Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 41
Maldade


Notas iniciais do capítulo

Em cima da hora de quinta feira, mas ainda tá valendo!
Espero que gostem desse capítulo parcialmente vergonhoso (vocês vão entender no final). Foi feito com todo o amor e carinho.
Boa leitura!



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POV Ares

– Vamos, não tem motivo para você ficar assim. – Falei revirando os olhos.

– Assim como? Estou normal. – Respondeu desviando o rosto.

– Você tá esmagando essa almofada com as mãos desde que eu cheguei aqui. – Respondi tentando soltá-la, mas estava difícil – Viu? Até afundou as unhas aqui!

– Tá bom! Eu estou com raiva! – Exclamou olhando para mim finalmente – Eu estou com raiva e irritada e com ódio e com vontade de estrangular essa almofada aqui!

– Isso, põem para fora. – Falei com calma – Fala como Apolo é um imbecil. Eu posso ouvir isso o dia inteiro.

– O problema não é ele! – Reclamou – O problema é ela!

– Por que o problema é ela e não ele? – Perguntei como quem não quer nada. Alice abriu a boca para falar, mas deteve-se.

– É só... É só ela. – Repetiu com irritação.

– Ah, qual é. Vamos, olha para mim. – Disse quando desviou o rosto para a janela e continuou apertando a almofada. Estendi a mão e puxei seu queixo para mim. Beijei-a rapidamente e mantive meu rosto bem próximo ao seu – Se não conversar comigo, com quem mais vai?

Alice franziu o cenho, incerta, e desviou o olhar.

– Eu... Ah, deixa isso para lá. – Murmurou.

– Alice. – Ouvir seu nome sendo pronunciado por mim chamou sua atenção – Eu estou preocupado com você. Quero entender o que te incomoda tanto. Pode contar para mim.

Ela suspirou de leve e parou para pensar por um tempo.

– Vamos. Diz para mim porque a Heather te odeia tanto. – Pedi devagar enquanto acariciava o rosto dela.

– Como eu vou saber? Ela me odeia por muito tempo. – Falou encolhendo os ombros – Desde pequena.

– O que você fazia para ela te odiar desde pequena? – Perguntei um pouco impaciente, mas sem deixar que ela notasse. Alice prendeu o riso.

– Eu roubava a sobremesa dela. – Respondeu com uma pontada de humor, mas ainda irritada.

– Você é um monstro. – Falei chocado.

– Ela nunca comia nada! Sempre achava que ia ficar gorda e não queria a sobremesa. Aí eu pegava. – Defendeu-se – Mas isso é só um detalhe, ela não me odeia só por causa disso.

– Porque então? – Quis saber.

– Eu não sei, Ares. Por muitos motivos. Nós somos muito diferentes e nunca nos dávamos bem. – Respondeu suspirando pesadamente dessa vez – Ela não gostava de me ter por perto e nem eu gostava do jeito esnobe dela.

– Mas... Pensa bem. – Estava tentando achar um jeito de fazê-la falar o que as fez brigar de vez, mas não queria ser direto – Desde quando ela declarou guerra?

– O quê? – Alice franziu o cenho.

– Porque é assim que as coisas funcionam, benzinho. Duas pessoas, dois países, duas tribos, duas civilizações, dá tudo no mesmo. Eles tem aquela rixa natural, mas precisam de uma faísca para explodir a guerra. – Expliquei – Qual foi a fagulha de vocês?

– A gente se odeia e pronto. – Respondeu revirando os olhos – Desde sempre e para sempre, porque ela é uma megera manipuladora e podre.

Eu desisti de ser indireto.

– Ela já fez isso antes, não é? – Perguntei e Alice pareceu não entender de primeira – Vocês por acaso já brigaram por algum garoto? – O rosto dela corou, o que me deixou incomodado – Brigaram, não é? E isso aí foi a maldita faísca.

– A gente estudou na mesma escola por uma ano, e tinha essa garoto que era loiro, de olhos verdes, e do time de futebol, e super, super legal, e que gostava de mim. – Começou a contar e eu cerrei meus punhos tentando me controlar – O nome dele era Brian e...

Quem era essa tal de Brian?! – Reclamei irritado.

– Posso terminar ou não? – Perguntou revirando os olhos – A Heather foi atrás dele e começou com essa história de que eu tinha problemas com as pessoas e que ela queria muito me ajudar. Disse como era legal ele ser meu amigo e blá blá blá, acabou roubando ele de mim.

– Que nem com o Apolo. – Adivinhei.

– É.

– Você me disse que não tinha mais ninguém. – Minha revolta voltou. Eu ia dormir no sofá, mas esse não era o único motivo por eu estar bravo – “Não, eu só namorei com o Scott e com o Apolo”, foi o que você disse. E agora você me aprece com esse tal de Brian?!

– Eu não namorei o Brian! – Exclamou – A gente só se beijou. Isso não conta.

Conta. Isso conta sim, Kelly! – Exclamei de volta – Quem mais? Hein? Quantos mais têm por aí?!

– Para de ser exagerado. – Ela desviou o rosto.

– Quem mais? – Perguntei novamente.

– Ah, sei lá. – Ela encolheu os ombros – Teve... Teve o Brian e... Acho que uns outros dois garotos lá.

– Uns outros dois garotos lá?! – Repeti irritado e surpreso.

– Talvez, três se você contar com o Harrison. – Alice murmurou.

Três? – Repeti – Ok, vamos contar todos. Você teve alguma namorada também, ou a lista se resume a só garotos?

– Não! – Exclamou.

Não?! – Repeti arregalando os olhos – Você teve uma namorada?!

– Não! Eu quis dizer que a lista de resume a eles. – Reclamou impaciente – Olha, não vem com esse escândalo todo, tá bom? Não tive nada sério com nenhum deles. Foram só fases.

– Foram fa... – Dei um riso nervoso – Seu pai sabe das suas fases?

– Faz você uma lista. – Disse apontando para mim – Com quantas garotas você já ficou. Anda. Quero uma lista, Ares.

– Isso é ridículo! Olha a minha idade...!

– Não, isso de lista é ridículo. Realmente, faz diferença?! – Perguntou. Eu ia dizer mais alguma coisa, quando ela me roubou um beijo – Inseguro.

E prendeu o riso. Nós ficamos longos segundos nos encarando fixamente até que eu também prendi o riso.

– Está rindo, é? – Perguntei e ela acabou rindo. Avancei para cima de Alice fazendo cócegas em sua barriga. A filha de Hermes se contorceu em gargalhadas enquanto tentava me afastar – Vai, ri agora! Pode rir!

– Ares...! Para! – Exclamou rindo e quase sem ar. Ela esticou a mão e fez cócegas (quero dizer, me incomodou) atrás da orelha e eu me encolhi. Alice riu triunfante, e eu puxei seu rosto contra o meu para um beijo.

Continuamos nos beijando, nos acariciando, enquanto dávamos pausas para respirar quando necessário.

– Então – Beijo – Você não liga?

– Uhm... – Beijo.

– Eles não foram – Beijo – Importantes.

– Ok. – Beijo – Ok. Não ligo porque eu sou mais importante.

– Aham. – Beijo – É assim que eu gosto.

Eu sorri torto ao ouvir isso e empurrei-a para trás. Alice caiu deitada na cama e eu fui para cima dela com malícia.

– Ah, é assim que você gosta? – Repeti e ela riu cobrindo o rosto com vergonha.

– Para com isso! – Falou sem jeito. Eu ri enquanto me aproximava do seu rosto.

POV Alice

– Para com isso! – Falei com vergonha, enquanto Ares continuava sorrindo torto para mim. Sentia o meu rosto ficar cada vez mais vermelho a medida que ele se aproximava para um beijo.

Eu, em parte, queria um beijo. Queria mesmo. Mas quando eu ouvi alguém entrar no meu quarto (e quando vi quem era) a única coisa que eu queria era esconder meu rosto.

– Ela gosta de você longe da cama. – Respondeu Hermes. Fechei os olhos com força por alguns instantes, buscando um pouco de coragem para enfrentar a minha vergonha.

– A gente só estava... – Ele me interrompeu.

– Claro. – Assentiu cruzando os braços. Ares revirou os olhos e sentou-se na cama, saindo de cima de mim. Ele não parecia estar com vergonha, mas também o pai não era dele.

– Achei que estivesse ocupado com a Marilyn. – Respondeu simplesmente, com um sorriso torto no rosto ainda.

Você estava ocupado com a Marilyn. – Rebateu Hermes. Olhei para Ares franzindo o cenho.

– Quem é Marilyn? – Perguntei.

– Monroe. – Completou e apontou para Hermes – Seu pai vê pornografia.

Ele vê pornografia. – Rebateu Hermes apontando para Ares. Eu não estava entendendo nada do que eles estavam falando, por isso fiquei em silêncio vendo-os discutir – Não joga a culpa pra cima de mim.

– Você estava com a revista. – Retrucou Ares.

– A revista que você e Apolo estavam brigando por? – Completou.

– Não, a vulgar e feia que você estava segurando. – Respondeu – Você ofendeu todas as mulheres no mundo. Você ofendeu até a sua filha aqui.

Ele apontou para mim e eu encolhi os ombros devagar.

– Eu não me ofendo com pornografia. – Respondi. Ares ia falar alguma coisa com meu pai, quando os dois congelaram. Eles olharam para mim com os olhos arregalados – Que?

– O que você disse? – Perguntou Hermes.

– Você não se ofende... Com pornografia? – Perguntou Ares.

– Ahm... Não. – Respondi em um murmuro, sem saber por que eles estavam chocados – Nem todo mundo se ofende.

Ares segurou a minha cabeça e olhou fixamente para os meus olhos.

– Você... Deuses! – Ele parecia emocionado, como se tivesse acabado de ganhar um Oscar – Onde você estava todos esses anos?! Por que você demorou tanto a nascer?!

E me deu um beijo forte. Separou nossos rostos com um estalo de lábios e eu novamente fiquei com vergonha.

– Do que vocês estão falando? – Perguntei confusa e um tanto assustada.

– Você não se ofende? – Repetiu Hermes com um delay. Olhei para ele e encolhi os ombros.

– Assim... Não. Eu não tenho problema com revistas de mulheres nuas. – Respondi e eles ainda pareciam surpresos – Até porque, tem revistas de homens nus também, então está todo mundo empatado.

– Que?! – Falaram juntos. Hermes me fuzilou com um olhar severo – E você vê essas coisas?!

– Eu tenho cara de quem vê revistas pornográficas?! – Rebati. Hermes continuou olhando para mim como se estivesse cogitando se aquilo era verdade ou não, mas acabou acreditando em mim.

– Por Zeus, eu via Barney com você. Não posso acreditar que você veria esse tipo de coisa. – Revirou os olhos aliviado – Bem, eu vim aqui conversar com você, mas não esperava que ele estivesse aqui.

Hermes apontou para Ares, que respondeu com um simples dar de ombros. Aquilo dizia que ele não pretendi sair do quarto para nós podermos falar a sós. Meu pai se aproximou de mim e sentou-se do meu outro lado na cama. Ares chegou mais perto para ouvir o que ele ia dizer. Fofoqueiro.

– Filha, eu sei que você deve estar chateada com aquilo do Apolo. – Falou devagar segurando a minha mão – E eu sei que você deve estar morrendo de vontade de se trancar aqui e não ver mais ninguém pelo resto da viagem. Mas...

– Como você adivinhou? – Murmurei abaixando os olhos para o chão. Ele ergueu meu rosto e olhou para mim sorrindo.

– Mas você é com certeza demais para ele. – Completou e eu prendi o riso, fingindo acreditar – E eu quero que cause inveja naquela vadia.

– Você acabou de xingar. – Comentei erguendo uma sobrancelha.

– É uma palavra forte. – Assentiu pensando no assunto.

– E precisa. – Hermes riu ao ouvir isso.

– Nossa, como você é má, Alice Kelly. – Disse fingindo estar chocado e eu ri – Aquela garota pouco elegante, digamos assim. E se você quiser nós dois podemos furar os pneus do carro do Apolo. Ou arranhar a lateral com uma frase constrangedora ou com um desenho feio.

– Primeiro palavrões depois desenhos feios? Você é que é mau, Hermes. – Respondi.

– Estou só tentando fazer a minha filha se sentir melhor. – Falou defendendo-se e rindo ao mesmo tempo.

– Está dando certo.

– Então a maldade está no sangue. – Respondeu rindo – E tem a parte mais importante, e agora eu falo sério mesmo. Não que eu não esteja falando sério quando disse que podemos fazer aquilo com o carro dele, ou de você causar inveja naquela garota. Mas agora é mais sério.

– O que é?

– Querida... – Ele chegou perto da minha orelha – O Scott está sozinho em casa.

– Eu sei. – Respondi simplesmente. Mas ele olhou para mim negando com a cabeça, dizendo que eu tinha entendido errado. Depois ergueu as sobrancelhas umas três vezes rápido e eu entendi a mensagem – Pai!

– Você foge daqui de fininho. – Disse em voz baixa, mas Ares ainda conseguia escutar tudo do meu lado – Leva uma garrafa vinho, diminui as luzes...

– Pai. – Neguei com a cabeça.

– Liga o som em uma música legal, vocês conversam, tudo bem tranquilo...

– Não. – Rosnou Ares.

– Por isso eu falei para você sair. Não era para ouvir isso. – Disse revirando os olhos – Mas então... Tudo bem tranquilo, conversa vai, conversa vem, você é bonita, ele é um garoto bem legal, bem certo, bem calmo... Vocês se casam, eu ganho uns ótimos netinhos!

– Não vão ter netinhos, pai! – Exclamei – Eu não vou ter nada com o Scott.

– Minha filha, pensa bem! – Pediu como se estivesse preocupado de verdade – Olha para ele! Que tipo de netos você acha que eu vou ter vindos dele? Vão ser monstrinhos correndo por aí, gritando e destruindo coisas!

– Como é que é?! – Falou Ares com raiva. Eu coloquei a mão sobre o peito dele e o empurrei para trás.

– Nós não vamos ter filhos agora, pai! – Exclamei.

– Vocês iam ter um filho minutos antes de eu entrar nesse quarto, Alice Kelly, e não venha mentir para mim! – Falou apontando para mim. Meu rosto ficou vermelho.

– Eu já disse que a gente não...!

– Espera aí! – Hermes parou para pensar por alguns instantes – A sua mãe já conversou com você sobre sexo?!

– Quer saber?! Você conseguiu! Eu já estou melhor. Não vou ficar trancada no meu quarto sem ver ninguém. Na verdade, eu vou descer e ver todo mundo. Tipo, agora mesmo. – Falei me levantando e tentando achar um lugar onde eu pudesse me esconder para toda a eternidade. Podia ouvir Ares tentando não rir enquanto eu saía do meu quarto em passos largos.

POV Hermes

Assim que Alice fechou a porta eu comecei a rir.

– Isso foi maldade sua. – Falou Ares rindo. Balancei a cabeça.

– Eu sabia que só assim ela ia sair do quarto. – Encolhi os ombros.


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Notas finais do capítulo

Ok, levante a mão quem não achou que aquilo foi vergonhoso.
...
É, foi o que eu pensei.
Eu sinto muito por demorar a responder os reviews, mesmo, mesmo. O tempo tá ficando corrido, mas eu ainda vou terminar de respondê-los até domingo. Juro juradinho.
Por favor, não deixem de comentar. O feedback de vocês é importante para mim. Espero que tenham gostado e nos vemos na semana que vem!