Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 5
Demon


Notas iniciais do capítulo

Ok. Acho que é desse capítulo em diante é que a fic começa a ganhar ação.
Esse pode parecer nonsense, principalmente quando o Scott aparecer, mas tudo vai fazer sentido mais tarde.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214827/chapter/5

Deviam ser umas cinco da manhã quando o meu celular vibrou anunciando uma ligação. Eu, ainda de olhos fechados, tateei o meu bolso traseiro da calça jeans e peguei-o. Ares estava deitado logo atrás de mim, e como o sofá não era tão grande assim, nós estávamos bem grudados. Ele franziu o cenho e se mexeu.

- O que é isso? – Murmurou com voz falhada de sono.

- Ligação. – Murmurei em resposta, com tanto sono quanto ele. Eu atendi – Alô?

- Já está pronta? Nós estamos saindo de casa agora. Vamos passar aí em uns 20 minutos. – Disse minha mãe.

Vinte minutos. Saindo de casa. Pronta. Passar aqui. Aquilo estava um pouco embaralhado demais para a minha cabeça, que mal tinha acordado direto, mas como um choque, de repente eu me toquei do que se tratava.

Eles estavam vindo para me levar ao Alabama.

- Estou quase. Já vou. – Respondi esfregando os olhos.

- Você acabou de acordar, não é? – Perguntou minha mãe.

- Ahm... Talvez. – Respondi.

- Desliga isso. – Resmungou Ares se mexendo e tentando voltar a dormir agarrado á mim.

- Tchau. A gente se vê. – Falei com sono. Desliguei o celular e lutei contra os braços de Ares – Me solta... Eu tenho que ir.

- O que? – Murmurou ele sem entender. Ares se ajeitou para poder me olhar, embora seus olhos estivessem um pouco cerrados – Para onde você vai á essa hora?

- Eu tenho que cuidar de criançinhas que comem meleca, esqueceu? – Menti para ele. Ares prendeu o riso e me puxou contra seu corpo. Podia sentir o seu calor contra mim, e a vontade de ficar lá, aquecida, estava lutando contra mim.

- Ah, tia Kelly... – Protestou ele como se fosse criança. Ele foi para perto do meu ouvido, e sussurrou com malícia – Fica mais um pouco e me ajuda com o dever de casa.

- Você já está gradinha. Não precisa de mim o tempo todo. – Rebati revirando os olhos. Eu me coloquei de pé, e Ares se sentou morrendo de sono.

- E se eu te der uma maçã? Você fica? – Zombou ele.

- Cala a boca, seu sujo. – Disse revirando os olhos. Eu me espreguicei, e Ares franziu o cenho confuso.

- Espera... A escola te ligou para te avisar do horário? – Perguntou ele sem entender. Eu gelei, pois estava óbvio que aquilo era mentira.

- Não... Era a Jess. – Inventei. Eu colocava os sapatos, enquanto ele me observava. Não olhava para ele, para que não notasse que era mentira – Ela vai me dar uma carona.

- Á essa hora?! – Perguntou ele sem entender.

- Ares, no inverno o dia nasce mais tarde. – Inventei novamente. Ele estava com sono, e com pouca vontade de verificar se eu estava falando a verdade, por isso só se jogou no sofá e se aconchegou novamente.

- Dane-se. Sobra mais espaço para mim. – Resmungou. Eu me coloquei de pé e olhei-o uma última vez. Passaria no mínimo uma semana fora, e não o veria tão cedo.

Pode até pensar que eu estava triste, mas na verdade, parte mim estava com vontade de sair dançando de felicidade por tirar férias daquele implicante. Eu sorri para ele, mesmo ele não tendo visto, e fui embora de sua casa.

Assim que abri a porta da minha casa, estava pronta para sair correndo para meu quarto e jogar roupas aleatórias na mala, mas...

- Ah! – Berrei de dor e comecei a pular. Eu tinha tirado os sapatos para não fazer barulho e acordar Scott, mas acabei piorando a situação. Senti muita raiva dele de repente – Scott!

Não queria que Ares escutasse aquilo, por isso não gritei tão alto. Scott saiu correndo do quarto dele, e parou no topo da escada. Ele estava de samba canção e com o cabelo todo bagunçado. Scott franziu o cenho para mim, e eu trinquei os dentes.

- O que aconteceu? – Perguntou ele confuso.

- Scott, você espalhou essa porcaria pelo chão da sala de novo?! – Exclamei apontando para as milhões de peças de Lego no chão. Eu continuava pulando e morrendo de dor. Joguei-me no sofá com dor, e ele desceu as escadas.

- Eu esqueci. Estava montando um carro, e... – Eu o interrompi.

- Mas que droga! Você tem 20 anos, e não 12! – Exclamei irritada por sentir aquela dor insuportável logo de manhã. Scott riu para mim.

- Bem, você devia ver o lado bom. – Comentou ele. Eu o olhei incrédula e ele continuou – Você podia ter pisado em uma peça, e batido com o dedinho mindinho na quina de algum móvel.

Joguei a cabeça para trás imaginando como aquilo devia doer. Scott chutou algumas peças para longe do caminho, e eu andei até a escada. Olhei rapidamente para ele, que parecia não ter vergonha de ficar de samba canção na minha frente. Scott tinha alguns músculos, o que me surpreendeu.

- Ei, não encare o meu pijama! Ele foi um presente... – Murmurou ele envergonhado. Eu neguei com a cabeça.

- Não. Eu não estava olhando isso, é que... – Eu desviei o olhar também envergonhada – Você tem músculos? Como isso aconteceu?

- Acha que eu passo o dia todo sentado no sofá ou montando peças de carro? – Perguntou ele rindo. Eu assenti.

- Um sedentário de primeira. Você odeia malhar. – Retruquei para ele.

- Video game. Nem todos eles te deixam gordo. – Comentou ele. Scott fez alguns golpes de boxe na minha frente e encolheu os ombros – Os interativos surgem efeito. As garotas amam.

Eu ri passando a mão pelo rosto.

- Ah, é. As garotas amam. – Confirmei, mas depois lembrei que eu tinha que correr – Droga... Menos de quinze minutos para fazer as malas...

Eu saí correndo escada acima, e abri a porta do meu quarto. Scott me seguiu imaginando que eu precisaria de ajuda. Ele estava certo. Enquanto meu melhor amigo pegava as malas no canto do quarto, eu pegava as primeiras roupas via pela frente.

- Alabama? – Perguntou ele e eu assenti – Sua mãe já deve estar chegando. Conseguiu esconder do Ares?

- Consegui. Mas se eu fizer o Will ficar parado muito tempo na calçada, ele pode notar. – Disse jogando as roupas na mala.

- Parece uma operação secreta. – Comentou Scott rindo – Tão divertido. Podíamos usar walk-talks para nos informarmos. Javali selvagem deixou a base! Javali selvagem deixou a base, País das maravilhas!”.

- País das maravilhas?! – Repeti olhando para ele – Eu não sou essa Alice.

Para fecharmos a mala, eu tive que sentar em cima dela, e Scott puxar o zíper com toda a sua força. Eu saí de lá e soltei um suspiro. Estava pronta para agradecê-lo quando algo pulou em cima da mala.

- Ah! – Exclamei com medo – Mas o que é isso?!

- Ah... Calma. Calma, está tudo bem. – Disse ele devagar para me acalmar.

- Scott... Que bicho é esse no meu quarto? – Perguntei sem acreditar no que estava vendo.

- É um coelho. – Disse ele. Um coelho grande e gordo estava parado em cima da mala, me encarando com seus macabros olhos vermelhos. Eu o fitei por alguns minutos, com certo nervoso dele.

- Ele é preto. – Comentei olhando-o.

- Você é racista agora? – Perguntou Scott revirando os olhos se segurando o coelho no colo. Eu olhei para ele incrédula.

- Ficou louco?! Solta esse bicho! Você não sabe de onde ele veio! – Exclamei.

- Ele veio do jardim. – Respondeu Scott alisando o coelho – Ele estava parado no jardim, e eu fiquei com pena de deixá-lo lá fora. Quase nevou ontem á noite, sabia?

- Que solidário. – Murmurei em sarcasmo – Você trouxe esse bicho para dentro, sem se importar se ele poderia ser perigoso?

- Perigoso? É um coelho. – Comentou Scott olhando-me como se fosse louca. Eu não gostava muito de coelhos, principalmente os que surgiam magicamente no meu quarto e me encaravam – Quer dar um nome para ele?

- Demon. – Respondi de primeira. Scott quis saber porque – Por que ele parece demoníaco. Está me dando até medo.

- Alice, é só um coelho. Viu, Demon? Ela mora comigo também. É a Alice. Não leve ela para Wonderland, senão ela nunca mais vai sair de lá, ouviu? Diz oi para ela. – Scott falou com o coelho e o estendeu para mim. Eu dei um passo para trás e franzi o cenho.

- Ahm... Oi. – Estiquei a mão para tocá-lo, mas o coelho começou a coçar o nariz freneticamente com a mãe. Tive medo dele me morder, e resolvi ignorá-lo.

- Ele é muito simpático depois que você conhece melhor. – Comentou Scott.

- Eu fiquei fora por uma tarde e você trouxe um animal para casa sem me perguntar antes? – Cruzei os braços para ele. Scott sorriu para mim, como ele sempre sorria antes de pedir algo.

- Eu pensei que vocês iam ser grandes amigos. Mas se você não gosta dele, nós podemos mandá-lo de volta para o jardim. Sozinho. Com fome. E frio. – Comentou Scott olhando para mim fixamente. Eu assenti sem ligar, e ele negou – Mas como não queremos que a sociedade protetora dos animais nos processe... Sugiro que ele fique.

Eu ia protestar, mas ele me passou a perna.

- Pode discutir comigo, ou pode se atrasar para o Alabama. – Assoviou. Revirei os olhos e peguei minha mala. Olhei para o coelho macabro, e depois para Scott.

- Ele pode ficar. Pronto. Mas eu quero esse demônio longe do meu quarto. – Avisei para Scott. Ele assentiu e eu fui até a sala.

Foi no exato momento em que minha mãe apareceu na porta. Ela bateu cuidadosamente para não fazer barulho, e eu a abri.

- Ele descobriu? – Perguntou ela. Jennifer Kelly usava um sobretudo preto. Seu cabelo preto, que ia até o queixo, estava penteado como sempre, o que me fez sorrir. Estava com saudades da minha mãe, já que não á via por algumas semanas.

- Não. E espero que continue assim. – Comentei largando a mala e colocando meu sapato. Scott passou com o coelho pelo corredor e acenou para a minha mãe. Ela acenou de volta para ele, e suspirou.

- Seus amigos combinam tanto com você. – Comentou ela rindo um pouco.

- Eles são doidos. Eu não. – Corrigi fazendo uma careta para ela. Assim que coloquei o sapato e fiquei de pé, minha mãe veio ajeitar minhas roupas. Eu estava com um suéter justo e quentinho, e uma calça jeans. Ela pegou um cachecol que segurava e colocou em meu pescoço com carinho. Eu sorri para ela.

Ela beijou a minha testa.

- Você é uma garota tão bonita. – Comentou ela me abraçando – Senti sua falta.

- Deixa disso, mãe. – Disse sem graça. Ela perguntou se eu tinha comido alguma coisa, e eu neguei com a cabeça. Ela foi correndo para a cozinha, e eu esperei. Não demoraria muito, e nós estaríamos longe dali. Bem longe. Onde Ares não pudesse nos achar para infernizar um pouco mais a minha vida.

É claro que as coisas estavam dando certo demais, e quando se trata de Alice Kelly... Coisas boas demais são suspeitas.

Ares abriu a porta me fazendo virar-me com um susto. Ele a fechou atrás de si, e coçou a cabeça. Eu tentei parecer calma e franzi o cenho para ele.

- O que houve? Não ia ficar dormindo? – Perguntei.

- Você esqueceu isso. – Disse ele mostrando meu celular. Eu revirei os olhos e o peguei de suas mãos, só que assim que ia colocá-lo no bolso, Ares me puxou contra si – Pensei que estava com pressa. Resolveu ficar, benzinho?

Eu neguei com a cabeça.

- Na verdade, eu ainda estou com pressa. – Eu não queria que ele descobrisse de jeito nenhum, por isso peguei minha mala com naturalidade e fui até a porta. Ele franziu o cenho para mim, sem entender.

- O que está fazendo com essa mala? – Perguntou confuso – Você vai viajar?

- Ah, claro. Vou tirar férias na Califórnia sem te avisar. – Respondi em sarcasmo para ele descartar a ideia – Claro que não. Eu vou ter um armário na sala dos professores, e eles disseram que seria melhor que eu deixasse os livros lá. E como são muitos livros...

Ares olhou para mim sem acreditar muito, mas eu me mantive firme. Ele acabou cedendo, vendo que eu não estava tensa ou coisa do tipo (pelo menos por fora).

- Te vejo mais tarde. – Disse ele dando de ombros.

- Tudo bem. – Disse pegando as chaves de casa. Ares saiu e fechou a porta atrás de si. Eu quase desmaiei de tanta adrenalina, mas me mantive em pé. Minha mãe veio para a sala, notando que ele tinha ido embora.

- Pronto. Agora vamos embora antes que ele note que... – Ares abriu a porta de repente e nós duas levamos um susto.

- Note o que? – Perguntou ele com um sorriso triunfante no rosto.

- Nada. – Respondi fitando-o.

- Nada? – Perguntou ele sorrindo torto para mim. Ele olhou para a minha mãe – Quer terminar a frase?

- Note que eu vou roubar você o resto do dia. – Completou minha mãe tentando parecer descontraída, mas não estava dando muito certo por causa do susto que levamos. Ares negou com a cabeça e riu para mim.

- Você deve achar que eu sou idiota, não é? – Perguntou ele para ela.

- Nós vamos passar o dia em Nova Iorque com o Will, por causa do aniversário dele. Só não falei nada para você não ir. – Disse olhando para ele e cruzando os braços – Senão ia ser que nem da última vez. Ia me fazer passar vergonha na frente dele.

- Vai por causa do aniversário dele? – Perguntou ele, e eu assenti firmemente – Ah, mesmo? O aniversário que você tinha dito que era daqui a três dias? – Meu rosto ficou vermelho de vergonha, e eu desviei o olhar. Ares olhou para a minha mãe – Vocês vão para o Alabama.

- Claro que... – Ela ia negar, mas Ares a encarou, e ela acabou olhando para mim – É. Já era.

- Mãe! – Exclamei para ela. Ela ergueu os braços em rendição.

- Alice, não tem como inventar outra coisa! – Exclamou ela.

- Obrigada! – Exclamei irritada.

- Sabia! – Exclamou Ares apontando para mim - Sabia que você ia para lá! Sua pequena mentirosa! Não ia me contar para eu não ir com você!

- Nós não...! – Tentei negar, mas Ares apontou para mim novamente.

- Você vai para o Alabama. – Afirmou ele rindo – E eu vou junto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fu.
Jenny tinha que ter enrolado um pouco mais. Talvez... Ok. Não ia dar mesmo.
Veremos um grande escândalo no próximo capítulo, queridos leitores. Aguentem firme até lá.
Beijo e agradeço á Be HAPPY pela primeira recomendação! Valeu mesmo!
Até o próximo capítulo.