Do Seu Lado. escrita por Burn


Capítulo 27
Bipolaridade, oi.


Notas iniciais do capítulo

Argh, esse cap ficou uma bosta com farofa ):
Sério, odiei. Só estou postando, porque vou viajar amanhã e só volto no ano novo, então até lá male má vou conseguir entrar no site pelo meu celular. E hj eu ainda tenho que terminar de ajeitar as coisas... Então é isso. Fiquem com esse cap de bosta ):



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PDV Julia.

Eu não sabia mais quanto tempo estava andando. Simplesmente sem rumo. Prestando atenção em cada detalhe alheio para esquecer completamente meu problema. Eu tinha prometido para mim mesma que não derramaria uma lágrima sequer. Eu usaria isso para me tornar mais forte.

Tinha sido bobagem minha pensar que algum dia as coisas dariam certo entre mim e Noah. Desde o meu primeiro dia com ele, eu vi que tipo de pessoa ele era. No final, aquela antiga teoria sempre estivera certa. Pau que nasce torto, morre torto, e o ex-cabeça ensebada não deixaria de ser um galinha e de não se importar com nada mais do que não fosse ele. Ele era assim, sempre foi, e sempre vai ser.

No fundo, eu já esperava encontrá-lo se atracando com Giovanna pela casa. Só não queria admitir.

Que boba eu fui.

Agora, eu já estava muito longe do sítio mal-assombrado, e não fazia ideia do caminho de volta. Devia passar das duas da tarde, mas na verdade nada importava.

Por mais que eu ficasse prestando atenção nas pessoas que passavam por mim, ou nos carros, ou nas árvores, ainda assim, ele continuava na minha mente, como um plano de fundo, passando cada imagem dos momentos que vivenciamos juntos.

Desde o dia em que joguei o console dele na privada, passando pelo dia em que eu atropelei Bacon; o dia em que ele colocou aquela peruca loira e cantou para mim, mesmo depois de eu ter pintado seu cabelo de roxo; sua ajuda para eu conquistar o Gabe; nós dois no terraço do prédio e finalmente o meu primeiro beijo.

Já sentindo minhas pernas doerem, sentei em um banco de uma pracinha que tinha por ali. A menos de 20 metros tinha uma ponte, atravessando um rio, e dali era possível ver as pessoas se jogarem de bungee jump.

Suspirei, voltando minha linha de raciocínio.

Era como se todo esse filme, de ódio para amor, ficasse distante, como se aquelas duas pessoas só fossem protagonistas pagos para fazerem aquelas cenas, e agora que o filme tinha acabado, cada um seguia para o seu lado. Não era como se eles realmente tivessem sentido algo. Pelo menos não era como se Noah tivesse sentido algo. Ele só interpretou os papéis que eu impus para ele desde o momento que cheguei. Ele interpretou o irmão chato, depois o irmão amável, até finalmente se tornar o amante.

Engraçado era que eu tinha caído direitinho no filme e a única coisa que eu queria agora era esquecer tudo.

Por algum motivo, parecia que meus olhos não conseguiam desgrudar do casal que pulava da ponte.

Bungee jump... Talvez a adrenalina me fizesse esquecer um pouco de tudo.

Me levantei em direção ao grupo de pessoas que parecia organizar tudo ali. Era lógico que não mencionei o fato de que não tinha sequer uma moeda para poder pagar eles.

Não demorou muito para prenderem todo o equipamento em mim, e só quando eu já estava do lado de fora do corrimão da ponte, que eu percebi que PORRA DE IDEIA DE GERICO FOI ESSA A MINHA DE PULAR DESSE NEGÓCIO AQUI.

Sério, se a ideia era me fazer esquecer os problemas. Vish, eu devo ir tirando o meu jeguezinho da tempestade porque ficar ali, a um passo de cair do que parecia um abismo, e ainda por cima sozinha, se assemelhava a encontrar o cara que você é apaixonada seminu na cama com outra garota, só que mil vezes pior.E isso tudo fazia meu subconsciente – que fique claro que ele é uma parte completamente autônoma- desejar com todas as suas forças que Noah estivesse aqui. E como se não bastasse o meu subconsciente pensar uma coisa dessas ele resolveu verbalizar.

–Noah...- sussurrei, me sentindo completamente sozinha.

Depois de uns quinze minutos ali, me xingando internamente de todos os nome que eu queria xingar o Noah, inspirei pesadamente chegando a conclusão de que se eu pensasse de mais, eu não pularia.

Então, era agora.

Soltei minhas mãos que estavam quase fincadas no corrimão de ferro, e quando estava prestes a pular, uma mão puxou meu equipamento de volta, fazendo eu bater com as costas no corrimão.

–Ei, espera pirralha, eles ainda não terminaram de prende o meu equipamento no seu.

Não preciso nem falar de quem era essa voz, não é?

E ali estava ele. Do outro lado do corrimão, de frente para mim, enquanto os instrutores nos prendia um ao outro com alguma coisa que eu não fazia ideia o nome.

Analisei bem aquela cara lavada que ele tinha enquanto coçava a nuca, me olhando meio sem graça e ao mesmo tempo feliz.

COMO É QUE AQUELA PORRA PODIA ESTAR FELIZ?

E por um momento pensei em descarregar tudo que eu sentia. Falar tudo mesmo. E Xingar até a décima sexta geração dos Knight, mas em vez disso, a minha subconsciência – que é autônoma, vou deixar bem claro mais uma vez- tomou completamente conta do meu corpo de simplesmente falou:

–Ainda bem que você apareceu. Eu estava sem dinheiro para pagar isso mesmo- um sorriso debochado surgiu nos meus lábios, vindo não sei da onde.

Noah pulou com facilidade o corrimão, e se postou ao meu lado, passando seus longos braços em torno de mim.

–E quem foi que disse que eu tenho dinheiro?- sussurou no meu ouvido e antes que eu tivesse qualquer reação, ele mesmo pegou o impulso, nos jogando completamente contra o nada.

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!- Eu queria descrever aqui como uma sensação de liberdade, como se eu estivesse voando, e que o vento acariciava meu rosto enquanto os braços de Noah em envolvian mas... Vamos ser sinceros. Repito. QUE IDEIA DE GERICO FOI ESSA A MINHA DE PULAR DESSA PORCARIA AQUI?

A sensação?

Meu estomago parecia e estar mil metros acima da minha cabeça, que por sinal estava para baixo, e o vento meio que empurrava ela para cima, como se tentasse deslocar meu pescoço de alguma forma e para piorar tudo, tinha um retardado do meu lado gritando ‘wooooohooo!’ desesperadamente, enquanto parecia que nós dois íamos simplesmente despencar no rio, e fim.

Enfim, depois que o elástico chegou ao seu limite, e começou a subir e descer e balançar de um lado para o outro a coisa ficou mais light, e até divertida por uns segundos.

Só uns segundos...

E então o silencio começou a ficar ensurdecedor...

Sabe como é né?

Eu só fui falar alguma coisa quando já estávamos em cima da ponte de novo e aí ele pegou os pertences dele, agarrou minha mão e simplesmente começou a correr com uma cara de criança encapetada.

– O que você ta fazendo seu retardado?- indaguei tentando me soltar de seu aperto.

–Você esqueceu que eu não tenho dinheiro para pagar?- falou sorrindo para mim.

Arregalei meus olhos, e vi de relance que todos os instrutores estavam distraídos.

Noah tinha razão. Era a nossa chance de fugir.

Me esforcei ao máximo para acompanhá-lo e quando vimos, já estávamos no centro de alguma cidade, escondidos numa viela deserta, ofegantes e rindo que nem idiotas daquela cena.

E aí eu olhei para ele, ele olhou para mim, e eu lembrei do fato inicial que desencadeara tudo isso.

Eu sabia que depois de pular de bungee jump junto a ele, e também depois de corrermos de mãos dadas, não adiantaria nada eu fugir, como fugi da casa. Por isso, resolvi fazer o que devia ser feito. Dei o tapa mais forte que eu podia dar no rosto daquele ex-cabeça ensebada.

–Cretino – rosnei raivosa.

–Au! – Noah virou o rosto com o impacto.

–Você é um cretino, idiota, galinha, que gosta brincar com os sentimentos das pessoas. Ordinário!- e de repente, as lágrimas já estavam rolando, enquanto eu falava palavras desconexas com a voz embargada- ... Eu te odeio!

–Odeia, é?- Noah ergueu sobrancelha, divertido, limpando uma lágrima minha com o polegar, fazendo meu sangue ferver.

Bati em sua mão, a afastando de mim.

Como ele podia estar tão tranquilo?

–Odeio. Odeio com toda a minha força!

–Não me pareceu isso, quando você estava prestes de pular de bungee jump, foi meu nome que você chamou...- ele cantarolou me dando um peteleco no nariz, e uma risada longa.

Sentir meus olhos arderem ainda mais, mostrando que mais lágrimas estavam por vir.

Ele estava brincando com os meus sentimentos, mas eu não queria que ele visse que estava tendo sucesso.

–Argh!- dei as costas irritada. – Como é que eu posso estar apaixonada por uma pessoa como você? Que além de dormir com outra, ainda vem atrás de mim só pra me provocar?- minha voz embargada ficou meio inteligível, mas ainda assim, cessaram completamente a sua risada.

Um silêncio incerto se instalou sobre nós, até o ex-cabeça ensebada finalmente se pronunciar.

–V-você ...-gaguejou e em seguida pigarreou, desconcertado.- Você disse que está apaixonada por mim?

Fechei os olhos ainda de costas para ele, constatando a merda que eu tinha acabado de falar. Agora que ele sabia desse fato suas provocações só podiam piorar.

E então uma coisa totalmente controversa aconteceu.

Senti os braços de Noah rodearem meus ombros, e me puxarem para mais perto dele, fazendo minha cabeça bater em seu peito pela diferença de altura, e era como se eu não tivesse mais força para me afastar, então simplesmente comecei a chorar mais e mais e em resposta, ele me apertava mais contra si, como se tentasse me proteger, ou acabar com a minha dor, e isso só piorava.

–Me solta- murmurei com a voz totalmente embargada, fazendo ele me apertar mais ainda.

–Eu não vou te soltar. Eu não quero te soltar.

Ri, totalmente sem humor para as suas palavras.

–Assim como você também não quis soltar a Gi durante a noite, não é?- falei irônica, limpando minhas lágrimas com uma força desnecessária.

–Eu não dormi com ela, pirralha- ele falou, virando meu corpo de frente para o seu.

Evitei olhar em seus olhos, olhando para os lados.

–Acredite em mim- ele colocou a mão no meu rosto me obrigando a olhá-lo. Aquelas orbes azuis, pareciam estar sofrendo, mas ainda assim ansiosas, esperando por uma resposta minha, que não vinha. – Eu nunca faria isso com você, Jules. Acredite em mim.- Ele sorriu fraco, aproximando nossos rostos- Eu sou louco por você- sussurrou, e finalmente tomou meus lábios com os dele.

Digo finalmente, porque meu inconsciente estava desejando isso desde o começo.

O beijo não passou de um selinho salgado por conta das minhas lágrimas. Mas era como se fosse a única prova que Noah poderia me dar naquele momento, de que ele no quarto com a morena biscate era só uma farsa. E eu resolvi aceitar aquela singela prova. Se ele estivesse mentindo, eu acertaria isso depois. A verdade era que eu não conseguiria ficar sem ele por muito tempo.

Ele interrompeu nosso beijo e me abraçou contra seu peito, e esse simples ato desencadeou uma onde de felicidade dentro de mim.

É, acho que sou completamente bipolar.

(...)

–Me passa o ketchup?- pediu ele, esticando a mão.

Procurei um sache em cima da bandeja de papelão apoiada no meu colo, e entreguei para ele. Nós tínhamos passado no drive-thru do Mc Donald’s e agora estávamos comendo dentro do carro. Já era noite e as coisas entre a gente já estavam relativamente estáveis.

O ex-cabeça ensebada estava fingindo não saber o caminho de volta para o sítio, por isso tinha estacionado no estacionamento de um mercado 24hrs, e falado que dormiríamos ali. Eu, muito esperta obviamente, fingi acreditar, porque sabia que se voltássemos para o sítio, daríamos de cara com a Gi e com o Gabe e o clima não ficaria muito bom. Mesmo o Noah alegando que já tinha se resolvido com Gabe.

Ah, ele também tinha mentido sobre não ter dinheiro. Ele já tinha pago os instrutores antes mesmo de nós dois pularmos. Ou seja, eu corri que nem uma retardada por nada.

Olhei de soslaio para o Ex-cabeça ensebada que comia como se nunca tivesse visto um lanche na vida. Ele também devia ter passado o dia inteiro sem comer, me procurando por ai. Coitado. Depois coloquei minha bandeja em cima daquele negócio que eu não sei o nome, mas fica antes do para-brisa do carro.

–Já acabou?- ele falou surpreso, fazendo o mesmo com a sua badeja e em seguida me olhando com a bochecha suja de cheddar.

–É, eu acabei- respondi, tentando conter o riso. – Er...Sua bochecha ta...- não terminei a frase. Minhas bochechas esquentaram completamente depois de me imaginar limpando.

–O que foi?- ele indagou receoso, sem entender nada.

Abaixei os olhos e tentei puxar um fio de coragem lá de Nárnia. (sentido, oi?)

–Eu posso limpar?- sugeri, apontando para a minha própria bochecha, indicando onde estava sujo.

–Pode- Noah deu de ombros, me entregando um guardanapo.

Revirei os olhos com a sua lerdeza e me inclinei para cima dele.Em vez de usar o guardanapo, aproximei nossos rostos, deixando ele completamente surpreso.

Pousei uma mão em seu peito, enquanto com a outra segurei seu queixo. Noah estava completamente estático, e isso só me deixava ainda mais rubra.

Aquele típico pensamento de QUE PORRA É QUE EU TO FAZENDO? veio me assombrar, mas o ignorei. Eu já tinha chegado até ali, não adiantava mais recuar.

É como dizem. Se já está no inferno, abrace o diabo.

Meio. Não, meio não. Eu quis dizer muito, mas muito hesitante e timidamente eu lambi o cheddar da bochecha dele. Senti a seus resquícios de barba em atrito com a minha língua, quando ele sorriu, me arrepiando e imediatamente tentei voltar para o meu lugar, mas o Ex- cabeça ensebada foi mais rápido, segurando a mão que eu havia apoiado em seu peito e me puxando para cima de si.

–O que você tá fazendo? – indaguei por indagar. Sabe? Quando a pergunta sai automática.

Seus olhos tinham um ar divertido. Ele ergueu uma sobrancelha e colocou as mãos na minha cintura.

–Só estou fazendo o que você merece- deu de ombros, me puxando para o seu colo.- Foi você que mexeu com o fogo.

Revirei os olhos.

–Seu ego é tão grande, que você mesmo de autodenomina ‘fogo’.- Eu não sei direito o porquê de ter falado isso. Sério. Acho que foi essa mania minha que adquiri nesses dois meses de irritar ele, então, foi só por reflexo, e com certeza funcionou.

Ele estava com uma cara de irritado...

Ou será que era safado?




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Notas finais do capítulo

Ainda assim mereço reviews?
Não? ok );
Ah gente, como eu vou viajar amanhã, e não vou ver mais vocês até o ano que vem, então se caso, hipoteticamente falando, o mundo acabar, eu só queria dizer que gosto muito de vocês viu >.