Bad Angel escrita por Miller


Capítulo 3
'Cause he is the only one who sees me


Notas iniciais do capítulo

Ah, oi amores, olha só, novo capítulo na area *--*
Gente, só para avisar que estou TOTALMENTE sem tempo e por causa disso que não respondi aos reviews okay? Mas amei a todos.
E muito obrigado à Vivi Coelho pela recomendação *--*
Enjoy!



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Lily Evans

Quando pisquei novamente, estava no hospital de novo, mas desta vez não era mais em uma sala de cirurgia. Estava parada em um corredor enquanto assistia minha mãe sair de um quarto com a expressão parecendo a de alguém que acabou de ver um fantasma.

Levando em conta que eu estava quase morta, isso não era muito improvável.

Um doutor alto e moreno aproximou-se de minha mãe, sua expressão era séria e eu sabia que ele não daria boas noticias.

Era tão estranha a sensação de ver tudo e não ser vista, de estar ali, mas não estar ao mesmo tempo. Achei que estivesse enlouquecendo.

Percebi a expressão de minha mãe piorar e me aproximei para ouvi-los.

– E o que podemos fazer? – ela perguntava, sua voz saindo fina e histérica.

Eu quis poder abraça-la. Impulsivamente cheguei próximo à ela e estiquei minhas mãos, mas elas a atravessaram tão facilmente, como se ela não fosse sólida, uma mera visão holográfica.

Olhei para minhas mãos, a realidade do momento finalmente caindo sobre mim.

Eu estava morta. Ou melhor, eu estava tentando não ficar morta.

– Infelizmente não há o que fazer – o doutor falou, sua voz cheia de pesar. Engoli em seco. – Lily está em coma...

Minha mãe não parecia aceitar a informação.

– Mas doutor, não tem nenhuma forma de...? – ela começou, mas o doutor a interrompeu.

– Só por um milagre senhora Evans – ele disse seriamente, dando um tapinha no ombro de minha mãe antes de entrar no quarto que ela havia acabado de sair.

–-X—

Tudo escureceu em minha volta tão de repente quanto havia voltado ao foco. Era como se eu estivesse sendo puxada por um buraco negro, um vento forte passava por meus cabelos, mas nada eu podia ver.

Estava começando a pensar que aquilo tudo parecia mais com um filme de ficção cientifica do que algo celestial quando finalmente parou e novamente as coisas entraram em foco.

Mas não era mais o hospital. Era um restaurante, pessoas passavam por mim sem me ver, todas conversando no celular, ou apressadas demais. Havia algumas que liam jornais enquanto tomavam chá e outras que discutiam negócios.

Havia algo de errado naquela cena toda. Mas eu não parecia ser capaz de distinguir o que (tirando o fato de que tudo aquilo era um GRANDE loucura).

Voltei a observar o local e achei um grande relógio pendurado na parede atrás de um grande balcão.

Cinco da tarde. Pessoas apressadas. Confere. Eu estava acostumada com esse tipo de gente. Celulares. Confere. Nova York era a cidade dos celulares, por assim dizer. Discussões de negócio. Confere totalmente. Não era necessário comentar esse fato. Ler jornal enquanto toma chá.

Tomar chá.

Quem dia... Opa, desculpa ai.

Quem é o ser que toma chá às cinco da tarde, pelo amor de Deus?

Voltei a olhar para o senhor que levava a xicara à boca e tomava um longo gole apreciando o chá como se aquilo fosse a melhor bebida do mundo.

Céus, só podia ser louco!

Mas então meus olhos caíram no seu jornal e eu consegui ler a palavra ‘Londres’ num canto, ao lado da data.

Arregalei meus olhos.

– Eu estou em Londres? – resmunguei comigo mesma.

– Não, está na China – a voz masculina me assustou tanto que eu soltei um palavreado muito feio, do qual tinha certeza de que o Constantine iria odiar tanto quanto di... Bem, aquela outra.

Virei-me rapidamente na direção de onde vinha a voz e me assustei ao encontrar um par de olhos castanhos encarando-me ironicamente.

– Você está me vendo? – perguntei, meu tom de voz incrédulo.

Ele franziu a testa e me encarou como se eu fosse louca. Ele quem via mortos e eu que estava louca? Faça-me o favor.

Ele abriu a boca para responder, mas foi impedido por outra pessoa, um homem alto de feições severas. O cara era obviamente pai do garoto e eu tinha certeza de que já o havia visto de algum lugar.

– O que está fazendo, James? Eu não disse para você ir até a mesa reservada? – o homem soou ríspido enquanto praticamente empurrava o filho na direção de uma mesa no lado oposto de onde eu estava. Pude perceber a expressão de tédio no rosto do garoto.

E pude perceber que o pai dele não havia me visto, assim como todas as outras pessoas que passavam ao meu redor.

A adrenalina tomou conta de mim. Achei que sabia o porque de apenas o garoto conseguir me ver.

Precisava ser britânico? Pensei, rezando para que o ser celestial (vulgo Constantine) escutasse meus pensamentos revoltados.

Qual é? Britânicos eram completamente chatos e monótonos com seus chás das cinco e suas cabines telefônicas vermelhas.

Senti falta de Nova York.

Senti falta de minha mãe.

Senti falta de meu cachorro (te amo Tobby).

Senti falta dos raps estridentes que tocavam à todo volume nos carros dos carinhas do Brookling.

Mas eu não senti falta de Petúnia.

E somente o pensamento de não ter de conviver com ela por um mês já era o suficiente para que eu pudesse ficar feliz em estar à um oceano de distância.

Afastando esses pensamentos de minha mente, voltei meus olhos na direção aonde o garoto estranho estava sentado com seu pai. Ambos pareciam discutir sobre alguma coisa e eu me aproximei lenta e silenciosamente (não que fizesse diferença já que nenhum deles podia me ver ou ouvir) de onde estavam sentados, apurando os ouvidos para a conversa de ambos.

– Já chega, James, não quero mais saber dessas brincadeiras idiotas! – o homem dizia parecendo realmente irritado. O garoto bufou e deu de ombros.

– Não foi idiota... – começou a falar.

– Ah não foi? – o homem perguntou sarcasticamente, batendo com o punho na mesa. – Desde quando baixar as calças de um advogado na frente de uma palestra não é idiota? – perguntou e estreitou os olhos enquanto eu arregalava os meus.

– Desde que este advogado usa uma cueca de patinhos amarelos – James, o garoto, disse, sua expressão completamente indiferente à severidade do pai. – Isso sim é idiota.

Então eu ri, porque a imagem de um cara usando uma cueca de patinhos pairou em minha mente. O garoto voltou os olhos para mim, arqueando uma sobrancelha.

– Perdeu alguma coisa? – ele perguntou acidamente e eu estreitei os olhos.

Que grosseiro!

O pai do garoto olhou para os lados e logo voltou os olhos para o filho, sua expressão confusa.

– Com quem você está falando, James? – o homem perguntou.

James voltou seus olhos para o pai e ficou confuso pela pergunta.

– Daquela garota, você não está a vendo rir da nossa conversa? – ele apontou em minha direção e eu percebi que minha tese estava comprovada.

O pai voltou a olhar na direção que ele apontava, mas seus olhos passaram diretamente por mim e eu sorri maldosamente na direção do garoto. Era tão bom ver a desgraça alheia...

Em minha mente pude imaginar Constantine encarando-me com seus olhos profundos e repreendendo-me: ‘você é um ser divino, Lily, não pode ter esses pensamentos’.

Desculpe-me. Pensei novamente, sentindo-me idiota.

Eu precisava me acostumar a ter pensamentos puritanos se não quisesse ser levada para o andar de baixo e ser transformada em um demônio.

Desculpa!

Suspirei.

– James, que garota? – o pai olhou do filho para o vazio em que eu estava e ele não podia ver. – Talvez você deva consultar com o Doutor Amelius...

O garoto olhava para o pai com uma expressão completamente confusa, como se o pai estivesse louco e não ele.

– Do que você está falando? Ela está ali, não está vendo? – e apontou novamente para mim.

Eu podia ver o olhar de medo no rosto do pai do garoto, provavelmente preocupado com a sanidade mental do filho.

– James, não há ninguém ali – a voz do pai do garoto era preocupada.

Decidi intervir. Afinal se ele fosse mesmo quem eu pensava que ele era, eu não deveria coloca-lo em más situações certo?

Mesmo que ele merecesse pela grosseria.

E mesmo que fosse absolutamente engraçado vê-lo naquela situação.

– Talvez você seja o único que consegue me ver, James – eu falei olhando calmamente para ele.

Os olhos do garoto se arregalaram e eu podia perceber que ele estava pensando na possibilidade de estar louco.

Não podia culpa-lo, afinal eu mesma não tinha certeza de que estava em condições.

Ele olhou para o pai por alguns segundos e baixou os olhos para sua lata de refrigerante.

– Oh, ela já se foi – James comentou, sua voz soando bastante convincente. Arqueei uma sobrancelha. – Não deu tempo de o senhor ver, pai – ergueu os olhos para o pai e sorriu.

O homem lançou mais um olhar na minha direção e depois olhou para o filho como se avaliasse se ele estava falando a verdade.

– Hum – ele concordou, aceitando a mentira.

Então James se ergueu de onde estava sentado, largando a lata de refrigerante na mesa.

– Vou ao banheiro – ele disse e o pai concordou.

Eu percebi o que ele estava fazendo, por isso o acompanhei.

Somente quando estávamos do lado de fora do restaurante foi que ele virou para mim.

– O que é você?

Notei que ele falou ‘o que’ e não ‘quem’. Não gostei.

Estreitei meus olhos, não sabendo o que falar.

Afinal era óbvio que eu estava ali, em Londres (blergh), naquele restaurante, apenas porque ele estava ali. O que significava que eu havia achado o ser que deveria proteger.

Mas o que eu poderia falar para ele?

‘Olá, sou seu anjo da guarda’, ou ‘Não se assuste, mas teve um cara que parecia o Constantine que me mandou aqui para proteger você’.

Não iria dar muito certo.

Voltei a encará-lo, sem conseguir achar palavras para falar.

– O que é você? – ele perguntou novamente.

Suspirei.

– Oh droga, eu não sei como dizer isso – eu resmunguei e balancei os braços encarando-o.

– Você é um fantasma?

Balancei minha cabeça.

– Quase – eu disse e suspirei novamente. – Eu sou seu anjo da guarda.

E bem, no fim foi a primeira opção mesmo.

Eu poderia ter rido da expressão de James se a situação não fosse tão dramática.


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Notas finais do capítulo

Nada de fantasmas okay? Digam o que acharam do capítulo *--*
Besos :*