Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 44
Tum tum


Notas iniciais do capítulo

Para aqueles que têm curiosidade, esse é o capítulo em que a capa da fic aparece.
Esse capítulo também marca o meio da fic. A contagem regressiva para o fim do Bônus. (Aaaaaaah!).
Espero que gostem. Boa leitura!



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– Alice. – Chamou alguém sacudindo meu braço de leve. Eu murmurei algo que nem mesmo eu sabia o quê. Não queria levantar – Alice, levanta.

– Vai para o inferno, Ares. – Murmurei afundando meu rosto no travesseiro.

– Alice, é a sua mãe. – Disse e eu resolvi conferir. Minha mãe estava agachada perto da minha cama super legal de pirata que causaria inveja em todos os meus amiguinhos (se eu tivesse um).

– O que foi? – Perguntei sonolenta.

– É o aniversário do Will hoje. – Disse e eu me toquei que ela segurava um presente. Coloquei-me sentada esfregando os olhos com os nós dos dedos.

– Eu tinha esquecido. – Respondi.

– Você esqueceu? – Repetiu ela incrédula – Foi para isso que viemos, Alice. Espero que tenho feito pelo menos um cartão.

– Ahm... Fiz. – Menti. Ela estreitou os olhos para mim – Eu fiz mesmo. Só tenho que achar.

– Claro. – Assentiu fingindo que acreditava – Eu vou esconder o presente para ele. Tem cola, papel e tesoura na gaveta da escrivaninha.

– Ótimo. – Ela ergueu uma sobrancelha para mim – Eu já fiz o cartão, mas é ótimo saber onde tem cola, papel e tesoura, porque nunca se sabe quando podemos precisar. Emergências acontecem, né?

Minha mãe revirou os olhos e colocou-se de pé.

– E acorda ele. – Falou apontando para o meu pai – Antes que reclame de não nos encontrar.

Ela saiu do meu quarto e eu me coloquei em pé. Joguei-me em cima de Hermes, que acordou levando um susto.

– Levanta. É aniversário do Will e eu tenho 3 minutos para fazer um cartão de aniversário razoavelmente bom e colorido. – Falei apressada. Hermes fechou os olhos e balançou a cabeça.

– E eu com isso. – Murmurou tentando voltar a dormir.

– Pai, levanta! Você tem que me ajudar! – Exclamei.

– Você nunca fez um cartão razoavelmente bom e colorido para o meu aniversário. – Resmungou voltando a dormir.

– É porque eu nem sei quando é o seu aniversário. – Respondi, mas ele tinha voltado a dormir. Puxei o cobertor de cima dele e comecei a fazer cócegas em sua barriga. Hermes se debateu tentando soltar-se de mim – Acorda!

Ele segurou minha cintura e virou as posições. Deitou em cima de mim, fazendo meu corpo de travesseiro e fingindo que nada tinha acontecido.

– Pai! – Exclamei sufocada – Não dá para respirar!

Ele roncou.

– Pai, você é gordo! Saí de cima de mim! – Tentei empurrá-lo, mas não conseguia.

– Ei, gordo não. Isso foi muito grosseiro da sua parte. – Falou ajeitando-se ainda mais em mim – Você é que tá meio gordinha. A sua barriga é o travesseiro mais macio que eu já tive em anos.

– Eu não estou gorda! – Retruquei.

– Olha só quanta gordurinha. – Disse apertando-me com a ponta dos dedos.

– Para com isso! – Exclamou me debatendo.

– O que você anda comendo? Tem um bom estoque para o inverno. – Continuou.

– Você só tá com ciúmes porque eu vou fazer um cartão para o Will. – Rebati. Hermes jogou-se para o lado, deixando-me livre e se cobriu novamente.

– Eu não tenho ciúmes do Bill. – Respondeu usando o nome errado de propósito – Só não vou levantar da minha cama.

Minha cama. A cama que você roubou de mim. – Respondeu.

– Se o Will pegasse você não ia ligar, né? Traidora. – Respondeu olhando para mim. Ele voltou a dormir. Suspirei pesadamente e fui até ele.

Beijei sua bochecha.

– Hermes, aqui é Maia. Está na hora de acordar, filho. – Disse prendendo o riso. Ele pareceu prender também, mas tentou permanecer quieto – Vamos, coraçãozinho da mamãe. Tá na hora. Larga essa cama.

– Mas mããããe... – Murmurou entrando na brincadeira.

– Não tem “mas mãe”, mocinho. Levanta agora e ajuda a sua filha a fazer um cartão, antes que a mãe dela a queime viva. – Respondi. Ele virou para olhar para mim.

– O dia em que você acordar o Ares assim, você volta a ser solteira. – Respondeu levantando.

– Da próxima vez eu jogo água. – Disse cruzando os braços.

– Da próxima vez não te dou nem uma cama de pirata. – Respondeu.

– Vai me ajudar agora? – Perguntei.

– Vou. – Ele apontou para a escrivaninha – Tem cola, papel e tesoura dentro da gaveta. Divirta-se.

Bufei de irritação enquanto Hermes saía do quarto. Corri até a gaveta, peguei os papéis, a cola e a tesoura e os joguei na cama. Olhei para ele, pensando no que faria, enquanto prendia o cabelo em um coque desarrumado.

Sentei-me na cama. Comecei pegando um papel e cortando em forma de coração. Não tinha ideia do que ia fazer com aquilo, mas parecia uma boa para um cartão de aniversário. Corações bonitinhos e felizes.

Mesmo com a janela aberta, o quarto ainda estava escuro, de modo a tornar meu trabalho mais difícil ainda. Colocava as folhas contra a luz do lado de fora da casa para checar se meu coração não ficara mais parecido com um estômago do que como o que era o padrão.

Suspirei abaixando os braços ao ver uma folha A4 amarela com um buraco perfeito no centro. Um coração bom o suficiente para um cartão de aniversário de última hora.

Estava prestes a colá-lo em outra folha colorida quando ouvi a madeira ranger. Olhei para o lado, e vi Apolo em pé.

– O quê...? – Ele me cortou.

– Estava só olhando você aí. – Disse colocando as mãos nos bolsos – Tudo bem?

– Tudo. Saí daqui. – Respondi voltando ao trabalho.

– Não acordou no seu melhor humor, não é? – Perguntou.

– Você é que não despertou meu melhor humor. – Respondi atravessadamente, sem me dar o trabalho de tirar os olhos do papel.

– Bem... Você despertou meu melhor humor. – Olhei para ele ao ouvir isso. Apolo sorriu tranquilamente e encolheu os ombros – Você estava muito bonita segurando o papel contra a luz.

– Ah, não. – Neguei com a cabeça – Não vem com essa, entendeu? Vai embora daqui. Eu estou ocupada.

– Não precisa de ajuda? – Perguntou.

– Não.

– Seu pai disse que precisava. – Suspirei pesadamente.

– Meu pai é um traidor mesquinho.

– Você é muito radical com as pessoas. – Respondeu ainda de bom humor.

– Ah, mesmo? Por favor, me diga como o meu jeito radical de ser está exagerando em relação a sua maravilhosa namorada. – Respondi bufando e colando o coração dentro do cartão.

– Ela não é minha namorada. – Respondeu rindo só para quebrar o clima tenso – Não mesmo.

– Então em relação a sua... – Engoli um palavrão – Amiga.

– Tá, também não é só amiga. – Comentou de volta.

– A sua qualquer coisa. – Respondi. Apolo balançou a cabeça.

– Eu nem mesmo falei dela. Viu? Foi você que puxou o assunto. – Falou ele apontando para mim.

– Você estar aqui puxou o assunto, não eu. Falei para você ficar longe e falei que não queria mais conversar com você. – Reclamei.

– É, mas eu estou aqui. Não vou desaparecer do universo só porque você quer muito isso. – Respondeu andando devagar na minha direção – Vai fazer o que sabendo disso? Ficar muda enquanto eu estiver perto de você?

– Eu tenho esse direito, não? É um país livre. – Respondi.

– Você tem esse direito, mas você não tem 7 anos de idade. Que dilema, hein? – Riu para mim.

– Mas o que são 19 comparados a 2000 anos? – Perguntei.

– Eu...

– A 3000 anos.

– Não são...

– A dez mil anos. – Corrigi pela última vez.

– Dez mil é exagero. – Reclamou incomodado – Vamos manter por volta dos dois mil, tá bom?

– Então o que são 19 anos comparados a 2000? – Repeti sem tirar os olhos dos papéis. Eu sabia que Apolo olhava para mim e não queria retribuir.

– Sete. – Respondeu.

– Exato. – Confirmei com a cabeça.

– Viu? Nós ainda nos entendemos bem.

– Que legal! – Fingi ânimo – Agora vai embora.

Apolo sentou-se na cama e eu suspirei pesadamente. Levantei a cabeça e olhei para seus olhos azuis. Diferente de mim, ele estava feliz. Tranquilo, até. O que me incomodou profundamente. Heather estava se fazendo de boazinha ainda.

– O que você quer? – Perguntei – Fala logo.

– Te ajudar. – Ele encolheu seus ombros.

– Se eu precisasse de ajuda, eu pediria. Estou bem. Agora pode aliviar a sua consciência e ir embora. – Respondi.

– Mentira. Você é tão cabeça dura que não pediria ajuda nem se a sua vida estivesse por um fio. – Respondeu prendendo o riso. Coloquei as mãos em cima dos meus joelhos e mantive meus olhos fixos para ele, mostrando a minha melhor cara séria.

Apolo estendeu a mão e a repousou em cima da minha. Chegou seu rosto mais para perto do meu, e eu acabei ficando hipnotizada por alguns instantes. Hipnotizada demais para puxar minha mão para trás e empurrá-lo.

– Eu só estou preocupado com o seu coração... – Disse em um sussurro sedutor. Engoli em seco. Estava pensando em uma resposta atravessada, mas aí ele completou – Ele está amarelo.

Franzi o cenho sem entender o que ele queria dizer com aquilo, até lembrei do coração que recortara. Neguei com a cabeça.

– E o que há de errado nisso? – Perguntei irritada.

– Não me leve a mal, mas esse coração tem o quê? Febre amarela? – Comentou.

– Essa é a pior piada que você já fez. – Respondi – É um coração chinês.

Apolo gargalhou. Por mais que estivesse com raiva, tive que prender o riso. Quando ele olhou para mim de novo, eu já estava séria.

– Você tem algum preconceito contra orientais? – Perguntei.

– Só não sabia que eles eram amarelos por dentro e por fora. – Respondeu ainda rindo.

– Nem eu sabia que febre amarela deixava seu coração amarelo. – Rebati.

– Fica amarelo se eu quiser que fique. – Apolo retrucou.

– Então queria que a porcaria do coração dos asiáticos seja amarelo, e pare de encher o saco. – Repliquei voltando a trabalhar no cartão. Apolo permaneceu ali.

– Eu não vim aqui discutir com você e nem te irritar. – Falou.

– Então, por favor, vá embora, porque é exatamente isso que você está fazendo. – Respondi rangendo os dentes.

– Você ainda é a minha musa. – Disse depois de alguns minutos.

– Não, eu não sou. – Respondi.

– É até eu liberar você. – Falou de volta – Seu coração pode ser vermelho, mas seu sangue é amarelo por minha causa.

– Eu estou te devendo por causa disso? – Perguntei.

– Eu não te odeio, e não acho que você deveria me odiar. – Continuou.

– Você acha muita coisa.

– Para de se esconder atrás das suas respostas atravessadas! – Exclamou e eu olhei para ele. Apolo franziu o cenho para mim. Ele não parecia com raiva, só parecia incomodado – Por que você não fala exatamente o que pensa? Seria bem mais fácil, sabia?

– Eu penso que você é um iludido autoritário que se vê no direito de sair com a primeira pessoa que aparece, e ainda tentar me manter presa a você. – Respondi. Apolo prendeu o riso – Qual a graça?

– Eu penso o mesmo de você. – Corei.

– Não sou assim.

– Você me deixou entre aspas para ficar com o Ares, mas sempre ficou com esse joguinho duplo. Você pode não dizer em voz alta, mas você sabe exatamente do que eu estou falando. – Engoli em seco – E você também pode não dizer em voz alta, mas eu sei que sente a minha falta.

Inclinei-me para frente.

– Se o seu plano desde o começo era me deixar com ciúmes, então... – Encolhi os ombros sem desviar o olhar – Você podia ter arrumado uma garota muito inteligente, ou uma garota que saiba tudo sobre arte moderna, ou uma garota que consegue desenhar um coqueiro tão perfeito que as pessoas não tenham dúvida de que é realmente um coqueiro que ela desenhou. – Apolo inclinou-se para frente, interessado no que eu queria dizer – Mas não a Heather. Não. Com ela não são ciúmes. Com ela é pessoal, é venenoso, é mortal.

– Uau. – Foi tudo o que disse abrindo um sorrisinho torto – Isso quer dizer que vai além de ciúmes? Que interessante.

– Não. Não chega nem perto de ser ciúmes. Nunca foi. – Neguei com a cabeça – É nada além de raiva e revanchismo. E você não é o cara idealizado que nós duas amamos. Você é o ursinho de pelúcia que duas crianças disputam como um cabo de guerra, mesmo sabendo que tem uma sala de brinquedos inteira para elas.

– Mas pode dizer... – Apolo sorriu torto novamente – Eu sou seu brinquedo favorito.

– Vai embora, Brian. – Falei sentindo uma enorme irritação. Apolo ergueu uma sobrancelha para mim.

– Brian? – Engoli em seco ao notar que eu dissera o nome daquele imbecil. Dei de ombros enquanto desviava o olhar para o cartão mal feito em minhas mãos.

– Brian, Johnny, Tyler... Tanto faz. – Murmurei – Se você não entendeu, eu falei um nome aleatório para substituir aquele que você inventou só para mostrar que eu não me importo.

– Eu entendi melhor do que acha. – Falou acariciando minha mão. Ergui o olhar e encontrei o dele – Dá os parabéns para o Will.

E ele se levantou indo embora.

Eu podia apostar que se arrancasse meu coração do peito naquele exato instante, ele estaria amarelo.


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Notas finais do capítulo

Eu li todos os reviews do último capítulo, mas não pude responder nenhum. No dia que eu tenho livre para fazer isso, eu tiver que ficar de cama por causa da minha maldita gripe.
Mas vou responder, paciência, por favor. E não deixem de comentar, porque eu sei que tem uma galera aí sumida! Estou com saudades, poxa.
Anyway, os dias de postagem mudaram: agora toda quarta-feira. Pode até continuar na quinta, mas como eu vou escrever quarta... Acho que vocês preferem ler antes, né?
Muito obrigada por acompanhar, mesmo, mesmo! Vejo você nos reviews!



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