Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 40
Olá, Marilyn!


Notas iniciais do capítulo

Quero dizer que estou respondendo os reviews de vocês em doses homeopáticas, ou seja, devagar. Tão devagar quanto a minha internet.
Mas como não pode faltar capítulo, aqui está um novinho!
Espero que gostem, e boa leitura!



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POV Ares

– Então como eu falo isso? – Tentei decidir enquanto limpava mais um livro cafona sobre romance faroeste – Você não devia ter feito isso.

– Você está preocupado com os ciúmes dela? – Perguntou com um sorriso torto no rosto – Pensei que eu não tivesse chance nenhuma, ao seu ver.

– E não tem, imbecil. Estou dizendo que tem coisa aí. – Rebati um tanto irritado.

– Coisa aí? – Repetiu franzindo o cenho, mas ainda mantendo os olhos nos livros – Ahm.

– Porque, sinto dizer, aquilo não foram ciúmes. Foi raiva. – Continuei – E se ela sente raiva, é porque realmente detesta a bailarina magra. E se ela detesta, provavelmente tem algum motivo.

– Ou motivo algum. Você sabe como a Alice é imprevisível. Ela tem lá seus problemas, e, ás vezes, ela cria os problemas. – Retrucou.

– Está dizendo que ela é louca e inventou que a garota não gosta dela? – Perguntei confuso.

– Ela disse que o padrasto era horrível. – Rebateu erguendo os olhos para mim – Seja sincero. Ele é horrível? Ele trata ela mal?

Abri a boca para responder, mas então notei que era verdade. Franzi o cenho e fixei meu olhar na parede tentando me concentrar.

– Bem... Ele... Teve uma vez que ele reclamou, mas... – Cocei a cabeça – Não. Ele não é tão horrível.

– Viu? É disso que eu estou falando. Não estou reclamando dela nem nada, mas eu acho que as pessoas aqui não são tão ruins quanto ela diz, entende? Principalmente a Heather. – Respondeu Apolo continuando a separar os livros – Vai ver elas brigaram por alguma coisa boba no passado e Alice acha que ela a odeia até hoje. Mulheres implicam umas com as outras o tempo todo.

– Espera. – Falei entendendo – Deve ser isso mesmo.

– O quê? – Perguntou.

– Eu aposto que elas brigaram, mas que isso não passou, sabe? Que elas ainda se odeiam por causa disso. – Falei pensando alto – Acho que elas tem essa rivalidade até hoje, e que não acabou e nem vai acabar.

– Você acha que a Alice está certa? – Perguntou.

– É. Acho. – Assenti – E você devia achar também.

– Eu não...

– E eu noto isso porque sou diferente de você. Não fico com essa besteira de amor e nem me apaixono por qualquer garota que use maquiagem e salto alto. – Apolo ia rebater, mas eu o interrompi – É verdade, não tenta mentir. Você é fraco aqui.

Apontei para onde estava o seu coração, e Apolo revirou os olhos rindo.

– Ela é bonita, é simpática, interessante e muito, muito flexível. – Falou sorrindo – Se você não estivesse com a Alice, você também iria atrás dela.

– Sim, eu iria, mas seria só uma vez. Assim que eu tivesse me divertido ia dar o fora. – Falei negando com a cabeça – Porque é isso que caras normais fazem com garotas daquele tipo.

– Seus conceitos são machistas. – Apolo encolheu os ombros – Estamos no século 21, Ares. Você...

– Para o inferno com isso de machismo e feminismo. É assim que o mundo funciona, e pronto. E não é só com elas. Com você também. – Falei largando o livro – Você realmente acha que entre todas as mulheres que já caíram na sua, nenhuma delas pensou em te usar só como um troféu? Sabe, para poder chegar perto das amigas invejosas e falar “Ei, tá vendo aquele loiro ali? Eu fiquei com ele”.

– Você está mudando completamente o assunto. – Apolo suspirou pesadamente.

– Não, não estou. Tudo isso é só para te provar que... – Apontei para ele e fiz uma pausa dramática – Ela está te usando para deixar a Alice com raiva.

Apolo parou para pensar. Achei que concordaria comigo depois de refletir sobre o assunto, mas a única coisa com a qual o seu cérebro estava ocupado em pensar era...

– Esse silêncio foi uma pausa dramática? – Perguntou – Porque ficou meio esquisito. Você ficou me encarando sem dizer nada.

– Ela. Está. Te. Usando. – Falei tentando controlar a raiva – Só para Alice ficar com raiva, porque no passado elas brigaram e agora ela quer mostrar que está por cima. Faz todo o sentido.

– Ou ela pode simplesmente gostar de mim. – Apolo comentou encolhendo os ombros – Ah, mas como a minha beleza nem é lá essas coisas, imagina. Você deve estar certo.

– Aposto que ela te trocava por mim. – Disse. Apolo estreitou os olhos para mim.

– Como é que é? – Falou com irritação.

– Porque eu sou o namorado da garota que ela odeia. Você é só o amigo. Se ela ficasse comigo ia irritar muito mais do que ficando com você. – Respondi explicando a lógica.

– Tá. Chega dessa teoria da conspiração, ok? – Falou voltando a pegar um dos livros – Já basta ter a Alice me odiando, não preciso ouvir você também tentando me convencer de que ela está me enganando.

– Ela está. Mas a minha teoria é que você quer ser enganado. – Falei olhando-o – Porque você sabe muito bem que garotas assim sempre se fazem de inocente.

– Ela não é inocente. – Sorriu torto – Mas muitas coisas no mundo também não são.

Eu ia rebater o que ele disse, quando percebi qual era a peça que estava na minha mão. Peguei o pano rapidamente e limpei. Não consegui esconder um sorriso grande e torto.

– E por falar em inocência... – Eu ri animado – Dá uma olhada nessa gracinha.

– O que...? Por Zeus! – Exclamou Apolo chegando mais perto para ver. Nós dois brigamos pela revista, mas eu consegui mantê-la comigo – Me dá!

– Não! Eu achei! – Rebati rindo e me afastando. Apolo veio para cima de mim e nós brigamos nos empurrando, e estapeando para ver quem ficava com o exemplar – Eu vi primeiro!

– Eu quero mais! – Exclamou quase roubando a revista de mim. Eu o joguei para trás, e rolei para o lado. O Deus do Sol não desistiu e voltou. Nós ficamos nessa por alguns minutos, sem poupar forças.

Afinal, aquilo era nada mais nada menos que...

– A primeira edição da Playboy?! – Exclamou alguém atrás de nós. Eu e Apolo nos separamos levando um susto e fingimos que nada tinha acontecido. Hermes estava em pé perto de nós segurando a revistas nas mãos com um sorriso torto – Eu não acredito!

– Você pegou?! – Apolo pareceu chocado – Ele pegou?! Mas não estava...

– Eu achei que estava comigo! – Falei surpreso olhando em volta, mas era verdade. O ladrão tinha roubado enquanto eu e Apolo brigávamos – Devolve isso!

– Não avança! – Exclamou Apolo me impedindo e depois estreitou os olhos para Hermes, que sorria torto para nós – Se você avançar ele saí correndo e nunca mais vemos a revista.

– Você aprendeu como funciona quando eu roubo? Os anos estão te dando experiência, irmão. – Riu ele.

– Se eu soubesse que você ia roubar a primeira Playboy de mim depois de todos esses anos, tinha te jogado no Tártaro quando te conheci roubando meu rebanho. – Hermes riu ao ouvir isso.

– Não pode me culpar. Eu estava com saudades do sorriso da Marilyn. – Ele sorriu para a Marilyn Monroe na capa.

– Todos nós. – Completei – Então não seja egoísta e divida com a gente.

– Onde já se viu dividir pornografia? – Hermes franziu o cenho, mas depois riu – Ah, entendi. Vocês queriam ver juntos, não é? Ah, eu não quis atrapalhar o casal.

– Não, eu queria ver com a sua filha. Mas ia esperar chegar a noite, sabe? – Rebati para deixá-lo com raiva. Apolo me deu uma cotovelada.

– O-Ow. Olha só isso. – Hermes mostrou a capa para mim – A Marilyn tá dando tchau para você.

– Não! – Exclamei com raiva.

– Qual é? Só devolve! – Pediu Apolo impaciente – Isso é uma raridade!

Hermes abriu e folheou as páginas rapidamente. Fechou a revista de novo e olhou para nós dois.

– Tanto faz. – Ele jogou a revista para nós. Eu ia pegar, mas Apolo agarrou-a no ar e colocou-se longe de mim – Eu não preciso disso. Tenho mais o que fazer da minha vida, não vou gastar meu tempo com essa porcaria.

Todo mundo perde tempo com essa porcaria. – Rebateu Apolo – Você só está é escondendo isso. Não seja tímido.

– Isso aí é para garotinhos adolescentes que não conseguem nem dizer oi para uma mulher sem gaguejar. – Retrucou cruzando os braços. Apolo ia revidar, mas tudo aconteceu muito rápido.

Hermes, cadê você? – Perguntou a voz da mãe/militar do lado de fora do escritório. Apolo jogou a revista para mim e eu a agarrei por reflexo.

– Esconde. – Sussurrou rapidamente. Ao invés disso, resolvi me vingar. Joguei a revista para Hermes e ele acabou segurando também por reflexo. Poderia até ter jogado para mim de volta, ou escondido, mas Jenny abriu a porta e já era tarde demais.

– Aqui. Eu estava procurando... – Ela parou os olhos na revista. Hermes olhou também e depois ergueu o olhar bem devagar para a mortal – O que é isso?

– É deles. – Falou apontando para nós.

– Não é não. – Respondi.

– Não mesmo. – Assentiu Apolo.

– Mas você está segurando. – Disse ignorando o que todos nós tínhamos dito. Hermes abriu a boca para falar, mas ela não deixou – Você está segurando uma revista, apoiando uma revista que trata mulheres como objetos e mercadorias.

– Eu não... – Jenny tirou das mãos dele e abriu em uma página aleatória. Ela se desdobrou em três e nós vimos a imagem de uma garota usando só orelhinhas de coelho. Eu e Apolo prendemos um sorriso maldoso. Hermes tentou fazer o mesmo.

– Você acha isso bonito? – Falou erguendo uma sobrancelha.

– Aham. – Apolo deixou escapar.

– Claro. – Também não resisti. Ela olhou para nós dois com um olhar penetrante, e nós dois literalmente engolimos nossos sorrisos.

– Acha? – Perguntou chegando mais perto de Hermes. Ele engoliu em seco.

– Não. – Negou – Nem um pouco. Na verdade, acho vulgar. Vulgar e feio, e eu sinto muito.

– O que tem a dizer então? – Perguntou estreitando os olhos.

– Eu sinto muito. – Repetiu assentindo devagar – Sinto muito mesmo.

– Sente por quê? – Quis que ele completasse.

– Por ofender você. – Ele disse e notou que não era a resposta completa que ela queria ouvir – Por ofender todas as mulheres que se sentem ofendidas com essa revista vulgar e feia.

– Melhor. – Falou com seriedade.

– O que você queria comigo? – Perguntou limpando a garganta com nervoso. Ela desviou o olhar e cruzou os braços.

– Deixa para lá. – E saiu do escritório. Apolo prendeu o riso.

– Acho que agora vai precisa da revista, porque não vai ter nada para você hoje. – Comentou. Hermes jogou a revista contra Apolo, acertando-o na cabeça.

– Eu devia passar essa porcaria pela sua garganta, imbecil! – Exclamou com raiva. Eu comecei a rir.

– Não desconte nele. Foi você que ofendeu todas as mulheres com essa revista vulgar. – Zombei.

– Quer que eu chame ela de volta para você repetir isso, ou vai ficar com medinho e molhar as calças? – Perguntou apontando para a porta. Eu me coloquei de pé.

– Fique você sabendo que eu não tenho medo de mortal nenhum. – Falei abrindo espaço e indo para a sala. Hermes e Apolo foram atrás de mim.

– Não tem medo? – Riram – Você quase se esconde quando ela chega!

– Isso é invenção de vocês. – Falei virando com irritação – Agora eu vou subir.

– Por que ela está aqui embaixo? – Riu Apolo.

– Não. Porque ela está lá em cima. Esqueceu que eu tenho que consertar a besteira que você fez? – Respondi. Apolo revirou os olhos.

– O que você fez para Alice? – Perguntou Hermes franzindo o cenho com irritação. Apolo negou com a cabeça.

– Nada. – Respondeu simplesmente – Ela só está com ciúmes, porque eu estou com a prima dela.

– O quê? – Hermes pareceu chocado – Você é burro por acaso?! Você não sabe que...! Ah.

– Sei o quê? – Perguntou Apolo franzindo o cenho.

– Nada. – Hermes negou com a cabeça.

– Ei, você ia dizer alguma coisa. O que aconteceu com elas duas? – Insisti, pois eu mesmo tinha curiosidade em saber. Hermes coçou a cabeça e olhou para as escadas, como se estivesse pensando se poderia ou não nos contar.

– Não. – Negou com a cabeça – Se vocês não sabem é porque ela não quer que vocês saibam. Então eu não vou falar nada.

– Por que não?! Fala logo! – Insisti novamente, mas ele negou com a cabeça.

– Não. E quer saber... – Ele apontou para Apolo e permaneceu uns instantes em silêncio – Isso é bom. Digo, agora é menos um querendo a minha filha. As chances do Scott aumentaram.

– Desisti disso. – Revirei os olhos.

– Nunca. Como as garotinhas falam mesmo? – Ele parou para pensar – Ah, sim. Sou Team Scott.

Hermes ia embora, quando Apolo lhe fez uma pergunta.

– Espera. – Ele franziu o cenho pensativo, e eu achei que vinha algo de útil. Mas não. Nunca vem – Isso foi uma pausa dramática também? Vocês tem que parar com isso, é estranho.

– Você é estranho. – Respondeu Hermes indo procurar Jenny.

Eu ia subir as escadas, quando Apolo colocou a mão sobre o meu ombro.

– Você sabe o que isso quer dizer, não é? – Perguntou.

– Que eu estava certo e que elas duas brigaram e se odeiam até hoje em uma rivalidade infinita? – Respondi.

– Não. Que elas brigaram no passado por causa de um cara. – Respondeu.

– Um cara...?! – Eu me interrompi. Ri e neguei com a cabeça – Não. Não, não, não. Isso é besteira. Sabe porquê? Porque ela me disse. Ela me disse que não namorou mais ninguém além do Collins e de nós. Então pronto. Não tem cara nenhum.

– Ah, e você acreditou? – Riu Apolo. Eu me mantive sério.

– É, eu acreditei sim. E vou continuar acreditando, porque é verdade. – Quase rosnei isso. Apolo assentiu.

– Tudo bem, então... Já que você tem certeza, não se importaria de apostar comigo. – Comentou encolhendo os ombros – Aposto que elas brigaram por causa de um cara, e se eu estiver certo, você dorme no sofá o resto dos seus dias aqui.

– Ok. – Assenti quase que imediatamente – E se eu ganhar, você dorme no sofá.

– Vai lá descobrir. – Sorriu e esperou eu subir a escada.


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Notas finais do capítulo

Ok, ficou um pouco estranho, mas é que eu queria reproduzir uma "conversa de homens". O que não deve ter chegado tããão perto assim, mas o que vale é a intenção.
Espero que tenham gostado, deixem um comentário dizendo a opinião de vocês e... JÁ SEI!
Quem vocês acham que vai dormir no sofá? Ares ou Apolo?
Respondam nos reviews, isso vai ser divertido! Hahahah
Beijos e até o próximo capítulo!



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