O Inverno Está No Auge escrita por Reira


Capítulo 2
Capítulo 2




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Ele podia ouvir pássaros a cantar do outro lado da janela, tentou mexer a perna, ainda de olhos fechados, mas tudo o que conseguiu foi uma terrível fisgada de dor, os acontecimentos da noite anterior voltavam ao poucos a sua mente, será mesmo que fora a noite anterior? Há quanto tempo ele estava ali? O que aconteceu?

            Ele lembrou-se do vulto, não chegou a ver seu rosto, mas se lembrava da voz perfeitamente, voz de mulher, e o lobo, o lobo gigante chamado Nymeria. Não, não podia ser, ela estava morta, todos sabiam disso, mas então quem era a mulher que o atacara?

            A porta abriu, e Gendry fez esforço para abrir os olhos e abandonar os devaneios, nunca gostara muito de pensar, fazia sua cabeça doer.

            - Vejo que acordou – disse o meistre.

            - Há quanto tempo estou desacordado?

            - Há três dias, perdeu muito sangue, quase cheguei a pensar que o perderíamos.

Ele havia dormido por três noites.

            - O que aconteceu? – perguntou, tentando sentar-se, mas a dor na perna fora tão grande que pensou que desmaiaria.

            - Vá com calma rapaz, tudo o que não precisamos agora é abrir esta ferida. Mas não se preocupe, mais uma semana ou duas e estará completamente bom. Sobre como conseguiu a ferida, bom, não cabe a mim dize-lo. Foram ordens diretas de Lorde Bran.

            Mas Sete Infernos, como ele não podia ao menos saber quem o ferira?

            - Tudo será esclarecido logo. – garantira o meistre.

            Passaram-se uma semana até que o meistre o achou bom o suficiente para andar. Algo está errado, pensou Gendry, na ultima semana havia festas, risadas e conversas todos os dias, coisas que não eram normais em Winterfell.

            Com muito esforço Gendry trocou-se e conseguiu descer as escadas para o salão principal, onde sua presença era requisitada, andar com muletas era mais difícil do que parecia, principalmente quando você é bem maior que elas.

            Antes mesmo de chegar ao Salão já era possível ouvir as gargalhadas e cantoria, Gendry parou incerto a porta, tomou coragem e adentrou ao salão. Quase não o notaram porem, Gendry se sentiu observado, e quando encontrou a pessoas que olhava para ele tão intensamente não pode deixar de se perder no profundo cinza destes olhos, um cinza que pertencia a apenas uma pessoa que ele conheceu, uma pessoa morta.

            Ele quebrou a ligação daquele olhar tão profundo para poder verificar a quem aqueles olhos pertenciam. Nunca havia visto tal pessoa, era uma mulher de estatura media, de cabelos castanhos cortado curtos, e desgrenhado, a pele era clara e tinha um corpo magro, porem bem articulado, com pouco seio e um leve quadril. E mesmo sabendo que nunca havia visto ele sentiu uma ligação, como se se conhecessem há muitos anos.

            Ela caminhava na direção dele, graciosa, com passos silenciosos, Gendry não tinha percebido a primeira vista, mas um lobo gigante, quase tão grande quanto um cavalo a acompanhava, cinza, selvagem. Enquanto a mulher andava em sua direção, o grande e cheio Salão ia caindo em silencio, todos a observando. E então ela parou a poucos centímetros dele. Gendry era um mais alto que ela, o que a fez olhar para cima.

            - Imagine a minha surpresa quando eu volto para casa e me deparo com um garoto touro estupido a me espreitar. – Ela disse. Um sorriso brincalhão em seu rosto, e um olhar insolente, um olhar que apenas uma única pessoa poderia lançar. – O que foi garoto? O gato comeu sua língua? O talvez um lobo?

            Ele não podia acreditar.

            - Arya? – Sussurrou incerto, com a voz tão tremula quanto suas pernas.

            - Pensei que não ia me reconhecer nunca, estupido.

E então ela estendeu os braços e o abraçou, ali, parados no meio do salão, com todos os observando, e ele estava tão feliz e tão confuso, ele queria chorar, mas não podia, estava constrangido de mais até para isso. Ela quebrou o abraço e olhou para ele, com aquele sorriso brincalhão de antes. – Está corando igual a uma garotinha Gendry.

            Então ela andou calmamente em direção a mesa principal, onde seus irmãos estavam sentados, mas parou e perguntou – Você não vem?

            Ele ia, é claro que ia. Tudo parecia tão irreal, parecia um sonho, um dos muitos que ele já teve, e seu medo foi de acordar.


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