ouvi você falar que não precisa de roupas? Essa viagem está cada vez melhor. – Comentou sorrindo. Eu trinquei os dentes.

- Não tem viagem para você, Ares! Mas que droga! Não sabe quando não é convidado?! – Exclamei com raiva. Ele veio até mim, e parou na minha frente para mostrar que era mais alto e forte.

- Ah, é? Diz então... É você que vai me impedir de ir? – Perguntou ele com um tom de voz amedrontador, mas eu neguei com a cabeça e me mantive firme.

- O Will. Will não vai deixar você ir, e ponto final. – Disse olhando-o. Ares revirou os olhos.

- Acha mesmo que ele vai me impedir? – Perguntou ele. Ares fez suas roupas mudarem em um simples gesto de mão. Ele agora usava uma camisa social, calça jeans limpa e arrumada, e sapatos novinhos – Até onde eu sei, o seu pai acha que eu sou um ótimo partido para você.

- A casa é da família do Will. Se você não é convidado, isso é invasão de domicílio. – Tentei.

- Então me processe! – Rebateu ele rindo. Nesse exato momento, Will abriu a porta de casa. Rapidamente, Ares assumiu o papel de namorado doce e amável, e me deu um beijo na testa. Ele me abraçou e sorriu para mim – Tem certeza que pegou tudo o que precisa, Alice? Vai fazer frio lá.

- Bom dia. – Disse Will olhando para Ares. Ele virou-se e fingiu-se de surpreso.

- Ah, bom dia, senhor Kelly. – Sorriu Ares. Ele me soltou e colocou as mãos nos bolsos – Estou dando uma mãozinha com as malas.

- Acordou tão cedo para isso? – Perguntou ele franzindo o cenho – Pensei que morava longe daqui...

- Eu moro. – Confirmou Ares ainda sorrindo – Mas como Alice vai passar uma semana fora... Eu resolvi passar aqui para me despedir.

Ares sorriu para mim mais uma vez, e eu sorri de volta.

- Muito obrigada, amor, mas agora nós temos que ir. – Disse pegando a mala das mãos dele. Ares não queria soltar, por isso passamos alguns segundos nos encarando até que ele a soltou.

- Tenha uma boa viagem, Alice. Vou sentir muito a sua falta. – Disse Ares parado e olhando para mim com um sorriso amável que não lhe pertencia. Will olhou para ele, e depois para mim.

- Ah, eu também vou morrer de saudades sua. – Sorri para ele de volta – Pena que nós temos que ir. Agora.

Eu estava pronta para sair correndo com a mala, fingindo estar muito animada com a viagem para o Alabama, mas Will me deteve com uma pergunta que me fez congelar.

- Alice... Por que não chama o Harry para vir conosco? – Sugeriu. Virei-me rapidamente, o que provavelmente pareceu extremamente grosseiro.

- Não! – Respondi e todos olharam para mim um tanto chocados. Até mesmo o Harry, como se eu fosse um ser humano frio e cruel – Ahm... Não.

Tentei parecer mais calma e relaxada do que antes, mas meu sorriso nervoso não pareceu convencer o Will. Meu namorado infernal ergueu os braços em rendição.

- Nossa. Desculpa. Não sabia que me queria tão longe de lá. – Disse parecendo ofendido. Will olhou para mim de um modo severo.

- Mas que falta de educação. Precisava gritar assim? – Perguntou ele incomodado – Foi só uma sugestão. Desse jeito você ofende os outros.

- Foi sem querer. É só que... – Tentei explicar o melhor possível a minha fala para que meu pai desistisse da ideia – Nós já conversamos sobre isso, Harry. Podem precisar de você no trabalho, e também... Você não vai se sentir tão confortável perto da minha família.

- Por que? Você não me quer perto da sua família? – Perguntou ele ainda ofendido, mas eu sabia que no fundo estava falando aquilo para me colocar contra a parede. Para me fazer parecer terrivelmente errada aos olhos do Will.

- Alice, eu não acho que teria problema algum. Desde o momento que ele virou seu namorado, ele já é uma certa parte da família, não? – Perguntou meu padrasto. Eu passei a mão pela testa sabendo que ia perder a briga com Ares.

- Olha... Não é nada disso. Só acho que está cedo demais para apresentar você para eles. O pessoal de lá é muito chato. – Disse. Will abriu a boca para protestar, mas eu resolvi exagerar um pouco mais meu teatro – Pai, você realmente quer isso?! Ele vai acabar ficando incomodado lá! Vai pensar que está preso a isso se ficar comigo!

- Ei, ei, ei. Eu estou com você, e não com a sua família. Não vou te deixar por uma coisa dessas. – Disse ele calmamente, como se quisesse me acalmar – Eu só acho que, se eu não fosse atrapalhar é claro, eu poderia acompanhar você. Foi você mesma que disse que ia sentir minha falta. E podíamos aproveitar a minha folga também.

- Folga? De quanto tempo? – Perguntou Will.

Cinquenta anos, pensei.

- Uma semana. – Respondeu Ares/Harry com um sorriso – Mas eu não quero ser um fardo, então... Fica para a próxima vez.

Will negou com a cabeça.

- Nada disso. Você vem com a gente. – Negou Will. Meu queixo caiu no chão, e olhei para ele chocada – Esqueça esse pensamento da minha filha. Você vai ser muito bem vindo lá, pode ter certeza.

- Pai! – Exclamei incrédula – A decisão é minha, e não sua!

- Se você pensasse de modo coerente, seria sua. Mas olhe só para isso, Alice! Ele gosta muito de você! Tenho certeza que vocês dois vão adorar um tempo juntos lá. – Disse ele pegando minha mala e levando para o carro – E também... Vai ver assim você gosta mais de estar lá. Não concorda, Jenny?

Minha mãe olhou para mim, e depois para Will. Ela coçou a nuca, e encolheu os ombros.

- Olha... Acho que isso é entre eles dois, querido. – Respondeu ela.

- Bobagem! Está tudo em família. – Ele sorriu como se estivesse extremamente feliz comigo e com Ares – Nunca levamos um namorado da Alice para lá. Vai ser divertido tê-lo por perto.

- Só se for para você! – Exclamei quando ele saiu de casa. Eu bati o pé no chão com raiva, e Ares começou a rir. Virei-me para a minha mãe – Obrigada. Mesmo. Muito obrigada por contar para ele que íamos para o Alabama!

- Alice, como eu ia...?! – Eu a interrompi.

- De algum jeito! Mas que droga! – Exclamei com raiva. Ela soltou um suspiro pesado e foi até a porta. Olhei para Ares com raiva e vi que o Deus da guerra estava comemorando dando socos de felicidade nas paredes. Ele olhou para mim, e parou de rir. A única coisa que fez foi abrir um de seus sorrisos tortos e maliciosos – Vai. Se. Ferrar. Vai se ferrar, Ares! Argh!

- Ooooown, não fica assim! Ouviu o seu papai mortal? Nós vamos ter muito tempo para nós dois quando estivermos lá! – Exclamou ele zombando. Ares veio para perto de mim e me deu um beijo na bochecha – Ah, eu vou amar isso!

- Você vai amar é me infernizar, não é?! – Exclamei com raiva. Ele pegou seus óculos escuros do ar, e os colocou olhando para mim.

- O que eu posso dizer? Te infernizar... – Ele suspirou de um modo sonhador e feliz – É tão irresistível!

Eu estava de dentes trincados e ele veio para me dar outro beijo, mas eu agarrei a gola de sua camisa e fitei-o com raiva.

- É bom você ficar bem longe de mim nessa viagem, ouviu?! Não se aproxime! – Exclamei com raiva. Eu o larguei e fui para o carro. Assim que passei pela porta, ouvi Ares exclamar:

- Eu já disse que você fica muito sexy quando está irritada? – Exclamou rindo, mas eu o ignorei e entrei no carro. Will já estava lá dentro, junto com minha mãe, que ocupava o banco do carona.

Eu ia entrar e sentar perto da janela esquerda, mas Ares passou rápido e entrou antes de mim. Ele sorriu de modo doce quando meu olhar encontrou o dele, e notei que era o Harry novamente. Duas faces completamente diferentes.

Entrei no carro e bati a porta. Will olhou para trás antes de ligar o carro e sorriu para mim.

- Vamos, filha. Sorria. – Pediu ele feliz por fazer uma viagem em família. Olhei para ele negando com a cabeça, mas sabia que ele não daria partida no carro se eu não respondesse com um sorriso.

Contrariada, mostrei meus dentes para Will, que virou-se rindo um pouco para ligar o carro. Meu sorriso desapareceu assim que seu olhar fugiu de mim para o volante, e eu virei-me completamente para a janela direita para não olhar para Ares.

- Não adora viagens em família, Alice? – Perguntou Ares. Toda vez que ele falava o meu nome parecia algo estranho, pois ele geralmente dizia “lesada”, “filhinha de Hermes”, “pirralha”, “sem graça”, ou qualquer outro insulto que lhe viesse á mente.

- Ah, eu amo. – Respondi em sarcasmo.

- Puxa, obrigado. Pude sentir o seu amor daqui da frente. – Murmurou Will acelerando.

Não estávamos muito rápido. Na verdade, estávamos na frente da casa vermelha sangrenta de Ares, quando as coisas pioraram ainda mais. Realmente achava que aquilo não seria possível.

Achava que toda a minha má sorte diária já tinha sido esgotada naquele momento, mas ainda restava um pouco. Eu notei isso quando ouvimos um grito bem alto vindo da rua.

- Espera! – Berrou alguém. Eu e Ares nos viramos para trás para ver quem era o maluco que estava berrando, e eu quase me joguei no banco para me esconder.

- Não acredito...

Apolo corria atrás do carro com uma mochila nas costas, tentando nos alcançar. Will franziu o cenho olhando pelo retrovisor, e virou-se para trás.

- Quem é esse maluco? – Perguntou sem saber.

- Ah... É... Ele... – Eu olhei para trás, e vi Apolo mandando alguns beijos para mim. Passei a mão pelo rosto e murmurei de modo abafado – Acelera o carro, por favor...

- Para! Ele está com a gente. – Pediu Ares. Minha mãe assentiu.

- Sempre. – Comentou, e eu senti vontade de rir de da meu azar. Era para eu ir sozinha, mas de repente... Estava sendo espremida no banco de trás do carro por Apolo e Ares indo em direção ao Alabama.

Apolo alcançou o carro quando Will o parou. Ele abriu a porta e sentou-se do meu lado direito, fazendo com que eu ficasse espremida no meio do carro.

- Ufa! Cara, eu pensei que ia perder a carona. – Disse Apolo rindo e respirando ofegante. Ele olhou para Will, que o encarava sem entender nada. Afinal, ele era um estranho que tinha entrado no carro sem nem mesmo pedir permissão – Ei! Você é o Will, não é? Alice falou de você. E aí, como vão as coisas?

- Ahm... – Will olhou para minha mãe, que sorriu de leve.

- Bom dia, Tyler. – Disse minha mãe olhando para Apolo. O Deus do Sol franziu o cenho por um segundo, e depois notou que devia responder por um nome mais comum.

- Ah, bom dia Jenny. – Sorriu ele com seus dentes brancos perfeitos.

- Eu conheço você? – Perguntou Will ainda confuso.

- Não. – Respondi e olhando para Apolo e depois para meu pai – É... Ele é um amigo meu da faculdade.

- Ah... Sim. – Murmurou ele ainda confuso – E o que faz aqui?

- Eu vim para a viagem! – Exclamou Apolo animado e feliz – O Alabama é muito legal. Quase tão legal como Nova Orleans. Só que tem mais música country.

- Ah, você gosta de música country? – Perguntou Will. Eu tampei meu rosto novamente.

- Não, ah, não! – Exclamei. Tarde demais. Will colocou para tocar sua vasta coleção de cantores country. A primeira música foi “Sweet Home Alabama”, o que me fez afundar ainda mais no banco do carro. Apolo começou a cantar com meu pai, enquanto Ares prendia o riso, morrendo de vontade de zombar de mim.

- E a viagem ainda nem começou... – Murmurou ele no meu ouvido.

- Cala a boca. – Murmurei.


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Notas finais do capítulo

Prontinho.
O que acharam? O próximo capítulo vai ser beeem engraçado. Acreditem.
Espero por reviews, e muito obrigada pelas recomendações!
Beijos.