Do Seu Lado. escrita por Burn


Capítulo 29
Fim - Do Seu Lado.




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Notas:

É uma miragem? É um avião?

Não, é um milagre mesmo u.u

Siiim, sou eu aqui, depois de trocentos anos, com o ultimo cap!

Não vou enrolar aqui, podem ler u.u

Encontro vocês nas notas finais.

Ps: não consigo colocar as notas no lugar de notas ):

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E lá estava eu. Dia 31 de Julho, num sábado chuvoso em Cambridge.

Meu aniversário.

Me espreguicei em minha confortável cama de molas ensacadas individualmente- quando um se mexe o outro não se mexe segundo ao vendedor, que até plantou bananeira pra que eu a comprasse. O barulho da chuva que caia do lado de fora do apartamento funcionava como um encanto para que a preguiça permanecesse eternamente em meu corpo.

Faziam três dias que eu havia me instalado ali. Era um apartamento pequeno e aconchegante perto da Universidade de Cambridge, onde eu havia ganhado bolsa integral para o curso de Direito.

Meu pai que estava bancando todas as minhas despesas. Depois de ter ganhado a bolsa acho que ele até me pagaria uma viagem para um spa na Lua.

Já estava irritada com o numero de vezes que ele ligara só para me chamar de ‘Meu orgulho’.

No fundo eu não estava fazendo direito para seguir seus passos, eu só estava fazendo direito porque eu gostava, era uma das poucas coisas na minha vida extremamente pacata que me deixava feliz.

Me sentei zonza e procurei por alguma pantufa ao pé da cama, mas elas nunca estavam lá.Fiquei descalça mesmo.

O meu quarto tinha uma cama de casal encostada na parede onde ficava a porta que ia para o corredor, na parede oposta tinha uma janela e uma escrivaninha onde estava meu notebook. A parede do lado esquerdo também tinha a cama encostada, e do lado direito havia um armário. Pequenos, simples, mas estava ajeitado.

O banheiro ficava no final do corredor, perto do outro quarto.

Esqueci de mencionar que eu dividiria o apartamento com alguma pessoa que habitava a face da terra. Segundo o meu pai, era alguém de confiança, mas eu realmente não me importava, desde que a pessoa não me importunasse.

Me arrastei para o banheiro, escovei os dentes e fiquei alguns segundos parada em frente ao espelho.

18 anos Julia. Finalmente a maioridade.

Meu cabelo estava bagunçado, o prendi num coque frouxo e lavei meu rosto.

Eu usava meu pijama de flanela favorito desde meus 15 anos. Ele era composto por um shorts rosa e uma camisa com a estampa de uma vaca espacial. Estava meio pequeno para mim, mas foda-se, eu usaria ele até rasgar.

Me arrastei de novo, dessa vez para o inicio do corredor, onde ficava uma pequena sala e a cozinha divididas por um balcão americano.

Apertei o botãozinho do telefone para ouvir as mensagens de voz.

A primeira mensagem de voz era a minha mãe me desejando um feliz aniversário.

A segunda era meu pai, ele falava a mesma coisa.

Suspirei e fui checar a correspondência.

Contas de água, luz, telefone... Eu havia acabado de me mudar, não havia nem ligado a televisão direito e já havia contas a pagar.

Peguei um envelope que me chamou a atenção, ele não tinha identificação, ou remetente, era apenas um envelope de papel pardo. Dentro havia um DVD.

Franzi o cenho ao perceber que a TV da sala não tinha um DVD. Tomada pela curiosidade, corri para o meu quarto e coloquei o DVD no meu notebook sentando na cadeira para assisti-lo.

A tela do meu notebook ficou completamente preta. Fiquei esperando o filme começar, mas não aparecia nada.

Já estava prestes a desligar, quando finalmente uma voz apareceu. A minha voz.

–Gary? Gary cadê você?- olhei assustada para a tela, que continuava preta – Gary?- ouve uma pausa, alguns sons indefinidos- Ah Gary, finalmente te achei!

–Quack?- ri ao ouvir o Gary, tanto na gravação, como ali, pessoalmente.

–Gary, você esta muito ocupado?

–Quack.

–Pode me ouvir um pouco?

–Quack.

–Me sinto uma retardada conversando com você.

–Quack!

–Ok, desculpe. Ei, volta aqui! Eu disse que me sinto uma retardada, mas você não deixou eu completar que você é o melhor pa- ops, ser vivo do planeta.

–Quack...

Eu estava boba, não sabia que aquilo tinha sido gravado.

Houve um estralo, como se o vídeo estivesse sendo trocado, e em seguida, Noah apareceu na tela, e um súbito de felicidade e tristeza infestaram meu corpo inteiro. Senti meu coração apertar, e com isso, meus olhos arderam.

Acho que é isso o que chamam de saudade.

Me aproximei da tela, desejando inutilmente estar mais perto dele.

Na filmagem agora, ele estava sentado em seu tapete preto, brincando com alguns acordes de violão.

Na época que o conheci, nunca dei muito valor para suas habilidades, mas ele fazia de tudo um pouco e isso o tornava tão único, enquanto eu, a única coisa que sabia fazer bem, era irritá-lo e me apaixonar.

Revirei os olhos, com o quão boba eu era.

A luz refletia em seu cabelo roxo escuro, mal cortado, mas naquele momento, o que chamava mais atenção era sua mão engessada, que o atrapalhava para fazer os acordes. A expressão de Noah parecia frustrada.

–Ta tristezinha, porque não consegue tocar?- minha voz soou no vídeo, atraindo os olhos dele para a câmera.

–VAI. SE. FODER.

E a imagem ficou preta novamente, e depois voltou, focada nas costas meu Ex-cabeça ensebada. Ele vestia uma regata branca e seu cabelo estava completamente raspado, mostrando uma careca pálida.

Apesar da saudade apertar no peito, não pude deixar de soltar um sorrisinho imaginando como seria vê-lo de frente com a cabeça raspada.

Quem filmava devia sofrer de labirintite porque a câmera tremia mais do que o japão tendo terremoto...

Não demorou muito para que tudo estabilizasse e a voz de Jered surgisse mesmo sem vê-lo.

–Eu estou te filmaaaandoo...- cantarolou arrastado como uma criança desafiadora.

Noah, que estava debruçado sobre uma montanha de livros e anotações em cima de sua escrivaninha, apenas lançou seu educado dedo do meio.

–Desliga essa porra- ameaçou de forma branda e assustadora, sem ao menos tirar os olhos do livro que lia.

–Tudo bem- Jered riu. Antes que a câmera fosse desligada, Jered filmou de relance a parede onde antes ficavam minhas malas, que agora estava vazia, a não ser por Gary que dormia tranquilamente, mostrando que aquela era uma filmagem feita depois que parti.

Novamente outra filmagem se iniciou focada nas costas do Ex-cabeça ensebada. Agora ele vestia uma camiseta surrada verde musgo, mas ela estava meio tampada pelo encosto da cadeira... Ele permanecia na mesma posição: curvado, sobre uma pilha de anotações e livros ainda maiores.. O cabelo já cobria a careca e não gerava tanto estranhamento quanto antes.

–Eu estou te filmandooo...- Jered repetiu, dessa vez chegando mais perto, para que pudesse filmá-lo de perfil.

Noah, sequer se moveu. Parecia uma estátua viva e pálida. Sim, talvez fosse a câmera, mas ele estava mais pálido do que eu; e o que unicamente o diferenciava de uma estatua, era que de tempos em tempos ele virava a página do livro...

Assim seguiu-se quase uns cinco minutos de filmagem, até que Jered pigarreou e colocou a câmera apoiada na escrivaninha, de forma que os dois pudessem ser filmados.

–Oi Ju- Jered sorriu olhando para a câmera e indiretamente para mim.

–Oi Jed- respondi e imediatamente me senti idiota, falando com a tela do computador.

Como se só agora notasse que estava sendo filmado, o Ex-cabeça ensebada fez cara feia olhando para a câmera, e mostrando olheiras profundas e quase assustadoras.

–Quantas vezes eu já não falei para você desligar isso?- seus olhos seguiram para Jered, completamente irritado.

–Calma Dude, eu to só filmando a sua história, pra poder mandar para ela, e aí ela vai cair de amores por você, você por ela e então o espermatozóde vai fecundar o óvulo e eu vou ser padrinho de milhões de mini Noahs e mini Julias...- Jered devaneou sonhador.

O Ex- cabeça ensebada ia abrir a boca para respondê-lo, mas pausei o vídeo antes que o fizesse...

Eu já imaginava qual seria a resposta.

Algo como: Cala a boca seu idiota, eu não quero saber da pirralha, eu nunca quis.. tenho sorte dela ter ido embora entes que as férias acabassem...

ou um simples:

Você só fala merda..

Que iria doer do mesmo jeito que doeu quando ele disse que não iria comigo a Londres.

Soltei um longo suspiro ponderando se devia reapertar o Play..

Não importava quantos anos passassem, a verdade era que eu nunca tinha superado aquilo, então de nada adiantava não ver o resto, porque ainda assim, eu não superaria.

Apertei o play, e me surpreendi quando ao invés de responder o Jered, Noah simplesmente desligou a câmera com as próprias mãos.

Apesar de não ter sindo grande coisa, eu não podia negar que uma fagulha de esperança havia se acendido no fim do túnel.

A outra filmagem se iniciou me deixando completamente perdida.

Para falar a verdade, todas essas filmagens me deixavam perdia. Era horrível não poder me localizar em um contexto... e isso só se intensificou quando a tela adquiriu cor novamente.

Jered filmava discretamente Noah, agora com o cabelo muito mais comprido do que antes. Sua regata preta mostrava o quanto ele estava mais magro e pálido.

Ele havia atendido o telefone e apenas assentido, não dizendo nada que desse indícios sobre o que era a conversa. Até que ele desligou, colocou o celular no bolso, e permaneceu imóvel.

–Cara, eu to começando a ficar preocupado com você- Jered sussurrou, mais falando sozinho do que com qualquer outra pessoa.

Ele não era o único.

Esperei ansiosa para entender o que estava acontecendo, mas as cenas pareciam se estender estáticas eternamente... Até que Jered resolveu tacar uma bolinha de papel amassado nas costas do Noah, e o inesperado aconteceu.

Noah caiu da cadeira aparentemente desmaiado.

–Ai meu deus- Jered e eu dissemos ao mesmo tempo.

Assisti chocada Jered deixar a câmera no chão de sacudir desesperadamente o corpo inerte de Noah.

Quando Jered – depois de um longo tempo- viu que seus esforços não estavam surtindo efeito, ele se levantou e logo voltou com um bande de água, jogando sem dó no Ex- cabeça ensebada desmaiado e molhando a câmera junto.

A imagem começou a falhar gradativamente, até que desligou completamente, gravando apenas a voz de Noah em um sussurro:

Eu passei...

Não pensei duas vezes antes de tatear meu celular em algum lugar dentro da gaveta. A vontade de matar Jered me tomava com completo, mas mais do que isso, eu queria saber como o meu Ex-cabeça ensebada estava. Eu queria entender o porque dele estar daquele jeito.

Não me importava o quanto ele não gostava de mim, eu só queria saber se ele estava bem.

Em meio ao desespero, só notei que chorava quando as lágrimas começaram a pingar no touch do celular, fazendo com que eu não conseguisse deslizar para a página de contatos. Já estava quase tendo um ataque... E foi ai que a tela do not clareou mais uma vez.

Jered, Noah e Gary, estavam no que parecia um salão de cabeleireiro.

Jered filmava e era refletido no espelho, enquanto Gary estava se equilibrando em cima de sua cabeça. Já Noah estava sentado na cadeira e tendo seu cabelo raspado.

–Vamos Noah! Dê logo seu depoimento antes que sua vida de zumbi comece...- Jered falou focando mais a câmera.

–Meu depoimento?- Noah franziu o cenho e torceu o nariz para os fiozinhos que caiam em seu rosto.

–Sim bro. Não vai adiantar você chegar na Ju e contar tudo... Precisa fazer um depoimento pra dar mais credibilidade...

Chegar em mim? Como assim?

–Que besteira cara. Não faça minha vida parecer um filme clichê e adolescente- ele resmungou.

Jered revirou os olhos.

–Se você não vai fazer o depoimento eu faço no seu lugar e depois você me agradece pela ideia.

–Quack! - Gary concordou. Eu acho.

Jered sentou na cadeira vaga ao lado de Noah e colocou a câmera apoiada no batente do espelho.

Antes de começar ele pigarreou, engrossou a voz e endireitou a postura.

–Oi Pirralha- passou as mãos no cabelo fingindo ser o Ex-cabeça ensebada.- Bom, depois que eu fui um idiota-barra-bocózão, e deixei que você fosse embora sem dizer que -

–Cala a boca Jered!- Noah o interrompeu puxando a câmera para si, agora com o cabelo completamente raspado. Era uma careca altamente reluzente.

Se eu não estivesse tão concentrada no que ele tinha para dizer, até riria da cara dele.

Mas acontece que nem piscar eu piscava.

Sorte minha que as lágrimas molhavam meus olhos.

–Eu dou meu “depoimento”- ele fez aspas com os dedos

Eu sentia que estava prestes a assistir algo que mudaria minha vida...

Borboletas entravam em uma batalha épica no meu estomago.

Mas aí tela ficou preta.

–Puta que pariu.

Apertei todas as teclas desesperadamente, mexi no mouse, apertei play e nada. Até que de súbito uma mão pousou no meu ombro.

Fiquei estática.

Meu coração disparou.

Aos poucos as borboletas no meu estômago começaram a dar um nó.. e uma respiração surgiu em meu pescoço.

–Bú- a voz rouca e aveludada que eu reconheceria em qualquer lugar soou ao meu lado.

Me virei frenética, e, antes mesmo que pudesse organizar meus pensamentos em minha mente..

Antes mesmo que meu cérebro pudesse decodificar que ele estava ali ao meu lado...

Antes mesmo que eu pudesse entender meus sentimentos...

Eu vomitei.

Sim, pasmem, as borboletas voaram diretamente para a jaqueta preta de Noah.

–PUTA QUE PARIU PIRRALHA! - reclamou se levantando.

–No- não consegui sequer terminar seu nome, a segunda leva de borboletas violentas voou diretamente para o tênis dele.

A ultima coisa que vi foi...

Ah cara, nem sei o que vi.

PDV Noah

Coloquei o corpo inerte da pirralha dentro da banheira, e, antes de ligar o chuveiro, tirei minha jaqueta suja de vômito.

Bela forma de me receber.

De estomago embrulhado, joguei ela no certo de lixo.

Até tentei ficar com raiva, mas meus sentimentos vacilaram na hora que a vi desacordada ali, usando o mesmo pijama que ela usara nas férias há dois anos.

Agora ele estava consideravelmente bem mais curto...

Cara, ela estava linda.

O rosto mais alongado, cabelo mais comprido, o corpo mais encorpado... Mas no fundo, continuava com a mesma essência. Aquela coisa de pirralha pirracenta.

Não foi sequer preciso ligar o chuveiro.

Assisti de camarote aqueles olhos cinza buscarem por foco, e se iluminarem ao me ver.

Eu já tinha percebido o quão idiota eu tinha sido ao não perceber que a amava no momento em que ela inquiriu por isso... Mas agora eu me sentia triplamente pior.

E pior de tudo. Eu me sentia tão inseguro...

Que frase de mulherzinha.

Mas não tinha mesmo jeito. Eu estava como uma mulherzinha, com medo de ser rejeitado, e esperando por alguma reação.

Quer dizer... Ela vomitou em mim cara. Será que eu conto isso com uma reação?

Por que será que ela vomitou?

Ela comeu algo estragado? Ou será que...

Não, não pode ser...

A pirralha tá grávida?

A papai do céu. Fudeu.

Eu fiz tudo pra nada?

Não. Calma Noah. Só porque a garota vomitou não quer dizer que ela tá gravida.

Não precisa de crise.

Sem crise.

Seeem crise.

Por que ela não se mexe?

Aí cara, to em crise.

Chega monólogos internos.

–Noah- a pirralha sussurrou. Ela piscou os olhos confusa, o que me fez rir com seu jeitinho hesitante, provavelmente se perguntando se eu ali era real.

E em questão de segundos seus braços estavam me rodeando em um abraço apertado.

Retribui

– Eu vi você desmaiar – ela falou afundando o rosto no vão do meu pescoço.

–Eu?- indaguei confuso, me afastando para olhá-la.

–Sim, nas filmagens...

Filmagens?

–Não acredito que o Jered te mandou as filmagens- falei lembrando da cena patética.- Esquece isso- sorri colocando uma mexa atrás de sua orelha.

Ficamos em silencio um bom tempo. Apenas nos analisando...

Poxa, fazia tanto tempo que não sabia ao certo o que falar.

Eu podia começar com um: Hey, aqui estou eu para dizer que te amo... Mesmo que dois anos atrasado..

ou um:

Desculpa a demora, espero que você ainda sinta por mim o que sinto por você...

Mas em vez disso, o que saiu da minha boca foi:

– Olha pirralha... Eu... - me levantei dando espaço para que ela passasse.- Eu acho que a senhorita esta muito bafentinha, e eu estou literalmente vomitado. Então sugiro que escove os dentes e saia para que eu possa tomar banho.

Ela se levantou e me olhou incrédula. E como se não bastasse a incredulidade, ela ainda me deu um tapa bem ardido.

Gemi, me afastando sem entender.

Ok, no fundo eu entendia.

– Você é ridículo- grunhiu raivosa se afastando, e antes que eu pudesse me justificar, ela começou a enumerar nos dedos:- Me deixa ir embora, não liga nem manda notícias..Ainda mais depois de tudo que vivemos, todas as brigas, todos os beijos, e aí se passam dois anos, e você acha que pode aparecer aqui do nada, e me mandar escovar os dentes?- ela gesticulava exasperada.

Ri internamente. Ela estava certa. O mínimo era que eu desse alguma satisfação.

Mas tê-la ali irritada chegava a ser nostalgico...

Tão bom, que eu precisava cutucar mais.

– Desculpa se sou ridículo por querer o melhor para a boca da minha mais nova colega de quarto- andei até a pia, colocando pasta na escova rosa.

–Colega de quarto?- ela franziu o cenho confusa.

–Sim- enchi o peito e passei a mão livre no cabelo.- Você está falando com o mais novo estudante do terceiro semestre de medicina da Universidade de Cambridge com bolsa integral.

A pirralha se aproximou com o olhos arregalados.

–Mas... Mas isso é impossível. Você é burro.

–Ai!- reclamei, levando a mão livre pra o coração. - Doeu.

Os olhinhos curiosos me rondavam semicerrados. Agora de pé e perto de mim dava para perceber o quanto ela havia crescido.

–Como você conseguiu?

–Por que você acha que eu “desmaiei”? - girei meus calcanhares e me sentei na tampa da privada, ainda segurando a escova rosa.

Fiz careta para o cheiro, chutando o cesto de lixo o mais longe possível.

Ela continuou parada, como quem espera a continuação de uma longa história.

Pois bem. Era uma boa hora para contar a minha longa história.

– Sabe Pirralha... Quando você foi embora, eu passei um bom tempo tentando entender o porquê de eu não ter ido contigo- cocei o queixo e cruzei as pernas tentando dar a credibilidade de um empresário.- E aí encontrei umas filmagens feitas sem querer pela câmera. E assisti elas o resto das férias como um condenado... Até que resolvi que iria atrás de você. Mas eu não podia simplesmente ir assim. Eu tinha uma faculdade para terminar. Além de você ainda ser uma colegial, e, digamos... um bocado imatura...

–Falou o senhor maturidade- ironizou balançando os braços. Apesar da postura irritadiça, dava para ver em seus olhos o teor de interesse para que eu continuasse a historia.

– Então decidi que esperaria pela sua maturidade. E enquanto isso, iria atrás do meu sonho. Estudaria como um condenado, para que pudesse ter uma boa formação em medicina... Por isso a filmagem minha desmaiando- revirei os olhos desejando matar o Jered por me fazer ter que explicar isso.

– Então você veio atrás de mim?- um sorriso maroto brotou no canto de seus lábios. Em segundos ela pulou em meu colo de surpresa, me deixando sem reação por um tempo. - E me acha madura?- perguntou, me tirando do transe.

–Não- respondi sério, fazendo com seu sorriso murchasse.- Acontece que meu padrasto, vendo meus esforços, e mexendo uns pauzinhos, fez com que eu conseguisse entrar na U.C. Uma das mais conceituadas na área que quero seguir. E aí, com a minha transferência pronta, veio a noticia de que você havia passado na mesma faculdade que eu, e pediu para que seu pai cuidasse do lugar onde você iria morar... E eu, como bom samaritano, ofereci o quarto que estava sobrando no meu novo ap - Sorri, encarando a cara surpresa dela.- É claro que ele aceitou na hora. E ainda pediu para que eu cuidasse de você, e assim, ganharia um dinheirinho extra para pagar o carro novo que eu quero.- terminei, tirando-a do meu colo com facilidade.

Ela me encarava incrédula. A bochechas, por algum motivo estavam coradas, e os lábios entreabertos pareciam um belo convite.

–Quer dizer que você é a minha babá de novo?- sussurrou desapontada.

Sorri olhando para seu corpo. A pirralha recuou alguns passos, até que suas costas bateram na parede, não lhe deixando saída.

Aproximei meu rosto a centímetros do seu. Seus olhos já estavam fechados.

Eu sabia que ela ansiava por um beijo tanto quanto eu.

–Sim,a diferença é que dessa vez vai ser remunerado- respondi colocando a escova em sua boca. Seu olhos abriram de súbito sem entender- Agora escova logo esses dentes, Pirralha. Eu to querendo tomar banho.- Sorri me afastando.

Julia, Julia... Não seria tão cedo que eu sairia do seu lado.

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Notas finais:

Primeiramente eu queria pedir desculpas pela demora. Eu estava e ainda estou numa fase bem improdutiva ):

Obrigada a toooooooodas as leitoras que comentaram, recomendaram e mandaram mps. Eu li todos. Só não os respondi porque o Nyah não deixou;/ Eu ficava tentando, mas aí ele falava que eu estava respondendo rápido de mais, que era suspeito, e que eu deveria aguardar e tentar mais tarde. Acontece que no mais tarde eu acaba perdendo a paciência u.u Mas mesmo assim, obrigada, porque foram eles que me deram uma força para que finalmente esse ultimo cap saísse.

Obrigada a Juliiet também u.u

E um obrigada especial a tooooodas as leitoras que acompanharam o desenvolvimento da fic, que me ajudaram, e que disseram que iam me matar varias vezes. Amo vocês u.u

Não sei se vocês gostaram do final, ou se não gostaram.. Por isso comentem u.u

Ah, e anuncio aqui que estou de volta as paradas manow u.u Estou trabalhando com a Tia Juliiet numa fic nova aí. Vai ser uma parceria, e o enredo é beeeeeeeeeeeem do jeitinho que eu gosto sabe? Clichê,amor & ódio patati patata...

Enfim. Vocês não vão se livrar de mim tão cedo u.u Logo mais apareço com essa nova fic aí u.u

hmmmm, agora que me lembrei. Acho que prometi umas coisas aí e acabei esquecendo... kk

Me cobrem nos comentários, por favor u.u

E é isso. Comentem, e se acharem que eu mereço, mesmo fazendo vocês esperarem tanto, recomendem, releiam, façam o que vocês quiserem, só me digam o que acharam u.u

Visite: http://blogpinkdallas.blogspot.com.br/


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