Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 45
Onde está o meu presente?


Notas iniciais do capítulo

Por problemas técnicos (o computador da autora aqui resolveu pifar), eu atrasei muito para postar isso. E provavelmente vou atrasar mais um pouco, porque os problemas técnicos continuam. He he.
Mas mesmo assim eu consegui postar esse capítulo aqui. Embora não seja grandão nem nada, acho que ficou divertido.
Espero que gostem, e que não me odeiam por não ter conseguido nem responder os reviews.
Boa leitura, apesar dos apesares kk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214827/chapter/45

Nós tínhamos um certo ritual de aniversário, que era perpetuado todo ano. Ele se chamava “onde está o meu presente?”.

Por isso, sempre que era aniversário de alguém, acordávamos a pessoal extremamente cedo, dávamos os parabéns e ela tinha que sair pela casa procurando o presente. Devo admitir que tudo isso parecia muito empolgante quando eu era menor.

Eu saía correndo pela casa, procurando debaixo das camas, atrás do sofá, no meio da estante de livros, e, oh meu Deus, onde será que eles esconderam?! Era um ótimo jeito de desejar feliz aniversário, e uma das lembranças mais felizes que eu tinha da minha infância.

Mas quando você vai ficando mais velho e não tem mais toda aquela energia infantil, você deseja desesperadamente matar os seus parentes por te acordarem as 6 da manhã e te fazerem procurar pela casa uma possível peça de roupa novas.

E, sinceramente, acho que foi exatamente isso que Will sentiu quando nós o acordamos aos gritos de “surpresa”. Ele primeiramente sorriu, ainda de olhos fechados. Aninhou-se na cama, enquanto eu e minha mãe cantávamos a música de parabéns, até que por fim abriu os olhos. Colocou-se sentado e olhou para nós duas com uma cara de sono daquelas.

– Obrigado. – Disse bocejando.

– Você merece. – Disse estendendo o cartão para ele.

– O que é isso? – Perguntou ele cerrando os olhos para tentar ler.

– Um cartão super caprichado de aniversário. – Contei colocando meus dedos gelados dentro dos bolsos do moletom.

– Obrigada, filha. – Sorriu colocando o cartão de lado sem nem mesmo ler. Aquilo me incomodou um pouco.

– Eu tive trabalho para fazer. Você podia ao menos abrir. – Murmurei.

– Eu estou cego, Alice. Não enxergo nada. Não vou conseguir ler, mas vou fazer isso mais tarde. – Falou esfregando os olhos.

– Você podia fingir que leu. – Desviei o rosto.

– Vai ter melhorar sua visão para mais uma rodada de... – Eu prendi o riso ao ouvir a minha mãe fazendo voz de locutor. Completamos a frase juntas – Onde está o meu presente!

– Ah, não. Não, não, por favor. Todo ano é sempre assim. – Resmungou ele passando a mão pelo rosto – Eu estou com sono, Jenny. Não pode ser depois?

– Seu aniversário é hoje, e não depois. Levanta dessa cama. – Falou puxando-o pelo braço.

– Que horas são? – Perguntou sendo levado para frente do armário.

– Acho que umas seis e pouca da manhã.

– Quando for o aniversário de vocês vou levantar as 5. Vocês vão ver o que aguarda. – Respondeu vestindo um roupão quentinho e encolhendo-se.

– Rabugento. – Disse minha mãe com bom humor.

– Por que você foi inventar essa tradição tão cansativa? – Perguntou ele revirando os olhos.

– Não fui eu que inventei. Foi você. – Respondeu ela.

– Não foi não. – Negou – Só pode ter sido você com as suas idéias malucas.

A verdade era que ninguém sabia de quem foi a idéia do “onde está o meu presente”. Will dizia que minha mãe tinha inventado isso quando eu era muito pequena para me deixar mais feliz e ansiosa que o normal para o meu aniversário, e acabou servindo para o aniversário de todo mundo. Já minha mãe dizia que Will tinha surgido com a idéia para que a família toda interagisse melhor nas datas comemorativas, o que renderia várias histórias engraçadas no futuro.

As duas teorias faziam sentido para mim, mas já não fazia mais diferença quem começou com isso. Nós fazíamos todo ano e morreríamos fazendo, provavelmente.

– Suponho que não esteja no armário. – Disse abrindo as portas velhas de madeira novamente e revirando algumas roupas – Não, fácil demais.

– Talvez debaixo da cama. – Comentei.

– Alice! – Reclamou minha mãe. Will sorriu torto e abaixou-se puxando os cobertores para longe da sua visão. Ele demorou alguns minutos procurando, o que fez com que eu e minha mãe começássemos a rir.

– Vocês estão me fazendo de otário, não é? – Adivinhou colocando-se sentado. Nós assentimos rindo ainda mais – Vocês são duas trapaceiras. Não tem pena de um homem de 46 anos abaixar no frio para procurar um presente as seis da manhã?

– Tudo bem, tudo bem. – Minha mãe revirou os olhos – Está em cima do armário.

– Se estivesse, você não me diria. – Rebateu ele.

– A não ser que eu soubesse que você não ia levar a sério. Posso estar sendo sincera, posso estar mentindo, mas você nunca vai saber se não olhar lá em cima. – Minha mãe encolheu os ombros.

Will pegou um banco de madeira e colocou na frente do armário. Subiu nele, ficou na ponta dos pés e tentou ver.

– Nada além de poeira. Ótimo. – Disse revirando os olhos.

– Ops. – Disse rindo. Eu ri com ela.

– Tem mais alguma pista falsa que vocês queiram dar, ou já cansaram? – Perguntou cruzando os braços.

– Não, acho que pode seguir suas próprias intuições agora. – Respondi encolhendo os ombros.

Will puxou as cortinas, olhou dentro das gavetas da escrivaninha, dentro do armário mais uma vez, debaixo dos travesseiros, entre os livros das estantes, atrás das mesinhas de cabeceira, e nada.

– Imagina se esse ano não tem presente e nós estamos te enrolando até agora? – Minha mãe comentou observando-o.

– Eu peço divórcio. – Rebateu, zombando – Não ganho presente, mas metade dos bens sim.

– Vai levar a Alice com você? – Perguntou prendendo o riso.

– Só vou levar as coisas boas. – Brincou ele prendendo o riso também.

– Mas eu também não quero a Alice. – Ela negou com a cabeça.

– A gente a coloca para adoção. – Respondeu encolhendo os braços.

– Claro. – Assenti – Porque eu sou uma criança incapaz e preciso de um adulto responsável por perto.

– Basicamente. – Respondeu minha mãe.

– É, é por aí mesmo. – Assentiu Will.

– Eu espero que você ache o seu presente e seja uma gravata. – Retruquei.

– Você não tem coração. – Disse negando com a cabeça, de brincadeira. Ele, então, se tocou do único lugar que não vira. Will levantou o colchão da cama e sorriu de orelha a orelha – Ah, finalmente!

– Diz. – Falei prendendo o riso.

– Diz. – Assentiu minha mãe.

Will passou a mão pelo rosto.

– Cacilda, tem um presente aqui! – Exclamou fingindo surpresa. Eu e minha mãe rimos muito ao ouvir aquilo. A gente sempre ria, mesmo não sendo tão engraçado.

Will também acabou rindo. Ele olhou para o embrulho quadrado, e o sacudiu perto da orelha.

– Vamos ver agora. – Disse abrindo o embrulho e revelando uma caixa metálica com uma coletânea de filmes clássicos em blue-ray. Will sorriu – Nossa, isso é bom. Quando compraram?

– Está guardado desde o dia em que você apontou e falou “Nossa, aquela coletânea é boa” e saiu da loja. – Respondeu minha mãe abraçando-o.

– Eu adorei. Mesmo. – Assentiu ele me abraçando também – O único problema é que não temos blue-ray, porque isso é um jeito dos comunistas nos monitorarem.

– Daqui a pouco a viagem acaba e vai ficar tudo bem. – Disse minha mãe encolhendo os ombros – O que quer fazer agora, querido?

– Dormir! – Exclamou jogando-se na cama novamente – Me dêem esse presente extra de aniversário.

Eu ia protestar, mas minha mãe resolveu deixar. Ela colocou a mão sobre meu ombro e me tirou do quarto, fechando a porta atrás de si.

– É tão bom ver que ele gostou de tudo. – Resmunguei olhando para a porta.

– As pessoas têm o direito de ficar rabugentas às 6 da manhã, Alice. – Respondeu suspirando – Deixa ele em paz.

– Você me fez fazer aquele cartão e ele nem leu! – Reclamei.

– Ué, estranho. Pensei que já estava pronto faz um tempo. – Ela cruzou os braços para mim.

– Estava. – Assenti – Mas no dia que eu fiz, eu tive trabalho.

– Sei. – Assentiu ela fingindo que acreditava. Nesse momento, Ares abriu a porta do quarto, mais para o começo do corredor. Ele coçou a nuca com sono, virou pronto para ir até meu quarto, mas deteve-se ao ver nós duas em pé no meio do corredor.

– Vocês já estão de pé? – Perguntou franzindo o cenho.

– Onde está o meu presente. – Respondeu minha mãe.

– Que presente? – Perguntou.

– Nenhum. É só o Onde está meu presente. – Respondeu.

– Não sei nem que presente é esse. – Falou confuso.

– Não tem presente. – Minha mãe disse devagar.

– ... – Ares ficou olhando para o rosto dela, e depois assentiu – Você é louca.

– Argh, explica para ele. – Falou minha mãe apertando as têmporas – Está cedo demais para ter que lidar com essa inteligência rara.

Minha mãe entrou no quarto de Will novamente, e eu e Ares ficamos sozinhos no corredor. Ele fez uma careta para a porta.

– Bruxa. – Disse, mas em um tom baixo para que ela não ouvisse.

– É a minha mãe. – Respondi cruzando os braços.

– Eu sei, você já me apresentou. – Assentiu sem retirar o que disse – Agora... – Ele apontou para mim e estreitou os olhos – Eu tinha alguma coisa para falar com você, mas não consigo lembrar o quê.

Eu sabia, mas achei melhor não lembrá-lo disso.

– Depois você lembra. Vou voltar para o meu quarto. – Disse apontando com o dedão para lá. Ares assentiu.

– Eu vou com você. – Disse.

Eu dei as costas para ele, grata por sua memória ser horrível. Só que, infelizmente, não era lá tão ruim.

– Mas tem que fazer silêncio, porque ainda tem gente dormindo. – Comentou em um murmuro, logo atrás de mim – Vai em passo de bailarina.

Olhei para ele, e Ares sorriu inocentemente. Eu retribuí.

– Claro. – Falei sem ligar e caminhei até lá. Na metade do caminho, entretanto...

– Cuidado, tem um falha no chão! – Ele segurou a minha cintura e me levantou no ar. Minhas pernas balançaram até que ele me colocou no chão novamente – Lindo, lindo! Maravilhoso! Vamos, agora abra as pernas.

– Vai se ferrar! – Dei-lhe uma cotovelada e Ares começou rir.

– Nem uma pirueta? Eu tenho certeza que você consegue. – Falou rindo e me seguindo até o quarto. Tentei fechar a porta na cara dele, mas Ares não permitiu. Ele entrou ainda rindo de mim – Onde você guarda sua roupa cor de rosa de bailarina?

– Eu tinha oito anos! – Exclamei irritada – Oito anos, Ares! Eu era uma criança.

– Uma pequena Barbie! – Disse apertando minha bochecha.

– Para com isso! – Reclamei afastando-me dela.

– Nossa, que revolta! É assim que uma princesa cisne deve se comportar? – Perguntou zombando. Cruzei os braços e deixei escapar...

– Rainha.

– O quê? – Perguntou aproximando-se de mim.

– É Rainha Cisne. – Corrigi – Heather me odeia porque eu fui a Rainha Cisne e ela não. Agora para de implicar comigo.

– Sim, mas é claro, Alteza. – Ele fez uma reverência – Você precisa de alguém que te ajude a alongar? Porque eu posso muito bem...

– Eu já disse que eu não danço mais balé! – Exclamei irritada. Ares prendeu o riso.

– Está mesmo me falando que todo esse ódio é porque você foi a rainha cisne e ela não? – Ele cruzou os braços – E o tal do Brian foi depois?

– Muito depois. – Assenti.

– Entendi. – Assentiu ele também – Essa é a maior palhaçada que eu já vi. Mulheres se odeiam por tão fácil. A porcaria de um papel de balé?

– Ela é que me odiou por causa disso. Eu só retribuí o ódio. – Retruquei.

– Imagino. – Confirmou com a cabeça de novo. Eu estava sentada na cama quando Ares se aproximou e parou na minha frente – Posso te fazer uma pergunta?

– É sério? – Ergui uma sobrancelha.

– Sério demais. – Eu assenti confirmando e ele sorriu torto – Só por curiosidade... Qual ângulo suas pernas conseguem fazer quando abrem?

Eu dei um tapa em seu rosto, e ele riu segurando minhas mãos.

– Ah, qual é? É uma pergunta séria. – Comentou.

– Vai para o inferno, Ares. – Reclamei tentando me soltar – Você é inacreditável!

– Isso foi um elogio? – Perguntou rindo maldoso – Porque se você quiser eu posso ser invacreditável. E incrível.

– Estava demorando para você voltar ao estágio deboche. – Falei revirando os olhos – Estava sendo romântico demais.

– Ah, meu bem, eu sei que você gosta. – Disse tentando roubar um beijo. Eu desviei o rosto e ele começou a beijar meu pescoço.

– São seis da manhã. – Retruquei.

– Qualquer hora é hora, filhinha de Hermes. – Respondeu rindo perto do meu ouvido.

– Corta essa! – Reclamei colocando-me de pé. Ares não me seguiu. Ele só ficou parado, olhando para mim – O que foi?

– Eu só estou pensando em como vai ser quando voltarmos para casa e você tiver que vestir o que eu quiser que você vista. – Sorriu malicioso – Se eu fosse você, seria muito boazinha para eu não resolver me vingar.

– Você não vai vencer, entendeu? – Disse cruzando os braços – Eu não vou deixar.

– Você me quer aqui. – Disse ele apontando para mim – Por isso fica meio difícil o lance da sabotagem. Own, seu coraçãozinho ficou mole.

Fui para perto dele e senti algo que não sentia há um tempo. Aquele choque de energia que tomava conta do meu corpo quando eu enfrentava Ares (parecido como quando nós ainda estávamos nos conhecendo).

– Eu vou acabar com você. – Disse olhando-o nos olhos – E você vai direto para casa. Só deixando claro, senhor da guerra.

Ele gargalhou e depois me olhou sério.

– Vem com tudo, benzinho. – E sorriu com maldade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então?
Como eu vou demorar para postar o próximo, vocês têm bastante tempo para comentar. Só não esqueçam, ok? No momento eu estou usando um 3G muito ruim, então não vou conseguir responder aos reviews, mas aguardem por mim.
Quando vocês menos esperarem, eu estarei lá. Em cada sombra, em cada esquina, em cada aba do google chrome. (medo)
Espero que tenham gostado, e aguardo pelos comentários! Nos vemos o mais breve possível, seus lindos.
Tchau tchau.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Bônus Infernal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.