- Lady? – chamou alguém na porta do vagão. Hermione abaixou o livro e sorriu, Draco estava ali, parado, olhando-a. – Posso acompanhar vossa senhorita com minha companhia?

            - Oh senhor. – brincou Hermione – Serei grata com vossa companhia. – disse ela. Draco riu, arrumou sua mala e sentou-se ao lado de Hermione. – Por que saiu de casa naquele dia?

            - Você estava ocupada com o Potter. – disse Draco dando ombros.

            - Harry se sente sozinho. – comentou Hermione olhando para baixo.

            - Como assim?

            - Ron. – disse Hermione. – Está um... Nojento. – disse ela amargurada.

            - Mas vocês estavam numa boa quando terminaram. – disse Draco não entendendo.

            - A questão é depois que terminamos. – disse Hermione. – Ele só fala disso com o Harry e o pior... Menciona a Luna junto. É... Completamente estranho.

            - Pessoas mudam. – disse Draco dando ombros. Hermione olhou para ele.

            - Eu sei. – disse ela sorrindo. Draco sorriu junto. Estavam se aproximando lentamente, a mão de Draco já estava na bochecha de Hermione, quando ouviram um barulho. Se afastaram e viram Harry entrando no vagão. – Harry! Oi.

            - Hermione, Malfoy. – cumprimentou Harry.

            - Potter. – cumprimentou Draco de volta.

            - O que está fazendo aqui? – perguntou Hermione curiosa.

            - Ron. – disse Harry passando a mão nos cabelos desalinhados.

            - O que ele fez? – perguntou Hermione segurando as mãos de Harry como se estivesse dando apoio a ele.

            - Ele falou umas coisas... Aquelas coisas. – enfatizou Harry. Hermione assentiu com a cabeça. – E falou de você.

            - O que ele falou de mim? – perguntou Hermione recostando-se no banco.

            - Umas coisas nada legais. – disse Harry vermelho. – E eu dei um soco nele.

            - Você o quê? – perguntou Hermione assustada.

            - Dei um soco nele. – repetiu Harry.

            - Mas Harry...

            - Hermione, eu não ia conseguir ficar ouvindo ele falar como você é gostosa e queria ter várias noites de sexo com você. – disse Harry mais vermelho ainda. Hermione engoliu em seco e olhou para os joelhos, de relance, ela viu os dedos de Draco se dobrarem e formarem um punho. – Ganhei uma detenção. – disse Harry dando ombros.

            - E ele? – perguntou Hermione.

            - Luna está tentando cuidar dos ferimentos dele. – respondeu Harry amargurado. Hermione engoliu em seco e viu Draco se levantar e sair para o corredor.            

            - Draco. – chamou Hermione. Draco se virou e viu ela preocupada.

            - Vou me juntar ao Potter. – disse Draco dando um beijo na testa dela e saindo dali. Hermione suspirou e entrou para o vagão.

            - Onde ele foi? – perguntou Harry.

            - Ele disse “vou me juntar ao Potter”. – repetiu Hermione. Harry sorriu de lado e olhou para a janela. De relance, pode ver Hermione olhando preocupada para a porta.

            “Olá prima.

            Como vai Draco? Ele está grande não? A última vez que eu o vi foi quando tinha 13 anos, como o tempo passa, e algumas vezes contra nós. A pedido de Bellatrix irei pedir para passar um tempo com vocês, há assuntos que preciso colocar em dia tanto com ela, quanto com você. Aproveitarei que Harry está na escola e não estará em casa.

            Abraços,

            Seu primo.”

            - Ruivo idiota. – resmungou Draco se aproximando do vagão que estavam.

            - Draco! – exclamou Hermione indo até a porta ajudá-lo. – Por Merlin, você está bem? – perguntou ela sentando ele no banco e ajoelhando-se na frente dele. – Que diabos você foi fazer lá?

            - Me juntar ao Potter. – repetiu ele. Harry ergueu a sobrancelha, desconfiado. Hermione olhou chocada para Draco. – Não ia deixar ele falando mal de você.

            - Ele falou mal de mim?

            - E repetiu o que o Potter disse. – acrescentou Draco. Hermione engoliu em seco e rapidamente balançou a cabeça. Não ia perder tempo, se preocupando com isso. Draco percebeu isso, com um aceno na varinha, ele parou de sangrar o nariz e fez Hermione sentar-se ao seu lado. – Não se preocupe com isso. Sente-se. – pediu Draco fazendo Hermione sentar ao seu lado.

            Harry viu Hermione se aconchegar no ombro de Draco e fechar os olhos. Ele olhou para Draco que apenas deu ombros, e suspirou. Viu que Draco passou o braço por trás de Hermione e a abraçou pelo ombro.

            - Você a ama? – sibilou Harry. Draco engoliu em seco, olhou para Hermione aconchegada nos seus braços e sentiu o coração pular. Olhou para Harry, não acreditava no que estava fazendo, mas respondeu.

            - Sim. – respondeu Draco sinceramente.

Harry, ainda desconfiado, limitou-se a olhar para o lado. Estava focado na paisagem, quando ouviu Hermione murmurar coisas desconexas. A morena se debatia, como se tivesse fortemente acorrentada e murmurava sempre as mesmas palavras “Simul contre tempore”.

            - Hermione? – chamou Harry preocupado. Hermione se debatia nos braços de Draco.

            - Harry, não! – suplicava ela. – Draco! Draco!

            - Estou aqui. – dizia ele tentando acalmar ela. – Hermione, acorde.

            - NÃO! – gritou ela abrindo os olhos.

            O peito dela subia e descia, ofegante. Olhou para os lados. Harry na sua frente preocupado e Draco... Olhou para o lado, Draco estava inteiro. Sem pensar duas vezes, o abraçou.

            - Oh Draco... – murmurou ela apertando-o fortemente.

            - Estou aqui. – disse ele apertando ela no abraço. – O que houve? – perguntou ele passando a mão no rosto dela.

Hermione segurou a mão dele e puxou Draco para um beijo. Tanto Draco quanto Harry se surpreenderam com o ato inesperado de Hermione, mas apenas ela sabia o motivo de ter beijado ele. Hermione puxava Draco ainda mais, como se eles tivessem milênios sem se verem. Talvez no pesadelo de Hermione fosse isso, ou talvez ele tivesse a beira da morte. As mãos de Hermione trataram de tirar o casaco escuro que ele usava, e aquilo causou desconforto em Harry.

- EI! – gritou Harry nervoso. Hermione se afastou de Draco e puxou o braço esquerdo dele, olhou. Nada além da pele pálida e os pelos loiros dele.

- Draco... – murmurou Hermione abraçando-o novamente. Draco estranhou tudo aquilo, mas abraçou. – Eu tive um pesadelo... Eles te torturaram e decidiram marcar você com a marca negra. – disse Hermione segurando o braço esquerdo dele. – E para ser marcado, você tinha que me matar. – disse Hermione sentindo a voz se embaraçar. Ela ergueu o olhar, buscando conforto nos olhos de Draco. – Você se negou e disse que prefere morrer a ter que me matar. E então, eles te mataram. Foi horrível. – disse ela voltando a abraçar ele.  

Draco ainda analisava tudo. Calmamente foi passando a mão nos cabelos da morena que se acalmava. Ele olhava preocupado para Harry, que olhava nervoso para Hermione.

- Nada vai acontecer. – acalmou ele. Ela afastou o rosto dela. – Eu prometo, morena. – disse ele beijando a testa dela.

- Eu recebi uma carta. – disse ela. Draco engoliu em seco e avermelhou na hora.

- De quem? – perguntou Draco.

- Ninguém. – limitou a responder Hermione.

- Como assim ninguém? Onde está? – perguntou Draco nervoso.

- Aqui. – disse ela tirando do casaco. Draco abriu e viu a carta.

- Simul contre tempore... – murmurou ele. – Isso não estava na...

- Estava. – disse Hermione nervosa.

- Iremos pensar em algo. – disse Draco firme. Hermione sorriu e voltou a se encostar no ombro dele.

“Olá primo.

Quanto tempo... Draco está bem, está apaixonado, e a menina está fazendo tão bem para ele... Seu quarto será devidamente arrumado para que sinta-se confortável aqui em casa. Bella já está aqui, esperamos por você.

Com carinho,

Narcisa.”