Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 42
Um mão amiga, ou mais que isso


Notas iniciais do capítulo

Depois de um isolamento digital no carnaval, sobrevivendo só com o 3G do celular, aqui está a autora que vos fala postando um novo capítulo.
Esse pode ser meio paradinho, mas o próximo vai ser muito mais engraçado. Posto, no máximo, até domingo para compensar o atraso.
Boa leitura, pessoal!



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Não tinha decido para onde iria, só estava andando pelo corredor e me afastando o máximo do meu pai e da conversa constrangedora. Estava quase descendo as escadas para a sala de estar, quando uma porta se abriu ao meu lado direito.

Fiquei sem fala por alguns instantes, até que por fim sorri.

– Oi. – Foi tudo que consegui dizer.

– Oi. – Respondeu Dwayne fechando a porta atrás dele. Como sempre, só leu o que os meus lábios disseram. Não se deu o trabalho de tirar os fones de ouvido, nem de sorrir. Continuou andando, e eu deixei que passasse na minha frente.

Continuei observando-o se afastar como se tivesse hipnotizada. Só me toquei disso, quando ele parou e virou para mim uma última vez. Suas mãos tiraram os grandes fones de ouvido e pendurou-os no pescoço. Seu cabelo preto ficara um pouco bagunçado com isso.

– Pode me ajudar? – Perguntou sem demonstrar muitas emoções. Pisquei os olhos.

– Você quer... A minha ajuda? – Repeti, e ele assentiu depois de alguns segundos – Claro. Claro, Dwayne. O que você quer?

– Tenho que cuidar do jardim. – Respondeu. Eu assenti.

– Eu te ajudo. – Sorri para ele, mas só recebi um aceno de cabeça como resposta. Dwayne voltou a descer a escada e eu acelerei meu passo para acompanha-lo – Onde vai começar?

– Sei lá. – Respondeu simplesmente.

– Vai cuidar das flores também? – Perguntei.

– Talvez. – Respondeu.

– Acha que demora muito? – Perguntei.

– Pode ser. – Respondeu.

Para todas as minhas perguntas ele tinha uma resposta curta de, no máximo, duas palavras. Eu sempre tentava puxar conversar com Dwayne, mas quando recebi uma resposta de cinco palavras já era considerado uma raridade.

Chegamos no jardim da frente de casa onde alguns instrumentos de jardinagem já nos esperavam. Dwayne se sentou no chão e começou a arrancar algumas plantas velhas e mortas. Eu fiz o mesmo.

– Gosta de jardinagem? – Tentei puxar assunto depois de alguns minutos.

– Sim. – Respondeu.

– Ah. – Fez-se mais longos minutos de silêncio – Eu não entendo muito de jardinagem.

Ele não falou nada. Senti-me sem graça por tentar falar com alguém que simplesmente não gostava muito de me responder, mas por algum motivo me vi tentando novamente.

– Eu também não entendo muito de música, mas estou tentando aprender. – Completei e esperei uma resposta.

– Uhm. – Resumiu-se a isso.

– Eu tenho... Eu tinha aulas com um amigo meu. – Respondi olhando para as plantas que arrancava – Mas não sei se vou continuar. Na verdade, acho que não vai fazer muita diferença, porque eu não sou boa mesmo.

Ele só assentiu com a cabeça.

– Gosta de música? – Perguntei sem jeito.

– Aham. – Assentiu.

– Por isso fica com os fones o tempo todo, né? – Perguntei querendo ouvir sua voz.

– É. – Respondeu. Eu olhei para ele por alguns instantes, mas seus olhos continuavam fitando a terra. Suspirei.

– Por que não coloca os fones agora para ouvir música? – Perguntei. Ele encolheu os ombros.

– Se importa? – Perguntou.

– Acho que não. Não tanto assim. – Respondi, embora quisesse falar “sim”.

– Tá. – E Dwayne colocou os fones novamente.

Arrancamos todas as plantas da parte direita da varanda e começamos a afofar a terra para colocarmos sementes. Ficamos em silêncio por mais longos minutos até que Dwayne fez um som de frustração e tirou os fones.

– Acabou a bateria? – Perguntei.

– É. – Assentiu.

– Agora vai ter que me escutar tagarelando. – Ri de mim mesma com certa decepção. Dwayne riu também, o que me impressionou. Foi um riso curto e baixo, mas ainda sim um riso – Eu estou te chateando, não é?

Ele encolheu os ombros. Não soube o que aquilo queria dizer.

– Devia ter pedido a ajuda a Heather. – Sugeri em um murmuro baixo e depressivo.

– Nem morto. – Respondeu quase que instantaneamente.

Duas palavras, Alice. Estamos tendo uma evolução aqui.

– Você é irmão dela. – Comentei imaginando o quanto ele devia sofrer. Dwayne arregalou os olhos para as plantas e depois voltou ao normal – Deve ser o inferno.

– Por aí. – Respondeu.

– Que flores são essas? – Quis saber.

– Rosas. – Respondeu lendo o saquinho com as sementes. Depois disso foi basicamente eu falando sobre coisas que pareciam ser do interesse dele, mas obtendo respostas do tipo “É”, “Aham”, “Não”, “Sim”, “Talvez”, “Isso” e “Mais ou menos”.

Como “mais ou menos” eram três palavras, eu resolvi ficar quieta e encarar aquele diálogo como uma vitória pessoal. Terminamos de plantar as rosas no lado direito e batemos as mãos tentando limpar a terra presa nos dedos.

– Acha que vai ficar bom? – Perguntei.

– Sim. – Respondeu encolhendo os ombros.

– Para o outro lado? – Perguntei apontando.

– Vamos. – Levantou-se.

POV Ares

– E aí? – Perguntou Apolo assim que entrei no quarto. Olhei para a cama atrás dele e me detive alguns minutos. Dormir no sofá com certeza era uma ideia que eu detestava.

Revendo mentalmente nossa aposta, lembrei-me de que nenhum de nós tinha jurado pelo Estige, o que permitia uma pequena trapaça. Abri os braços fazendo uma cara de frustrado, e balancei a cabeça.

– Sinto muito, mas eu estava certo. – Falei calmamente. Apolo pareceu surpreso em ouvir aquilo.

– Você o quê? – Repetiu pasmo.

– Eu estava certo. – E antes que ele pudesse falar, continuei rapidamente – Bem, eu te avisei. Eu conheço ela. Nós sentamos, conversamos e depois batemos um papo e agora sabemos tudo do passado um do outro.

– Ah, é? – Apolo cruzou os braços sem acreditar em mim.

– É. – Assenti – E elas não brigaram por causa de um garoto.

– Ah, mesmo? – Insistiu.

– Mesmo. – Afirmei.

– Então elas brigaram por qual motivo? – Perguntou Apolo.

– Um motivo bobo, não faz muita diferença. – Não quis explicar, mas Apolo queria ouvir. Ele sentou-se na cama ainda de braço cruzados.

– Eu não levanto dessa cama até você me contar. – Falou firmemente.

– Alice roubava a sobremesa da bailarina. – Contei o que ela me dissera. Apolo estreitou os olhos – Estou falando sério. Ei, não duvide assim. Roubar a sobremesa de alguém é de matar.

– Então não teve a ver com nenhum cara? – Perguntou Apolo erguendo uma sobrancelha.

– Já disse que não. Não tem cara nenhum nessa história. – Reclamei para que ele não insistisse. Apolo permaneceu sério me encarando e depois colocou-se de pé.

– Ok, ok... – Suspirou pesadamente – Acho que eu estava errado. Talvez ela não seja tão imprevisível assim.

Apolo estava andando até a porta, quando de repente parou e virou-se para mim novamente. Ele começou a tatear os bolsos e franzir o cenho.

– Ah, droga, acho que eu esqueci uma coisa... – Resmungou.

– O quê? – Quis saber, mas era melhor não ter perguntado. Apolo tirou uma fotografia do bolso e estendeu para mim com um sorriso torto.

– Esqueci O Brian. – Respondeu – Ou você esqueceu o Brian? Não sei dizer. Só acho que elas não esqueceram.

Eu peguei a foto da mão dele e olhei-a melhor. Alice estava com uma jaqueta masculina azul, branca e preto (provavelmente a oficial dos jogadores da escola) e do lado dela estava um garoto loiro e atlético usando uma camisa branca sem mangas e bermudas pretas. Parecia uma daquelas fotos que as pessoas tiram de si mesmas, pois Alice estava inclinada para perto dele, enquanto um dos braços do garoto se esticava para o canto.

– Onde você achou isso? – Perguntei com raiva.

– Estava entre as coisas da Alice. Eu achei quando vocês saíram do quarto. – Respondeu Apolo sorrindo torto – E eu também perguntei para Heather, e ela respondeu que esse garoto deixou a Alice para ficar com ela e que Alice nunca superou isso.

– Isso é mentira. – Falei negando com a cabeça – Ela roubou o garoto para irritar a Alice.

– E você acreditar por que ela te contou? – Perguntou Apolo – Porque pelo que eu lembre ela tinha dito que não tinha nenhum ex além do Scott.

– E você acredita ne Heather por que ela te contou? – Rebati irritado – Você é outro trouxa que ela está enganando.

– Eu acredito... – Apolo aproximou-se de mim – Que a cama é minha.

Rosnei com raiva.

– Eu espero que Hermes tenha jogado pó de mico na cama, seu miserável. – Respondi afastando-me dele. Apolo riu.

– Ei. Espera. – Falou quando eu estava prestes a abrir a porta. Virei para ele mais uma vez, só que desta notei que ele estava mais sério – Eu sei que você provavelmente vai comentar isso com ela, e tudo mais. Mas... Não fale de mim como se eu fosse um vilão, tá? Eu não estou contra ninguém e nem montando planos de conspiração.

– Você está com a prima que ela odeia. – Respondi – Você é o vilão.

– Isso não quer dizer nada. Eu... – Eu o interrompi.

– Você não acredita nela.

– Eu sempre acredito nela. – Respondeu defendendo-se – Mas nem sempre as coisas são como ela diz.

– Espera... – Estreitei os olhos finalmente entendendo como a cabeça de Apolo estava funcionando. Eu fechei a porta atrás de mim e fui até ele. – Você não quer acreditar nela. Você quer que ela esteja errada.

– O quê? – Perguntou.

– Você quer que ela esteja exagerando. Porque se ela estiver distorcendo as coisas, se estiver realmente sendo exagerada, aí a Heather não é tão ruim assim. – Fui construindo a lógica – E você quer que ela não seja tão ruim, porque...

– Para com isso. – Ele queixou-se desviando o rosto.

– Porque você espera que, no fundo...

– Eu já mandei parar com isso! – Reclamou irritado.

– Espera que ela seja que nem a Alice. – Completei apontando para ele – É isso, não é? Você quer enxergar a Alice nela, para poder seguir em frente. Isso é loucura...!

– Elas não são tão diferentes assim, tá bom?! – Reclamou ele, e eu vi que tinha acertado – As duas gostam de arte...

– Kelly não sabe desenhar nem mesmo um coqueiro.

– Elas gostam dos mesmos filmes...

– A bailarina vê filmes de zumbi?

– Bem, ela gosta daquele filme que a garota namora um zumbi.

– Aquele é um filme de adolescente retardada. – Retruquei – Não tem nada a ver com gente sendo devorada viva.

– Elas detestam comida apimentada.

– Muita gente detesta.

– Nem todo mundo. – Retrucou.

– Eu detesto. – Respondi – Na verdade, eu também gosto de filme de zumbi, e gosto de arte. Acho que isso me torna a Alice.

– Corta essa. – Apolo revirou os olhos.

– Não, estou falando sério. Olha só os meus peitos.

– Você é um imbecil.

– E o meu cabelo sedoso. E a minha bunda definida. – Continuei.

– Ares, cala essa boca.

– Acho que você deveria investir em mim. – Zombei tentando parecer sério – Eu sou tudo que você precisa.

– Claro. Como eu nunca notei o quanto você é gostosa? – Perguntou em sarcasmo.

– Me pega. – Falei para irritá-lo. Apolo resolveu revidar. Ele chegou bem perto de mim e sorriu torto.

– É tudo o que eu mais quero. – Sussurrou.

– Assim eu vou gamar. – Retruquei. Apolo me deu um tapa na bunda e assentiu.

– Está me seduzindo, linda. – Respondeu. Eu estava prestes a empurrá-lo para longe por causa daquele maldito tapa, quando Apolo o queixo de Apolo caiu olhando para a porta. Eu me virei para olhar e encontrei Alice olhando de olhos arregalados para nós.

– Ahm... – Seu rosto estava vermelho.

– Eu não acredito nisso! – Exclamou Apolo – Por que é sempre nesses momentos que você aparece?!

– Você... – Alice piscou tentando pensar direito – Você ficou com a minha prima e agora quer ficar com ele também?

– Não! – Exclamamos juntos.

– Não é nada disso, pirralha! – Exclamei irritado – Nós estávamos nos irritando!

– Eu... Eu vou deixar vocês se irritarem a sós. – Falou fechando a porta.

Não! – Exclamamos juntos – Deixa a gente explicar! Volta aqui!


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Notas finais do capítulo

Então, alguém vivo ainda?
Espero para saber o que acharam desse capítulo nos reviews.
Beijos para todos e até próximo!



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