Chapter 3:

Já tinham se passado um mês desde o começo do namoro deles. Somente a equipe sabia do romance entre eles.

O casal estava no apartamento de Mac. Estavam na sala conversando sobre diversos assuntos. Mac queria perguntar sobre o passado dela no orfanato, mas tentara uma vez, há alguns anos conversar com ela sobre isso. Ela ficou de cara amarrada o resto da semana.

- Anda – pediu Stella olhando para ele – Pode perguntar.

- Você não vai brigar comigo ou ficar de cara amarrada se eu perguntar?

- Dependendo a pergunta vou ficar sim. Dependendo não.

- Espero que não fique. É que estou curioso. Não responde se não quiser, ok?

- Ok.

- Você pode me contar sobre sua infância? – perguntou receoso.

- Não vou poder esconder de você para sempre sobre meu passado.

Ele a observou curioso. Stella olhou para a televisão e algumas lágrimas apareceram nos olhos.

- Não sei como fui parar no orfanato. Eu só tenho alguns flashs de quando era pequena. Algumas pessoas me encarando, é a lembrança mais antiga que tenho. Depois me lembro de quando tinha uns quatro anos. Brincando com meus dedos esperando um casal me buscar para passar o final de semana na casa eles. Depois me lembro de estar em um quarto com brinquedos e com roupas legais. Não me lembro bem. Lembro quando cumpria as detenções por “aprontar”. Eu nunca aprontava, jogavam a culpa em mim. Um dia a minha amiga foi adotada. Ela estava esperando na sala de TV. Eu estava de castigo cumprindo uma detenção. A mulher que cuidava de nós me disse: “crianças educadas e comportadas recebem bons pais e crianças como você vão apodrecer na vida.”

Ela começou a chorar. Mac foi abraçá-la, mas ela o impediu.

- Não! Vou terminar de contar! Eu era desprezada. Quando adultos iam ver as crianças eles apontavam para mim e diziam:” nossa como ela é feia”. Ou “olha os cabelos delas, são horríveis” convivia com isso diariamente. Eu suportava. Nunca fui feliz lá. Meninas mais velhas adoravam me irritar. Um dia eu perguntei qual era o problema delas comigo e elas responderam: “É mais o fato de você existir, se é que me entende”. Na adolescência me senti mais só do que nunca. Sem amigos, sem família, e acreditava que não tinha futuro que nem diziam para mim. Tentei extrair alguma coisa sobre meu passado com a diretora do orfanato, mas ela não disse muito. Ela disse: “você veio para cá com um ano e meio.” Única informação de como fui parar lá. Quando completei 18 anos fui enxotada de lá com a roupa do corpo. E aí comecei a me virar.

Mac a abraçou. Ele não sabia a realidade dela. Ele teve outra realidade.

- Mac, não me deixa sozinha, por favor – pediu por fim.

- Nunca.

Depois de um tempo eles voltaram a falar sobre coisas banais.

- Estou com fome – disse Stella.

- Hum... O que quer comer? – perguntou se levantando e puxando-a.

- Algo que mate a fome.

- Então você quer matar quem está te matando?!

- Isso mesmo.

- Pizza?

- Pode ser.

- Pizza de calabresa?

- Aham.

Eles foram para a cozinha do apartamento e Mac perguntou:

- Vou pedir para entregar, quer beber o que?

- O que você vai beber?

- Vou fazer um suco de morango com leite e leite condensado para mim e você?

- Esse suco aí.

- Só a pizza então.

Eles se beijaram e então Mac ligou para a pizzaria entregar uma pizza na casa dele.

- Então, amanhã estamos de folga. O que vamos fazer? – perguntou Mac.

- Eu não sei. Só o meu chefe não ligar para eu ir resolver um caso no lab... – respondeu brincando.

- É, esse chefe seu deve ser muito chato mesmo... – respondeu no mesmo tom.

- É, ele é um pé no saco. – respondeu as gargalhadas.

A pizza tinha chegado.

- Pega para mim, por favor – pediu Mac colocando os pratos na mesa.

- Ok.

Stella abriu a porta e tomou um susto com a pessoa na sua frente.

- Stella? – perguntou o entregador – Estou no apartamento certo?

- Está – respondeu decidida – Quanto é?

- Você vai fingir que não me conhece?

- Aqui, pode ficar com o troco – disse entregando o dinheiro para o entregador.

- Stella, vai me ignorar?

- Você acabou com minha vida. Me da a pizza! – respondeu baixo e irritada.

Ele entregou a pizza a ela. Ela fechou a porta e voltou para a cozinha como se nada tivesse ocorrido.

- Demorou... – comentou Mac

- Ele estava enrolado com o troco e aí disse para ele ficar com o troco – mentiu.

- Hum...

Eles comeram a pizza com calma, mas Stella se sujou de molho.

- Está sujo – disse Mac limpando para ela.

- Obrigada.

- Vamos para o quarto?

- Claro.

Eles foram para o quarto, lá eles ficaram só nas carícias. Stella de repente colocou a mão na boca.

- Estou enjoada. – disse indo ao banheiro.

Ela olhou para o vaso sanitário e botou os bofes para fora.

- Stell você está bem?

- Agora estou – respondeu lavando a boca na pia.

- Vou te levar ao hospital – disse Mac.

- Não precisa – apressou-se em dizer.

- Ok, se você se sentir mal ou algo assim vou te levar para o hospital.

- Estou bem. – assegurou-lhe. – Mac acho que vou para casa – informou-lhe.

- Quer que eu vá com você?

- Não precisa, eu ligo quando chegar em casa.

- Tudo bem.

Eles se beijaram e Stella foi embora, mas não para casa.