We Are The Winners escrita por Sona


Capítulo 3
Capítulo 3 - Final.


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou.



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Segurei as mãos de Clove e jurei nunca mais soltá-las. Ela me seguia em linha reta em direção a Cornucópia. Um bando de cães (que eu acredito terem sido “modificados”) seguia a gente, cada vez mais rápidos. E devo dizer, eles não estão com uma cara muito boa.

            Sentia o sangue que escapa de alguns arranhões do meu rosto escorrer pelo mesmo. Alguma fera dessas me pegou desprevenido, não sei como, mas consegui sair de perto dela. Foi tudo muito rápido, e quando me dei conta, Clove me puxava pela arena.

            Não queria olhar para trás, tinha medo do que poderia acontecer. Mesmo estando com a armadura que veio na minha bolsa... Acho que ela só iria dificultar as coisas, já que eram meio pesadas e não conseguíamos correr como geralmente corríamos. Estávamos mais lentos. Eu só queria que aquilo acabasse só isso.

            Enfim, chegamos na cornucópia. E eu já não aguentava mais correr. Um sono incrivelmente pesado me invadiu. Eu estava cansado, com o corpo doendo. Soltei a mão de Clove. Eu poderia cair ali, fechar os olhos e dormir... Poderia sonhar com um campo florido, ou num futuro com Clove. Nós dois parados em pé, diante de um pequeno berço. Alguns panos de seda o cobriam, e dentro dele um pequeno bebezinho... Meus cabelos, olhos da Clove. Logo eu percebi, não queria que fosse um sonho, e sim uma realidade. Tomei fôlego e voltei a correr.

            Clove já conseguia escalar um pouco a cornucópia. Claro, não poderíamos escapar daquelas aberrações no chão. Assim que toquei a cornucópia eu senti minhas mãos queimarem. A Cornucópia era feita, eu acho, de ouro, e com o sol da Arena naquela tarde, deve ter deixado-a muito quente.

            - Rápido, Cato! – Clove gritou lá de cima, já estava nos chifres, se segurava enquanto debruçava um pouco e estendia sua mão para mim.

            Comecei a escalar tentando o máximo o possível não me importar com a dor ou a queimação. Segurei a mão de Clove e ela me puxou para cima da Cornucópia. Aqueles cães ainda estavam meio longe, o que me deu um tempo para deitar nos chifres enquanto recuperava o fôlego. Mas logo senti meu estômago dar um looping, minhas mãos tremerem, e minha mandíbula ficar meio dura. Isso só acontecia quando tudo que eu pus no estômago aquela tarde estava prestes a voltar.

            Senti um pequeno alívio quando terminei de vomitar. Mas novamente o cansaço voltou à ativa. Pude ouvir aquelas feras se aproximando e voltei a deitar.  Comecei a fechar os meus olhos.

            - Ah não, Cato, por favor, não desista agora. Estamos tão perto. – Senti Clove se apoiando sobre mim, suas mãos quentes pousaram sobre meu rosto me virando para ela. Um fio de esperança brotava no brilho de seus olhos, seu rosto em um tom de clemência.

             - Eu estou tão cansado. – Foi só o que eu consegui dizer, num pequeno sussurro. Passei minhas mãos pelo meu rosto e logo senti o sangue. Havia me esquecido do arranhão.

            - Eu sei. Mas não desista agora. Falta só mais um pouco. – Ela disse. Eu novamente comecei a fechar os olhos, e murmurei algo como “Não consigo pequena.”. Mas logo acordei com os lábios quentes de Clove sobre o meu. Era um beijo desesperador, um beijo implorando para que eu continuasse ali.

            - Você consegue. – Ela disse por fim. Puxou meus braços, me levantou, e me afastou dos chifres. Logo, os cães que estavam nos seguindo apareceram.

            Eles começaram a tacar os chifres. Seus dentes eram poderosos. Havia um, com a pelagem loira e macia, os olhos verdes. Ela me lembrava, sem dúvida alguma, alguém... Mas quem? Quem?

            Saquei minha espada e apontei para eles, preparado para o ataque. Havia outro com a pelagem loira, e os olhos também me lembravam alguém.

            - CATO! – Clove me puxou desesperadamente quando o de olhos verdes deu um falso bote. Olhei para a sua coleira, o número 1 brilhava. Então Glimmer, uma garota do distrito 1 que sempre dava em cima de mim, veio a minha mente. Glimmer... Glimmer... E aquele outro loiro... Sua coleira tinha o número 12... Peeta era loiro. Peeta.

            - CLOVE, SÃO ELES... GLIMMER, E O PEETA. – Eu gritei desesperado, fazendo Clove passar os olhos por eles. Não eram apenas aqueles dois, mas sim todos os outros cães tinham algumas semelhanças, nos faziam lembrar os tributos mortos. Mas... Por quê?

            - Marvel... – Ela sussurrou, e então eu olhei para o cão com a coleira também com o número 1. Sim, era Marvel... E ao seu lado, uma fera mostrava seus dentes raivosos, aquele, ou aquela, era, sem dúvidas, a garota em chamas.

            - Por que estão assim? – Foi tudo que eu consegui perguntar.

            - Grand-Finale. – Ela só respondeu.

            Precisávamos agir rapidamente, aqueles cães estavam assaltando literalmente a Cornucópia, não iria demorar muito para chegar até nós. Mas só tínhamos nós dois lá... E se estava planejado a garota do Distrito 5 ganhar? Fiquei petrificado com a ideia. E se eu morrer? E se Clove morrer?

            Tudo então aconteceu muito rápido. Num momento eu estava em pé, e no outro me agarrava aos pés de Clove, pendurado na Cornucópia enquanto várias daquelas bestas pulavam tentando me alcançar. Não demorou muito para eu sacar que havia sido empurrado. Clove também. Olhei desesperado para ver o que havia acontecido... Não poderia ter sido Clove... Ou poderia?

- Clove... – Eu disse num tom de repulsa. Como ela poderia ter feito isso? “Falta só mais um pouco”... É claro, ela nunca quis sair comigo de lá... Não queria dividir a glória com alguém. Ela tinha planejado me matar, e aquela era a chance perfeita.

            Olhou-me com uma expressão chocada, como se tivesse lido minha mente. Vi algumas lágrimas escaparem de seus olhos.

            - Como pode achar que eu... – Ela não terminou. Vi uma pequena silhueta atrás dela. Levantou os braços, algo pontudo nas mãos. Pude ver seus cabelos ruivos brilhando atrás de Clove. Só poderia ser a menina do Distrito 5.

            - Atrás de você. – Disse berrando, praticamente. Vi ela pegando uma faca se seu bolso virou o tronco de modo em que eu ainda pudesse continuar agarrando seu pé. Atirou a faca. Só ouvi um barulho, e um grito agonizante. Logo, as feras pararam de pular tentando me pegar, e correram para o outro lado.

            Clove me puxou de volta para cima da Cornucópia.  Fiquei até a beirada para ver o que acontecia. Ela havia acertado o peito da garota, fazendo-a se desequilibrar e cair. Aquelas bestas a atacavam. Por um momento, eu fiquei com dó.

            - É o jeito mais cruel de morrer. – Clove disse. É, acho que ela realmente pode ler mentes. – Ser comida viva. – O tom de pena invadia sua voz. Mas sei por quê. Não pela garota, mas porque em um rápido momento, poderia ter sido eu.

            - Desculpa por aquela hora. Não quis te acusar... – Ela me calou com o dedo e me abraçou. Era um abraço terno e confortante. Dizia “Está tudo bem.”

            Nos sentamos na cornucópia, e esperamos. Pela morte da garota. Por algo para nos tirar dali. Para o futuro. Mas nada aconteceu.

            Deitamos... Logo adormecemos.

            Quando acordamos, um fraco sol nos esquentava. Uma leve brisa pairava sobre o ar. Lembrou-me vagamente os primeiros dias de games. Os cães haviam ido embora, e levaram os restos da garota do Distrito 5 junto. Ali, naquela parte, apenas manchas de sangue deixavam rastros da que pode ter sido a pior morte daquela edição. Lembro-me, antes de adormecer, de ouvir o canhão.

            Levantamos. Descemos daquele lugar. Esperava que algo acontecesse. Mas nada.

            - Por que a demora? – Clove perguntou. Era a minha dúvida também. Desde a hora em que o canhão soou, até agora, já deveríamos ter saído de lá. Se bobear, nesta hora, já deveríamos estar prontos para a entrevista. Então, a voz de Claudius pode ser ouvida.

“Saudações aos finalistas do septuagésimo quarto Hunger Games. A mudança anterior foi revogada. Uma análise mais atenta às regras revelou que apenas um vencedor está autorizado,” diz. “Boa sorte e que as chances estejam em seu favor.”

            Claro. Nunca houve uma intenção de deixar dois tributos vivos. Ou talvez sim, mas esperavam que fossem Katniss e Peeta. Meu rosto ferveu em raiva, e desespero.

            - Eu já planejei sua morte. – Ouvi a voz de Clove atrás de mim. Estava fraca, e um tom de tristeza. Aquela mesma sensação da noite anterior, quando achei que ela havia me empurrado voltou. Não tive coragem de me virar para encará-la.

            - Antes de entrarmos na arena. Na verdade, na exata hora em que você se voluntariou. Sabia que nunca ganharia de você. Então, assim que você dormisse, depois de quase todos os tributos estivessem mortos, eu atacaria. Mas... Eu comecei a sentir algo por você, e só aumentou dia após dia. E então eu percebi... Eu nunca teria coragem de te matar... – A voz começou a ficar embargada, então eu percebi que ela estava chorando. Virei-me. Seu rosto estava vermelho e se contorcendo, lágrimas caiam sem moderação. Ela limpou-as. – Eu te amo demais. Não posso fazer isso. É você, Cato. Você que tem que ganhar. – Ela tirou uma nova faca de sua blusa, caminhou até mim e a pôs em minhas mãos. Me senti arrependido por ter ficado bravo com ela. Na ponta do pé, ela tocou meus lábios com os seus e sussurrou um, “Eu te amo.”

            - Eu também te amo. – Ela me encarou, não sabia como reagir, só estava esperando que eu cravasse fundo a faca em seu peito... Mas isso não ia acontecer. – E eu não poderia viver num mundo onde Clove Greenlaw estivesse morta.

            - Eu não vou viver sem você, Cato.

            - Então vamos fazer isso juntos. – Apenas disse. Ela ficou me olhando em tom de dúvida. Andei até ela, passei meus dedos pelo seu cabelo, macio, lindo. Desci pelo seu rosto, pescoço, ombros. Ela apenas me olhava. Enfiei a bolsa em seu casaco e tirei mais uma faca e lá, e pus em sua mão. Não me afastei muito. Mas virei à faca em minha mão, com a ponta em direção a mim. Clove fez o mesmo.

            - A Capital está nos odiando agora. Precisavam de um vencedor.  – Eu disse, mais para quebrar o clima, do que para qualquer coisa. Clove seu apenas um pequeno sorriso. Não estava feliz em morrer, nem eu.  Ela também virou a faca. Erguemos um pouco o braço.

            - No três, usaremos toda a nossa força. Direto no coração. Ok? – Deu para ver que ela se esforçava para não falar. Queria que suas últimas palavras fossem aquelas, aquela declaração. – Eu te amo. Um, dois...

            - Eu te amo!

            - Dois e meio... Três. – Apertei meus olhos, e estava prestes a cometer o suicídio. Mas logo parei, assim que eu ouvi as trombetas. Abri os olhos assustado, Clove também. Faltava pouco para conseguir cravar a faca em si mesma. Pude ver o alívio nela.  Em meios as trombetas, a voz de Claudius soou no ar.

“Parem! Parem! Damas e cavalheiros, tenho o prazer de apresentar os vencedores dos septuagésimo quarto Hunger Games, Clove Greenlaw e Cato Erwin! Dou-lhes – os tributos do Distrito Dois!”

            E assim vencemos os Hunger Games.

            E isso, é claro, aconteceu há alguns anos. Eu já sou um homem mais velho. Mais responsável. Clove, apesar de adulta já, eu ainda vejo como aquela pequena da arena, pois foi por ela que me apaixonei. Vivemos juntos numa pequena mansão no Distrito 2. E hoje, estou aqui, sentado nesta maldita sala de espera. Odeio esperar. Estava demorando muito e meu coração estava a mil. Já perdi a conta de quantas vezes eu lembrei da minha história nos Hunger Games enquanto passava meus dedos pela cicatriz em meu braço. Eu sempre esperei por aquele momento, e ele finalmente havia chegado.

            Finalmente. A porta se abriu. Um homem de meio tamanho, cabelos brancos e curtos, barba rala. Sua máscara, que usava para cobrir a boca e o nariz, agora estava abaixada sobre seu queixo. Tirava suas luvas de látex, que, juntamente com suas vestimentas brancas, estavam meio sujas de sangue. Me levantei. Senti uma pressão no meu quadril. Estava sentado lá há muito tempo.

            - E então? Doutor? – Eu perguntei preocupado. Ele me olhava severamente. Eu pensei então que o pior havia acontecido. Ele havia me dito já alguns dias que seria perigoso, podendo colocar em risco a vida dos dois. Mas logo um pequeno sorriso brotou em seus lábios.

            - Eles estão ótimos. Foi um sucesso. É um lindo e forte menino, parabéns, papai! – Não sei descrever aqui a emoção que eu senti. Sorri, chorei de alegria. Minha vida agora estava completa.


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Notas finais do capítulo

Nhaaaai, acabou gente. Primeiro eu gostaria de pedir desculpas pela demora. Tipo, bloqueio sabe? Mas enfim. Aí está. Pois é, acabou. Sinto um vazio agora. Peço para que continuem visitando o meu perfil, pois logo postarei novas fanfics e etc...
Sério, eu considerei por um momento matar um dos dois, mas seria muita maldade, já matei meus preferidos, não poderia fazer isso com o Cato e a Clove :P Espero que tenham gostado da fanfic e MIL VEZES OBRIGADA por quem comentou. Beijos gente. Que a sorte esteja sempre ao seu favor :D