Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 34
Diz que me ama?


Notas iniciais do capítulo

Vocês já devem ter pensado: "Ah, estava demorando para ela não postar em dia de novo". Desculpe gente, a autora aqui tirou uma folga para o Natal/Ano Novo.
Mas sem enrolar vocês, aqui vai mais um capítulo. O próximo eu vou postar antes do fim da semana também. Presente de Natal atrasado.
Espero que gostem.



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Isso já está pronto ou vai demorar mais? – Gritou a voz vinda da sala de jantar – Eu não tenho o dia todo, e mesmo se tivesse...!

– Já. Vai! – Repeti pela milésima vez e com muita irritação. Saí da cozinha levando um prato com omeletes fresquinhas e suco de laranja. Todos já estavam comendo, menos Joe. Ele apoiava a cabeça sobre a mão, esperando com os olhos estreitados.

Coloquei a comida na frente dele e desamarrei o avental ridículo que tia Kat me obrigava a usar toda vez que trabalhava na cozinha. Joe olhou para seu café da manhã e ergueu uma sobrancelha.

– O que foi, querido? – Perguntou sua mãe. Joe balançou a cabeça.

– Alice fez isso errado. – Falou empurrando o prato para o lado.

– Como assim Alice fez isso errado? – Quis saber cruzando os braços. Minha mãe olhou para mim com um olhar de “por favor, nada de brigas”, mas eu a ignorei.

– Olha só para essa omelete. Está horrível. E o suco... – Joe bebeu um gole e fez uma careta – Argh. Doce demais. – Ele apontou para a comida – Se importa de trocar, Ally? Tenho certeza que não, não é?

Cerrei os punhos, mas abri um sorriso para ele.

– Mas é claro que não. – Falei fingindo estar tudo bem – Afinal, não tem porque perder a cabeça com isso. Vou fazer de novo.

Joe sentiu um calafrio correr seu corpo. Eu sabia que ele ainda estava com medo do que tinha acontecido ontem a noite. Eu também, na verdade. Mas depois de todas as loucuras que eu tinha visto através da névoa, não ficava tão abalada assim. Peguei os pratos e fui em direção a cozinha.

Ares e Apolo estavam conversando sem ligar muito para a minha ausência. Quando eu voltei, eles riam de alguma piada relacionada a togas gregas. Coloquei o café da manhã na frente de Joe novamente e sorri bem perto de seu rosto.

– Quentinho, bonitinho e delicioso. – Disse apontando para tudo. A mãe de Joe sorriu para mim e voltou a conversar com a minha. Joe ia abrir a boca para comer e eu ri – Come. Vai. Eu te desafio.

Ele hesitou e olhou para mim com raiva.

– O que você fez? – Rosnou baixinho.

– Eu? Muita coisa. Ou nada. Eu posso ter feito muita coisa, ou posso simplesmente ter preparado um café da manhã para você. Nunca se sabe. – Encolhi os ombros – Aproveite sua refeição.

Sentei-me ao lado da minha mãe, de frente para Ares. O Deus da guerra olhou para mim e prendeu um sorriso torto. Provavelmente estava lembrando de nosso encontro. Ao menos eu estava.

– Mas então, Jenny, como vão as coisas? – Perguntou Morgana em um tom tão irritante quanto o do filho – Will comentou que você anda muito ocupada ultimamente.

– Muito trabalho. – Respondeu minha mãe sorrindo forçadamente.

– Não soube o que Ângela fez? – Comentou com um risinho animado. Minha mãe não tinha muita paciência para o comentários da mãe do Joe, porque eles eram basicamente fofocas sobre amigas antigas.

– Como eu disse, ando tão ocupada com o trabalho que não estou conseguindo prestar muita atenção na vida dos outros. – Respondeu ela. Eu prendi o riso e fingi que estava falando com Ares. Ele percebeu a conversa, e colocou a mão cobrindo a boca para nenhuma das duas ouvi-lo.

– Por-ra-da. – Soletrou rouco e prendeu o riso enquanto voltava a cortar um pedaço de carne. Morgana sorriu para minha mãe.

–Ah, mas conte-me. – Acrescentou minha mãe fingindo estar interessada – O que Ângela fez?

– Ela abriu um salão. – Respondeu calmamente. Minha mãe franziu o cenho.

– Um salão de quê?

– Cabeleireiro. – Respondeu sorrindo – Fica em algum lugar no centro de NY. Você devia aproveitar a passar lá.

– Para meu cabelo ficar como o seu? – Rebateu. A mãe de Joe riu descontraidamente.

– Bem, não sei se você teria essa sorte. – Respondeu. Minha mãe sorriu e assentiu enquanto pegava a xícara de café para beber. Quando achei que ela acabara sem levar a melhor, ouvi seu murmuro.

– Que os Deuses te ouçam. – Prendi o riso.

– Ah, Alice. – Falou Will do outro lado da mesa. Inclinei-me para frente para poder vê-lo – Vamos mais tarde até a cidade comigo? Seu tio está precisando que eu compre umas coisas.

– Tudo bem. – Respondi assentindo.

POV Ares.

– Não vai ser tão ruim, aposto. – Comentei enquanto caminhava até o carro comigo. Nós dois paramos na porta e esperamos para que Will se aproximasse.

– É chato ficar na fila daquela loja. Os velhinhos não param de ficar falando sobre coisas do tempo deles. – Resmungou Alice revirando os olhos – E quando encontram com o Will, fica ainda pior.

– Ei. – Disse Will acenando para nós dois. Ele lançou a chave em nossa direção e eu a agarrei no ar – Abram a porta e vão ligando o carro. Eu esqueci minha carteira em casa.

Eu apertei o botão e destravei o carro. Alice abriu a porta do carona, mas deteve-se ao entrar. Notou que eu a observava e franziu o cenho.

– O que houve? – Perguntou.

– Estava lembrando na minha mente a linda cena de você saindo nua do carro para mergulhar no lago. – Seu rosto corou, e Alice balançou a cabeça negando.

Seminua. – Corrigiu como se fizesse muita diferença para mim – E você podia parar de lembrar isso.

– É mais forte do que eu. – Comentei ainda olhando para ela. Kelly sempre ficava sem jeito, o que me divertia muito. Abri a porta de trás do carro, desistindo de fitá-la, mas não entrei. Estiquei a mão e peguei algo que tínhamos completamente esquecido – Sabe como é difícil simplesmente não lembrar aquela cena?

– Não fale. – Resmungou ela olhando para a casa e esperando que Will saísse.

– É como se você sempre deixasse um rastro seu. É difícil de te tirar da cabeça, Kelly. – Falei e ela se virou no momento exato – Pensa rápido!

– O que...? – Alice segurou o que eu jogara para ela. Quando finalmente notou o que era, soltou um pequeno grito de surpresa – Ares!

Ela escondeu a calcinha dentro da mochila que estava levando. Eu comecei a rir de sua irritação repentina.

– Não tem graça. Se Will vê isso... Se Hermes vê isso...! – Ela não conseguiu completar as frases.

– Se eles virem isso aqui também tem problema? – Disse erguendo em frente de seus olhos um sutiã preto. Alice estendeu a mão rapidamente, tentando tirá-lo de mim, mas eu recuei-o soltando uma risada – Não, não, não. Nem pensar.

– Devolve isso! – Exclamou tentando tirá-lo de mim. Protegi-o ainda rindo – O que vai fazer? Roubar o meu sutiã? Sério?

– Sério. – Respondi escondendo-o debaixo da minha camisa – São e salvo.

– Veste ele. – Disse colocando as mãos na cintura e ri de sua tentativa de me irritar – Vai ficar uma gracinha em você.

– Não dá. – Disse negando com a cabeça – É muito pequeno. Eu tenho mais peito que você.

Alice me deu um tapa no rosto, mas reagi rindo novamente. Segurei sua mão e puxei a filhinha de Hermes contra mim. Ela tentou se soltar enquanto reclamava comigo, mas eu estava me divertindo demais para me irritar.

– Benzinho, entenda. Eu tenho que guardar como recordação. – Falei rindo em seu ouvido. Alice tentou me dar uma cotovelada, mas eu a impedi.

– Deixa de ser idiota! – Reclamou – Devolve o meu sutiã!

– Sobrou a minha cueca, quer guardar ela de recordação? – Perguntei e ela fez uma careta de nojo – Ou você prefere usar para mostrar que é macho?

– Eu prefiro que cada um fique com a sua própria roupa de baixo, isso que eu prefiro. – Respondeu bufando. Neguei com a cabeça.

– Creio que isso não seja possível. – Soltei Alice e coloquei seu sutiã no bolso da minha calça. Estiquei o braço e peguei minha cueca no banco do carro – Dá para acreditar que esquecemos isso aqui? Se não saíssemos de carro com seu padrasto, ia ser complicado explicar tudo.

– Não me diga. – Falou em sarcasmo. Virei para ela e mostrei minha cueca - O que? O que você quer?

– Quer segurar? – Perguntei já sabendo a resposta. Alice revirou os olhos – Ah, vamos. Está limpinha.

– Você é tão nojento. – Resmungou segurando a porta do carro.

– Assim você me ofende. Vem cá, queridinha. – Disse chamando-a com o dedo. Alice negou com a cabeça ao ver que eu me aproximava dela.

– Deixa a sua cueca longe de mim. – Falou apontando para mim, mas eu continuei andando em sua direção – Eu estou falando sério, Ares! Não chega perto de mim com essa coisa!

– Ontem você não estava se importando em manter uma distância segura da minha cueca. – Rebati. Corri até ela, e Alice soltou um gritinho correndo para o lado.

– Ontem foi ontem. Hoje é hoje. – Respondeu irritada – Saí daqui!

Ficamos correndo em volta do carro, em uma brincadeira de gato e rato. De começo ela estava irritada, mas ao passar dos minutos deixava escapar uma risada ou outra. Foi quando ela tentou entrar na parte do carona que eu agarrei sua cintura por trás. Ergui-a do chão e seus pés balançaram no ar.

– Para! Me coloca no chão! – Pediu debatendo-se.

– Tentar entrar no carro é trapaça! – Falei negando com a cabeça.

– Você não estabeleceu regras! – Rebateu. Eu tentei chegar para trás, mas acabei tropeçando. Caí no chão puxando Alice contra mim. Soltamos um grito abafado de dor, e começamos a rir. Ela passou a mão pelo rosto – Agora já chega.

– Por quê? – Perguntei erguendo a cueca na frente do rosto dela. Estava a centímetros de seu nariz, o que deixou Alice inquieta.

– Eu juro que se você soltar isso... – Ela não terminou a frase.

– Vai fazer o quê? – Perguntei rindo.

– Muita coisa. Te bater, brigar com você, fazer greve. – Respondeu tensa.

– Greve de quê, Kelly? – Perguntei sem saber.

– Greve de tudo. Não vou falar com você, não vou te beijar, não vou olhar pra você! Vou fingir que você é completamente invisível se você largar a sua roupa de baixo no meu rosto. Eu estou falando sério. – Falou tentando se soltar de mim. Ponderei um pouco sobre o assunto.

– Bem... Nós nem nos beijamos tanto assim. E ficar sem falar comigo pode até ser um bônus. Vou ter paz por um tempo. – Menti fingindo não ligar – Estou gostando dessa coisa de greve, Kelly.

– Que?! – Exclamou surpresa.

Eu ri. Alice estava completamente deitada em cima de mim. Seu cabelo estava bem perto do meu rosto, o que possibilitou que eu sentisse seu cheiro. E eu adorava aquele cheiro. Mordi sua orelha, o que a provocou surpresa.

– Eu estava brincando, Filhinha de Hermes. – E joguei minha cueca para o lado. Alice suspirou aliviada.

– Levanta e guarda isso antes que o Will volte. – Falou tentando se levantar. Assim que se colocou de pé, ajeitou sua roupa.

– Sim, senhora. – Respondi colocando a cueca em sua mochila. Alice me deu um tapa no braço.

– Não na minha mochila! – Exclamou irritada – Argh.

– Pronto! – Exclamou Will se aproximando do carro. Ele parou do outro lado, na porta do motorista e olhou para nós dois – Vamos?

– Sim. – Respondeu Alice em um resmungo.

– Você vai na frente, não é? – Falou olhando-a. Eu neguei com a cabeça e puxei Alice para trás.

– Eu vou na frente.

– Por que você vai na frente?! – Reclamou ela. Eu ri e encolhi os ombros.

– Porque eu falei primeiro. – Respondi sentando-me no banco. Will riu enquanto sentava no lugar do motorista e ligava o carro.

– Ao menos os dois não vão atrás juntos. Eu ia me sentir um motorista particular. – Comentou. Alice bateu a porta do carro e colocou o cinto.

– Ah, mas você é tipo isso mesmo. Agora, silêncio, e leve-me ao centro, James. – Zombou com um sorriso no rosto. Will balançou a cabeça soltando um suspiro cansado.

– O que eu não faço para você e para a sua mãe? – Resmungou.

Longos minutos depois, eu e Alice levamos a última sacola de compras para o carro. Ela fechou a mala soltando um suspiro pesado. Will tinha comprado uma lista infinita de itens na mercearia, mesmo eu achando que aquela casa ainda estava cheia de comida. Como de costume, algum mortal o parara para conversar, perguntar como vai a vida e tudo mais.

Eu encostei-me ao carro e suspirei tão pesadamente quanto Alice suspirara. Ela olhou para mim e ergueu as mãos.

– Ao menos acabou. – Respondeu – E ao menos isso foi um tempo a mais longe daquele inferno.

– Você é muito dramática. Esse lugar não é tão ruim assim. – Rebati.

– Acredite, sempre pode piorar. – Respondeu cruzando os braços. Eu sorri torto para ela, e a puxei contra mim.

– Ou melhorar. – Murmuro acariciando sua cintura. O rosto dela estava vermelho, mas eu não soube se era de vergonha ou de calor. Ela balançou a cabeça, pronta para reclamar, quando se deteve.

Seus olhos fitaram algo atrás de mim, um tanto longe pelo jeito. Eu virei o rosto para olhar, mas as mãos de Alice me impediram. Elas me puxaram contra seu rosto, enquanto a filha de Hermes me dava um beijo.

– A gente... A gente se ama, né? – Perguntou franzindo o cenho. Sua voz parecia apressada e insegura. Eu ainda estava atordoado pelo beijo, por isso não respondi. Só pisquei os olhos – Digo... A gente se odeia. Muito muito mesmo, mas no fundo, no fundo a gente se ama pra valer, né?

Pisquei os olhos de novo.

– É. É, acho que é isso. – Respondi, mas notei que ela queria que eu desse uma resposta absoluta – Sim, nós nos amamos.

– Eu só achei que seria bom repetir isso. – Falou rindo. Ela tentava parecer descontraída, mas eu podia notar que estava um pouco nervosa – Vamos repetir, ok? Eu amo você. Vai. Agora é a sua vez.

– O que você tá fazendo? – Perguntei franzindo o cenho – De o de veio isso?

– Só... Só responde, ok? Você... Me ama? – Pediu torcendo a beira da camisa com as mãos. Ela fazia isso quando estava nervosa – Ares, você me ama? De verdade?

Assenti depois de alguns minutos.

– Sim. Eu amo você. – Respondi. Ela apontou para mim com o cenho franzido.

– Não vai esquecer, certo? Haja o que houver, não esqueça que você me ama. E que eu amo você também. – Falou.

Pinkie. – Falei fazendo careta. Ela revirou os olhos.

– Não é pinkie! Tem algo de errado em lembrar que ama alguém? – Reclamou. Suspirei e neguei com a cabeça. Puxei Alice contra mim de novo e segurei seu queixo. Depois de um beijo, e neguei novamente com a cabeça.

– Não, não tem. Mas para que você precisa que eu fique repetindo isso? – Perguntei rindo de sua insegurança. Mas aí eu fiquei sério. Estreitei meus olhos, desconfiado – Espera. Ah, não... O que você fez?

– Eu? Eu não fiz nada. – Respondeu dando um sorrisinho.

– Kelly, o que você fez?! – Insisti agora um tanto irritado. Ela ia negar novamente, mas eu a detive – Seja lá o que for, eu vou te dar a chance de me contar agora. O que você fez?!

Alice abriu a boca, mas sua chance acabou quando uma voz feminina irritada me chamou.

– Ah, então você está aí! – Exclamou. Virei-me soltando Alice e me deparei com Hera e Zeus – Você está tão perdido, Ares!

E eu senti vontade de quebrar o pescoço da Filhinha de Hermes.


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Notas finais do capítulo

O próximo vai ser extremamente engraçado. Eu espero que vocês tenham gostado, que comentem, e que critiquem (se acharem necessário).
Muito obrigada pela paciência, e feliz ano novo, pessoal!



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