Do Seu Lado. escrita por Burn


Capítulo 4
Flerte?


Notas iniciais do capítulo

Não me matem pela demora D;
Muito obrigada pelos comentários, fiquei tão contente *-*
Não gostei muito desse cap, achei sem graça e chato, mas seilá...
Boa leitura (:



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Porcaria de Noah, porcaria de cama, porcaria de férias, porcaria de vida.

Que raiva.

É meio inacreditável, mas Noah babava tanto enquanto dormia que eu até podia imaginar que fosse uma goteira. Tudo isso graças aquela cabeça ensebada que ficava suspensa para fora da cama de cima. Como será que ele não caía?
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Eu não me surpreenderia nadinha se escorregasse numa poça de baba quando levantasse da cama.

Eca.

Já era a segunda vez que eu estava naquela situação.

Na primeira vez não teve baba. Eu só tava olhando da minha cama para aquela cabeça para fora da cama de cima. Os fios do cabelo dele estavam pendendo para baixo, junto com um braço onde hora ou outra a mão se mexia, as vezes só o dedinho se mexia, e eu estava competindo comigo mesma de tentar adivinhar qual seria o próximo a se mexer.

Estranho?

Na verdade nem tanto, isso costuma acontecer comigo quando não consigo dormir...

–Você não ta conseguindo dormir ? – eita, me sobressaltei, de onde veio essa voz do além?

Tirei os olhos do dedinho, que eu acreditava ser o próximo a se mexer e olhei para a cabeça de Noah que continuava com os olhos fechados.

Fantasmas não existem. Fantasmas não existem. Fantasmas não existem?
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–O anta, sou eu mesmo que to falando.- coloquei meus óculos que estavam do lado da cama e finalmente enxerguei os olhos de Noah abertos.

–Eu sabia que era você falando o tempo todo.- menti fazendo ele dar uma risadinha sem humor.

–Anda, levanta.- falou pulando da cama de cima com os cabelos bagunçados e a cara amassada.

Olhei para ele confusa, nem em Londres eu levantava antes das dez horas, e agora pelos meus cálculos não havia nem amanhecido direito, ele era retardado de achar que eu levantaria se ele mandasse.

Cobri minha cabeça com a coberta esperando que ele me ignorasse.

–Vai, levanta logo, ou vai ficar sem café da manhã.- falou calmamente fazendo eu tirar um pouco do cobertor que cobria meu rosto. Me oferecer qualquer tipo de comida era golpe baixo, uma vez que para se achar comida naquela casa – tirando as pizzas anteriores que estavam na geladeira- era preciso muita sorte.

–Onde vamos comer a essa hora?- Em casa é que não seria. Observei Noah vestir um roupão preto e jogar outro para que eu vestisse também.

–Na casa do Gabe.- falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. Pelo visto era Gabe que alimentava essa criatura estranha nos cafés da manhã, isso quando essa mesma criatura acordava antes das três da tarde.

Levantei a contragosto logo eu e o Noah estávamos esperando o elevador chegar.

–Nono andar? – estranhei enquanto o elevador subia.

–É o Gabe mora aqui no prédio.- falou entre um bocejo. Quando finalmente chegamos ao nono andar, Noah abriu a porta no apartamento de Gabe sem cerimônias. Hesitei um pouco antes de entrar, primeiro por não estar devidamente vestida, e segundo porque o apartamento parecia vazio. Noah ao perceber que eu ainda não havia me mexido voltou para fora do apartamento e me puxou.

O apartamento de Gabe era igual ao nosso, a única diferença era os móveis um pouco mais vitorianos. Fui puxada até a cozinha, o único cômodo com a luz acesa, onde Gabe esperava com um sorriso no rosto enquanto batia alguma coisa vermelha no liquidificador.

–Bom dia Julia!- falou de bom humor desligando o liquidificador –Bom dia Noah!

–Vai se fuder Gabe.- Noah murmurou sentando na bancada e fechando os olhos com as costas encostadas na janela de madeira. Parecia que ele não era dono de um dos melhores humores pelas manhãs.

–Como você aguenta ele?- Gabe sussurrou para mim com um sorriso no rosto enquanto colocava o liquido vermelho no copo.

Gabe colocou o copo na mão de Noah que com os olhos ainda fechados entornou tudo até a ultima gota.

–Quer um pouco?- perguntou servindo mais um copo.

–O que é isso?- indaguei, o cheiro não era muito agradável.

–Super Gabe: duas gemas, uma clara, suco de tomate, caldo de carne e repolho adoçado a gosto. -falou animado como se todos aqueles ingredientes fossem apetitosos.

–Sem querer fazer desfeita, mas é que estou sem fome Gabe...

–Tudo bem, são poucos os que tem coragem de provar o Super Gabe.- murmurou desanimado. Espera um pouco, o cara tinha colocado duas gemas ali! Será que gabe tinha duvidas do porque que eram poucos os que tinham coragem de provar o “Super Gabe”? Dei um sorrisinho amarelo- Julia, tem lanches prontos na geladeira, é só escolher, sinta-se a vontade.

Sorri agradecendo, não queria parecer uma esfomeada, mas que a verdade seja dita, eu estava morrendo de fome. Noah que antes estava sentado parecendo um zumbi tomando sangue agora já se encontrava fuçando a geladeira de Gabe. Ele tirou dois lanches me entregando um deles .

Tirei o plastiquinho e comecei a devorar o lanche, e depois de sanar minha fome os pensamentos coerentes voltaram a rondar minha cabeça.

–Porque vocês dois já estão acordados? – perguntei notando que ainda não havia amanhecido.

–Treino.- responderam em uníssono.

Ótimo, eles achavam que eu era adivinha.

–Treino do que?- tornei a perguntar.

–Skate, estamos treinando para a competição que vai rolar aqui em NY amanhã.

–Legal ...- me limitei a responder.

Voltamos ao nosso apartamento para colocarmos uma roupa decente (lê-se eu colocar uma roupa decente e o Noah se vestir como um marginal) e depois fomos para um fim de mundo cheio de rampas.

Eu tinha falado legal mesmo aquela hora? Ah, eu estava enganada...

Um frio dos infernos, milhões de cabeças ensebadas e umas rampas de skate, isso definia muito bem o lugar onde estava.

–Quer um pouco?- Gabe surgiu sei-lá-de-onde comendo um crepe no palito.

–Não obrigada.- falei me encolhendo em meu blazer.

Ele sentou ao meu lado no único banquinho que havia entre as rampas. Dali era possível ver Noah junto com outros trocentos marginais em cima de seus skates subindo e descendo sem parar.

– Você não curte muito esse negocio de skate não é? –perguntou depois de morder o crepe.

–É, não faz muito o meu “estilo”- fiz aspas no ar, será que tava tão na cara assim?

–O Noah é bom.- murmurou olhando para a cabeça ensebada. Fiquei em silencio sem saber o que responder, e me senti meio mal por isso, afinal Gabe estava tentando puxar assunto.

Houve uma pausa no dialogo, Gabe continuou comendo o crepe até o fim. Ele parecia um boneco com as bochechas e a ponta do nariz rosados pelo frio e o resto da pele pálida contrastando com os olhos e os cabelos escuros. Seus olhos ternos encontraram com os meus fazendo todos os meus músculos esquentarem, como ele podia ser tão fofo?

–E como anda sendo o convívio seu com o Noah?- perguntou me tirando do transe.

Pisquei duas vezes tentando me situar na pergunta.

–Meio chato –uma grande bosta- faz três dias que eu cheguei e a única coisa que ele conversa comigo é qual o sabor da pizza que eu vou querer, sem contar que ele não me deixa nem chegar perto da Tv porque diz que esta prezando a sustentabilidade do mundo, a única coisa que eu faço é ficar trancada no quarto lendo...o que foi?- indaguei fitando o sorriso, também terno, de gabe.

–Nada.- continuou sorrindo- É que você me lembra a minha irmã.

–Irmã?- perguntei desapontada mesmo sem saber o motivo. Talvez eu soubesse o motivo...

–É, faz um ano que não a vejo. Vocês duas se parecem muito, até no jeito de se vestirem.

–Legal.- me limitei a responder, para falar a verdade, eu não tinha resposta.

Observei Gabe olhar o relógio e depois a pista de skate e por ultimo pegou em uma de minhas mãos me assustando com seu toque inesperado, olhei confusa para seus olhos que mantinham a mesma ternura, será que ele estava flertando comigo?

–Olha Julia, se você quiser podemos ir na minha casa pegar uns livros emprestados...- ele piscou um olho com um sorriso torto. Senti minhas bochechas esquentarem, não era sempre que um deus grego flertava comigo. Pra falar a verdade, isso nunca aconteceu.

–Vamos embora Pirralha. – Noah, que também surgiu do nada, interrompeu Gabe que ia continuar flertando comigo.

–O que?- indaguei exasperada, Gabe estava prestes a me chamar para ir a casa dele entre um suposto flerte e o cabeça ensebada queria ir embora?

–Vamos embora, preciso descansar para o exame final que vou ter na faculdade mais tarde.

–Não quero ir embora.- pelo menos não para uma casa que não fosse a de Gabe.

Noah revirou os olhos e depois me arrastou para o carro se despedindo rapidamente de Gabe que continuou ali sentado.

–Desde quando você tem QI suficiente para uma faculdade?-perguntei emburrada enquanto ele sentava no banco do motorista.

Logo eu estávamos deitados um em cada cama.

E lá estava eu novamente naquela situação pela segunda vez.

Ele dormindo e eu observando babinhas caírem.

Porcaria de Noah, porcaria de cama, porcaria de férias, porcaria de vida e porcaria de sustentabilidade.

De pensar que eu poderia estar na casa do Gabe agora...

Eu não podia deixar barato. Não quando ele havia desligado a chave de energia – que ficava num lugar inalcançável para mim- do apartamento para eu não usar a Tv.

Eu precisava de algum jeito de me vingar dele.

Noah se mexeu um pouquinho fazendo seus cabelos também ficarem suspensos.

Era isso! O cabelo ensebado de Noah. Eu não podia ficar na casa do Gabe, nem ter contato com energia? Então ele também não poderia ter mais aquele cabelo ensebado que ele tanto prezava.

Sai sorrateiramente da cama tomando cuidado para não pisar na baba alheira.

Caminhei pelo tapete chegando a mesinha do computador onde minha intuição dizia que havia uma tesoura, mas o que eu encontrei ali foi melhor do que isso. Alem de uma tesoura havia um pacote de bolachas fechado, engraçado, havia um pacote de bolachas na gaveta mas não havia nenhum tipo de alimento que não fosse pizza na cozinha.

Quem coloca um pacote de bolachas na gaveta da mesinha do computador?

Quack.-Ah claro, um estranho que tem um pato-que se acha um cachorro- de estimação.

Gary me olhava da porta curioso com a cabecinha pendendo para o lado. Fingi não notá-lo mas ele dava um Quack-a cada-Quack–passo-Quack–que eu-Quack–dava.

–Shhh fica quieto Gary.- murmurei nervosa quando já estava no meio do tapete.

Quack? – se aproximou com aquelas patinhas pequenas andando que nem pinguim.

–Eu mandei você ficar quieto.

Quack.- me sobressaltei quando Gary ameaçou voar para a cama.

–O que você quer pra ficar quieto heim? – Gary pendeu a cabecinha para o lado novamente, era impressão minha ou ele estava com um olhar sugestivo para o pacote de bolachas na minha mão?

Tirei o lacre e peguei uma.

–Então você quer isso?- Eu só podia estar enlouquecendo. Era como se o Gary sorrisse confirmando.

Joguei uma para ele finalmente silenciando o pato que se achava cachorro, depois escalei a cama tomando cuidado para não fazer movimentos muito bruscos me acomodando na pontinha da cama perto da cabeça de Noah.

Aos poucos fui cortando tufos e mais tufos daquele cabelo ensebado e grande, quando dei por mim já havia um montinho de cabelos no chão perto de Gary que ainda tentava comer a mesma bolacha.

Espanei algum fios que haviam ficado sobre a cama para o chão e em silencio desci dali. Ele continuava dormindo com a boca aberta, babando como um porco.

Juntei com as mãos o bolo de cabelo que havia se formado no chão e levei até o banheiro jogando tudo na privada a e dando descarga. Aproveitei para pegar a pasta de dentes na pia antes de voltar para o quarto.

A minha vingança ainda não estava completa.

Gary me encarou enquanto eu caminhava até a beliche. Usei o mesmo cuidado para subir.

Quack.- Gary se pronunciou chamando a minha atenção, sua bolacha havia acabado. Procurei pelo pacote em volta vendo ele dentro da banheiro através da porta aberta. Eu não desceria agora só para pegar o pacote.

Quack.– grasnou nervoso. Era só o que me faltava, ser ameaçada por um pato.

Levei o dedo indicador até a boca mostrando que ele deveria ficar em silencio e comecei a espremer a basta no cabelo, agora curto, do Noah.

Espremi o tubo bem espremidinho fazendo o cabelo dele ficar todo melecado, só faltava espalhar mas um pouco no lado direito e-

–QUAAAAAAAACK!

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!- Noah gritou caindo da cama em cima de mim assustado depois do grunhido que Gary deu ao seu lado.

–Au. –murmurei sentindo a dor do impacto da queda.

Noah ainda desnorteado saiu de cima de mim.

–Que porcaria é essa?- perguntou apontando para o Gary que estava em cima da cama. Espera um pouco, como aquele pato conseguiu subir na cama de cima da beliche? Talvez Gary fosse um tipo de pato ninja...Ou não.Noah arregalou os olhos- Por que você esta com as mão melecadas de pasta de dente?

Segui seu olhar até as minhas mãos tentando formular uma resposta, mas ele logo interrompeu qualquer tipo de pensamento.

–Vindo de você, não quero nem saber.- murmurou apertando as têmporas como se estivesse com dor de cabeça – Vou tomar um banho e ir para a faculdade.- caminhou até o banheiro me deixando ali esparramada no chão e...

–O que é isso ?- houve uma pausa fazendo o meu melhor sorriso maligno se abrir -AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH PIRRALHA CATARRENTA VOCÊ ME PAGA!!!!



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Notas finais do capítulo

Chato, não?
Pois é, o próximo vai ser mais legal *-*
O Noah que vai narrar, e depois que a historia começa a engrenar *-*
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