Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 4
Eu. Você. Dançar.


Notas iniciais do capítulo

Espero que morram de rir tanto quanto eu quando escrevi essa capítulo!
Beijos e boa leitura!



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Assim que as crianças foram embora para brincarem e gastarem todas as suas energias, eu comecei a arrumar as coisas em cima da mesa. Tina logo entrou para falar comigo, e não parecia nada feliz.

Ao meu ver, ela teria ouvido algum garoto comemorar dizendo que ele nunca precisaria de gramática na vida, pois montaria peças de carro como o amigo da professora. Ela parou na minha frente e começou e me repreender. Eu assentia, sabendo que eu realmente tinha feito besteira em contar a verdade para as crianças.

Afinal... Naquela idade elas precisavam de umas boas lavagens cerebrais estudantis.

- Espero que saiba que a sua conduta...! – Ela continuou reclamando sobre o jeito como eu dera aula, e eu estava prestando atenção. Não sabia o que tinha passado pela minha cabeça ao querer trabalhar lá. Não mesmo. Não ia dar certo.

As coisas começaram a complicar para o meu lado (ainda mais) quando Apolo apareceu. Ele surgiu no fundo da classe, e observou Tina brigar comigo. Eu olhei para ele rapidamente e depois para a senhora novamente.

Só que era difícil não olhar para Apolo, pois ele mexia as mãos de um modo chamativo. Eu olhei-o novamente, e ele fez alguns gestos.

Ele apontou para si mesmo. “Eu”.

Depois apontou para mim. “Você”.

Depois fez um movimento como se estivesse dançando valsa. “Dançar”.

Olhei para Tina novamente, e Apolo em chamou atenção com outro gesto. Ele mexeu com os dedos indicadores em círculo. “Depois”. Foi aí que eu não aguentei. Ele virou de costas e começou a se abraçar fingindo estar agarrando alguma garota imaginária.

Eu passei a mão pela boca para não deixar Tina notar que eu estava tentando não rir. Meu rosto ficou vermelho quando Apolo puxou a camisa para cima e começou a alisar sua própria barriga tanquinho.

- O que houve, senhorita Kelly?! – Perguntou Tina. Eu neguei com a cabeça, e ela olhou para trás querendo saber o que estava me deixando daquele jeito. Apolo tinha sumido.

- Ah, sinto muito. – Disse tentando me manter séria, mas vi que não ia dar. Resolvi fingir que estava triste, pois com o meu rosto vermelho minha vontade de rir, seria mais fácil conversar Tina – É... É só que... Eu sinto muito por ter causado problemas.

Ela acreditou. Achou que eu estava prestes a chorar, e resolver não me dar uma bronca tão grande.

- Bem... Não se culpe tanto. Claro que nos causou certos transtornos, porque tratar de crianças é algo delicado. – Disse ela assentindo para mim – Mas creio que o nosso problema foi de compatibilidade.

- Sim, eu... Eu não sirvo para trabalhar em ambientes escolares. Não vou poder ficar com a vaga. – Assenti dizendo a verdade. Ela assentiu também e pediu para que eu devolvesse os papéis que estavam em cima da mesa, e o uniforme que eu estava vestindo.

Fiquei um tanto decepcionada, pois eu tinha gostado do suéter. Era bonito e quentinho. Esperava que ela não o pedisse, mas infelizmente não teve jeito.

Quando ela saiu da sala, e bati o pé no chão com raiva.

- Apolo! – Exclamei cheia de vergonha por ele me fazer parecer uma maluca sentimental na frente da diretora. O Deus do Sol apareceu atrás de mim, e me derrubou para o lado. Apolo me beijou com vontade, e depois me colocou de pé novamente.

- Aqui estou eu. – Sorriu ele para mim – Bom dia, Alice.

- Bom dia, Alice?! – Repeti com o rosto vermelho – Você sabia que eu estava levando uma bronca! Não podia esperar para falar comigo?

- Imaginei que não ia atrapalhar. – Comentou ele dando de ombros – Mas se você está dizendo que eu tiro a sua concentração...

- Não foi isso que eu disse, engraçadinho. – Murmurei revidando os olhos. Apolo riu e olhou para o meu uniforme.

- Nossa... Com uma professora dessas eu até que entrava na escola. – Comentou ele mexendo no cabelo. Eu desviei o olhar para ele não ver que eu estava sorrindo, e neguei com a cabeça.

- Ares vai te matar se souber desse beijo, Deus do sol. – Comentei para implicar com ele. Apolo encolheu os ombros e segurou o meu queixo.

- Eu não conto, se você não contar. – Falou ele sorrindo.

- Como sempre? – Perguntei rindo dele – Você nunca muda, não é?

- Se você gosta de mim desse jeito, porque eu vou mudar? – Riu ele, e me girou – Ei! Mas você não me respondeu. Que tal sairmos para dançar hoje á noite?

- Hoje á noite... – Murmurei pensando. Apolo começou a dançar no passo das músicas dos anos 70, e eu ri negando – Não vai dar. Eu tenho que arrumar algumas coisas.

- O que?! Aaaah, Alice! – Exclamou ele como uma criança pequena. Apolo cruzou os braços – Não dá para “arrumar as coisas” depois?!

- Não. – Confirmei. Eu ajeitei meu cabelo para trás da orelha e vi que devia enrolá-lo. Apolo também não poderia saber que eu iria para o Alabama no dia seguinte, senão acabaria querendo ir também – É que... O meu quarto está uma zona, e eu tenho que achar alguns papéis da faculdade, e ajeitar umas roupas...

Apolo soltou um suspiro pesado e revirou os olhos. Ele olhou para a sala de aula, e depois olhou para mim.

- Você ia mesmo dar aula? – Perguntou ele olhando o ambiente – Não que você não seja inteligente para isso, mas é que... Sei lá. Não combina com você.

- Não combina mesmo, mas o salário encaixava certinho na minha conta bancária. – Comentei sonhadora. Eu dei de ombros, sem ligar – Mas deixa para lá. Isso não serve para mim mesmo.

Assim que eu troquei de roupa e entreguei as coisas para Tina, Apolo me deu uma carona de volta para casa. Ele parecia um adolescente de 17 anos, e eu me senti mais jovem por andar com ele.

Eu tinha só 20, e ele três mil e tantos anos, mas quando Apolo falava essa diferença sumia. Como, por exemplo, quando ele disse...

- Ontem eu tentei cantar a Macarena de trás para frente, enquanto bebia água. Foi tão engraçado. – Riu ele. Eu ri do que ele falara, e imaginei-o fazendo tal proeza.

Viu? Tão maturo quanto uma criança de nove anos.

Quando paramos na calçada de casa, Apolo desceu do carro. Eu olhei para ele dar a volta, e parar na minha porta. O Deus do Sol a abriu para mim, e eu sorri para ele.

- Obrigada. – Disse saindo do carro.

- Você merece, gracinha. – Apolo piscou para mim e eu ri. Nosso momento foi interrompido por Ares, é claro.

- É. Ela merece tudo isso aqui. – Comentou ele puxando-me contra si e apontando para si mesmo. Os dois trocaram olhares de raiva e ciúmes, e eu revirei os olhos sabendo que mais uma briga ia começar – Esquece. A fase de sair com loiros lesados já passou para ela.

- Ah, e chegou a fase dos bombadões burros? – Rebateu ele.

- Ooown, ficou ciúmes? Sinto muito, mas vai ter que achar outra garota que tenha uma queda por caras que tentam lamber o cotovelo. – Retrucou Ares.

- Isso foi só uma vez! E é você que vai ter que achar outra garota, quando a Alice se tocar que você é idiota demais para ficar com ela. – Comentou Apolo – Aposto que não demora muito.

- Aposto demora. – Rebateu Ares – E bem mais do que demorou com você.

- Eu vou entrar. – Suspirei indo para a casa de Ares, enquanto os dois reclamavam entre si.

Abri a porta e fui direto para a cozinha comer alguma coisa. Não demorou muito tempo para Ares entrar seguido de Apolo.

- Ela ainda é minha namorada. – Rebateu Apolo.

- É nada! Eu sou o único namorado dela, imbecil! – Reclamou Ares, e então olhou para mim com irritação – E quem disse que você podia pegar carona no carro dele?!

- Ah, era você que ia me dar carona, Ares? – Perguntei para implicar com ele por ter perdido a quadriga da guerra. Ares trincou os dentes e apontou para mim.

- Isso não vem ao assunto! – Berrou ele irritado – E o que você estava fazendo tão longe daqui para precisar de carona?!

- Estava na escola! Eu disse para você faz um tempo. – Respondi. Ares franziu o cenho e negou com a cabeça – Disse sim. Eu disse que recebi uma oferta de emprego em uma escola, só que você devia estar muito ocupado com um sanduiche, e só respondeu “Aham”.

Ele coçou o queixo e olhou para o teto.

- Não lembro. – Murmurou.

- Não lembra? Você zoou de mim dizendo que eu ia ser paga para cuidar de criançinhas que tiram meleca, e comem terra. – Comentei para ele lembrar, e tudo veio a sua mente.

- Ah! É verdade! – Exclamou ele. Ares começou e rir e zombar de mim – E aí? As criançinhas babaram em você, ou você teve que ensinar que gente grande não come nada que venha do nariz?

- Eles têm 12 anos! São crianças, não bebês! – Exclamei olhando para ele – Ninguém tira meleca, ou come terra. Nem baba.

- Ares baba. – Comentou Apolo encolhendo os ombros.

- Eu não babo! – Exclamou ele irritado.

- Teve uma vez que eu cheguei aqui, e você estava babando enquanto dormia. – Comentei voltando a preparar a minha comida. Ares revirou os olhos.

- Estou falando de babar sem estar dormindo, sua lesada! – Exclamou ele – Você entendeu o que eu quis dizer, Kelly.

Ares prendeu o riso, e negou com a cabeça.

- Ou eu devia dizer, titia Kelly. – Comentou ele para implicar comigo. Eu parei de fazer a comida e olhei para ele.

- Ri. Não, é sério. Pode rir. – Incentivei, e Ares acabou rindo – Para a sua informação, aquelas crianças eram bem mais maduras do que você.

- Oooown, não fique chateada. Eu tenho certeza que você é uma ótima tia, e que deve ser muito legal ensinando gramática. – Confirmou Ares me zoando – Alguma criança te deu uma maçã, ou disse que queira ser igual a você quando crescesse?

- Não é da sua conta! – Exclamei irritada.

- Ele está esnobando, mas eu ia adorar ter uma aula particular com você. – Disse Apolo dando de ombros – Pode me ensinar gramática até de noite.

Ares parou de rir e avançou para bater no Apolo.

- Até mais, Alice! – Exclamou ele correndo para longe. Ares trincou os dentes, e bateu a porta com força.

- Abusado... – Resmungou e depois olhou para mim – Faz um sanduiche para mim também.

- Se quiser, faz você. – Rebati e fui para a sala com o meu sanduiche – Pelo que eu me lembre, eu sou só a tia que toma conta de criançinhas que tiram meleca.

Eu sentei-me no sofá, e dei uma mordida no sanduiche. Ares foi para perto de mim, e ficou parado. Eu olhei para ele, e depois voltei a comer. Quando ia dar mais uma mordida, ele se abaixou e mordeu por mim.

- Ei! – Exclamei irritada. Ares tirou o sanduiche da minha mão e começou a comer. Assim que ele sentou do meu lado no sofá, eu lhe lancei um olhar de raiva – Devolve. Eu não estou brincando com você, Ares. Devolve.

Ele riu e comeu o resto do sanduiche inteiro com duas mordidas. Eu continuei olhando para ele com raiva, mas Ares não ligou.

- Você é um amorzinho. – Ele esticou a mão e apertou minha bochecha. Eu desviei o rosto de sua mão com raiva, e me levantei. Estava prestes a ir embora dali, quando ele segurou o meu braço e me puxou novamente para o sofá.

- Me solta. – Falei irritada.

- Ah, qual é?! Foi só um sanduiche! – Comentou ele revirando os olhos – Você se incomoda por cada coisa estúpida.

- Você é muito implicante, sabia? – Rebati ainda irritada com ele – Eu disse que era meu sanduiche. Por que você tem sempre que implicar comigo?!

- Oooown, eu fui muito malvado? – Perguntou ele rindo. Eu desviei o rosto para ele não notar que minha bochechas estavam vermelhas. Ares puxou-o para si e me deu um beijo. Eu o afastei ainda irritada, e ele abraçou minha cintura – Calma, benzinho. Seu namorado aqui vai tentar não implicar tanto com você por um tempo, ok?

- Deixa eu sair daqui. – Disse, mas ele não soltou a minha cintura. Eu estava bem perto dele no sofá, já que Ares me puxava cada vez mais contra si – É sério! Eu tenho coisas para fazer em casa!

Ele sorriu torto, e foi para perto do meu ouvido.

- Você disse que eu sou infantil, é? – Perguntou ele. As mãos de Ares desceram para o meu quadril – Então porque não me dá uma aula particular?

- Saí dessa! – Disse revirando os olhos. Ares me beijou novamente, e eu senti ainda mais raiva, mas acabei me pegando retribuindo o beijo.

Quando ele me soltou, eu me joguei no sofá e cruzei os braços.

- Foi muito chato. – Murmurei franzindo o nariz – Eu realmente odeio escolas.

- Eu realmente odeio a Atena. – Murmurou ele olhando para sua TV – Tenho quase certeza que ela armou essa da TV para mim.

- Armou? Você derrubou a TV! Não teve mágica nisso. – Rebati.

- Você adora ficar contra mim, não é? – Resmungou ele. Ares estendeu a mão e alisou meu cabelo. Já deviam ser umas sete da noite, mas ainda daria tempo para arrumar as malas para a viagem de amanhã.

Eu franzi o cenho notando o que ele estava fazendo, e tentei me esquivar.

- Ah, não! Não faz isso!- Exclamei me esquivando, mas acabei caindo deitada no sofá. Ares foi para cima de mim e continuou a mexer no meu cabelo. Aquilo me dava sono, e ele sabia disso – Para! Se eu dormir, não vou poder...!

- Ir para casa? – Completou ele – Puxa, que pena... Acho que vai ter que dormir aqui comigo então. Não se preocupe. Eu deixo você ficar abraçadinha em mim.

- Vai se ferrar... – Murmurei, e foi a última coisa que eu consegui dizer antes de fechar os olhos e cair no sono. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
O próximo capítulo é ainda mais hilário. Alice vai ter que correr para arrumar as malas, antes dos pais chegarem para irem ao Alabama.
Vamos ver o que acontece.
Espero por recomendações ou reviews!
Beijos e obrigada por acompanharem!