Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 59
Você disse primeiro!


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu não posto faz um tempinho. Não, eu não sumi. Acabei saindo muito de casa nas festas de fim de ano, e não tive tempo de postar. Como foi o fim de ano de você? Natal? Ano Novo?
Bom, vamos começar com o pé direito! Aqui está um capítulo bem engraçado para vocês se divertirem.
Boa leitura!



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POV Ares

– Eu não vou! – Exclamou Hermes enquanto era empurrado em direção ao quarto de Alice. Jenny bufava e continuava fazendo força.

– Você vai sim! – Exclamava de volta, mesmo que em um tom controladamente baixo para mais ninguém além de nós ouvir – Hermes, você vai subir essa escada vai pedir desculpas para a sua filha agora mesmo!

– Eu não tenho que me desculpar por nada! – Respondeu irritado.

– Você disse que ninguém gosta dela e que ela foi um erro! – Retrucou Jenny dando outro empurrão nas costas dele.

– Ah, ela supera isso sozinha! – Reclamou.

– Você superaria sozinho se seu pai te falasse isso?! – Ela colocou as mãos na cintura.

– Jenny, eu morava em uma caverna porque meu pai não quis me assumir. – Ela deu um risinho de superioridade – Perto disso, o que ela está passando é um draminha.

– Um draminha vai ser meu joelho na sua virilha. – Rebateu estreitando os olhos.

– Uh! – Fizemos eu e Apolo, observando tudo.

– E o que vocês dois inúteis estão fazendo nos seguindo?! – Reclamou Hermes. Nós dois encolhemos os ombros.

– Eu só quero ver a paz. – Respondeu Apolo.

– Eu só quero ver o joelho dela na sua virilha. – Eu ri daquilo. Hermes revirou os olhos. Antes que Jenny continuasse a brigar, Apolo se intrometeu.

– Você sabe que Alice só fez isso tudo porque você roubou a cama dela, e que você só está nessa pela cama também. Por que não fazem as pazes? Não custa nada. – Jenny olhou para ele ainda mais irritada.

– Eu falei para você dormir no sofá desde que você chegou aqui! Para que tinha que roubar a cama dela?! – Reclamou dando-lhe outro empurrão – É a única coisa que ela tem para ela nesse lugar, e você sabe como Alice odeia vir aqui!

– Tá bom! – Exclamou se dando por vencido – Deuses, como você é chata reclamando. Nem minha mãe me enche tanto o saco.

– Pois ela devia! – Jenny agarrou a orelha dele e puxou-o até a escada. Eu e Apolo nos resumimos e prendermos o riso observando a cena – Vai logo!

Hermes subiu alguns degraus, e quando ela finalmente o soltou ele coçou a orelha tentando interromper a dor. O Deus bufou e subiu os degraus devagar, como se fosse uma sentença de morte.

– Dá para ser para hoje? – Perguntei querendo ver mais briga.

– Dá para ir para o Tártaro? – Respondeu sem nem mesmo se virar para olhar para mim – Você não tem uma vida para tomar conta, não?

– Não tem uma porta para abrir? – Respondeu Apolo.

– Eu...

Vai logo! – Gritamos eu, Jenny e Apolo juntos.

Tá bom, eu estou indo! – Respondeu com raiva e abriu a porta de uma vez. Nós três seguimos logo de perto para observar o que ele ia falar, mas escondidos para que não atrapalhássemos nada.

Alice estava em pé no meio do quarto quando ele entrou. Os dois se olharem como dois rivais fazem em um filme velho de faroeste, e o silêncio reinou por longos minutos. Pensávamos que Hermes ia quebra-lo, mas para nossa surpresa, ambos o fizeram.

– Desculpa, você pode ficar com a cama. – Falaram juntos e quase que automaticamente.

E aí aconteceu.

Ambos arregalaram um pouco os olhos, e prenderam a respiração. Houve mais alguns segundos de silêncio, mas logo mais uma fala conjunta ressoou pelo quarto.

Você disse primeiro! – Berraram apontando um para o outro. Alice correu para a cama e se jogou, mas Hermes foi logo atrás. Ambos começaram a se estapear e empurrar para ver quem ficava com a bendita cama.

– Nem vem! Você disse primeiro, mocinha! – Exclamou ele empurrando o rosto de Alice.

– Você disse primeiro! E eu preciso da cama mais do que você! – Exclamou de volta, empurrando o queixo dele com seu pé.

– Eu sou mais velho! – Exclamou puxando seu cabelo.

– Eu sou mais gorda! – Respondeu estapeado seu braço.

– Você é magra! – Rebateu empurrando-a na barriga.

– Ah, agora eu sou magra?! – Reclamou dando cotoveladas em sua barriga.

– Você é magra com gordurinhas localizadas, mas não muda de assunto! – Exclamou de volta dando uma chave de braço em Alice – Eu estou com o peso da idade nas minhas costas!

– E eu estou grávida! – Respondeu ela ainda mais alto que ele. Eu revirei os olhos.

– Pela quarta ou quinta vez. – Resmunguei revirando os olhos.

– O que?! – Hermes largou-a e olhou para seus olhos – Grávida?!

– Do Scott! – Exclamou ela e toda a raiva e choque dele se transformaram magicamente em felicidade. Ele nem mesmo tentou esconder o enorme sorriso bobo em seu rosto.

– Filha, isso...! – Ele estava estourando de felicidade – Isso é ótimo! É verdade mesmo?!

– Não. – Respondeu e puxou o cobertor com força, não dando nem mesmo tempo dele absorver a ideia de que fora enganado. Hermes tombou para trás, bateu com a cabeça na parede e caiu no chão – Mas a cama é minha.

– Sua traidora miserável! – Exclamou ele de volta, e se jogando novamente na cama. Alice deitou e esticou seu corpo ao máximo para não ter espaço para ele, mas Hermes subiu mesmo assim e começou a puxá-la – Você quis roubar essa cama de mim com esse golpe baixo?!

– Pai, para! Está me machucando! – Exclamou quando ele a abraçou por trás com firmeza, e se preparou para jogá-la no chão – Está machucando o bebê!

Ele ficou desnorteado por um segundo, tempo necessário para Alice se jogar para trás e abraçar o colchão.

– O único bebê aqui é você! Saí da minha cama! – Exclamou com raiva novamente.

– Não!

– Saí!

– Nãããão!

– Saaaaaí!

Chega! – Gritou Jenny fazendo os dois pararem a discussão.

– Ah... – Fizemos eu e Apolo, desapontados.

– Você! – Disse apontando para Alice – O que você tem a dizer para o seu pai, mocinha?

– Nada. – Respondeu cruzando os braços. Jenny deu três passos na direção deles com um ar de autoridade tão grande, que até mesmo o exército americano a obedeceria – Eu... Eu sinto muito por jogar água fria em você.

– E? – Perguntou Jenny.

– E por dizer aquelas coisas horríveis. – Continuou – Na verdade, eu acho que você é um pai muito mais legal que o Will.

– Mesmo? - Hermes ergueu uma sobrancelha.

– Mesmo. E eu devia achar ele melhor, porque ele foi meu pai a minha vida toda, mas... Mas você é muito mais legal. Você se importa mais comigo do que ele. – E deu para ver que ela estava sendo bem sincera. Hermes pareceu emocionado por alguns instantes.

– Lindo. – Assentiu Jenny feliz com Alice. Ela tomou seu ar de autoridade novamente e olhou para Hermes – E você?

– Eu também sinto muito. – Ele revirou os olhos se dando por vencido – Por ter roubado sua cama e feito você ter dormido no chão. E por ter dito todas aquelas coisas. Você não atrapalhou nada que eu tive com a sua mãe, na verdade você até ajudou. Porque a gente agora tem bem mais do que amor, a gente tem uma família. – Ele apontou para Jenny e depois para Alice – E você tem amigos.

– Só cinco. – Murmurou ela um tanto frustrada.

– Qualidade e não quantidade. – Rebateu ele.

– Maravilhoso. – Jenny assentiu – Agora se abracem.

Os dois reviraram os olhos, mas obedeceram Jenny.

– Já acabou? – Perguntei frustrado.

– Quieto. – Disse Jenny.

– Você pode ficar com a cama. – Disseram juntos novamente. Eles se olharam e logo gritaram de novo – Você disse primeiro!

– Não acabou! – Comemorei sozinho.

– Argh! – Fez Jenny ao ver os dois se estapeando novamente – Eu desisto de vocês dois, seus briguentos!

Ela segurou o meu braço e o de Apolo e nos puxou para fora do quarto.

– Já chega! Deixem eles se matarem! – Exclamou puxando-nos para longe.

– Mas eu quero ver! – Exclamei de volta para ela.

– Tem comida lá embaixo. Vamos logo! – Disse sem soltar o meu braço.

– Comida... – Murmurei pensativo – Argh, tudo bem, eu vou.

POV Alice

Eu cansei depois de alguns minutos discutindo. Estava deitada em cima da barriga do meu pai, enquanto ele fitava o teto também esgotado.

– Pai. – Disse em um gemido.

– O quê? – Perguntou.

– Eu quero dormir na cama. – Pedi derrotada – Por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, por favor...

– Chega disso. – Ele revirou os olhos.

– Por favor, por favor, por favor, por favor... – Eu continuei.

– Você voltou a ser criança? Eu não vou dizer não só porque você é chata. – Respondeu sem nem mesmo se mover. Eu continuei por vários minutos, mas Hermes resolveu cantar enquanto eu falava “por favor”. O fundo sonoro daquele quarto era a minha voz se repetindo e ele cantando “Wannabe” das Spice Girls.

– Tá bom! – Exclamei desistindo de ganhar a cama sendo chata – Eu parei!

– Que bom, porque eu não sei mais como essa música termina. – Murmurou. Nós ficamos em silêncio durante alguns segundos – Quer dizer que eu sou um pai melhor que o Will, é?

– Eu pensei que você soubesse. – Murmurei de volta.

– Tinha quase certeza. – Respondeu, provavelmente com um sorrisinho torto – Eu espero que você não tenha ficado magoada com o que eu disse. Porque eu não deveria ter dito nada daquilo. Era mentira, sabe?

– Eu sei. – Assenti sem me importar muito.

– Você sabe? – Repetiu rindo um pouco.

– Se você não gostasse de mim, ou se achasse que eu fui um erro... – Eu me ajeitei de modo que pudesse olhar para seu rosto – Não teria voltado depois de 19 anos.

Hermes sorriu de volta para mim. Ele estendeu a mão e acariciou meu rosto.

– Eu amo você, minha pequena monstrinha. – Disse rindo. Eu ri de volta – Eu só disse aquilo para te deixar irritada, porque você me deixou irritado.

– Eu fiz a mesma coisa. – Respondi um tanto surpresa.

– Tem como você ser menos igual a mim? Está roubando a minha identidade. – Fingiu estar reclamando. Eu neguei com a cabeça.

– Você me programou assim. Sou feita para isso. – Respondi – E para acumular gorduras para o inverno.

– Cada pedacinho seu é perfeito dos pés a cabeça. – Respondeu e eu ri.

– Para de citar essa música! – Exclamei rindo. Hermes riu e eu senti sua barriga tremer – O que nós vamos fazer?

– Eu tive uma ideia. – Murmurou e esticou a mão para o lado. Eu estava espremida em cima de sua barriga para não cair da cama, mas de repente tinha muito espaço extra. Me movi para o lado – Uma cama de casal? A sua solução é expandir a cama para uma cama de casal?

– Se você quiser dormir comigo. Eu juro que não ronco. – Respondeu encolhendo os ombros. Eu estreitei os olhos para ele.

– Você não podia ter tido essa ideia brilhante no dia em que você chegou?! – Reclamei incrédula.

– Você também não pensou nisso! – Defendeu-se apontando para mim. Eu pisquei os olhos, e balancei a cabeça. Puxa, era verdade.

– Você é o adulto. Você devia ter pensado nisso. – Retruquei.

– Isso aqui é pegar ou largar, querida. – Cortou minha reclamação. Eu suspirei.

– É lógico que eu aceito a ideia. – Disse me jogando para o lado, e pegando meu próprio travesseiro – Eu amo camas de casal.

– Em que cama de casal você já dormiu para gostar tanto assim? – Perguntou estreitando os olhos. Eu desviei o meu.

– A da mamãe. – Respondi com simplicidade.

– Hm. – Fez ele desconfiado.

– Tá na hora do café da manhã. – Comentei me levantando.

– Alice. – Disse ele estreitando os olhos para mim.

– Café da manhã é importante. – Continuei.

Alice. – Repetiu ele ainda desconfiado.

– Que foi? Eu já disse que eu dormi na cama dela. E o colchão era ótimo. – Respondi tentando parecer mais convincente.

– Eu não tenho certeza disso. – Respondeu.

– Vamos comer. – Falei saindo do quarto.

– Eu realmente não tenho certeza disso. – Falou me seguindo escada abaixo.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?
Desejo um feliz ano novo para vocês! Espero vê-los nos reviews, e no próximo capítulo!
Beijos, beijos!